Capítulo 28
- Em um passe de mágica.
Robin permaneceu sério, o rosto encantador, sóbrio. Senti o desconforto de uma piada não compreendida, resolvi fingir que não tinha dito nada.
- Não sei.
O olhar que me foi lançado normalmente me faria encolher e ... bem, eu me encolhi, podia não ter nada ali, mas Ray estava ali, não iria por ele em risco, por ser o tesouro de tantas pessoas...
- Preciso saber se realmente é da Terra, de tudo o que aconteceu antes de vir parar aqui.
Uma lâmpada se acendeu.
- Como pode saber se sou da Terra? Ou você? Digo, olhe para nós, com orelhas pontudas e tudo. A única coisa que vejo de diferente em você é o claro gosto por roupas... diferentes.
Me controlei para não tornar tudo óbvio.
- Você não estava aqui seis meses atrás.
Cruzei os braços.
- Posso ter vindo do continente.
Trocamos olhares como se estivéssemos no jogo do pisca.
- Percebi que anda sendo... rastreada por um pessoal com poderes, estranhos.
Ergui a sobrancelha, então Robin não estava relacionado ao illiryano do teletransporte.
- Como eu vim parar aqui?
- É exatamente isso que tenho perguntado.
Balancei a cabeça.
- Não, como eu vim parar aqui. Como você me trouxe de lá, para cá.
O rosto impassível de Robin não me dava nenhuma dica, por mais que observasse, nenhum músculo se contraía.
- Também temos poderes, não todos nós, mas alguns, e um de nós a trouxe.
- Teleporte...
Sussurrei. Era óbvio, mas ainda tentador perguntar se seria possível essa mesma pessoa nos levar de volta.
- Não um simples atravessar, mas um verdadeiro teleporte, como você mesma disse. Sem limites de distâncias, como os da Corte dos Sonhos, mas ainda... incapaz de nos levar a outros mundos.
E ali estava minha resposta. Suspirei.
- Então você me trouxe aqui para ver se eu era uma... de vocês, o que faria com isso? Me impediria de sair daqui? Me colocaria na sua... Corte?
- Você veio feerica, queremos descobrir se ganhou algo mais com isso.
Poderes, talvez uma esperança de os levar para casa. Então a lembrança do illyriano me veio à mente, como ele disse que apenas queria voltar para casa, então ele era um deles.
- Talvez se apresentar e me fazer um convite fosse melhor que me carregar subitamente no meio da noite.
- Procuramos interferir o mínimo possível nas atividades das Cortes. -- Ergui uma sobrancelha. Robin estreitou levemente o olhar. -- E você estava fazendo justamente o oposto.
Encolhi meus ombros, não podia protestar contra aquilo, mas os livros haviam acabado, não teria mais.
- O que acontece?
Robin abriu e fechou a mão envolta da bengala elegante.
- Quanto mais se une a eles, mais fica presa a eles e nunca mais poderá partir.
Um calafrio percorreu meu corpo, mas não deixei por isso.
- Pelo que me disse, é impossível voltar, então, se ficarei aqui de qualquer forma, por que não posso o fazer da melhor forma possível?
- Se tornando um personagem principal?
Foi minha vez de estreitar o olhar.
- Sendo feliz.
Robin não me respondeu. Então era assim que via, uma empreitada para virar protagonista de uma história, mas mesmo que fosse meu livro mais querido, sabia dos riscos, das consequências e o sofrimento que acompanhava um mocinho, jamais desejaria enfrentar tanto, mesmo com um futuro estonteante, não, eu sempre preferi viver minhas aventuras através de páginas que jamais me ofereceriam um risco maior que um corte com papel.
Robin se endireitou pondo-se em posição ereta batendo a bengala de leve no chão.
- Quero que pense numa coisa. Pense no que significaria mais interferências numa história supostamente acabada, pense no que isso levaria para cada um dos integrantes da Corte dos Sonhos e que pense no que isso significaria para você e para o nosso mundo.
Robin disse nosso como se já tivesse certeza de onde eu vinha. Ao se virar para sair olhou por cima do ombro e completou.
- Reflita e então volte para nós. Reflita e não se esqueça de buscar seu poder de uma forma mais adequada.
Meu rosto corou ao lembrar de como eu havia tentado fazer algo sair de mim.
- Levem os dois de volta, Lianna precisa de um tempo para entender o que significa estar nesse mundo. Vamos apenas torcer para que não se torne a próxima Clare.
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