Capítulo 16
Enquanto seu grito soava, o fogo crepitava forte por toda a extensão do mundo, ela sentia o calor tomando seu corpo, seu poder a fazendo sentir cada sensação dolorosa das queimaduras, que pareciam a consumir, de dentro para fora.
Apesar do calor ser intenso, seu desespero se assemelhava a algo pior, como se seu corpo estivesse preso a correntes, que a puxam de volta a escuridão do fundo de sua solidão.
A agonia de não conseguir respirar, a dor dentro dos pulmões, as lágrimas que desciam em abundância por seu rosto, sua garganta queimava a cada grito estridente.
Era desesperador, confuso e dolorido para ela.
Enya bateu no chão com raiva, tanta emoções juntas que não conseguia controlar os sentimentos.
Ela se perguntava:
Por que ele morreu?
Por que tenho que estar sozinha?
Por que não posso ser feliz?
Ela se levantou cambaleante, sua mente fervilhando com momentos que a alegravam.
— Enya! — Ela ouviu alguém chamar.
Maia forte, mais alto, mais desesperado.
A porta de seu quarto se remexia com força, lascas da madeira escura indo de encontro ao chão enquanto a mesma se quebrava.
— Abra a porta! — Ele gritou de novo.
O desespero sendo facilmente ouvido em sua voz.
— Abra a maldita porta, Enya! — Gritavam.
Ela balançou a cabeça, os gritos cessando por já estar sem voz para continuar, o fogo que queimava, voltando para ela.
A fazendo sentir mais dor, mais ódio, mais desespero.
Assim que a porta se abriu com a força que usavam, ela não percebeu quando se movimentou tão rápido, só viu quando seus olhos capturaram as árvores distorcidas pela velocidade em que corria.
Ela parou ofegante em frente à uma cabana, era grande e poderia ter um visual acolhedor se não tivesse parado de ser cuidada a anos.
Não existia nem o vestígio do grande jardim a qual todas as manhãs ela cuidava.
A passos rápidos ela entrou, não se importando com a estrutura que parecia ameaçar desabar a cada passo.
Ela viu a metade de sua vida passar diante de seus olhos quando observou cada cômodo.
Tudo o que ela conquistou estava acabado. Tudo o que eles conquistaram não existia mais.
O sofá que outrora era usado para momentos de seus descansos, ela ainda podia ver a figura do casal apaixonado aconchegados um em cima do outro no estofado velho.
Seu rosto se virou para a cozinha, onde pode visualizar uma figura feminina com uma grande camiseta masculina sentada na bancada, enquanto seu marido a fazia panquecas e ela lambia uma espátula suja com a massa, após acordarem juntos.
Ela seguiu em frente e parou em uma porta, que estava pendendo para o lado, lá dentro, pode se lembrar de quando ambos sentados, trabalhando e vendo melhores opções para abordar as tentativas de assassinato, e logo viu, um casal rindo e gemendo em cima da grande mesa de carvalho.
Um quarto estava mais a frente, de um lado uma grande banheira escura, as pernas refletiam quase como a de uma aranha, lá ela pode ver, um casal sentados um em frente ao outro, enquanto limpavam o sangue do corpo.
Na cama, ela sentiu seu coração desabar.
Era ela e Drake, ambos deitados e dormindo, os cabelos compridos e negros estavam jogados no rosto dele, ela se deitava em cima de seu corpo, dormindo com a cabeça em seu peito, aproveitando a batida calmas de seu coração que ainda estava vivo.
Aos poucos, conforme as lágrimas desciam e tocavam o chão, fogo tomava a cabana velha, queimando todo seu passado, todas as suas histórias e momentos de amor estavam sendo apagados com sua dor.
Ela saiu e caiu nas floras secas do outono, e enquanto ela chorava, deixando a dor sair e vivendo o luto.
Drake sorria, mesmo com lágrimas escorrendo de seu rosto, lá da terra de leite e mel, com as estrelas da noite, ele a observava superar.
Enquanto o mesmo guiava Cassian até seu novo futuro.
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