Capítulo 30
Dito e feito, Rhysand não desistiu, agindo como um jovem sequestrando sua amada no meio do baile, onde ele a levara para o jardim. Assim que saíram, o Grão-Senhor pode agir com mais calmaria, certo de que Kara não fugiria para dentro, ao menos, ele esperava que não falasse a coisa errada para que ela achasse ser necessário o afastamento.
Ficamos longe por tempo demais, pensou ele, o rosto inclinado enquanto assistia o brilho etéreo nos olhos acinzentados da jovem. Tempo demais, sim, ele sabia, muitas horas em que ele passou contanto, esperando, pensando.
— Tem algo no meu rosto? — ela questionou, a voz baixa e tímida.
Erguendo a mão, Rhysand acariciou lentamente a pele avermelhada da bochecha macia, os dedos se afundando perto da curvatura do pescoço, negando com a cabeça, pensando em palavras para dizer.
— Estou olhando para você — respondeu ele, os olhos dançado no rosto da jovem.
— Rhys... — ela murmurou, seguido de uma risada baixa.
— Kara... — devolveu, os ombros subindo junto da respiração. — Sequer sei como começar. Queria mesmo ter essa noite e agir como um jovem inconsequente, tê-la para mim a noite toda... Mas já não sou jovem, e minhas inconsequências devem ser pensadas.
Um movimento do lábio formou uma covinha no lado esquerdo da face de Kara, não era um sorriso inteiro, um meio sorriso de encorajamento. Como amo este homem, pensou, mordendo o interior da bochecha, eu o amo.
— Comece pelo seu início, querido.
Eles se envolveram, ambos, andando livremente pelo jardim, sem cessar seus passos, os braços entrelaçados, calmaria os cercando, junto do vento, na companhia da noite.
— Notei algo em você quando a cor dos cabelos voltaram, havia notado coisas muito antes, mas notei que era você, o meu sonho, quando vi seus cabelos. Sonhei com esses cabelos por anos, seus olhos, seu rosto, na maioria das vezes estavam virados para o céu, mas seus cabelos, eu já havia decorado a curvatura dos fios, sua cor, como ficavam dependendo do clima, tudo. Então, eu me assustei, fiquei tão assustado que quis me refugiar em algo, medo de que fosse você.
Kara não esboçou reação que não fosse um aperto no braço dele, e o som do seu coração mais acelerado com a ideia de que ele não a queria.
— Meu medo era ser fraco e não poder superar para a ter ao meu lado. Entenda... Era o corpo, mesmo que sua alma estivesse ali, senti como se estivesse escapando por entre meus dedos, porque eu era fraco demais.
"O tempo foi passando, e você foi aprendendo, trazendo-me uma estranha sensação de paz... Conforto. Acho que, essa foi uma das primeiras coisas que fez eu me apaixonar, a paz que você significava ao meu coração, minha vida. Já vivi coisas demais, então, a ideia de sua calmaria deixava-me feliz."
— Se apaixonou por mim porque é confortável? — indagou, um sussurro, encarando-o de baixo.
Parando a caminhada, Rhysand a colocou de frente para ele, subindo os braços para o ombro de Kara, onde esfregou lentamente as mãos, espalhando seu calor.
— Me apaixonei por você, minha lady, porque você deixava eu me sentir seguro, estou errado por isso? Você... Você foi como a luz na escuridão, não só para mim, para todos, salvou Prithyan, Kara, nos salvou de anos e mais anos de servidão, dor. Não tenho vergonha de dizer que a amo por isso, amo você por ser a garota dos meus sonhos, por ser boa, por me fazer sentir seguro. Amo você por tudo que é.
– Você me expulsou de Velaris, Rhys — ela lembrou, um peso em sua voz.
— E por isso eu peço perdão, me coloco de joelhos se necessário. — Dobrando os joelhos, Rhysand ignorou a tentativa de Kara em o levantar. — A parceria é um enlace muito raro, quando a ouvi falar sobre aquilo, não foi a ideia de outra parceira que me assustou, foi a ideia de que você não seria minha parceira, de que chegaria outra e a magoaria no futuro tentando me deixar dividido.
O Grão-Senhor agarrou as pernas de Kara, ambos os lados, afundando o rosto na saia da jovem, inspirando seu cheiro, até que, um soluço. Rhysand estava chorando.
— Ficar longe de você doeu mais do que mil anos em escravidão.
Ela inclinou o rosto para cima, sentindo a ardência nos olhos, enquanto encarava o céu embaçado. O amava tanto, tanto, tanto que doía.
— E se puder me perdoar, juro que jamais farei algo parecido, Kara. É um juramento, tão importante quanto minha coroa.
Por fim, ela arrastou a mão para os cabelos dele, abaixando o rosto para que pudesse olhar nos olhos de Rhysand, cheios de lágrimas.
— Não quer saber como seria sua vida em outra realidade? Poderia saber, entrando em minha mente, então veria tudo.
— Por que eu viria a querer? Não visualizo nenhum amor que não o seu, o que tanto almejei. — Se levantando, Rhysand tomou as mãos da garota, levando até a boca, onde beijou cada dedo. — Kara, em todo universo que você existir, eu amarei você. Haja o que houver, parcerias, caldeirão, deuses, guerras ou só a calma, se você existir, estou certo de que meu caminho é o seu caminho.
Sem se dar por vencido, Rhysand tomou do próprio bolso o anel que Kara havia recuperado da Tecelã, dessa vez, parecia possuir algo de diferente, incrustado e decorado com outra pedra, a cor dos olhos dela.
— Seja minha parceira. Minha mulher. Minha esposa, Kara. Case-se comigo.
Yes or no? 👀
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