Capítulo 11
Enya encarava suas próprias mãos repousadas sobre a madeira da grande mesa de carvalho escuro, enquanto ouvia atentamente o pedido que se era feito.
Há muitos anos não se era oferecido um serviço para Enya, e claro, não poderia ser feito, já que esteve tantos anos em sua própria escuridão.
Mas a sensação familiar, era de algum modo reconfortante.
- Um grupo de saqueadores? - Eris questionou ao homem a sua frente.
Ele assentiu, com seu rosto sério e os olhos assombrados, talvez, ainda se lembrando de tudo o que passou.
- Não são só saqueadores. - O homem replicou. - Estupradores... Também são estupradores.
Enya erguerá seus olhos no mesmo instante que as palavras foram proferidas, quase como se queimassem em seus ouvidos.
- Há algumas semanas, muitos vieram falar sobre esse grupo se saqueadores, nunca relataram que estupros acontecessem. - Eris disse pensativo.
- Eu sei o que vi Senhor. - Ele retrucou. - E eu vi, minha casa ser roubada e revirada, minha esposa e minha filha serem brutalmente violadas diante de meus olhos. Eles a mataram, e riram das lágrimas que escorriam por meu rosto.
- E você continua vivo? - Eris apertou os olhos em sua direção. - Qual seria o motivo disso?
- E existe um motivo plausível para casas serem saqueadas e nossas mulheres estupradas? Nunca existiu explicação para isso, certamente não existe explicação para me deixarem vivo também. Talvez... Talvez eles quisessem que eu sofresse com as lembranças perturbadoras que ficaram.
Enya sabia e de certa forma entendia o que esse homem sentia, claro, eles não compartilhavam da mesma desgraça.
Mas ela sabia o que era se sentir impotente, o vazio e e a escuridão. A ansiedade corroer com pensamentos se desejar uma explicação para o que acontecia. Mas um dia chegou a uma conclusão, ela nunca havia feito nada que de fato fosse grave o suficiente para isso, era apenas inveja, era apenas ódio. E por esse sentimentos cruéis, ela permaneceu presa por todos os malditos anos.
Lentamente ela se levantou, o único ruído ouvido na sala, era o ranger de sua cadeira sobre o chão.
Seus olhos vermelhos brilharam em uma empolgação maligna, que a muitos anos não se era vista na imensidão de sangue.
- Entregarei a cabeça deles para você Senhor. - Ela disse baixo. - Eu mesma farei.
Eris não conseguiu esconder a surpresa em seus olhos, ao ouvir aquela voz tão familiar em seus ouvidos, mas não teve tempo de dizer nada a respeito, já que Enya se retirou.
E só os deuses sabem para onde foi.
****
Cassian jogou sua cabeça para trás, bufando alto com o tédio, suas asas estavam acomodadas confortavelmente na poltrona que se acomodava, ele ergueu suas pernas e colocou seus pés na mesinha a sua frente, fingindo que não estava ouvindo Rhysand resmungar sobre isso.
- Vemos que algo de errado está acontecendo. - Morrigan brincou. - Nunca em toda minha vida, Cassian esteve tão quieto.
- Ele está com saudade da Enya. - Amren estalou a língua. - A mulher deve ter sérios problemas para aguentar Cassian por horas em uma dança, sem perder os pés.
- Não pisei nos pés dela. - Resmungou. - Dancei perfeitamente bem.
- É... Todos nós vimos como ela e você dançaram. - Rhysand disse com um pouco de malícia.
Nestha grunhiu e rolou os olhos, se irritando com a simples menção do nome de Enya, a ação não passou despercebida por Cassian, que virou seu rosto para olhará.
Não sentiu aquele aperto no peito profundo como antes, mas ainda sentia a angústia e a tristeza de ter sido rejeitado, pelo menos, não sentia como se quisesse que tivesse acontecido diferente.
Ele pensou, será que Enya o rejeitaria tão cruelmente como Nestha fez?
Estava tão perdido em seus pensamentos, que se assustou quando sentiu uma mão deslizar sobre seu ombro. Mas relaxou instantaneamente quando percebeu que o toque era familiar em sua pele.
- Olá... - A voz disse baixinho em seu ouvido.
Era ela, ele reconheceria essa doce voz em qualquer lugar, mesmo que só tivesse a ouvido uma vez.
Cassian tombou sua cabeça para trás, sua nuca se acomodando sobre o estofado quando olhará para Enya em cima de seu rosto.
Ainda sem um sorriso, mas os olhos brilhavam, e ele gostou de ver isso.
Ele não pose deixar de sorrir quando viu seu belo rosto, a palidez em contraste com as sardas mais escuras, a boca carnuda com seu vermelhidão natural, seus cabelos cheirosos raspando contra sua pele. E então seus olhos, ele não precisava os descrever, pois imaginava que todos sabiam a perfeição que tinha ali.
- Oi... - Ele disse baixinho também.
Ela não disse mais nada, apenas pegou sua mão, o puxando para se levantar, Cassian claramente o fez, acompanhando para a sacada que estava aberta, ele então imaginou que foi por ali que ela entrou.
Enya segurou em seus braços, diante de todos os olhos curiosos que os encaravam eles sumiram.
- Ela de novo, invadiu e nem falou conosco. - Morrigan resmungou emburrada.
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