Capítulo 13
Suas botas se afundavam sobre a neve fofa e macia do solo da Corte Invernal, agachados sobre uma pedra, ambos observavam qualquer coisa que poderia ser uma ameaça iminente.
Os olhos vermelhos, salpicados com a ansiedade, acompanhava o movimento gracioso de sua fênix planando sobre o ar, dando a Enya, um caminho a seguir.
— Eu não imaginei que viriamos para a Corte Invernal. — Cassian resmungou do seu lado. — Está frio.
Enya não respondeu, apenas continuou se movendo de sua maneira ardilosa e silenciosa, em passos largos e rápidos.
Já podendo imaginar a cor e o peso da exuberância de ouro que teria assim que o seu trabalho terminasse.
— Eu não trouxe casaco. — Cassian disse de novo.
Por mais uma vez, ela o ignorou. Enquanto observava uma pequena aldeia se fazendo a sua frente.
— Não está sentindo frio? — Ele a perguntou.
— Você é um general. — Ela em um grunhido baixo. — Como caralho não consegue ficar quieto em uma missão?
— Azriel já me disse isso algumas vezes... — Disse ele pensativo. — Espera... Estamos em uma missão?
Enya respirou fundo, contando o ritmo lento de sua respiração, procurando uma calma que ela certamente nunca tiverá.
— Estamos indo matar alguém! — Ela sussurrou, mas pela maneira que seus olhos brilhavam, parecia realmente um grito silencioso. — Claro que estamos em uma missão.
Enya tateou sua cintura, tirando do coldre de sua perna, uma de suas adagas, a qual Cassian poderia usar facilmente, ela o observou negar enquanto ela o oferecia.
Logo para sua surpresa, que ela não deixou transparecer em seu rosto, Cassian baterá com o punho fechado sobre sifão vermelho de seu peito, fazendo com que seu traje de couro illiryano aparecesse, marcando e deliniando todos seus músculos de guerreiro.
Ela não pode deixar de engolir em seco com a visão a sua frente, seus olhos admirando descaradamente o guerreiro que agora, empunhava suas próprias armas.
— O que foi? Tem algo no meu rosto? — Ele perguntou assim que percebeu que ela o encarava demais.
— Não. — Enya suspirou balançando a cabeça. — Vem, vamos acabar com isso.
Eles passaram por trás de todas as casas, observando e estranhando o súbito sumiço de seus moradores que não circulavam pelo local.
Enya travou em sua caminhada, parando de andar assim que ouviu algo, entre as estruturas grossas das paredes, os soluços baixos enchiam seus ouvidos, e o cheiro pungente de medo a deixava amargurada.
Em um sinal silencioso, ela chamou Cassian, ordenando que o silêncio por momentos pudesse os circular, assim. Eles seguiram a frente, observando os pontos fracos e suas extremidades para a invasão rápida.
— Não estão somente nessa casa. — Cassian observou. — Por isso está tudo tão vazio, tem saqueadores em quase todas. Consigo ouvir.
— Precisamos invadir de maneira silenciosa, nada que faça ruídos, para não os dar a chance de perceber e fugir.
— Como faremos isso? Eles poderiam facilmente gritar e acabar espalhando o caos... Kallias ficaria sabendo, e não acabaria bem.
— Conflitos entre cortes não seria bom, já que acabaram de restabelecer a paz. — Ela murmurou. — Posso cobrir a área, com um escudo que os impeçam de sair.
— Mas e os moradores? — Ele sussurrou alarmado. — Se ficar todos presos aqui, mais inocentes do que culpados morrerão.
— Primeiro precisamos saber quantos desses saqueadores estão aqui, ndnhum inocente morrerá. — Ela disse. — Consegue fazer isso?
— Sim, a vila não é tão grande, pelo que consigo ver, só possue vinte casas ou menos para esse lado.
— Tudo bem, você vai de um lado que irei de outro.
Ele assentiu para ela, e antes de se for, deu um sorriso divertido em sua direção, Enya somente balançou a cabeça e seguiu.
Isso seria divertido.
****
Cassian se aproximou lentamente de onde Enya estava agachada, após ambos olharam e escutarem tudo, voltaram ao local de início.
— Dois em cada casa do lado esquerdo. — Ele disse. — E do seu lado?
— Dois também. — Ela grunhiu. — Essas fodidos ainda se organizam para roubar e estuprar.
— Então... — Ele disse com certa empolgação. — Como faremos?
— Infelizmente, não podemos demorar muito, terá que ser uma morte rápida e silenciosa. — Ela pensou. — Temos que fazer isso agora, não sabemos a quanto tempo estão aqui, podem acabar a qualquer hora.
Cassian assentiu e deu pequenos pulinhos na neve, balançando os braços e estalando o pescoço.
— To pronto. — Disse com um sorriso.
Enya assentiu, seus olhos se ascenderam em uma chamas vermelhas, uma trilha de fogo selvagem contornou o pequeno local de poucas casas, impossibilitando qualquer um de sair.
Ela sentiu um sentimento antigo tomando conta de seu corpo, a excitação e animação de sentir sua lâmina se afundando em qualquer carne.
Enya respirou fundo, e então correu.
****
Ela pulou pela janela, caindo apoiada em um de seus joelhos, eles não tiveram tempo de processar nada e nem pensar em fugir quando as adagas afiadas, já se enterravam em suas gargantas.
Ela as pegou de volta e olhou para o casal que estava encolhido com medo no canto da sala.
Ela os lançou uma tentativa de olhar reconfortantes, fazia tanto tempo que não fazia isso que em poucas tentativas desistiu e partiu para outra.
Ela não pode deixar de saborear os gritos que tomaram o pequeno lugar, o plano de morte rápida e silenciosa não tinha dado certo.
E sinceramente, ela não se importava.
Ela apenas seguiu o ritmo, matando aqueles que sabia que deveriam morrer.
Cassian parou no meio de sua corrida quando olhou para ela, os cabelos negros chicoteavam contra o vento, a capa que a mesma usava antes já não estava mais ali, deixando a mostra um traje de luta, que marcava todas as curvas da mulher, e mesmo banhada em sangue ela conseguia ser maravilhosa.
Com um olhar feroz no rosto, matando aqueles homens, ele arquejou de surpresa quando viu a mesma enfiar a mão no peito de um, e lhe arrancar o coração ainda pulsante.
Ele se lembrou de uma lenda antiga a qual já escutou, de uma assassina, uma a qual todos ouviam histórias e tinham a sabedoria de a temer.
Ele balançou a cabeça espantando os pensamentos, quando sentiu de longe o vento de uma lâmina passando ao lado de seu rosto, ele não hesitou quando enfiou sua adaga no pescoço do feérico que ele sabia que era um dos saqueadores, portando também um dos estupradores que tanto sentia nojo.
Enya o acompanhou na matança, apesar de nenhum riso escapar dela, fazer isso com ele, era divertido.
Uma diversão estranha, mas ambos gostavam.
Por último sobrou o líder deles, que tentava correr, mas foi impedido de fugir pelo fogo que queimou em volta do lugar.
Ela chegou perto dele, lhe dando um soco certeiro na mandíbula, e mesmo o deixando cambaleante com um golpe, ela não hesitou em bater sua cabeça na dele, quebrando o nariz e o fazendo gritar.
Enya puxou os cabelos compridos do macho, o arrastando pela neve, o fogo que queimava em volta de apagou, com ele os gritos assustados cessaram.
Restava apenas corpos mortos no lugar e os moradores tentando se recompor.
Ao longe, ele viu Kallias com soldados e ursos da neve chegando perto, com o semblante dizendo que iriam matar quem ousou invadir sua terra e espalhar o terror.
Ao contrário do que ele pensou, Enya não emitiu nenhuma reação diante daquilo, ao que parecia, ela arrastava o feérico até o Grão-Senhor.
— Antes que diga qualquer coisa. — Ela começou. — Tenho noção que invadi sua terra e com toda certeza espalhei o terror... Mas sabe como é né, foi por uma boa causa.
Ela jogou o feérico diante dos pés dele, e ali, aquele homem soube que não existia mais redenção para si mesmo.
— O que faziam aqui? — Perguntou ele.
— Saqueadores ameaçavam seu povo, e ameaçou o povo de meu lar também... Como deve saber, fui contratada para acabar com a vida deles. E como sou muito generosa, te ofereço a vida deste.
Kallias inclinou a cabeça para o lado e a analisou dos pés a cabeça.
— Está me oferecendo uma vida que não é sua?
Ela estalou a língua no céu da boca, e balançou a cabeça com um ar de deboche.
— Estou oferecendo uma vida que de uma forma ou de outra morre agora. Mate-o ou eu o farei.
— Vejo que continua a mesma se antes Enya... Ou devo te chamar de Blair?
— Sabe como é, a sede de morte nunca vai sair de mim. E sobre meu nome, estou em horário de trabalho, por gentileza, me chame de Blair.
Cassian engasgou com o ar, chamando atenção de todos, ele arregalou os olhos com a boca aberta, tendo noção de onde ouvirá aquele nome.
— Você é Blair? — Perguntou.
— É um nome falso Cassian, pensei que soubesse.
— Você é a fodida Blair? — Perguntou de novo.
Ela grunhiu e assentiu, colocando a mão no quadril.
— Não acredito que todo esse tempo eu estava do lado da maior assassina de Prythian! — Disse embasbacado. — Blair, a assassina...
— Das lâminas flamejantes. — Kallias continou. — Um nome um tanto exagerado.
Ela caminhou até o feérico, percebendo que o mesmo só obserava a conversa deles, e pensava em uma maneira de fugir, lhe cortou a garganta, rápido e fácil.
— É Kallias, foi bom te ver novamente. — Ela suspirou. — Mas tenho algumas cabeças para cortar e ouro para receber.
— Mesmo nas circunstâncias, foi bom te ver também. — Ele disse com um sorriso. — Viviane adoraria te ver.
Enya quase riu sabendo o motivo da qual ela gostaria de ver a assassina, mas se conteve, pois sua boca não fez nenhum movimento.
Costumava ser mais sociável antes, e ter amigos além de Eris, é claro.
Mas Viviane e Kallias eram uma de suas aventuras do passado.
— É, quem sabe um dia.
****
Cassian a seguia em silêncio, após jogar todas aquelas cabeças decepadas separadas em um saco, ele a olhava atentamente.
— Ainda estou sem acreditar que você é a Blair.
— Por que é tão difícil acreditar?
— Eu poderia até ter um orgasmo só de ouvir suas histórias. Aquela vez que você arrancou dezenas de corações, ou quando fez uma pilha de corpos e queimou... E porra, nunca vou esquecer da história que me contaram, você tinha uma missão na primaveril, e queimou a bunda de Tamlin. — Ele dizia.
Enya não se conteve, quando uma risada escapou de seus lábios, ela não percebeu quando isso aconteceu, só viu quando a risada baixinha e roca escapou da sua boca, hipnotizado ainda mais o general.
— Em minha defesa, o idiota tentou dar uma de herói e interferir nos meus planos, tinha muito ouro em jogo. — Ela suspirou. — E agora, que tal me levar para uma bebida?
— Tá me convidando pra sair?
— Nah. Você que tá. — Ela riu mais uma vez.
E por incrível que pareça, Cassian se sentiu mais alegre do que nunca.
Ele vai um novo começo naquela mulher.
Cassian estava se apaixonando.
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