Entrando nos eixos

Hanna lia a bíblia sentada no sofá da sala. A tarde estava fria sobre suas pernas, a manta colorida.

— Coloque sua calça que vou te levar a um lugar. — Se assustou ao ouvir Benjamin ao seu lado. Leva a mão ao coração como se assim pudesse controlar suas batidas.

— Que susto Benjamim!

— Desculpe, pensei ter me visto. — Ele, diz com os lábios repuxados em um pequeno sorriso. — Me encontre no celeiro quando estiver pronta. — Fala sem olhar em seus olhos, Hanna nota seu nervosismo.

Benjamin parece inquieto e ao vê-lo saindo sua curiosidade aumenta.

— O que esta aprontando Ben? — Questiona olhando a saída e logo corri para o quarto para se trocar. Pouco depois, chegando ao celeiro, ouvi Benjamin sussurrando com Raio. Sorri da cumplicidade deles.

— Que bom que chegou! Venha. — a chama para perto. — me dê sua mão. — Pede e a leva até o nariz do cavalo. A respiração dele faz cócegas em sua mão, a fazendo gargalhar. — Pode acariciá-lo. — orienta Benjamin.

Eufórica, prendeu a respiração enquanto acariciava a cabeça dele. Os fios da clina eram mais ásperos do que imaginava.

— Ele é tão lindo! — Exclamou e como se entendesse Raio relincha, assustada, Hanna dá um passo para trás.

— Menina da cidade! — Brinca Benjamin rindo dela.

Hanna se enche de contentamento, essa proximidade deles era resposta de suas orações. Por vezes duvidou e até cogitou voltar, porém, se manteve firme e nesses momentos vislumbrava um futuro diferente.

“ — Não viaja Hanna! Obrigada Deus! Paizinho, toma conta do meu coração.” — orou, sentindo seu coração acelerar. — para onde vai me levar? — pergunta mudando de assunto.

— Já andou de cavalo antes? Vou te levar para um passeio? — Benjamin desconversou.

Hanna notou a indecisão dele, parecia inseguro, com medo dela se negar a ir ou não gostar da ideia.

“ — Se ele soubesse!” sorriu  respondendo. - Sério! Nunca andei, mas desde que cheguei aqui tenho vontade.

Com sua fala percebeu como ele relaxou, ouviu  seu suspiro vê a tensão deixar seus ombros e o sorriso que ele dá em sua direção, a aquece. Toda vez que via a leveza naquele olhar, antes tão opressivo, se emocionava. Hanna treme ao notar como ele se aproxima dela. Com delicadeza Benjamin pega um cacho que caia sobre seu rosto e põe atrás da sua orelha. Como uma pluma corre o dedo por sua bochecha em um carinho sutil. Ela prende a respiração, não consegui desviar os olhos da intensidade que queima no olhar dele.

- Vou te erguer, não se assuste que logo em seguida montarei atrás e te segurarei. Não deixarei você cair.- Explica lentamente sem deixar de olha-la.

Hanna engole em seco ao sentir a mão dele em sua cintura. Num movimento rápido se vê sentada no cavalo. Ele a ergueu como se não pesasse nada e imediatamente Benjamin montou atrás de si. Hanna mais uma vez admira seu porte, sua agilidade.

Ele se move com uma segurança impressionante. Benjamin passa os braços ao seu redor, com um segurou a rédea com outro segura sua cintura. Ela se mantém praticamente imóvel, não achou que fosse tão alto. E ao sentir o marido tão próximo fica tensa.

- Relaxe, Hanna. Eu tenho você, aproveite o passeio. – Fala próximo ao seu ouvido e um arrepio sobe por ela. Constrangida tinha certeza que estava corada, sentia o rosto queimar de vergonha. – Pode encostar em mim, ficará mais confortável. – disse Benjamin, o riso permeando sua fala. Para pontuar faz uma leve pressão ao seu redor, a puxando ao seu encontro.

Respirando fundo o cheiro dele inunda suas narinas, segura firme em seu braço. O calor dele trás conforto. Uma sensação de estar no lugar certo. Relaxando encosta no peito dele, abre um sorriso e decide aproveitar o passeio. Benjamim dá um comando e Raio começa a trotar . Hanna arqueja e aumenta o aperto no braço que segurava. A gargalhada dele a faz rir.

- Isso foi maldade!- ralha batendo em seu braço, inclinando a cabeça observa seu rosto, Ben parece tão feliz, tranquilo, em paz e lindo! Percebendo onde seus pensamentos iam sacudiu sua cabeça, chamando a atenção dele. Ali tão perto pode ver como os olhos dele, são ainda mais lindos o verde rajado com pequenos pontinhos dourados.

- Você é tão linda! – Exclama Benjamin a surpreendendo. Ela arregala os olhos. Abre e fecha a boca, mas nada sai. Os olhos ardem, então abaixa a cabeça sem jeito.

Sonhou tanto com esse momento e agora acanhada não sabia como agir. Seu coração e estômago pareciam dar cambalhotas. Parando o cavalo ele segura seu queixo delicadamente erguendo seu rosto.

— Você é linda Hanna! Devia ter dito isso antes. Quando te vi naquela estação fiquei sem fala. Parecia uma pintura em meio ao povoado tão conhecido por mim. Temi estar te condenando… — algo passa por aqueles olhos, porém Hanna já sobrecarregada não consegui discernir. — Algo tão belo no meu mundo sem cor. — Completa diminuindo o tom. O coração dela se aperta.

- Ah, Ben! – Por instinto toca em seu rosto sentindo a aspereza da barba e ao sentir como ele se aconchegava em sua mão todo o sentimento que vinha lutando para conter se expande. – se você pudesse se ver pelos meus olhos, ou pelos olhos de Deus. Veria o quão precioso é. Não veria apenas uma cor, mas uma paleta inteira. Suas perdas moldaram você. Porém você não é só elas, é persistente. Seu coração é imenso, mesmo mudando de ideia me deu o poder de decidir. É um homem de caráter, trabalhador que mesmo sofrendo seguiu em frente mantendo o sonho de seus pais vivo. É um bom amigo, não retruque. – estreita os olhos na direção dele – Vejo o carinho de Lily por você e não somente ela. Suas cicatrizes te fizeram mais forte. Olho para você e vejo alguém que venceu as adversidades, vejo um homem lindo, muito amado por Deus. – ao perceber que falava demais mais um vez, fica rubra.

- Então sou um homem lindo? – Implica sorrindo, acariciando seu rosto. Mas dentro dele um vulcão rugia, as palavras cavaram fundo. O brilho no olhar dela e a convicção em suas palavras demonstravam mais do que imaginava.

- Onde estamos indo afinal?— Hanna mais uma vez muda o foco. Benjamin percebe, contudo deixa passar e põe o cavalo em movimento novamente. Agora mais seguro.

Hanna observava a paisagem. Nunca fora tão longe da casa.

- Já verá. . — Afirma misterioso.

Olhando para todo lado demorou um pouco a ver, no entanto foi preciso piscar para ter certeza. Um Ipê amarelo repleto de flores. A brisa balançava os galhos e algumas flores dançavam ao vento até cair na grama. Hanna desejou correr entre elas. Tinha certeza que um sorriso enorme jazia em seu rosto.

- Deus e sua maravilhosa criação. — Diz encantada.

- Devia ter imaginado que veria Deus nesse lugar. – pondera Benjamin rindo. – Espere até ver tudo então.

- Tem mais? – Questiona sem tirar os olhos das flores amarelas que rodopiam no ar.

- Vou descer e já te desço ou vai saltar antes de mim pela empolgação que vejo. – fala Benjamin brincalhão.

A moça entusiasmada nem liga. Seus pés mau tocam o chão quando ela corre e girando apara as pequenas e delicadas flores. A risada dele a deixa envergonhada. Olhando para ele o encontra com uma mão na cintura e com a outra no queixo. A cabeça levemente inclinada a observando.

- Olhe – O rapaz aponta a sua direita e a boca de Hanna se abre. — Espero que esteja com fome. — Benjamin diz ao seu lado. Sem pensar Hanna se joga sobre ele o abraçando.

- Obrigada! Obrigada! Nunca fiz um piquinique antes. – espontânea o beija no rosto e corre para a cesta. Benjamin leva a mão ao rosto emocionado, o sorriso aberto e os olhos contemplavam sua esposa. Ela era forte, determinada, com uma fé inegável, mas em alguns momentos sua ingenuidade aparecia e Benjamin visualizava a criança que ela devia ter sido.

Naquele momento imaginou eles dali alguns anos, ele com uma menininha ruiva no colo brincando com as flores, um rapazinho loiro de olhos verdes ajudando Hanna arrumar o piquinique. Lágrimas rolaram por seu rosto sem que percebesse.

Deus estava plantando novos sonhos em seu coração. Cleiton estava certo, uma pessoa que reflita o brilho do Espírito Santo conseguiu mostrar a ele que apesar de tudo ainda havia vida nele. Só era preciso abrir a porta.

-Ben, você esta bem? – a doce voz dela estava cheia de preocupação. Olhava para ele ajoelhada na toalha. Benjamin sorriu, limpou o rosto e foi ao encontro dela respondendo.

- Não poderia estar melhor. Eles se sentam e em silêncio começam a devorar tudo que ele tinha preparado. Frutas, bolachas, geleia.

- Venha comigo. – chama Benjamin estendendo a mão.

Hanna pega e se levanta. A surpreendendo mais uma vez, leva a mão dela aos lábios a beijando como no casamento, porém agora foi diferente. O olhar dele ardia, o sorriso era verdadeiro e fazia pequenas rugas aparecerem no canto de seus olhos. Hanna o encarava encantada... Sem soltar sua mão, ele caminha com ela subindo a pequena colina atrás deles.

Ao chegar o topo Hanna leva a mão a boca sem palavras. Olha de seu marido para a deslumbrante visão à sua frente.

- Lindo é pouco para tudo isso! Majestoso, perfeito, incomparável. Me faltam palavras.

- Sabia que gostaria dessa vista. – afirma com o riso entranhado em sua voz.

O sol se escondia nas montanhas distantes. O vermelho, rosa e laranja se mesclavam sobre nuvens branquinhas. Pouco a pouco as tonalidades vão mudando, a penumbra ganhando força. A jovem permanecia arrebatada, mal piscava.

Sentiu a aproximação, o braço de Ben, toca o dela levemente. Sente o calor dele, a brisa fresca brinca com seus cabelos. Ela fecha os olhos ao sentir  um dedo tocar sua mão e se prender ao seu. Paralisa pela emoção que a percorre. Um pequeno toque pode gerar tantas sensações. Abre os olhos e virando a cabeça levemente se depara com a intensidade vibrante do olhar de Benjamin sobre ela. Passa a língua sobre os lábios.

Vê Benjamin dar um passo e se posicionar na sua frente. Com delicadeza ele põe seus cachos que eram agitados sobre seu rosto atrás de orelha. Ele desce o dedo por sua bochecha até o pescoço e ela sente o rastro de fogo que a faz tremer como nunca antes.

Benjamin não tira os olhos de seu rosto. Mais uma vez pega sua mão, e o calor dela em contraste a brisa noturna a arrepia. Ele parece ansioso, nervoso.

— Estou nervoso — afirma e seus lábios se erguem de um lado — antes de você chegar aqui, minha vida era tal qual uma nuvem densa e sombria, trovões rugiam ameaçadores, mas com seu cuidado fui mudando, dando lugar ao Espírito Santo. — seus olhos brilham, emoção passa por sua voz — a tormenta desoladora foi se transformando em uma chuva constante. Seu modo de viver, a luz que via em você, sua alegria mesmo em meio ao caos me fez repensar, as muralhas foram caindo. Me descobri fazendo, planos. Me surpreendi te procurando. E o mais incrível, descobri que meu coração frio, solitário e vazio devagar foi se enchendo de amor. — ele olha para o céu agora já escuro, respira fundo e volta o olhar para ela — me enchi do amor do Senhor. Passei a ver o cuidado dEle, busquei por ELE, e o Espírito Santo me fez ver o Sol. As nuvens escuras deram espaço a um céu limpo, mas o maior aprendizado foi descobrir que mesmo com nuvens escuras e carregadas no horizonte, atrás delas o Sol continua brilhante. Se chover, pegarei um guarda-chuva e continuarei andando até ela passar. Ou melhor — levanta suas mãos unidas, deposita um beijo em cada — com você Hanna, dançarei na chuva. Não quero ficar só. Deus me recebeu de volta, estou completo novamente. — o sorriso dele se expande, vem do coração e chega aos olhos. O brilho do Espírito Santo refletido torna ele ainda mais bonito e significativo — o que estou tentando dizer é que hoje posso ser o marido que você merece. Meu coração se curou, está inteiro em Deus e agora cada pedaço dele é seu. — Ele abre e fecha a boca, as palavras parecem ter o abandonado — Eu te amo Hanna. Quer se casar comigo?

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ALELUIA!!!!!!!
ElanedaMata. Seus pedidos estão sendo atendidos kkkkk

Eu não estou chorando 🥹😭

Enfim o pedido 🎊🎊👏👏

Gostaram?

Olha essa imagem 😁 que fiz para vocês 🤩🥰

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