Capítulo 22
OIEEEEE
Pensaram que íamos abandonar vocês né ?????
Não não não, pelo menos não vai ser dessa vez e espero que nunca !!!
Pedimos desculpas pela demora. Fim de ano foi bem corrido, maaas sobrevivemos, hahaha.
E como foi o fim de ano de vocês ???
Nós estamos bem animadas com com capítulo de hoje...e acho que vocês também né ???
Boa leitura meus amores !!!
*
Azriel
– Então, podemos conversar? - Perguntou a fêmea de olhos rosados.
Lyra e encarou por uns instantes. Sua mão ainda tremia, com mais intensidade. E eu a segurei com um pouco mais de força. Queria que sentisse que eu estava ali.
Lyra balançou a cabeça, como se fosse uma chave para sair dos pensamentos onde estava presa.
– Eu...eu não...- Lyra lutou mas não conseguiu falar.
Kiera respirou fundo, mas me olhou novamente e eu soube que ela não desistiria.
MERDA.
– Por favor, Lyra...você precisa saber! - Ela insistiu - Nós precisamos de você!
– Quem? - interrompi - Quem, exatamente, precisa dela ?
Os olhos cor de rosa me encararam. Me analisando, mas uma vez. Tentei esconder o incômodo e a irritação que aquilo me causava.
– Nós as...- a fêmea começou a se explicar.
– JÁ CHEGA!
Um vento forte e frio pareceu sair da garganta de Lyra, acompanhando o grito. Ao mesmo tempo, minha amiga bateu as mãos na mesa e levantou com uma força que empurrou sua cadeira para longe. O vento e o grito foram tão fortes que tive a impressão de ouvir vidros quebrando e gritos abafados.
Eu disfarcei a surpresa quando olhei em volta e encontrei feéricos boquiabertos. Não foi imaginação minha.
Aquilo aconteceu.
Lyra quebrou taças, copos, xícaras e as vidraças do local em que estávamos.
Todos a encaravam. Não sabia se sentiam medo ou pena.
Lyra piscou algumas vezes.
O rosto perdeu toda a cor. Não tinha mais as bochechas rosadas.
– Eu não quero ouvir nada que tenha a dizer! - ela disse baixo demais.
Kiera balançou a cabeça e engoliu seco.
– Lyra...- ela sussurrou e tentou se aproximar.
– Não se aproxime! - Lyra ordenou.
Eu senti um vento frio de novo. Ela liberaria poder de novo.
Eu não esperei.
Não pensei novamente antes de pegar a mão de Lyra e atravessamos para casa.
– Você está bem ? - Pergunto assim que atravessamos no jardim da casa da cidade.
Lyra não me olhou, apenas assentiu com a cabeça.
– Você está pálida e fria...- falei - Lyra...
Quando pedi sua atenção, Lyra atendeu e levantou os olhos até mim.
Seus olhos...
Os olhos de Lyra estavam com uma coloração escura. Como se uma névoa negra cobrisse o castanho dos seus olhos.
Eu não consegui esconder a surpresa desta vez.
Lyra percebeu e deu um passo para trás.
– O que foi? - perguntou preocupada.
Eu arrumei a postura e recuperei o controle de minhas emoções.
- Nada, não se preocupe. Como você está?
– Com muita dor de cabeça, para ser sincera.
– Porque não sobe e descansa um pouco? Mais tarde volto e se quiser, conversamos um pouco.
A névoa negra havia sumido. E a coloração nas maçãs do rosto voltava aos poucos.
– Tudo bem! - ela respondeu - Obrigada pelo passeio.
Lyra deu um meio sorriso e entrou na casa.
Eu estava prestes a ir pra casa. Quando uma voz em minha cabeça fez com que me perdesse:
" Me encontre no mesmo lugar. Venha com ou sem ela, mas venha."
Eu reconheci aquela voz. Não tive tempo de esquecê-la.
Atravessei no mesmo segundo.
Passos rápidos e pesados me levaram ao encontro de Kiera novamente.
– Você. Quebrou. O. Meu. Escudo. - falei entrementes.
Como aquilo era possível?
Como não percebi ?
– Você estava preocupado demais para notar que eu estava invadindo sua mente. - ela respondeu enquanto dava um gole no chá.
– Como ?
Ela sorriu.
– Sente-se mestre espião. E te contarei tudo o que precisa saber.
Mesmo contrariado eu o fiz, me obriguei a sentar e a ouvi-la.
– Antes de tudo…- ela começou - sinto muito pelo escudo. Mas no momento que coloquei meus olhos em você...em vocês dois, pensei que fosse necessário. E quando saíram eu soube que era a única coisa que o faria voltar.
Não respondi.
Somente tomei o lugar indicado.
– Aceita um chá ? - ela ofereceu.
Eu neguei.
– Como conseguiu passar pelo escudo?
A fêmea me fitou e deu mais um gole.
– Não foi tão difícil. Você estava preocupado demais com Lyra, nem notou o que fazia, como já disse - ela encostou o corpo na cadeira -. Mas você não deveria estar preocupado comigo. Se eu conseguir invadir a mente de um macho tão preparado como você…- ela deu um risinho - Não queria saber o que Lyra pode fazer.
– Quem são vocês ?
– Ela sabe que está aqui ?
– Não! Contarei assim que possível.
– O que você é dela ? - a fêmea perguntou.
– Amigo! - respondi.
Ela arqueou uma das sobrancelhas.
– Apenas amigos ?
Engoli seco.
– Apenas diga o que quer com ela e se posso ajudar de alguma forma.
– Tudo bem…- ela se arrumou na cadeira – Lyra faz parte das bruxas de Black Seatree, mais do que isso... Lyra é herdeira do trono. Minhas irmãs e eu a procuramos por mais de quatrocentos anos.
– Uma bruxa? - pergunto inexpressivo.
– Nunca ouvir falar sobre nós ?
– Nunca!
De fato, nunca ouvi.
A bruxa deu um sorriso orgulhoso.
– Isso é bom! Sinal que nossas ancestrais fizeram um bom trabalho.
– Me conte tudo! Depois procuro uma forma de ajudá-la.
Ela terminou o chá e relaxou na cadeira.
– Em uma pequena aldeia muito distante daqui…- ela começou- bem, sendo mais específica, em uma outra realidade diferente daqui. Havia uma pequena aldeia, com um bosque amaldiçoado. Nosso lar era localizado no interior dessa aldeia. Uma barreira e um muro feito com rochas negras eram tudo o que protegiam nosso castelo. Somente uma Black Seatree de sangue puro conseguia enxergá-lo e ter acesso aos portais que levavam para dentro da residência.
" Antes que se pergunte, nosso clã possui esse nome justamente pela nossa moradia. Como disse anteriormente, nosso castelo era localizado em um bosque. O mesmo foi amaldiçoado a séculos atrás, foi tirado dele toda vida e pureza, mas também, se alguém ousasse em entrar nas redondezas do lugar e achasse a árvore mãe…- pela primeira vez a fêmea demonstrou medo e terror - A árvore era capaz de conceder um desejo a quem lhe pedisse. Porém algo precisava ser dado em troca. As pessoas que fizessem os pedidos tinham suas almas roubadas e trancadas. Os seres mais malignos e cruéis podiam ser criados devido a apenas um desejo feito a árvore."
" O bosque era conhecido pelos moradores das redondezas como "Bosque das Trevas", pela maldição e por sua aparência. As árvores grandes e negras. Não davam frutos ou cresciam flores no lugar. Nem mesmo animais ousavam entrar no lugar. Não havia alimento ali. Os lagos eram o lar de algumas criaturas que até hoje são desconhecidas. Por conta do poder e do perigo presentes no lugar. Um grupo de bruxas foram designadas a serem as guardiãs do local."
– Suas ancestrais, eu imagino ? - me arrependi da pergunta óbvia que fiz logo que terminei de dizer.
A fêmea assentiu.
– Então nosso castelo foi contribuído. Em volta dele, foi erguido um muro, feito com as rochas negras do bosque. Um material rico e fino. Pedras belíssimas. Por isso uma barreira protetora foi erguida ao redor do castelo. Tornando-o invisível aos olhos curiosos e principalmente aos ambiciosos. Somente um sangue puro era capaz de enxergar o local.
" Nosso clã era composto somente por fêmeas. Éramos conhecidas por nossa beleza e não nos importávamos em usá-la para seduzir os machos das aldeias vizinhas ou os nossos inimigos."
A bruxa deu um risinho.
– Você deve imaginar que a beleza às vezes é uma aliada e uma arma quando se é necessária.
Não respondi.
– Os filhos homens, que eram frutos dessas relações com os machos de outras aldeias, eram criados por nós até uma certa idade. Depois eram designados ao exércitos espalhados pelas outras realidades, outros mundos, melhor dizendo. Antes de partirem, eles tinham suas memórias apagadas e outras construídas no lugar. Uma tentativa de dar aos garotos lembranças agradáveis de serem lembradas.
” As fêmeas eram criadas ali. Além da beleza. Éramos conhecidas por sermos guerreiras extremamente habilidosas e cruéis."
Suas últimas palavras foram acompanhadas por um sorriso desafiador. Como de quem me convidasse para a guerra. E o olhar era frio e sombrio.
– Algumas de nós eram conhecidas como mães da feitiçaria, por dominarem com excelência a magia e a feitiçaria. Outras eram as mães guerreiras, responsáveis pelo treinamento das nossas irmãs. E por fim a nossa líder. A nossa rainha. Ela e todas de sua linhagem possuem ambas as capacidades, além é claro, ter o maior domínio dos poderes do nosso povo.
Kiera fitou a xícara vazia sobre a mesa.
– É aí que Lyra entra - ela sussurrou.
Eu apenas a encarei e engoli seco. Qualquer que fosse a ocupação de Lyra, qualquer que fosse sua ligação a essas bruxas a tornava extremamente poderosa.
– Vejo pela sua expressão que já ligou os pontos…, mas contarei mesmo assim. Lyra é da linhagem principal das Black Seatree, o que a faz nossa rainha…
As sombras sussurravam algo como perigo, mas eu as ignorei.
– Lyra não herdou somente o trono, mas sim todos os poderes de suas ancestrais. Azriel…- Ela pediu minha atenção - Lyra é a mais poderosa de nós. Se ela cair em mãos erradas ou não souber controlar seus poderes, Lyra se torna uma arma.
Eu engoli seco.
– Quais são esses poderes, exatamente?- Eram tantas perguntas que passavam em minha cabeça agora. Se Lyra era um perigo a todos nós, mas principalmente a si mesma. O por que Beron a prendeu por tantos anos. O que era esse clã e o que faziam. Eu não podia simplesmente acreditar em toda essa história, precisava confirmar, precisava ter certeza antes de contar a ela, antes de tomarmos alguma decisão.
A bruxa deu um sorriso felino.
– São tantos…- falou preguiçosa - Lyra é capaz de controlar a escuridão. Ela pode projetar a alma para fora do corpo e acabar com a alma no inimigo antes mesmo que ele pense em atacá-la. Lyra consegue sentir e contratar as emoções de quem está próximo, um pouco de concentração é o bastante para que isso aconteça.
" O controle das sombras, permite que ela crie armas e maneiras infinitas de atacar seus adversários. Nossa herdeira consegue construir campos de força, se ela for bem treinada…- ela deu de ombros- se Lyra souber controlar sua força, o seu escudo pode proteger essa cidade inteira."
Devo ter demonstrado alguma preocupação de forma involuntária, algum músculo traidor deve ter esboçado alguma feição preocupada, pois a fêmea para de falar e me encarou por uns instantes.
– Não se preocupe! Seus poderes são muito úteis quando são controlados e usados corretamente, além disso, o poder de Lyra permite que ela cure feridas físicas e emocionais.
" Sua facilidade em aprender feitiçaria, a torna uma bruxa completa...e acredito que não preciso mencionar a sua facilidade em tornar-se uma guerreira forte e habilidosa."
Lyra é capaz de controlar a escuridão…
Talvez ela…
– Como podemos ajudar ? - perguntei, por fim.
– Bem, os poderes de minha irmã estão extremamente ligados a suas emoções. Suas emoções são capazes de manipular cada parte dele, por tanto, Lyra precisa ter o controle total de suas emoções. Caso contrário…- medo passou por aqueles olhos novamente - um pequeno descuido por ser o suficiente para algo irreversível acontecer.
Lyra controlava as sombras…
– Onde posso encontrá-las ?
Kiera deu um meio sorriso.
– Você não pôde! A Maioria de minhas irmãs foram mortas a séculos atrás. Hoje nosso clã tem apenas algumas dúzias de sobreviventes.
– O que houve ? Por que tantas de vocês morreram ?
– Como eu disse, nosso castelo era protegido, mas uma traição de dentro de nossas terras fez com que essa barreira fosse quebrada. A séculos atrás uma guerra entre nós e um clã inimigo custou a vida da maioria das nossas guerreiras. A avó de Lyra usou suas últimas forças para abrir um portal para o mundo mortal.
" Depois de sua morte, todo o seu poder foi transferido a sua filha Zeminia, mãe de Lyra. A esta altura nosso clã já estava muito reduzido e Zeminia decretou que a prioridade era proteger as Black Seatree que sobraram. Encontramos abrigo em uma pequena aldeia no mundo mortal e enfeitiçamos os moradores para que não notassem que jamais envelhecemos. Um dia escutamos boatos de que o mesmo clã que nos destruiu, ainda buscava por sobreviventes, então forjamos a morte de todas as que restaram, inclusive a de minha mãe. Zeminia protegeu nossa aldeia e abriu uma fenda que a trouxe para esse mundo e foi a última vez que a vimos."
– E como souberam do nascimento de Lyra?
– Quando uma nova Black Seatree nasce, todas do clã sentem...é como se fosse um laço de parceria, só que diferente. Quando Lyra nasceu, nós sabíamos que a herdeira do trono tinha chego a este mundo. A conexão da linhagem principal com o restante do clã é intensa, então sabíamos quem era quando ela nasceu.
– E Zeminia…- comecei a dizer - sabe o que aconteceu ? Como foi sua morte?
Os ombros da bruxa pesaram.
– Não sabemos muita coisa…a única coisa que sabemos é que a nossa rainha foi assassinada.
– Por quem ?
– Beron - ela não hesitou em dizer.- Só quando descobrimos da morte de Zeminia que passamos a intensificar as buscas por Lyra, só conseguimos descobrir seu nome e nada mais.
Kiera suspirou, parecia que guardava todo ar em seus pulmões.
Alívio.
Ela sentia alívio.
– Olhe - ela começou a dizer - eu sei que se preocupa com Lyra. Posso sentir algo muito forte entre vocês dois, mas eu lhe garanto, não queremos machucá-la, jamais faríamos tal coisa. Apenas precisamos dela. Somos poucas agora, mas precisamos de nossa irmã e precisamos de nossa rainha.
Eu não conseguia responder. Não agora. Não sem antes falar com Lyra e contar tudo a ela.
O que ela faria ? A levariam embora ?
Meus pensamentos foram interrompidos quando a bruxa levantou.
– Irei ajudar no que precisar - falei -. Irei ajudar com os treinamentos e a descobrir tudo o que aconteceu com sua antiga rainha. E quando for a hora…- eu hesitei em dizer- eu apoiarei Lyra em qualquer que seja sua decisão.
Kiera sorriu.
– Eu sei! Por isso o chamei, sabia que podíamos confiar em você.
– Por que ?
Kiera começou a se afastar, mas antes de ir embora, virou o corpo para mim novamente e então disse:
– Nem todos que dominam a escuridão são ruins, Azriel. E você é como nós! Você é como Lyra, sabemos que você fará mais do que o necessário para ajudá-la!
E então ela desapareceu.
Eu fiquei alguns segundos sentado. Precisava pensar, precisava traçar planos e descobrir a história. Precisava descobrir a relação de Beron com Lyra. Uma possibilidade passou pela minha cabeça e senti terror. Pedi à mãe que aquilo não fosse real.
Eu iria descobrir tudo. Trabalharia por isso, mas não agora. Não hoje.
Eu levantei e atravessei para casa da cidade novamente.
Uma noite com meus amigos era o que eu precisava.
Era o que Lyra precisava, então, assim o fiz.
*
Escrito por Becca e Ju ❤️
Eai....gostaraaam???
Espero que agora vocês possam amar ainda mais a nossa bruxinha❤️❤️
Até o próximo e fiquem bem ❤️❤️
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