Capítulo 12
Cassian cambaleou para frente quando sentiu o chão sólido em baixo de seus pés novamente, ele sabia que, somente não caiu pois Enya ainda segurava em seus braços.
— Você está meio verde. — Ela murmurou baixinho. — Está tudo bem?
Ele arregalou os olhos a olhando com descrença.
— Você está falando. — Disse atônito.
Ela inclinou a cabeça para o lado e revirou os olhos diante de fatos tão óbvios.
— Sim. — Ela respondeu. — Eu estou falando.
Ele afastou e passou a mão em seus cabelos.
— Por um momento, realmente achei que fosse muda.
Ela se sentou em uma pedra próxima, passando seus dedos entre os fios negros de seu grande cabelo.
— Que eu me lembre, eu disse... Ou melhor, escrevi que não era muda.
Ele se sentou próximo a ela, movendo suas asas para que não se arrastaram totalmente no chão.
— Minha família tem uma grande curiosidade a seu respeito. — Anunciou ele.
— A curiosidade deles se trata pelo motivo de eu não os temer. — Ela retrucou. — Pelo menos é isso que vejo nos olhos de todos eles. Vocês se acostumaram demais com o medo que semeiam, e sabem que eu não hesitaria em os matar facilmente.
— Você os mataria? — Perguntou espantado.
— Claro. — Deu de ombros.
— Acho melhor que eu deixe o aviso para todos então. — Brincou.
Ela o olhou pelo canto dos olhos, seus sentidos automaticamente se lembrando do par de olhos azuis acinzentados que pareciam uma tempestade desejosa a apagar uma fogueira.
Mesmo que de fato, Enya nunca pudesse estar próxima das irmãs Archeron, ela as reconhecia e sabia qhem eram, mesmo que para todos Enya estivesse morta, ela ainda sabia muito.
Amanratha poderia estar morta para todos, mas seu ódio e rancor a condenou em sonhos que a mesma moldava, tudo e qualquer resquício de felicidade que Rhysand e sua família tinha, Enya sabia. Pois sentirá todas em sua pele.
— Deve avisar a Nestha também. — Ela disse brevemente.
— O que? — Ele perguntou. — O que ela tem com isso?
Enya poderia ter rido nesse momento, mas não riu, apenas continuou o olhando, com o rosto frio e impassível.
— Ela não me lançaria olhares de ódio por nada, não estou certa? Ela ainda sente algo por você.
— Ela não sente nada por mim. — Ele sussurrou.
— E como sabe disso?
— Por que ela era minha parceira... — Murmurou com dor da tristeza. — E escolheu me rejeitar.
****
Enya ficou em silêncio por um longo momento, absorvendo a notícia que existia um laço de parceria o qual ela não sabia.
E ele foi rejeitado.
Destruido e quebrado, pelo simples fato de Enya não conseguir se quer sentir aquela linha tênue que deveria os ligar um ao outro.
— Por que? — Ela perguntou. — Por que ela o rejeitou?
— Não sei quando aquilo começou, em um momento estávamos bem e no outro, estava tudo errado. Brigavamos todos os dias, por motivos idiotas e sem sentido, as brigas eram resolvidas por horas de sexo e as vezes... Ela não suportava nem mesmo os meus toques.
Suspirou baixo, Cassian mordeu os lábios e balançou a cabeça em negação, mas logo continuou:
— Eu estava disposto a continuar, caminhar com ela por essa estrada conturbada e cheia de traumas. — Ele soltou uma risada sem humor. — Um dia ela surtou, talvez estivesse sobrecarregada demais, estivesse cansada, não sei. Ela gritava no meu rosto, berrada que essa não era a realidade que ela queria. Ela disse: Eu odeio você, odeio essa cidade. Odeio estar presa a um bastardo.
Cassian se arrepiou quando sentiu os dedos quentes de Enya tocarem seu rosto, limpando as lágrimas que ele nem mesmo percebeu que caiam.
— Eu tenho um parceiro. — Ela sussurrou. — Ainda me lembro de como nos conhecemos. Eu tinha uma missão, e ele... Bom, ele tinha o mesmo alvo, eramos tão competitivos, tão jovens e cheios de vida.
Ela suspirou pesadamente e desviou o olhar, enquanto Cassian a olhava com expectativa, esperando que continue.
— E eu sempre soube, desde o primeiro momento em que o vi, que não tinha escolha, ele era meu, e eu era dele. Se ele caminhasse por águas turbulentas que poderiam apagar a chama que queima dentro de mim. Então eu o seguiria. Mas... Eu não sei onde ele está agora e nem mesmo imagino.
Ela sentiu uma lágrima solitária e quente deslizar de seus olhos, e a limpou com os dedos.
— Mas eu sei e me lembro, sob a montanha, foi onde perdi meu primeiro amor. Foi lá o lugar que ele me disse. Você é minha Enya, você é de aço, não se curva e não se quebra. — Ela suspirou pesadamente. — Não posso dizer que exista uma explicação para toda essa merda que temos que passar. Mas sei que iremos sobreviver a tudo isso.
Ignorando o vazio em seu peito, Enya se levantou, entendendo novamente sua mão para Cassian, que novamente aceitou de bom grado.
— A gente se conhece a o que? Dois? Ou três dias? — Ele riu. — Formamos uma bela dupla, vê? Já até compartilhamos momentos tristes.
— E isso é bom?
— Depende de nós. — Ele deu de ombros.
— O que acha de relaxarmos um pouco? — Ela o olhou.
— De que maneira? — Ele perguntou curioso.
— Alguns saqueadores estão aterrorizando os povoados. — Enya disse. — Estupradores também... Não acham que merecem morrer?
Os olhos de Cassian brilhavam em uma empolgação que ele não quis esconder no grande sorriso que apareceu em seu rosto.
— O que estamos esperando?
Ela balançou a cabeça, um sorriso queria crescer em seus lábios, mas ainda não apareceram.
A assassina levantou sua mão, e o fogo selvagem queimou.
Ela levantou o queixo em sua autoridade, encarando os olhos avermelhados da fênix que planava a sua frente, com suas lindas asas douradas feitas sobre o fogo.
Esperando o comando de sua dona.
— Vá. — Ela ordenou. — Ache-os para mim.
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