Capítulo 25

Eu só queria enfiar minha cabeça em um buraco, não, não só a cabeça, o corpo inteiro e ficar lá pelo resto da vida. O que tinha sido aquilo? Ouvi a risada de Rayvis e ele abaixou a cabeça ainda rindo, depois se afastou tirando o braço da minha lateral e colocando as mãos em bolsos.

- Dizem que o primeiro é o mais difícil, então não precisamos ter pressa.

Ele estava vermelho, mas ainda assim ria da situação.

- O que você quer dizer?

Desisti do buraco, passar vergonha na frente do grão senhor não iria me matar, não é como se tivesse ocorrido qualquer coisa... dessa vez.
Rayvis olhou para mim inclinando a cabeça.

- Eu não me importo que seja de outro mundo, Lianna, depois do que você fez eu sei que não sou o único a sentir alguma coisa e agora nada mais importa.

Se não tivesse parede eu teria caído.

- Espera aí, o que você está dizendo?

Ele abriu um sorriso que poderia ser cruel, poderia ser travesso, poderia ser chamado lupino e e aproximou mais uma vez e dessa, foi até o final. Sim, ele me beijou e devo dizer que foi bem intenso, sem cuidado, sem delicadeza nenhuma e nem por isso foi ruim, na verdade foi muito bom e logo eu correspondi com tudo de mim e quando ele se afastou eu estava sem fôlego assim como ele.

- É isso que estou dizendo. E não adianta negar, não preciso que mais nada me diga que somos um do outro.

Abri e fechei a boca várias vezes como um peixe. Talvez ser um fosse mais fácil... Rayvis sorriu satisfeito com minha ausência de oposição e quem poderia resistir àquele sorriso? Não eu, mera mortal, o que me lembrou de minha origem, de minha mãe e o universo desabou um pouco. Sei que para alguns não poderia ser nada, mas minha mãe tinha sido meu mundo por muito tempo e senti um aperto no peito tão grande que só percebi que estava chorando quando senti Rayvis afastar uma lágrima.

- O que foi?

Por um momento temi que mesmo que viajasse mais uma vez, não voltasse para casa e no fim acabaria sem qualquer um que amasse, então o abracei forte.

- Fica comigo?

Ele retribuiu o abraço com gentileza.

- Tudo bem.

- Para sempre.

Por que eu não suportaria ficar sem mais ninguém.

- Tem ideia do que está dizendo pedindo?

Apenas o apertei mais.

- Tudo bem, entendi. Vamos ficar juntos para sempre e achar um jeito que permita você encontrar quem tanto quer ver novamente.

Me afastei dele apenas o suficiente para o olhar.

- Vamos mesmo?

Ele sorriu e secou outra lágrima.

- Claro. Se puder ficar comigo podemos passar a eternidade achando um jeito, desde que juntos.

- Você é bem mais egoísta que seu pai.

Lembrei de Rhys deixando Feyre ficar com Tamlin porque achava que ela seria feliz.

- Foi com ele mesmo e meus tios que aprendi que um pouco de egoísmo não faz mal.

O fato de ele me querer ali, com ele era o suficiente para me fazer feliz pela eternidade.

- Bem, pode continuar assim.

Ele riu e quando finalmente saímos, todos estavam acordados e apesar da ressaca conjunta, eles sorriam, só não tanto quanto nós.

O terceiro dia de festividades era para descanso, sopas nutritivas e entregar presentes aos gêmeos. Aparentemente eles já haviam desistido de mim e arranjado novos alvos. A despedida foi leve e breve. Teríamos um retorno mais longo que a vinda pois dessa vez iriam descansar no caminho já que nenhum estava em seu melhor estado.

Devo admitir que as demonstrações afetuosas de Rayvis eram cada vez mais evidentes e a cada vez ficava inda mais constrangida com o olhar que os grão senhores me lançavam, ou quando Daph me cutucava. Ele chegou ao ponto de se oferecer para me carregar quando mencionei a dor nos pés em uma conversa com Feyre. A nossa caçula teve uma conversa com ele sobre não ter percebido antes. Se já não era óbvio que todos tinham percebido as coisas, quando Daph perguntou se eu tinha mordido Rayvis mais uma vez, só faltavam placas e outdoors apontando pros sorrisos deles dizendo que eles sabiam.

Paramos para descansar em algum ponto na corte diurna e eu havia me atarefado de manter a fogueira acesa enquanto os demais montavam nossos leitos porque se dependesse de um certo herdeiro, eu sequer usaria a mente para pensar. Morrighan se agachou a meu lado por um instante.

- Quando você surgiu, do nada, na nossa frente tenho certeza que todos sentiram medo, mas agora vejo que o fato de ter surgido lá, naquela cabana, era um sinal dizendo que seria uma de nós.

A observei. Não sabia o que dizer. Meu coração se sentia acalentado e tão bem como raramente antes em toda a minha vida. Como não tinha outra palavra que expressasse melhor eu disse.

- Obrigada.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top