Capítulo Dois - Parte 2 🗡
Elric Redthorn
Saí da estalagem antes que o sol quebrasse as nuvens da manhã. E foi aí que dei meu último beijo em Jehan, pois nossa missão começava a partir daquele estalar de lábios.
Alguns feéricos estavam caídos do lado de fora da estalagem, roncando alto enquanto Jehan andava ao meu lado e a muralha baixa de Rafanápolis crescia acima dos pinheiros e carvalhos a nossa frente.
Fumaça se erguia além, provavelmente das chaminés das casas, algumas carroças simples e carruagens da mais polida madeira rangiam e iam em direção aos grandiosos portões da cidade. Mesmo que o sol ainda, timidamente, desapontasse além da floresta a nossa direita, o comércio da cidade começava justamente naquele momento.
E enquanto a fila se formava para entrar na cidade há algumas dezenas de metros a frente, Jehan apertou a minha mão. Olhei em sua direção e ele olhou na minha, nossos rostos um tanto ocultos pelos capuzes que usamos. Ele sorri.
— Vai dar tudo certo. — murmura ele.
Balanço a minha cabeça concordando. Jehan usará seu poder para ocultar meu rosto dos guardas nos portões, guardas esses que tem filkes ao seu lado. Jehan me explicou o que significava aquelas mulheres sem cabelo, usando a capa do azul marinho de Rafanápolis, elas viam através do véu da magia e Jehan disse que seria mais fácil se apenas eu entrasse na cidade, com seu poder redobrado em meu rosto, seria mais difícil para qualquer filke enxergar o meu verdadeiro rosto.
Ele então desliza uma das pequenas facas da estalagem para a minha mão.
— Mais uma. — diz ele. — Por garantia.
Enquanto sorri, seus olhos revelam um pequeno brilho enquanto sua mão solta a minha e ele caminha para a floresta ao lado. Respiro fundo observando a capa de Jehan ondulando enquanto ele adentra na escuridão da floresta. As carroças ao meu lado começam a diminuir a velocidade conforme o trânsito vai ficando mais pesado.
Guardo a faca que Jehan me deu na minha bota e caminho por entre as carroças, ouço latidos e conversas em diversos tons e idiomas. Observo a muralha baixa a frente, arqueiros com aljavas cheias de fora a fora. Armaduras prateadas e as orelhas pontudas saindo pelos elmos. A bandeira azul da cidade balança preguiçosamente em pontos simétricos por toda a extensão da muralha.
Volto a observar as carroças, as mais simples carregam porcos e javalis e outros animais que pensava ser apenas lenda, como um pequeno equino — ou imagino que seja — cheio de escamas e com três olhos, um no meio da testa, onde seria a crina, espinhos estão saltados e ele silva na minha direção enquanto passo por essa carroça. O comerciante que leva a carroça não difere do animal, a pele pálida parece ter uma pequena camada úmida, como se fosse pele de sapo. Suas pálpebras piscam verticalmente enquanto me encara e percebo que suas orelhas não são pontiagudas.
— Perdeu alguma coisa na minha cara? — ele silva na minha direção.
Desvio meu olhar sem continuar a conversa.
“Não chamar atenção”, Jehan havia dito e eu levaria isso ao pé da letra. Não tinha que perder tempo arrumando briga com comerciantes em carroças na estrada, tinha que encontrar Haw Tarmerien no porto da cidade e trazê-lo até o meu predestinado.
— Próximo!
Grita um dos guardas no portão da cidade e caminho para frente, cortando a fila de uma carroça. O comandante me xinga, mas os guardas não fazem nada. As lanças se cruzam bloqueando minha frente e minha retaguarda, me prendendo enquanto as duas filkes me encaram. As veias por todo o corpo delas brilham em um tom azulado para o roxo enquanto os olhos, brancos, pobres de qualquer cor viva, me encaram. Cegas, Jehan havia mencionado que elas eram cegadas quanto ainda eram crianças pelo templo das filkes no interior da floresta.
Engulo em seco enquanto os dois pares de olhos ainda estão sobre mim. Parece demorar demais, os guardas ficam me encarando também.
— Alguma coisa de errado? — perguntou o guarda a minha frente, quase da minha altura, uns cinco dedos menor, em direção a uma das filkes.
Talvez seja impressão minha pelo momento, mas sinto um par de olhos do meio das árvores nas minhas costas, reforçando qualquer que seja o rosto que eu tenha em minha face agora...
— Nada de errado. — respondeu as filkes ao mesmo tempo, em um tom bem lento e voltando a encarar a fila atrás de mim.
As lanças a minha frente se descruzam liberando o caminho para a rua agitada a frente de Rafanápolis.
Dentro da cidade olho ao redor, ruas largas e limpas, muitas casas do mesmo estilo. Fontes de águas em pequenas praças com peixes e trutas esculpidas em ouro ou prata. Bandeirolas com o azul real em varais entre as janelas das casas. Cheiros dos mais diferentes temperos pelo ar, barulho de música, barulho de conversa. Não perco tempo e vou olhando para as placas de direção que mostram o caminho para o grandioso palácio em um lado da cidade, com inúmeras torres com telhados do azul marinho, torres tão altas que algumas poderiam tocar as nuvens.
Sigo a seta que aponta para o porto. Em direção a Haw, o meu objetivo.
O cheiro de peixe começa a ficar mais nítido, quarteirões antes do porto. As casas começam a ficar mais baixas e mais espaçadas até que pequenas peixarias estão presentes. A frente vejo o Mar aberto com os navios ao longe e os mais pertos ancorados no porto. Alguns soldados patrulham o perímetro de um lado para o outro com as lanças batendo no chão de pedra da rua um momento ou outro.
Um grupo de crianças feéricas passa correndo na minha frente, com a primeira delas segurando um grande peixe e logo atrás um cara correndo atrás e gritando para que elas devolvam seu peixe. Sorrio com as brincadeiras de ruas que não diferem de Forte Redthorn, de casa...
Parece séculos que eu saí de lá, séculos desde aquele jantar, a queda, a masmorra e o resgate de Jehan.
Afasto os pensamentos e olho para os rostos ao meu redor, com a imagem posta por Jehan na minha cabeça para poder encontrar Haw.
E, graças aos deuses, reconheço logo o seu rosto por cima dos comerciantes e compradores do porto. Ele está ao lado da mureta na borda da rua, conversando com um rapaz que segura um cesto com peixes. Haw é exatamente como a imagem que Jehan me deu — a quase imortalidade dos feéricos...
Haw Tarmerien, pele marrom, quase dourada, cabelos de um marrom puxado para o mel, ondulados até embaixo das orelhas pontudas, ocultas pelo cabelo, ombros largos e olhos de um verde esmeralda. A armadura com o salmão no peito está polida, prata em detalhes dourados, provavelmente ouro. A capa azul marinho cai sobre os ombros, pelas costas até o meio das canelas.
Cruzo meus braços enquanto olho para a longa espada em seu cinto, analiso as diversas facas e adagas pelo meu corpo... é...
Haw estende a mão e acaricia a bochecha do jovem a sua frente, e o rubor no menino da cesta sobe pelas bochechas. Sedutor, claro que o herdeiro de Rafanápolis tinha que ser galanteador.
O sol já está visível e as pessoas nas ruas começam a aumentar. Por que elas tinham que acordar tão cedo?
— Rézio, o deus dos rios e dos mares o convida para o festival das águas.
Quase saco uma das adagas quando vejo a jovem de cabelos cacheados me estendendo uma rosa azul — eles têm uma leve fixação por essa cor por aqui. Ela sorri e se afasta, me olhando por cima dos ombros e dando uma piscadinha.
“Já o encontrou?” a voz de Jehan desperta na minha cabeça.
“Já” respondo, “E acho que vai ser um pouco demorado ficar com ele a sós.”
“Merda” diz Jehan, “Com quem ele está agora?”
“Uma possível paquera.”
“Interrompa” diz Jehan.
“O quê?” pergunto.
“Lhe darei um rosto que Haw não aguentará de atração” diz Jehan.
“Espero que não seja o seu” respondo.
“Ciúmes agora, Elric?” escuto sua risadinha no fundo da minha cabeça, “Não, não é o meu rosto.”
Ótimo, penso, sem dizer nada a Jehan.
“Pronto, pode se aproximar Elric” diz Jehan, “Abaixe o capuz”.
E assim eu o faço e começo a caminhar em direção a Haw Tarmerien perto da mureta do porto.
— Haw? — chamo.
Ele fica pálido ao me olhar, seu acompanhante me olha com cara de... nojo?
— Yvan? — pergunta Haw.
— É... — minha resposta sai um pouco insegura.
— Nos vemos depois, Alteza. — diz o rapaz com a cesta de peixe, passando entre a gente com um olhar mortal na minha direção.
— Eu pensei... eu pensei... — Haw se aproxima, com sua boca e tudo na minha direção, viro meu rosto e seus lábios úmidos tocam a minha bochecha.
“Jehan?!” grito pelo laço e ele ri do outro lado.
— Não está com saudades dos meus beijos, Yvan? — pergunta ele. — Faz tantos anos desde... qual aniversário de Jehan que trepamos tanto que toda Porto Larkin deve ter nos ouvido?
“Dois anos atrás” a resposta vem de Jehan.
— Dois anos. — digo e ele sorri.
— Nunca ia se esquecer de mim, não é?
— É... — o mesmo tom de antes. — Podemos conversar em particular?
— Nenhuma bebida antes? Sentiu falta mesmo, bebê.
Bebê?
— Sim. — respondo e seu braço passa em volta do meu.
— Onde quer que seja? Em meu novo navio, Pavel, ou no meu quarto no palácio?
“Jehan?” pergunto pelo laço.
“Ele e Yvan tiveram o primeiro encontro embaixo de um pessegueiro, diga que encontrou um no bosque fora das muralhas.”
E eu falo o que Jehan me diz, os olhos de Haw brilham.
— Prepararei uma pequena tropa para a nossa segurança e vamos partir imediatamente. Você lembra como é bom transar ao ar livre, com o vento roçando nossas bundas e que bunda que você tem Yvan, não sabe como senti falta.
“O que houve com Yvan?” pergunto pelo laço.
“Ele não aguentou esse lado galanteador de Haw e se trancou na casa de veraneio da família Ivilyka numa ilha a oeste de Porto Larkin, onde ele brinca com um pequeno harém que o seguiu sem que ele pedisse. Os Ivilyka têm uma linhagem bem atraente, dizem que a própria Hafrop, a deusa da beleza e do amor, os beijou no início de tudo” responde Jehan.
— Não precisa de tropa. Eu tenho você. — respondo.
“Yvan não é tão meloso assim...”
— Não vai protestar se eu te beijar o caminho todo? — pergunta Haw bem satisfeito com a minha resposta enquanto caminhamos em direção à rua principal de Rafanápolis.
— Vou guardar o melhor para quando estivermos no bosque, meu querido. — respondo.
Ele sorri e vejo suas pupilas dilatarem. Sorrio nervoso olhando para o lado enquanto muitas pessoas me observam, curiosos. Engulo em seco e volto a encarar a rua a frente. Haw vai dizendo que sentiu falta de mim esse tempo todo e que não tinha encontrado ninguém melhor na cama do que Yvan nesse tempo todo.
Quando chegamos no portão, as filkes ainda estão fazendo o seu trabalho, assim como os guardas e a fila que parece não ter diminuído nada.
“Estou quase do lado de fora, Jehan” aviso pelo laço.
— Liberem o caminho. — pede Haw para os guardas que olham dele para mim.
— O senhor irá sair sem uma guarda, Vossa Alteza? — pergunta o mesmo que me chamou quase meia hora atrás.
— Não há o que temer, sargento. — diz Haw. — E Iara cuidará de qualquer mal. — ele bate no cabo dourado da espada.
O guarda balança a cabeça e gesticula para os guardas que abrem caminho para que passemos. Engulo em seco e Haw cheira o meu cabelo. Quase o empurro, mas me seguro.
— Em qual direção fica o pessegueiro? — ele pergunta.
— Por ali. — indico a direção em que Jehan mais cedo entrou na floresta.
— Não veio com nenhuma comitiva, Yvan? — pergunta ele.
“Fabafar não deixou, invente algo...” diz Jehan.
Quem é Fab...
— Fabafar não queria que eu viesse, então, peguei um cavalo e... fugi?
Haw sorri com a minha resposta, parece ter gostado da mentira.
— Seu padrasto sempre pegando no seu pé. — diz Haw e beija minha testa, engulo em seco.
A estrada e o barulho das conversas e animais vai ficando para trás... engulo em seco enquanto só tem carvalho e pinheiro ao nosso redor, nenhuma árvore frutífera.
— Onde fica esse pessegueiro que comentou, Yvan?
— Hã... — olho ao redor. — Pensando bem, acho que ainda está um pouco longe...
— Você mudou bastante o seu tom desde a última carta que me mandou.
E sua mão deixa o meu corpo. Carta? Que carta?
— Er...
— Quem é você? — pergunta ele.
— Ora, sou Yvan, Haw, para de brincadeira. — solto um risadinha e sua espada desliza pelo coldre.
— Você é qualquer um, menos o meu amado Yvan. — diz ele.
Merda.
“Jehan, é um boa hora de soltar seus poderes por aqui”
— Eu notei assim que comentou sobre o pessegueiro e virmos sozinhos. O meu Yvan não recusa uma escolta. Nunca. — responde ele.
“Jehan?”
A lâmina dele balança no ar enquanto ele investe na minha direção. Me esquivo para o lado e saco uma das adagas. Haw ri na minha direção e balança a espada mais uma vez, que enrosca na minha capa e a rasga, saindo do meu corpo e revelando as roupas roubadas que uso desde que cheguei em Rafanápolis.
— Patético. — diz ele observando a minha adaga.
— Não quando você é bom de mira. — e a minha lâmina voa.
Haw desvia.
— Nunca avise os seus ataques com...
Uma faca menor acerta o ombro do braço direito de Haw e ele abre a boca, mas nenhum grito sai. Iara cai na relva enquanto avanço. Sua boca se mexe, mas nenhum som sai. Pego Iara no chão enquanto ele arranca a faca de seu ombro e avança na minha direção.
Desvio de seu golpe precipitado e com o cabo da espada acerto sua nuca. Como esperado, Haw Tarmerien cai de cara na grama. Olho para o seu corpo no exato momento em que, de uma das árvores, com um som macio, Jehan para há poucos metros de nós.
— Sucesso. — diz ele sorrindo na minha direção.
— Para onde o levamos? — pergunto.
— Encontrei um moinho abandonado. — Jehan gesticula com a mão e pedaços da grama sobem e amarram os pulsos e o tornozelo de Haw. — Você o carrega, Yvan.
Ele sorri e começa a caminhar na frente.
— Não esqueça isso. — estendo Iara para ele e Jehan a pega.
Pego o corpo de Haw no chão e o jogo nos meus ombros, pesado, claro, ele é quase da minha altura.
E sigo Jehan para dentro da floresta.
❛ ━━━━━━・❪ ❁ ❫ ・━━━━━━ ❜
Jehan Larkin
Entro no moinho abandonado e com forte cheiro de fezes de animais, o que me faz torcer o nariz e pedir para ir embora de uma vez. Vejo Elric colocar o corpo de Haw no chão e me sinto meramente satisfeito pela primeira parte do plano ter dado certo, agora só falta ele querer nos ajudar, o que é a parte mais difícil.
- Vai acorda-lo? – Elric pergunta ao chegar do meu lado e eu assinto, abrindo um sorriso para ele.
- Vou sim... Aliás, belo trabalho, Yvan. – Sorrio em deboche e vejo ele revirar os olhos para mim, soltando um som irritado com a boca.
- Você ainda vai me pagar por isso, Jehan. – Ele diz e sua voz fica ainda mais rouca no processo, o que me faz gemer em deleite.
Me aproximo mais dele e passo meus braços ao seu redor, levando meu rosto para mais perto do seu, fazendo nossas bocas ficarem centímetros uma da outra, me possibilitando sentir seu hálito quente bater contra minha face.
- Pode ser hoje à noite? – Pergunto com um sorriso malicioso e passo meus lábios devagar pelos seus, ouvindo-o gemer no processo. Amo ver as reações que eu causo em meu predestinado, é algo satisfatório e excitante.
- Me aguarde, meu amor. – Ele sussurra e meu corpo se arrepia. – Mas agora vamos voltar ao trabalho.
Elric se afasta de mim e eu respiro fundo, voltando ao meu estado normal. Me aproximo de Haw no chão e passo minha mão aberta em frente a sua face, vendo ele ir despertando aos poucos. Suas pálpebras piscam algumas vezes e então seus olhos se abrem, revelando seus orbes castanhas. Vejo que ele fica assustado em um primeiro momento, mas então me reconhece e abre um sorriso fácil.
- Jehan, meu rei... Não achei que o veria por aqui, ainda mais sendo um procurado da coroa feérica. – Ele diz com um sorriso e reviro meus olhos, pois Haw sabe ser inconveniente, mesmo falando a verdade.
- Por esse fato nosso encontro hoje ocorreu de uma forma diferente. – Falo e me levanto em seguida, dando alguns passos para trás e deixando Elric à vista. – Haw, esse é o Elric, meu predestinado, e precisamos da sua ajuda.
Vou diretamente ao ponto, pois não gosto de enrolações e esse nem é o momento para isso, nós literalmente estamos com uma sentença de morte em nossas costas.
- Sexo a três? Não achei que gostasse disso, Jehan, mas eu topo. – Ele diz com ar brincalhão e mais uma vez reviro meus olhos, ouvindo Elric praticamente rosnar atrás de mim.
- A única pessoa que toca em Jehan sou eu. – Meu predestinado responde com certa raiva e confesso que amo ouvir ciúmes em sua voz grossa.
- Não sabia que o humano era tão possessivo, mas saiba que não há motivos para isso. Jehan e eu nunca chegamos aos finalmentes, foram somente beijos... E que beijos. – Haw diz para provocar e vejo Elric avançando em sua direção, mas o seguro antes que ele faça algo contra o idiota em minha frente.
- Amor, se controla e Haw... Cala a boca! – Aponto para os dois e empurro meu predestinado devagar para trás.
Solto um suspiro e volto meus olhos para Haw, que permanece do mesmo modo no chão. Faço um leve gesto com minha mão esquerda e as raízes que o prendiam some, deixando-o livre.
- Haw, você sabe que eu não estaria aqui se não precisasse, mas eu preciso da sua ajuda agora e você me deve um favor, o qual eu estou cobrando agora. – Falo de forma séria e vejo que sua expressão também muda.
Tarmerien se coloca sentado no chão de terra e concorda com um aceno de cabeça, mas vejo em seus olhos que ele tem dúvidas.
- Eu não matei meu pai como estão dizendo, tudo isso é armação e eu vou provar minha inocência, mas não posso fazer isso com um alvo em minhas costas. Por isso estamos aqui hoje, te pedindo ajuda em toda essa guerra que está se iniciando... Eu só preciso de uma chance, Haw. – Falo com calma, sendo o mais sincero possível em minhas palavras.
Haw é minha única esperança agora, pois eu sei que ninguém mais vai acreditar em mim e querer me ajudar, o titulo de rei não me adianta de nada mais. É como se tudo tivesse virado pó e na verdade foi isso mesmo que aconteceu, desde o dia em que acusaram de matar me próprio pai. Confesso que me sinto perdido e sem muita força para continuar, ainda mais quando me lembro que pai Adarel me considera um assassino agora. Se não fosse por Elric, eu realmente não o que seria de mim... Ele tem sido a minha salvação em todo esse caos.
- Do que vocês precisam? – Haw pergunta, me tirando dos meus devaneios e confesso que me sinto surpreso por ver que sim, ele acredita em mim.
- Está falando sério? – Pergunto sem acreditar e ele assente.
- Vocês precisam da minha ajuda, não é? Eu te devo e sempre honro minhas dividas, mesmo que você tenha usado Yvan para me atrair. – Ele responde e eu solto uma risada por sua pequena indignação.
- Eu precisava de algo. – Me defendo.
Meus olhos se desviam para Elric, que observa tudo calado e com uma expressão séria no rosto. Sorrio para ele e lhe estendo minha mão, esperando que ele entrelace a sua com a minha e isso logo acontece. Puxo ele junto comigo e nos sentamos ao chão, não nos importando de sujar as roupas que pegamos “emprestadas” há alguns dias.
- Precisamos de um lugar seguro para ficar, estou usando a magia para esconder nossas verdadeiras identidades, mas isso está me sugando. Eu estou ficando fraco e sei que não vou conseguir nos esconder por mais tempo. – Falo para Haw, que assente e fica em silêncio, esperando que eu continue a falar. – Quero poder me encontrar com Rovil também, o feiticeiro que cuidou da investigação da morte de meu pai. No dia da revelação ele não estava em seu normal e pressinto que preciso começar a investigar por ele. Então vamos precisar de um barco que nos leve até a ilha Ealun onde ele habita.
Termino de dizer e me sinto apreensivo pela resposta de Haw, o que me leva a apertar a mão de Elric com um pouco a mais de força necessária.
- Tenho uma propriedade perto das montanhas Elteror, é uma cabana bem escondida e acho que pode servir a vocês. Lá tem algumas roupas e está abastecida de alimentos. Quanto ao barco, eu tenho alguns contatos e ele será arranjado. – Ele responde por fim e abro um sorriso de alivio.
- Obrigado, Haw! Prometo me lembrar de tudo isso quando voltar ao trono. – Falo a ele, que sorri com malicia.
- Imagine, um beijo já me deixaria satisfeito. – Ele provoca e dessa vez não há como segurar Elric, que praticamente pula em cima dele.
Balanço minha cabeça em negação, mas só consigo rir. E por um momento eu consigo me manter com a esperança de que tudo dará certo... Precisa dar.
࿇ ══━━━━✥◈✥━━━━══ ࿇
Olá jujubas! Mais um pouquinho do nosso casal destemido para vocês.
Gostaram???
Bjus da Juh, até a próxima 😘😘
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top