Capítulo 22

— Você parece bem. — Kai sorriu levemente, o novo tom de pele parecia reluzir.

— E você ainda parece muito alto — Kara analisou.

Kai balançou a cabeça com uma risada baixa, fechando a porta do quarto assim que Kara entrou, agora que ambos estavam fechados em uma das suítes, sentiram o peso cair nos ombros.

— Quando começou a ser tão inconsequente? — Ele perguntou, não havia julgamento na pergunta, mas, um sentimento de exaustão.

O futuro já estava alterado, não haveria guerra, tampouco a dor imensa que todos enfrentaram, sem maldição, Feyre não seria trazida para Prythian, porém, isso não mudava os laços do destino, ainda estava predestinado que um laço de parceria aconteceria.

Kara sentiu um arrepio frio subir por seu corpo quando Kai tomou a mão tatuada, analisando a marca do olho aberto o encarando.

— Qual acordo foi feito?

— Devo ir embora — sussurrou, pela primeira vez em semanas notando o quão grotesco aquilo soava. — Assim que o último poder for devolvido, devo ir embora para um lugar onde ele não tenha que ouvir um sussurro sequer do meu nome.

A feição de Kai se transformou em algo furioso, ele apertou a mão de sua irmã contra a dele.

— Estão brincando com fogo, mas se Rhysand fez o acordo, como ele pode se envolver com você?

— Mas eu aceitei isso...

— Você aceitou, Kara, porque seu coração é bom e vive, você arde nesse lugar e ele é a maior paixão que alguém poderia viver, não acho que sua paixão seja platônica, tampouco acho que você está entrando nisso apenas por ele ser quem é... Mas, e no fim? Você, nós iremos embora e ele viverá normalmente enquanto uma paixão te corrói aos poucos? — Kai argumentou franzindo as sobrancelhas. — E se não voltarmos a sermos humanos? E se formos feéricos de vidas eternas? Só Deus sabe o quão inconsequente os dois estão sendo.

Ela nunca havia pensado nisso, não de verdade, se voltaria a ser humana ou se continuaria no corpo divino, não pensou na eternidade em que viveria e também não pensou se poderia morrer sozinha e amarga. Quais são as consequências desse amor?

— Não sei o que farei se seu espírito for quebrado no fim disso, Kara, realmente não sei.

Ela assentiu, os olhos brilhando com uma mágoa antiga.

— Meu espírito vai ser quebrado se eu desistir de viver e arder por ele. — Ela fungou, segurando os ombros do irmão. — Eu já estou apaixonada, e se eu deixar tudo agora... Minha vida vai se correr por arrependimento.

Kai limpou uma lágrima que escorreu pelo rosto dela, sorrindo friamente.

— Garota boba, você não está apaixonada — ele negou, puxando-a para um abraço. — Você já o ama.

Sim. Ela já o amava.

──────⊱◈◈◈⊰──────

Em um pequeno segundo, Kara abriu os olhos sonolentos, olhando para a porta, ela piscou algumas vezes.

— Kai, você ouviu isso?

O homem ao seu lado na cama, não chegou a abrir os olhos para responder:

— Ouvi você roncando minutos atrás.

Ele gemeu com o tapa que recebeu na testa, virando de lado para voltar a dormir, Kara por sua vez, levantou e cobriu o corpo com uma manta, seus pés descalços foram para o chão, enquanto ela andava de maneira desajeitada e adormecida para a porta. Algo a chamava para fora, puxando-a com força, não um laço; apenas instinto.

Ela seguiu pelo corredor, massageando os olhos enquanto se acostumada com a pouca iluminação da propriedade, Kara bocejou de sono quando tocou a maçaneta da suíte de Rhysand. A frieza a acordou de súbito, fazendo os olhos se abrirem com firmeza e olharem as sombras que escapavam da porta, não eram como as sombras de Azriel, ela observou, eram distintas e poderosas, cada movimento era como um chicote de dor.

A manta escorregou para o chão e a maçaneta se tornou nada menos do que metal quebrado e despedaçado, Kara entrou rápido, sua camisola oscilando por conta do vento. A visão a fez se engasgar, ele não se movia de maneira brusca, mas a feição de medo tomava aquele rosto tão lindo.

— Rhys — Kara o chamou, tocando os ombros nus com suas mãos quentes.

As sombras se enrolaram ao redor dela, apertando seu corpo como uma serpente, porém, Kara continuou, o balançando até o limite.

— Rhys!

Ele se sentou na cama, as sombras se desenrolando de Kara, descendo por todo o corpo descoberto, Rhysand estava ofegante quando dobrou os joelhos e fechou os olhos com força. Ele respirava fundo quando abriu os olhos e a olhou; pura calma desenhou a feição antes aterrorizada.

— Aí está você — ela murmurou com um sorriso, acariciando os ombros tensos. — Estive a sua procura.

Rhysand balançou a cabeça, puxando Kara pela cintura, fazendo a feérica sentar sobre seus quadris, ele estendeu as pernas e curvou levemente as costas quando tocou a testa no peito dela, suas asas se abrindo com o movimento.

— Eu tinha sonhos... — Ele sussurrou.

— O que?

— Antes de Amarantha, antes de qualquer complicação na minha vida, tive sonhos — continuou a sussurrar, a voz sonolenta e arrastada. — Uma garota ruiva e... — Ele puxou o ar — tinha cheiro de chocolate e baunilha.

Os dedos de Kara subiram para os cabelos de Rhysand, parando junto da sua respiração, dentro do peito, seu coração batia de forma violenta e assustadoramente rápido.

— O que está dizendo?

Ela levantou a cabeça dele, segurando os dois lados do rosto, acariciando a pele com a ponta dos dedos, Kara encarou o olhar arroxeado, ele mal parecia acordado.

— O que você está dizendo, Rhys? — Perguntou de novo.

Ele sorriu e fechou os olhos.

— Sou um sonhador.

──────⊱◈◈◈⊰──────

Ela estava deitada sobre um lençol colorido, o rosto coberto por escuridão e os olhos iluminados pelo brilho das estrelas, ao redor, o quintal era iluminado por lâmpadas e ela estava sozinha. Tinha os cabelos mais lindos que um dia Rhysand pudera presenciar e um olhar tão vivido quanto autêntico; ela não parecia o tipo de pessoa que requeria de riquezas para ser feliz, pois, suas roupas sujas de farinha e com cheiro de doces a deixavam com uma aparência simples, mas, ela parecia satisfeita olhando as estrelas... Tão satisfeita.

Rhysand não sabia onde estava, em qual plano ou lado, não estava ali, não estava com ela, mas podia vê-la. Era paz e esperança...

— No que tanto pensa? — Perguntou a Illyriana mais velha.

Rhysand piscou balançando a cabeça quando ouviu a risada de sua irmã caçula, ele olhou para as duas e as observou com linhas e tecidos, agulhas e minúsculas pedras preciosas.

— Na ruiva, é óbvio — a adolescente murmurou.

— Mãe! Você contou para ela! — Rhysand bufou jogando a cabeça para trás.

— O que tem? Estou ajudando a mamãe com o enxoval. — A jovem fez um bico com petulância, prendendo um diamente no longo vestido preto de baile.

A mulher mais velha respirou fundo negando, ela costurava um vestido simples e esvoaçante, próprio para o calor; a senhora da Corte Noturna não imaginava para qual ocasião o vestido seria usado, mas sabia que iria para uma única pessoa.

— Ah, e aliás... Se quiser seu anel de volta, terá que lidar com a tecelã. — Ela sorriu.

Quando Rhysand levantou novamente a cabeça, não olhou para sua mãe ou irmã, mas viu que estava debaixo de um teto escuro, coberto e escondido pelo dossel e lençóis violetas. Ele respirou fundo e sentiu a textura dos fios ruivos bagunçados no seu pescoço, absorveu o cheiro limpo de sabonete e chocolate, só então percebeu o pequeno corpo que estava sobre seu peito, as pernas abertas por cima do seu quadril e os braços que estavam ao redor de sua cabeça.

Kara permaneceu em completo silêncio, se percebeu ou não que Rhysand havia acordado, não demonstrou. Ela permaneceu de olhos fechados, calma e relaxada sobre aquele calor corporal único.

— Está fingindo ou realmente dormindo? — Ele perguntou, a voz rouca e grave.

— Estou dormindo — ela respondeu, levantando a cabeça.

Rhysand gargalhou suavemente, movendo os braços ele circulou o corpo pequeno, abraçando todas as dobras e curvas, Kara moveu o corpo mais para cima e um gemido audível escapou de ambos.

— Há quanto tempo está acordada e deitada sobre... Isso? — Ele segurou a cintura dela mais forte.

A camisola de Kara já estava levantada, exibindo toda sua bunda enquanto Rhysand fazia o tecido se levantar mais durante o aperto, ela respirou fundo, sentindo o membro duro entre suas pernas abertas.

— Tem um tempo — Kara ronronou.

Rhysand sentiu algo se revirar dentro de si ao ouvir o tom daquela voz, respirando tão fundo quanto ela, que passou a mover lentamente o quadril. Kara não sabia o motivo de estar se movendo, mas não conseguia parar, não quando começou a sentir a facilidade com que deslizava por suas dobras, tocando e descobrindo lugares. Ela arquejou quando sentiu a mão grande e quente apertar seu pescoço, obrigando-a a levantar o olhar, Kara foi recebida por olhos semi-abertos, repletos de sensibilidade e desejo.

— Continue fazendo isso e não vou me desculpar por fazer todos ouvirem você gritar.

Ela abriu a boca, piscando os olhos, a mão livre de Rhysand descendo por sua coluna e parando na curva exposta de sua bunda, ele apertou, mas, Kara recuou.

— Ontem você disse algo...

Rhysand parou sua mão, na curva arqueada das costelas de Kara, piscando brevemente.

— Eu disse?

Kara tentou não contorcer seu rosto em uma feição chorosa; se ela tivesse ouvido errado, então... Mas, ela ainda precisava saber, tinha que saber a profundidade disso, do que estava acontecendo, se o passado foi diferente, e o presente sendo reescrito, o futuro poderia mudar?

— Disse que antes de qualquer complicação na sua vida... Antes da dor e tudo, você sonhou com uma garota.

Rhysand soube no mesmo instante sobre o que Kara se referia, sua mente se distanciou para mais lembranças amorosas de seu passado.

— O que está fazendo, Ester?

A jovem meio illyria correu ao redor da sala, o tecido brilhoso e escuro esvoaçando no ar, até que ela parou de frente ao seu irmão mais velho, ofegante e com um sorriso límpido.

— Eu costurei sozinha — ela tinha um brilho caloroso no olhar, tão feliz... E vivo — para ela, minha cunhada.

Rhysand pensou em negar e protestar, afinal, ainda não havia uma cunhada para comemorar, mas se calou ao ver o vestido. Sua irmã ainda era baixa, mas o vestido quase era do seu tamanho, então, Rhysand podia vê-lo inteiro, desde os bordados de diamentes no busto, até a imensidão rica na saia, onde os bordados se enriqueciam de joias e brilhos; perfeito e digno de uma senhora, a possível futura senhora da Corte Noturna.

— Na maioria das vezes eu sonhava com ela deitada sob as estrelas — Rhysand murmurou, olhando para os olhos acinzentados de Kara.

Ele levantou o braço, acariciando lentamente toda a extensão daquele corpo, a mão que estava no pescoço, deslizou para a nuca, Rhysand a puxou, fazendo Kara deslizar para cima e tocar sua testa na dele.

— Quer saber se a mulher com quem eu sonhava é você? — Sussurrou.

Kara assentiu lentamente.

— Sim — ele finalmente disse. — É você, Kara.

Um formigamento delicioso percorreu seu corpo, junto do sorriso que tomou seu rosto e o brilho nos olhos. Rhysand sorriu tão abertamente quanto ela, quando Kara sentou sobre ele e iluminou o quarto; ela estava brilhando.

A feérica subiu a mão tatuada pelo rosto dele, o brilho aquecendo a pele de Rhysand, ele sorriu, o rosto sonolento e os cabelos bagunçados. Ela lambeu suavemente os lábios e começou a dizer:

— Eu a...

A porta se abriu e Kara foi coberta por completa escuridão.

Notas da autora:

Eu finalmente melhorei, e agora estou voltando a escrever, eu tinha começado a melhorar no começo da semana, porém, comecei a academia segunda e não imaginam o quanto essa primeira semana foi doloroso kkkkkk eu não sabia que academia doía, e meu primeiro dia foi lag day, mas to melhor e vou voltar a escrever com frequência, ou pelo menos tentar.

Alguém poderia me indicar face clains que combinem com a Kara? Quero fazer uma nova capa, mas nem imagino que face claim usar.

Está perto do Rhys descobrir sobre Feyre e o futuro, então o drama vai começar logo. Vocês sabem que não gosto de me demorar nas fanfics, então espero que esteja tento um bom desenvolvimento, porque acredito que essa fanfic vá ter uns 30 cap e logo acaba.

Acham que está com um bom desenvolvimento? Se não, eu posso tentar prolongar, faltam só duas cortes, nisso só falta uns três cap e vai começar o drama entre os dois, me respondam isso, as vezes por demorar muito pra atualizar, fico com receio de não estar bom.

Quando faço fanfic com o Rhys, as vezes pego fanarts e tento transformar na minha personagem junto com ele, aqui é a Kara, e essa cena vai ser quase no final 🥺🥺🥺

Capítulo não revisado, possíveis erros ortográficos ;)

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