Capítulo 06 | Por favor

— 2 dias até me tornar um Malik...– Louis murmurou de repente enquanto observava os galhos da árvore balançarem com a ventania tranquila.

Aquilo fez Zayn suspirar, enquanto continuava a arrancar alguns fiapos de gramas do chão. Ele estava deitado de barriga para baixo próximo a Louis, e Hércules, o cavalo preto de raça pura.

— Na verdade, Malik é apenas o meu sobrenome, você se tornará uma Styles.

O moreno murmurou não esboçando seu sorrisinho brincalhão de sempre. Louis suspirou e fechou seus olhos por um momento, ainda se atormentava com todas as descobertas e precisava dividir com alguém mas sem de fato contar o que tinha feito.

— Zee... Pode... Pode me contar porque Harry é assim?– o garoto questionou devagar e então se virou e deitou-se de barriga para baixo também.

Observou o moreno desviar o olhar de volta para a grama. Zayn não gostaria de falar do irmão mais velho, queria falar de qualquer outro assunto com Louis. Mas percebeu que o amigo parecia distraído fazia horas, desde que dividiram a mesa do café da manhã.

– Assim como? Distante?

Questionou, observando o de olhos azuis confirmar com a cabeça. Zayn não sabia de todos os detalhes, mas Liam já havia murmurado algumas coisas antes.

— Bem... Quando papai sofreu um atentado, Harry estava com ele no carro. O carro foi alvejado com quase 40 tiros e... Bem, isso mexeu muito com ele. Papai quase morreu, e ficou com sequelas bem graves.– olhou alguns segundos para Louis.— Eu nunca tinha visto Harry chorar, mas bem... Ele chorou por muitas noites, especialmente quando papai não reconheceu a nós quando voltou da cirurgia.

Concluiu se lembrando exatamente daquela sensação.

— Oh Zayn... Eu sinto muito.

Louis tentou com uma expressão solidária, realmente sentido pelo que ele tinha acabo de contar e também por Zayn também ser filho e por provavelmente ter sentido a mesma dor. O moreno apenas sorriu sem mostrar os dentes, como se dissesse que já estava tudo bem.

— Bem, acho que seja isso... Não sou muito próximo de Harry... Liam é mais do que eu.

Concluiu Zayn. Louis pareceu ponderar. Ele precisava falar com Liam e rápido. Parou apenas de se perder em seus pensamentos quando Zayn se arrastou um pouco e se pôs o fazer cócegas, Louis mal conseguiu se defender, e miseravelmente segurou sua risada.

[...]

Louis tentou por alguns momentos se submeter a uma abordagem com Liam, mas em todas elas foi parado pelo receio, diferente de Zayn, Liam o dava medo.

A noite chegou e com ela os últimos preparativos, depois de uma tarde inteira com massagens, manicure e máscaras de pele, Louis conseguiu descansar antes do jantar.

Jantou apenas na companhia de Anne, estranhando novamente a falta dos três irmãos ali, especialmente a de Harry. Comeu e então agradeceu a matriarca e se pôs em direção ao seu quarto, amanhã era a sua cerimônia.

Mas seus pés e sua curiosidade o traíram. Louis ouviu algo cair ao chão e se espatifar. Se lembrava daquela porta, era o escritório de Harry.

Se aproximou na ponta dos pés e então encostou sua orelha esquerda na porta de carvalho escuro.

— Porque ele está desse jeito, Payne?

Sussurrou Zayn encarando o irmão do meio que parecia aparentemente estressado ao jogar o irmão mais velho na poltrona do escritório como um saco de batatas.

— Esse idiota bebeu o bar inteiro... Céus, Anne vai o fritar vivo e vai nos fritar junto por estarmos com ele!– Liam murmurou esfregando uma das mãos em seu rosto.

Logo depois se ouviu a risada de Harry claramente desconexa, o que fez Liam o estapear de leve o mandando se calar.

— Óbvio que ele está bêbado, Liam. Não sou cego. Estou perguntando como ele chegou a isso. Harry raramente bebe a esse ponto, você sabe... Ele sempre acaba sendo a babá.

O mais novo voltou a sussurrar ainda sem entender. Liam ponderou, mas respirou fundo encarando seu irmão mais novo.

Depois daquele momento que compartilharam juntos no carro, Harry sumiu por algumas horas. O cacheado ficou extremamente envergonhado por ter chorado a frente do irmão. Quando voltou estava com os cabelos recém cortados e com uma expressão distante.

Liam tentou convencê-lo a se distrair um pouco e foram juntos a um pub. Mas o mais velho começou a virar um copo atrás do outro de forma birrenta, e deu no que deu.

Liam sabia que aquilo tudo era uma baita pressão para Harry, e parecia que a questão "Louis" piorava a cada instante. Harry estava amando, enquanto ainda amava Cora e agora se sentia extremamente magoado consigo mesmo. Prometeu jamais trair os sentimentos que possuía da sua primeira amada.

Seu plano era casar por aparência, apenas para dar felicidade ao pai. Faria um filho, mas pretendia manter suas idas casuais a bordéis e tentar se envolver o mínimo possível de forma amorosa com o garoto. Obviamente não conseguiu.

— É por causa do garoto.

Murmurou baixo. Na mesma hora, ambos os irmãos olharam em direção a porta. Inferno...

Louis rapidamente tentou se desvencilhar, mas Liam foi mais rápido ao abri-la, e então o garoto caiu como um saco de batatas.

— Mas o que diabos, faz aqui?– questionou Payne o levantando com apenas uma das mãos e fechando a porta. Em segundos ouviu Zayn reclamar do tratamento do irmão com Louis.

Louis apenas se soltou do aperto de Liam e correu seus olhos pelo escritório, já avistando seu então, futuro marido jogado a poltrona de uma forma desajeitada.

— Porque disse que ele bebeu por minha culpa?

Louis perguntou, ignorando toda a situação constrangedora que tinha acabo de acontecer. Liam ia responder de forma rude, mas depois de ver a expressão do irmão mais novo, respirou fundo.

— Não é nada demais.

Aquilo não foi suficiente para o garoto. Os dois homens o assistiram se aproximar de Harry e o acariciar a bochecha. Liam ficou prestando muita atenção, e Zayn claramente se sentiu desconfortável.

Louis pensou que talvez fosse o momento perfeito para questionar Liam sobre a tal Cora, sobre o bebê e sobre o porque seu noivo estava daquela forma por ele. Mas estava preocupado com Harry. Genuinamente preocupado.

— Eu cuido dele... Já cuidei do meu pai outras vezes e sei o que fazer, só preciso que me ajudem a levá-lo para a cama.– falou num tom mais baixo e então olhou para os dois homens ali em pé parados com expressões surpresas.— Vocês dois são bocós? Estou pedindo ajuda aqui!

Foi realmente uma missão em trio. Louis foi guiando os dois irmãos durante a ida, não podiam trombar com Anne naquele momento, de jeito maneira. E com empenho conseguiram concluir aquela missão em poucos minutos.

— Tem certeza que quer fazer isso? Ele já está em segurança...

Zayn murmurou mas só ouviu um "Boa noite, Zee" e precisou acompanhar Liam e ir para fora do quarto.

Estando ali apenas com Harry, Louis suspirou.

— Harry... Bem... Eu vou cuidar de você, tá legal? Mas vai precisar se ajudar.

Louis murmurou em tom suave, e acabou sem perceber, acariciando a bochecha do homem que tinha um sorriso brincalhão nos lábios, e cantava uma musiquinha boba de algum comercial.

Harry estava diferente da última noite. Seu rosto estava liso, e os cabelos que iam até os ombros, cortados. O homem estava ainda mais bonito do que antes, chegava a ser quase impossível.

Louis então se obrigou a por a cabeça no lugar e foi tirando os sapatos de Harry. Logo depois tirou as meias. Sentiu a barriga gelar quando levou as mãos até os cintos, conseguia lembrar perfeitamente da cena que viu na noite anterior. Mas o tirou as calças com cuidado e logo depois o blaser e foi desabotoando botão por botão da camisa social de seu noivo.

Quando finalmente abriu a camisa, ficou um pouco sem reação, tocou o peito dele. Onde estava a chave?

— Hum... Você quer me seduzir?

Harry segurou a mão de Louis, já risonho.

— Claro que quero... Vamos dividir o chuveiro.

Louis murmurou ao pensar rápido, ouvindo o homem suspirar e tentar se levantar sozinho. Com grande esforço o garoto conseguiu guia-lo até a suíte. O colocou debaixo do chuveiro e então ligou a água na temperatura mais gelada que conseguiu.

Assim como seu pai, Harry tentou fugir, mas Louis o manteve ali por algum tempo.

Depois do banho, Louis o secou devagar, admirando cada detalhe das tatuagens que Harry tinha, o ajudou a por uma roupa mais leve e o levou até a cama.

Voltou ao closet dele apenas para pegar uma camisa dele para vestir, já que a sua estava molhada e não queria acabar trombando com Anne sem querer, naquele estado. Vestiu e acabou se pegando no flagra quando suspirou o cheiro dele ali, em seu corpo.

Voltou ao quarto e ao passar pela cômoda, lembrou-se da vela e acendeu, pensando que aquilo talvez fosse algum tipo de ritual para que ele se sentisse mais confortável a noite. Apagou as luzes mantendo apenas o abajur dele aceso ao lado da cama e então foi caminhando até a porta para sair.

— Louis, fique.

O garoto parou sentindo os pêlos em sua nuca arrepiarem.

— Fique... Por favor?– a voz de Harry insistiu cansada. Ele parecia estar um pouco mais sóbrio.

Louis não conseguiu negar, ou simplesmente sair pela porta. Harry nunca tinha o chamado naquele tom, daquela forma. O garoto apenas se virou e então se aproximou da cama de Harry.

— Você... Você precisa de mais alguma coisa?– perguntou baixo não conseguindo encarar os olhos abertos de Harry.

— Sim. Deite-se aqui comigo, por favor.

Aquilo foi surpreendente. Primeiro, que tipo de marginal criminoso pede "por favor"? E em segundo, Louis se lembrava exatamente do quanto ódio Harry sentia por ele e bem... Tirando aquela noite, o malvadão só poderia realmente ter virado a casaca!

Mas bem, se Louis pensou em aceitar aquilo? Mas é claro que não! Na verdade pensar não estava nem em cogitação depois de como o garoto se sentia quente pensando em Harry depois daquela noite.

Ele só rapidamente acatou o pedido de Harry e se deitou a cama do mais alto, embaixo de seus lençóis. Com um pouquinho de vergonha, se aconchegou no corpo de Harry e o abraçou pelo peito.

Tudo bem, aquilo era estranhamente bom.

Muito lentamente depois de algum tempo, Louis começou devagar a acariciar o peito de Harry. Sua mão esfregava timidamente, no mesmo ritmo da respiração calma dele.

Aquele cheiro inebriante que Harry exalava naturalmente, mantinha Louis ali acordado. Ele só se obrigou a se levantar e se afastar por alguns minutos quando o vento da janela foi ficando mais forte e ela começou a ranger um pouco.

Assim que o garoto fechou a janela, voltou devagar até a cama, e quando foi se deitar agarrado a Harry mais uma vez, acabou sendo surpreendido por um beijo. Um beijo lento, caloroso e gostoso.

Louis já não conseguia mais esconder para si mesmo o quanto gostava daquele beijo, daqueles lábios cheinhos, da forma que aqueles mesmos lábios chupavam os seus tão gentilmente.

Mas Harry ainda não estava bem, precisava descansar.

— Precisa descansar...

Sussurrou o garoto a contragosto, depois de encostar a sua testa na testa de Harry. E acariciar a bochecha do homem com carinho.

— Amanhã serei sua esposa e poderá me beijar por horas...– sussurrou sentindo o suspiro de Harry bater contra seu rosto, como se aprovasse aquelas palavras tão doces.

Sentiu a mão de Harry acariciar seus cabelos, assim que voltou a deitar a cabeça em seu peito depois de deixar um pequeno beijo ali e murmurar um "Boa noite, Harry".

Louis ficou sem uma resposta por um longo tempo. A vela já estava quase no fim, mas as carícias do homem em seus cabelos permaneceram.

Quando Harry já imaginava que o garoto dormia, suspirou um pouco forte.

— Boa noite, Louis... Eu te amo.

E enfim parou com as carícias, fechando seus olhos devagar e deixando um Louis de olhos abertos deitado em seu peito, com uma expressão chocada.

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