Capítulo 31
Não me virei para abrir ou receber a pessoa, queria desesperadamente companhia, mas não me sentia merecedora e também sabia que precisava tomar uma decisão. Sentia mais que minha vida pesar em minhas mãos e pela primeira vez não parecia ser uma questão de ver ou não minha mãe, mas de por em risco a vida daquela corte. Robin podia ter sido uma pessoa razoável em nosso encontro, porém sua atitude mostrou que era alguém capaz de qualquer coisa para conseguir o que queria e mesmo que eu não fosse alguém capaz de levar para casa, seria um empecilho, alguém se intrometendo entre os principais. O que Robin falou sobre Clare deixou claro para mim que aquele era um destino bem possível quando você se envolve demais com os principais sem ser um deles. Cobri meu rosto em angústia.
— Ei...
Uma mão acariciou minhas costas e ao afastar minhas mãos vi Daph sentar-se ao meu lado.
— Você quer falar sobre o que aconteceu lá?
Apertei os lábios e neguei. Ela quem havia batido à porta, mas eu não convidei a entrar. Olhei para Velaris abaixo, a visão que por muito tempo imaginei, não chegava nem perto da beleza de ver ali. Eu imaginei como seria ir para a casa na cidade, ou a mansão, mas eu não merecia. Imaginei se eu poderia ir à biblioteca, procurar livros que me dissessem como descobrir e controlar um poder, no entanto tudo parecia perdido antes mesmo que eu tivesse a chance de me encontrar.
— Você não está sozinha.
Daph me envolveu em um abraço e as lágrimas escorregam novamente. Não estar sozinha era o que mais me assustava.
Eu acordei sentindo os olhos arderem e a cabeça pesada, me movi para sentir o peso do mundo sobre mim e quando percebi, tinha um dos braços de Daph quase me sufocando. Sair daquela cama foi difícil não pelo aconchego, mas para me livrar do aperto dela, a minha determinação estava fraca. Quando me sentei mal tive tempo para tirar o cabelo assanhado do rosto antes de sentir uma presença.
— Vai ficar parado aí?
Nem precisei olhar para trás, na direção da porta aberta para saber que Ray estava segurando a maçaneta de forma hesitante.
— Não sabia se podia entrar.
— Não pode, agora saia.
A porta fechou, mas ele não saiu. Me levantei, não queria o ver agora, não queria ceder à tentação de deixar tudo por conta dos grandiosos grão-senhores da Corte Noturna e simplesmente me agarrar a Rayvis.
— Lia, não me afaste agora. Por favor.
Meu coração tremeu e virei para ele.
A súplica no olhar já era suficiente para meus joelhos cederem.
— Rayvis, você me odiava, odiava a ideia de eu estar aqui, então... não torne isso mais difícil. Eu ir é mais seguro.
Ele caminhou na minha direção estendendo uma mão para meu rosto, como se fosse o segurar, mas parou no meio do caminho, ainda bem, ou eu teria derretido ao simples toque dele.
— Você não entende... você deveria entender, mas... deve ser muito cedo, era muito cedo para mim...
— O que quer que seja, não importa.
Aquela mão caiu. Eu não pude olhar mais para ele. Senti meu coração querer se partir, mas o segurei, era o melhor. Mas um frio invadiu o ar e quando inspirei, senti o calor dele próximo à mim, fui impelida a olhar para a frente e um beijo me tirou o fôlego, tudo que eu via era Rayvis e então ele tomou meu universo e se tornou a existência.
— Não diga que não importa quando tudo o que sente está tão explícito.
Ele me beijou novamente e eu não me segurei. Eu sabia que era perigoso, para ele, para mim, para todas essas pessoas que amei tanto conhecer, mas Ray me fez acreditar que tudo seria enfrentado e vencido, desde que eu tivesse ele comigo.
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