Capítulo 10 | Cegonhas
— Volte para o quarto.– a voz de Harry saiu em um tom baixo, mas mesmo assim frio.
Louis suspirou sentindo seu coração ainda mais apertado. Afastou sua mão do corpo do marido e pensou em obedece-lo, mas não o fez.
Apenas abriu melhor o box e entrou devagar e em seguida o abraçou.
Sentiu o corpo de Harry tenso, o mesmo demorou minutos para retribuir, mas quando fechou os olhos, sentiu eles molhados. Como se pudesse ler sua mente, o garoto o abraçou mais forte.
Louis pensou, e pensou rápido. Se lembrou de como o pai o fazia rir um pouco quando menor. Coçou levemente a garganta e abriu seus lábios.
— Eu queri... Queririria, viver lalalala... Em Molahonkey do seu lado.– começou devagar.
Harry franziu o cenho.
— O que você está...
— Foi lalalala que eu nananana nascililili...– Louis o cortou voltando a cantar e então suspirou ficando alguns minutos calado.
Sentiu-se bobo por sua ideia não ter dado certo. Mas foi por pouco tempo, pois ouviu a risada fraca de Harry logo em seguida quando o maior se lembrou da canção. Louis acabou rindo fraco também, aliviado.
"The Molahonkey Song" era uma canção boba que Anne cantava quando Harry era menor, para que o garoto parasse de chorar.
— Desculpe... Papai costumava a cantar quando eu me sentia cabisbaixo.
Louis murmurou ainda abraçado a Harry da mesma forma. Em seguida acabou afastando seu rosto do peito do maior e o encarou, levando uma das mãos para acariciar o rosto dele e olhar em seus olhos.
— Eu... Eu fiz algo de errado?– questionou com seu olhar azul preocupado. Louis realmente pensava que talvez ele tivesse feito alguma coisa que tenha deixado Harry daquela forma.
Mas não, o problema nunca foi ele.
Harry continuou olhando nos olhos do garoto e então respirou fundo e o beijou a testa. Logo em seguida partiu aquele abraço e pegou uma toalha.
— Não. Você não fez nada de errado... Eu apenas precisava de um banho. Venha, vamos deitar mais um pouco.
Murmurou baixo já saindo do box e secando seus cabelos devagar. Harry sempre foi bem fechado, era difícil de se abrir com qualquer pessoa desde pequeno, e mesmo que Louis fosse sua esposa, ainda assim, ele preferia guardar seus sentimentos consigo.
O garoto não se convenceu, mas sabia que Harry não iria dizer nada. Lembrou-se do que Zayn disse sobre o irmão mais velho.
Louis sabia tão pouco sobre o marido, que aquilo tudo havia virado um completo enigma. Mas ele era curioso e persistente o suficiente.
Seguiu Harry de volta até o quarto e com cuidado, voltou a se deitar com ele na cama. O abraçou na tentativa de aquecer o corpo frio, dele.
— Quando voltarmos, vamos morar juntos no casarão com os seus irmãos?
Louis perguntou, só queria conversar um pouco, e quem sabe fazer o mais velho, contar um pouco mais de si.
— Sim.
Harry respondeu curtíssimo, fazendo Louis suspirar.
O mais velho pareceu perceber o quanto o garoto parecia desapontado com sua resposta e então pensou um pouco mais antes de completar a resposta anterior.
— Gosto do lugar, meu pai está lá e logo meus irmãos se casarão e se mudarão para outra residência. Então ficaremos, meu pai, eu e você.– falou baixo fazendo uma leve carícia no garoto, que havia se aconchegado em seu peito nu.
— Eu também gosto de lá. O jardim é imenso, e Zayn me deixa montar em seu cavalo Hércules de vez em quando.– o garoto murmurou devagar.
Louis realmente começou a gostar daquele casarão. Era acolhedor e o espaço externo o deixava extasiado. Adorava andar a cavalo, caminhar pela manhã e essas coisas todas.
— Hércules é o meu cavalo.
Harry murmurou de repente e pela primeira vez em anos, sentiu falta de saber como seu antigo cavalo estava. Desde aquele fatídico dia, não montou mais.
— Bem, sinto então lhe informar que agora ele é meu... Ele gosta mais de mim e eu... Nunca te vi montar. Na verdade nunca te vi fazendo nada.– Louis murmurou virando seu rosto para encarar o rosto do marido.
— Eu não monto faz alguns anos, por isso Zayn tem cuidado dele. Eu tenho negócios a resolver, sou bastante ocupado.– respondeu calmo e tranquilo, mas sem olhar no rosto do garoto.— Por isso é bom que realmente monte e fique com ele, precisa encontrar alguma atividade que a distraia, não vai me ver com tanta frequência em casa pela tarde.
Aquilo fez Louis murchar. Se Harry fosse sumir como fez quando ainda estavam noivos, ia ser péssimo. Pois agora não teria nem mesmo Anne para perturba-lo.
— Isso até... Eu te por um filho.
O mais velho murmurou baixo, sem nenhum pingo de animação. Agora já não sentia tanta vontade assim de ser pai, mas sabia que aquilo traria alegria a sua família e principalmente a Desmond.
Aquele assunto fez Louis se arrepiar um pouco. Não que o garoto não quisesse, mas não entendia bem como Harry colocaria um bebê em sua barriga, ou como o bebê cresceria e sairia de lá. Acabou com bastante esforço se sentando a cama.
Harry observou a expressão da sua esposa e acabou se sentando também.
— Eu... Por favor, não ria de mim.– pediu Louis devagar antes de continuar.— Mas... Como você vai colocar um bebê em mim?
A voz de Louis saiu tão inocente que Harry não conseguiu segurar o sorriso fraco que se formou em seus lábios. Com delicadeza, o trouxe para seu colo, tomando cuidado para o deixar em uma posição confortável. Por esse motivo voltou a deitar suas costas em seu travesseiro e o sentou em seu abdômen.
Encarou os olhos do garoto e pensou em algo mais profundo e gentil do que apenas "o gozo do meu pau fará nosso filho".
— Quando eu estava te tocando... Quando eu coloquei meu pênis dentro de você... Você... Você gostou?– perguntou baixo acariciando devagar a cintura de Louis.
Observou as bochechas do garoto aquecerem envergonhadas e então o mesmo confirmar com a cabeça. Harry acabou rindo fraco, achando a reação adorável.
Recebeu um tapa fraco no peito, mas realmente não conseguiu evitar.
— Eu também gostei.– admitiu.— Gostei tanto que gozei em você. Sabe? Aquele líquido quente. Sei que gozou também por que sujou todo o meu abdômen.– o mais velho murmurou com calma, levando uma das mãos até a barriga do menor.— Aquele líquido quente que faz nosso bebê. Admito que não sei exatamente como, mas preciso gozar algumas vezes lá dentro para que dê certo.
Acompanhou Louis suspirar, sua pele estava arrepiada.
— Oh... Eu não sabia. Mas que bom, eu... Tenho medo de cegonhas.
Foi o bastante para que Harry gargalhasse alto, numa risada tão gostosa que arqueou a cabeça para trás. Louis sorriu. Gostava de ver ele rindo, não entendia o porquê.
Só parou de rir quando sentiu Louis se arrumar em seu colo e sentar em cima do seu pênis, obviamente não o penetrando.
— Está doendo um pouco... Mas eu... Eu queria que você o colocasse de novo. Por favor.
Pediu baixo e ainda envergonhado quando percebeu que seu marido agora continha uma expressão diferente no rosto. Harry se arrepiou inteiro, mas sabia que o garoto precisava de repouso até que pudessem fazer uma segunda vez.
O pegou devagar e o deitou na cama, os virando de posição.
— Eu vou tocar em você logo... Mas agora precisa descansar.– murmurou ficando de lado na cama para olhá-lo e acariciou a bochecha dele depois de o dar um beijinho leve.— Boa noite, esposa.
[...]
Quando Louis acordou uma segunda vez, já mais tarde, apenas sorriu fracamente. Sentou-se observando aquela enorme bandeja de café e se lembrou dos infinitos detalhes da noite anterior, mesmo que Harry não estivesse mais por lá.
Se inclinou e pegou o bilhete que estava escorado em um dos ramekin.
Querida,
Precisei sair para resolver alguns assuntos,
quero que aproveite seu café da manhã.
Vita Mia,
H.
Louis acabou suspirando e voltando a deitar a cabeça em seu travesseiro, se sentia nas nuvens. Talvez tudo aquilo, valeria realmente a pena se ele se entregasse por completo aquela vida que o destino havia escolhido por ele.
Tomou seu café da manhã e em seguida se levantou. Observou a vela já apagada em cima da mesinha de centro e sorriu. Harry com certeza tinha seus próprios rituais para se sentir confortável.
Caminhou até o banheiro e tomou um banho quente e relaxante na banheira da suíte, demorou cerca de meia hora para entender como funcionava a água quente, mas no fim se sentiu extremamente confortável.
Nunca havia experimentado uma vida tão luxuosa quanto aquela antes. Acabou rindo sozinho pela sorte que tinha. Harry seria um bom marido, teriam filhos juntos e tudo ia ficar bem, desde que Louis se esquecesse da parte ilegal.
Após o banho vestiu um roupão enorme e ligou o som do quarto em uma música qualquer da Taylor Swift. Acabou indo até o closet onde estavam as roupas dos dois, e fez algo que logo se repetiria por muitos e muitos dias como um ritual da manhã em sua rotina. Cheirou uma das camisas de Harry.
— Se gostou do perfume, posso até te dar uma das minhas camisas. Mas, se o que você queria era sentir o meu cheiro, por que não vem direto à fonte?
Louis congelou, sentindo o rosto pegar fogo, não sabia que ele voltaria logo. A voz de Harry, rouca e levemente divertida, ecoou pelo quarto, deixando claro que ele já estava ali há tempo suficiente para flagrar sua "pequena" indiscrição.
Virou-se devagar, ainda segurando a camisa, como se fosse possível esconder o que estava fazendo. Harry estava encostado no batente da porta, os braços cruzados, um sorriso de canto que misturava provocação e algo que Louis não conseguiu decifrar.
— Eu... eu só estava...– começou Louis, mas as palavras pareciam escapar de sua boca.
— Sentindo meu cheiro?– Harry completou, arquendo uma sobrancelha. — É um elogio, eu acho.
Louis respirou fundo, tentando recuperar a compostura, mas era impossível não se sentir exposto. Decidiu revidar, sua voz carregando uma pitada de sarcasmo.
— Não se iluda. Eu só estava conferindo se você não tinha usado a mesma camisa por dias.
Harry acabou rindo baixo, uma risada que fez o peito de Louis apertar de uma maneira que ele não queria admitir.
— Claro. Se precisar de ajuda para escolher qual camisa cheirar amanhã, é só pedir.
Louis jogou a camisa de volta no cabide com um olhar irritado, mas não conseguiu esconder o sorriso que surgia em seus lábios.
— Você é insuportável.
Harry deu de ombros, se afastando em direção à porta.
— E você tem um gosto excelente, Vita Mia.– o mais alto murmurou.
Quando ele saiu, Louis soltou o ar que nem tinha percebido estar prendendo e balançou a cabeça, ainda com um sorriso discreto no rosto. Talvez, só talvez, essa lua de mel não fosse tão ruim assim.
Acabou permanecendo com seu roupão, afinal não havia algo mais confortável do que aquilo e então voltou para o quarto. Procurou seu homem com olhos e então o observou na varanda.
Harry estava encostado na grade, um cigarro entre os dedos, a fumaça se dissipando na brisa da manhã. Ele parecia perdido em pensamentos, mas ainda carregava aquela postura casualmente autoritária que deixava Louis nervoso e intrigado ao mesmo tempo. Louis suspirou e caminhou em direção a varanda.
— Você sabe que fumar não faz bem, certo?– comentou, cruzando os braços enquanto se encostava à parede.
Harry virou a cabeça levemente, os olhos avaliando-o com diversão.
— Já ouvi isso antes. Normalmente, não faz diferença.–ele deu uma tragada e soltou a fumaça devagar.
Louis revirou os olhos, embora seu rosto estivesse quente.
— Eu queria te perguntar uma coisa. – sentia-se em um misto de frustração e vergonha por não saber como expressar o que queria. Não como ontem. — Pensei que talvez a gente pudesse...
Harry arqueou uma sobrancelha, claramente se divertindo com o nervosismo de Louis.
— Se a gente pudesse, o que exatamente?
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