Capítulo 17 | Deslize
[...]
A casa estava imersa em um silêncio quase surreal. Anne e Trisha estavam fora, ocupadas com os preparativos do casamento, enquanto Liam e Zayn ainda não haviam retornado de viagem. Restavam apenas Harry e Louis, ambos presos em uma casa que, apesar de enorme, parecia pequena demais para conter a tensão crescente entre os dois.
Harry se sentia um tanto perturbado, queria se reconciliar e se aproximar da esposa, mas quando se dirigiu ao quarto dos dois percebeu que a porta estava trancada. Desde então, sentia que Louis estava o evitando, pois comeu as refeições no quarto e nem mesmo o encontrou pela casa.
Louis estava inquieto desde que descera as escadas naquela manhã. A noite anterior tinha sido um misto de confusão, raiva e tristeza que ele ainda não conseguia processar. Evitar Harry era a única estratégia que parecia fazer sentido, mas, ao mesmo tempo, cada vez que ele o fazia, o peso no peito parecia aumentar.
Vestiu-se rapidamente, optando por roupas leves e desceu até a área da piscina aquecida. Ele precisava respirar, sair daquele ambiente sufocante e encontrar alguma distração.
Quando enfim chegou ao lado de fora, percebeu a falta de Anne, Trisha e dos irmãos de Harry.
A luz do fim de tarde dava um brilho dourado ao entorno, refletindo na superfície tranquila da piscina e criando um cenário quase onírico. Louis se sentou na borda, deixando os pés submersos na água quente, enquanto tentava, em vão, acalmar a mente. Mas os pensamentos insistiam em voltar para Harry, o homem que ele havia começado a amar e a odiar com igual intensidade.
Não demorou para o som de passos firmes ecoar pelo chão de mármore, interrompendo sua bolha de solidão. Ele não precisou se virar para saber quem era. O simples arrepio na nuca e o súbito apertar em seu peito foram suficientes para denunciar a presença de Harry.
Harry parou na entrada, os olhos fixos na figura de Louis, que parecia ainda mais pequeno e vulnerável à luz do crepúsculo. Ele hesitou por um momento, mas algo dentro dele o empurrou para frente. Precisava tentar se aproximar da esposa, ela não agia daquele jeito, talvez estivesse magoada.
E Anne estava certa, Harry não poderia perder a própria esposa.
Sem dizer uma palavra, começou a desfazer o nó da gravata, removendo o terno peça por peça até ficar completamente nu. Sem perder tempo, mergulhou na piscina, a água quente acolhendo-o enquanto ele nadava lentamente em direção ao centro.
Louis percebeu o movimento pelo canto do olho, o corpo automaticamente enrijecendo. Ele não queria olhar, mas era impossível ignorar a presença imponente de Harry, especialmente quando a água ao redor de seus pés começou a se mover suavemente.
— Se veio me punir de novo, economize seu fôlego.– Louis disparou, a voz carregada de sarcasmo e um pouco de amargura.
Harry franziu o cenho, mas não respondeu imediatamente. A vulnerabilidade que via em Louis, misturada à raiva, era como um espelho cruel de seus próprios sentimentos. O garoto não costumava a agir daquele jeito.
— Não vim punir ninguém.– ele respondeu, com um tom mais baixo e controlado do que Louis esperava.
Louis finalmente ergueu o olhar, e a visão de Harry no meio da piscina, os ombros largos expostos, os cachos úmidos caindo sobre a testa, o deixou momentaneamente sem palavras. Mas não foi o físico que o desarmou. Foi o olhar. Uma mistura de dor, desejo e confusão que parecia refletir os próprios sentimentos de Louis.
— Então, o que você quer? — perguntou Louis, sua voz tensa, como se estivesse pronto para repelir qualquer resposta.
Harry nadou até ele, parando próximo à borda onde Louis estava sentado. Ele ergueu a mão devagar, tocando de leve o tornozelo do garoto, que recuou por reflexo, mas não se afastou completamente.
— Quero consertar as coisas.– Harry murmurou com sinceridade, encarando o rosto da esposa.
Louis soltou uma risada curta, carregada de incredulidade e sarcasmo.
— Consertar? Não parecia muito interessado em consertar nada nos últimos dias.
Harry não tentou se defender. Apenas manteve os olhos fixos nos de Louis e, em um gesto ousado, deslizou a mão pelo tornozelo dele, subindo levemente até a panturrilha.
— Desça, Louis.– pediu calmamente.
— Por quê? — Louis desafiou, os olhos brilhando de ressentimento.
— Porque eu preciso de você aqui.
A resposta direta e quase crua fez o coração de Louis disparar. Ele hesitou por um instante, o orgulho lutando contra o desejo que o puxava como um imã. No final, ele cedeu.
Deslizou para dentro da água, sentindo o calor envolvê-lo, mas foi a proximidade de Harry que realmente mexeu com ele. Estavam cara a cara, e o silêncio entre eles era tão denso que parecia preencher todo o espaço.
— Isso não muda nada.— Louis murmurou, tentando manter a voz firme, mas falhando miseravelmente.
— Eu sei que não...– Harry respondeu, a voz rouca e baixa.
Antes que qualquer um pudesse raciocinar, Harry puxou Louis pela cintura, e seus lábios se encontraram em um beijo intenso, quase feroz. Não havia delicadeza ali, apenas necessidade e uma urgência desesperada.
Louis tentou resistir, mas foi inútil. O desejo era forte demais, e ele se entregou, envolvendo o pescoço de Harry com os braços enquanto aprofundava o beijo.
Harry o pressionou contra a borda da piscina, seus movimentos firmes e seguros, mas nunca agressivos.
O calor da água parecia amplificar as sensações, e quando finalmente se separaram para respirar, ambos estavam ofegantes, os olhos brilhando de emoções conflitantes.
— Isso foi um erro.– Louis sussurrou, mais para si mesmo do que para Harry.
— Talvez.– Harry respondeu, os lábios ainda próximos dos de Louis. — Mas eu não me arrependo.
Louis fechou os olhos, sentindo o peso das palavras e das ações daquele momento. Ele sabia que o que acabara de acontecer não resolvia nada. Pelo contrário, só complicava ainda mais a relação já tumultuada entre eles. Harry precisava entender que não podia simplesmente vir e toca-lo como queria, sendo que nem mesmo havia se desculpado pela forma que agiu, pelos segredos que guardava e nem mesmo se quer tinha a coragem de abri-los a própria esposa.
Louis acabou logo se desvencilhando do toque do marido, se afastou na piscina e então saiu, mesmo molhado, quis entrar em casa.
A tensão entre eles permanecia palpável, mesmo enquanto Louis subia as escadas apressado, tentando se afastar do que havia acontecido. A sensação das mãos de Harry em seu corpo, o gosto de seus lábios, a intensidade do momento, tudo ainda estava presente, como se estivesse gravado em sua pele.
Ele entrou no quarto, batendo a porta atrás de si, como se isso fosse suficiente para fechar o turbilhão de emoções que o consumia.
Seu peito subia e descia rapidamente, o ar parecia denso demais para respirar. Louis sabia que não deveria ter cedido. Ele sabia que deveria ter se afastado, mantido sua posição firme. Mas, ao invés disso, permitiu que o desejo – e talvez algo mais profundo que ele se recusava a admitir – o dominasse.
Ele deixou a toalha cair no chão e passou as mãos pelos cabelos molhados, frustrado consigo mesmo.
Como diabos ele podia ser tão fraco assim? Algo tão simples de se fazer, e não conseguiu.
Entretanto seus pensamentos foram logo interrompidos, ouviu o som da porta se abrindo atrás de si. Seu corpo enrijeceu instantaneamente. Ele não precisou se virar para saber quem era.
— Eu disse que não quero brincar com isso, Harry. – Sua voz saiu firme, mas havia um leve tremor que ele odiou.
Harry fechou a porta atrás de si, com calma, como se o ambiente ao redor fosse o último dos seus problemas. Seus olhos estavam fixos em Louis, analisando cada movimento, cada respiração. Ele parecia hesitar por um momento, mas logo deu um passo à frente.
— Não estou brincando. – Sua voz era baixa, rouca, carregada de algo que Louis não queria nomear.
Louis girou nos calcanhares para encará-lo, cruzando os braços como se quisesse criar uma barreira física entre eles. Seu marido estava ali, molhado e com uma única toalha o rodando a cintura.
— E o que você quer? – o garoto desafiou, sua expressão uma mistura de raiva e vulnerabilidade.
Harry não respondeu de imediato. Ele se aproximou, cada passo pesado, mas lento, como se estivesse medindo suas ações. Quando finalmente estava próximo o suficiente, ergueu a mão e tocou o rosto de Louis com uma suavidade que contradizia sua postura rígida.
— Eu quero você. – murmurou o mais velho, com sua voz baixa, mas firme. Harry nem mesmo pensou, estava decidido.
Louis soltou uma risada amarga, inclinando a cabeça para o lado.
— O que acha? Que pode simplesmente me tratar como quer e depois vir até aqui e dizer que me quer, e então preciso aceitar?
Louis explodiu um pouco, estava realmente magoado. Mas antes que ele pudesse continuar, Harry puxou seu rosto para um beijo, abafando qualquer resposta que ele pudesse ter. Era diferente do que aconteceu na piscina – menos bruto, mais intenso, quase como se Harry estivesse tentando transmitir tudo o que não conseguia dizer em palavras.
Louis resistiu por um segundo, mas cedeu. Cedeu de novo. Ele sempre cedia, não importava o quanto tentasse se convencer de que podia lutar contra isso. E, no fundo, ele sabia por quê.
Ele estava apaixonado por ele.
As roupas de Louis foram sendo tiradas pelas mãos de Harry, e sua toalha simplesmente caiu, quando Louis a tocou a cós. Os dois se moviam juntos, agora no calor do momento.
Quando enfim seus corpos se conectaram, o mundo ao redor desapareceu. Era apenas eles, presos em algo maior do que qualquer ressentimento, culpa ou raiva. Era gostoso, intenso e tinha amor, óbvio que tinha desde a primeira vez, agora com mais intensidade de ambas as partes.
Harry sussurrou algo contra a pele de Louis, algo que ele não conseguiu compreender completamente, mas sentiu o impacto mesmo assim. A cama agora estava sendo finalmente estreada e batia continuamente nas paredes como deveria ter sido desde que chegaram no casarão.
Ambos gemiam juntos, Louis arranhava a pele do marido com fervor, e Harry deixava pequenas mordidas e chupadas pelo dorso do peito da esposa com louvor.
Quando finalmente terminaram, ofegantes e exaustos, Louis permaneceu deitado ao lado de Harry, encarando o teto.
— Você é tudo pra mim.– Harry murmurou baixo ainda entorpecido, mas Louis não respondeu.
O pensamento que o corroía era muito claro. E se ele ainda á ama?
Quando Harry adormeceu, Louis se levantou, vestindo seu robe de ceda rapidamente. Ele olhou para a figura adormecida do marido por um instante, seu coração apertado.
Tinha sido uma maldita recaída. Louis queria acreditar que aquilo não ia mais acontecer até que o marido se desculpasse e o contasse a verdade. A partir de agora, Louis precisava parar de ceder e proteger o pingo de dignidade que restava.
O garoto sentiu os olhos molhados em lágrimas. Era muito triste pensar que a consciência do marido dormia tão tranquila, como se a esposa tola não soubesse sobre a mulher ruiva que pairava seus pensamentos. Como Harry podia mentir tanto?
O olhava com tanto carinho, falava palavras doces, mas não eram verdades. Harry não o amava, e agora ele se sentia bobo por amar aquele homem e não ser retribuído, não com sentimentos verdadeiros.
Isso era o que Louis achava, tadinho.
Louis limpou os olhos com a manga da camisa, tentando apagar qualquer resquício de vulnerabilidade. Ele sairia daquele quarto mais forte do que entrou.
Enquanto caminhava de forma desnorteada até o andar de baixo, ficou pensando em todas as palavras de Anne. A mulher sabia de tudo e ainda permitiu que Louis subisse naquele altar sem saber de nada. Pelo menos, sem saber que o marido ainda amava outra.
Sentiu raiva. Ninguém daquela familia era confiável, ninguém além de Zayn.
Quando cruzou as escadas do primeiro andar, lá de cima viu a porta se abrir. Avistou seus queridos olhos castanhos, mas também viu um par de olhos verdes, completamente intensos.
Magnolia, a noiva de Zayn.
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