Admitir erros é uma virtude
**Dias antes...**
Benjamin estava parado à frente da porta há vários minutos. Seus cachos estavam todos bagunçados, resultado de passar a mão repetidamente pelos cabelos. Desde que avistara a construção, a emoção o tomara ao pensar que ali foi onde Hanna crescera. Aquelas paredes testemunharam seu crescimento, travessuras, medos e sonhos.
Risos infantis chegavam até ele. Seus lábios se repuxaram de um lado. Aquela casa era alegre, apesar dos dissabores da vida. Os pastores haviam conseguido criar um verdadeiro refúgio para aquelas crianças. Ele agradeceu a Deus por ter colocado essas pessoas no caminho de sua esposa.
- Anda logo, homem! Você não tem o dia todo! - recriminou-se, respirando fundo e se preparando para bater à porta, quando ela se abriu de repente, o fazendo dar um passo para trás.
- Pastora, tem um moço aqui na porta! - gritou uma linda menina de cabelos negros cacheados, de uns seis anos, meio escondida atrás da porta.
- Quem é? - ouviu a voz da pastora distante.
- Não sei, mas é bonito - respondeu inocente, enchendo o coração de Benjamin de carinho.
- O que você quer? - perguntou um adolescente, colocando-se na frente da menina.
- Gostaria de falar com o pastor Elias, ele está? - respondeu Benjamin, mas antes que o garoto pudesse falar, a pastora apareceu.
- Benjamin! - abriu a porta completamente, procurando ao redor. - E minha menina?
- Vim sozinho, precisava falar com vocês - informou nervoso.
- Meu Deus! Ela está bem? - os olhos da pequena senhora se encheram de lágrimas enquanto torcia as mãos à sua frente.
- Hanna está bem, não se preocupe.
- Hanna? Você é o Benjamin da Nana? - a menina falou agora, abraçada à pastora.
- Sou, e você quem é? - Benjamin se abaixou, sorrindo.
- Laila, me chamo Laila. Você vai me levar pra ver os animais? Vai deixar eu andar no Raio? - soltou-se da pastora e começou a saltitar. - Por favor! Por favor! Eu não tenho medo de vaca como a Nana.
Benjamin piscou, tentando acompanhar a conversa.
- Laila, vá terminar seus deveres. Depois você conversa mais com o Benjamin - cortou a pastora, sorrindo ao ver ele perdido.
- Vou, mas volto logo. Tenho tantas perguntas - disse Laila, olhando nos olhos dele e saindo, mas ao chegar ao pé da escada, virou-se novamente. - Você parece um príncipe, como a Nana me contou.
Benjamin se alegrou, seu sorriso refletindo em todo seu rosto, algo que a pastora percebeu.
- Entre, querido. Vamos ao escritório, Elias está lá.
- Com licença - disse Benjamin, entrando e seguindo a pastora. Seus olhos contemplavam tudo com admiração. Sentia-se confortável, acolhido.
- Querido, olha quem apareceu à porta - anunciou a pastora ao entrar no escritório.
- Benjamin! - o pastor Elias se levantou, os olhos bem abertos, olhando atrás dele.
- Ele veio sozinho - informou a pastora.
- Bom dia, pastor Elias - Benjamin se aproximou, estendendo a mão, mas o pastor deu a volta e o abraçou.
- Bom dia, Benjamin! É muito bom ver você bem! Oramos muito por você.
- Obrigado! - respondeu Benjamin, pigarreando. - Deus foi muito bom comigo.
Os pastores se olharam surpresos.
- Sente-se, rapaz. Zoe, traga um café pra gente, por favor.
- Não se incomode por minha causa.
- Até parece - revirou os olhos o pastor. - Depois da viagem, deve estar com fome. Já volto.
Benjamin se sentou na poltrona à frente do pastor, que tomou seu lugar. O rapaz não conseguia parar de admirar tudo.
- Pensou que o orfanato fosse um lugar feio, com móveis velhos e um ambiente opressor? - gargalhou o pastor. - Zoe faz o impensável para dar aos pequenos um lugar onde se sintam bem.
- E conseguiu. Não imaginava nada ruim, afinal, Hanna fala com muito carinho daqui.
A pastora voltou com café, biscoitos e bolo. Ela colocou tudo sobre a mesa, e os homens se serviram.
- Já sei com quem minha Hanna aprendeu a cozinhar tão bem - soltou Benjamin, sem pensar, e os pastores sorriram.
- Então? - começou a pastora. - O que veio fazer aqui? - perguntou diretamente, sentando-se ao seu lado. Benjamin engasgou, tossindo sem parar.
- Zoe!
- Tudo bem - respondeu, se recuperando. - Devem estar surpresos com minha visita. - Respirou fundo e olhou para o pastor. - O senhor estava certo.
- Eu sempre estou certo!
- Menos, querido! - revirou os olhos e voltou-se na direção de Benjamin. - Estou realmente surpresa. Quando recebemos a carta de Hanna sobre sua doença, temi por você e principalmente por minha menina. Na visita dela, vi um brilho em seus olhos que nunca tinha visto. Ela havia achado seu lugar - limpou uma lágrima que desceu por sua bochecha. - E quando soubemos do milagre, agradeci tanto a Deus. Te ver aqui é uma surpresa - disse, apertando a mão dele.
- Hanna tem um brilho próprio e foi isso que me impactou desde o começo - Benjamin olhou para suas mãos unidas e depois voltou a olhar o pastor. - Ela reflete o Espírito Santo. Vive sua fé - um sorriso se abriu em seu rosto. - Dia após dia, me surpreendeu com sua força.
- Te disse! - replicou o pastor.
- Sim, a forma como ela lidou com tudo mexeu comigo, e suas palavras foram encontrando espaço e se alojando aqui dentro.
Sem conseguir ficar parado, Benjamin se levantou, colocando os braços atrás do corpo.
- Tentei de tudo para afastá-la, mas foi em vão. E no pior momento, ela se manteve ali - sua postura mudou, seus olhos se nublaram com as lembranças. - O senhor e todos tinham razão. Deus estava comigo, eu que não o via - engoliu seco. - Mas através dela, pude voltar a vê-lo.
- Glória a Deus! - emocionou-se a pastora.
- Voltei para Ele! - afirmou com a voz embargada e limpou a garganta para continuar. - Devagar, Deus tem tratado minhas feridas. Tenho lido a Bíblia, orado. Ainda sou falho, mas vou continuar buscando me espelhar em Jesus.
A pastora se levantou e o abraçou.
- Melhor escolha, querido - disse carinhosa, e os dois se sentaram novamente. O pastor, no entanto, sabia que havia mais na visita.
- Continuar é o segredo, filho. A Bíblia será seu manual. Mas não é só isso, certo?
- Não! - a voz de Benjamin saiu firme. - Vim aqui dizer que aprendi a amar Hanna. Quero ser o homem que Deus quer que eu seja e o marido que ela merece. Estou aqui para dizer que quero me casar com ela da maneira certa - falou tudo rápido, a emoção e a verdade nítidas no olhar.
Os pastores atentos perceberam a mudança naquele olhar assim que o viram. A dor, a escuridão e a solidão haviam diminuído. Anteriormente, seu semblante austero impunha respeito e distância, transmitindo uma aura de seriedade inabalável. No entanto, uma transformação sutil ocorreu, e agora seu rosto irradiava uma expressão acolhedora e calorosa. Seus olhos brilhavam com uma ternura genuína, e seu sorriso suave revelava uma nova camada de empatia e bondade. Essa mudança deixava transparecer uma sensação de abertura e receptividade, convidando os outros a se aproximarem.
Ambos estavam emocionados, amavam Hanna demais, e ter Benjamin ali, demonstrando seu amor e sua vontade de fazê-la feliz, era tudo que pediram a Deus.
Conselhos foram dados, planos traçados, e quando Benjamin partiu, uma euforia tomou conta daquele lugar.
**No presente...**
Naquele momento, vendo a reação de Hanna, ele teve certeza de que havia tomado a decisão certa. Ela sorriu, em meio às lágrimas, sendo rodeada pelas crianças, amigas e pastores.
Seus olhos se encontraram com os de Benjamin, e seus lábios formaram um "obrigada" silencioso. Seu coração se expandiu.
- Oi, Benjamin! - a pequena Laila saltitou em sua direção e abraçou suas pernas, o surpreendendo. - Aqui é muuuuito lindo! - disse, e como veio, se foi. Benjamin riu enquanto balançava a cabeça.
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😭😭😭😭😭😭 Aja coração ❤️ ❤️ ❤️
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