Capítulo 8: A Biblioteca e o bibliotecário
— Que gato lindo...
A frase da mulher foi cortada no meio quando Raptor sibilou ferozmente, mostrando os dentes afiados para a estranha que ousara cutucar a janela transparente da bolsa de Aria. A bolsa, feita para carregar o felino, tinha um visor arredondado, permitindo que ele visse o mundo exterior — e que o mundo exterior o visse. O motivo de Raptor estar confinado ali era óbvio, e a mulher logo compreendeu isso ao se deparar com as garras afiadas do gato arranhando a janela de plástico, tentando se libertar como um animal selvagem à beira do ataque.
— Pela Santa Luz! — murmurou a mulher, recuando a mão apressadamente, os olhos arregalados de susto e irritação. Ela lançou um olhar cortante para Aria, como se culpasse a jovem por andar por aí com uma "fera" enjaulada. Mas Aria apenas deu de ombros, puxando a bolsa mais para perto de si. Se Raptor continuasse ali dentro, ele não atacaria ninguém. Não havia necessidade para tanto drama.
Mesmo assim, Aria sabia que o comportamento de seu gato não ajudava muito a sua causa. Ela não podia colocar a bolsa sobre o colo porque ali já estavam empilhados três grandes livros, pesados e com capas surradas. Sentada no bonde elétrico que ziguezagueava pelo distrito chamado de Círios do Poente — o coração comercial das Terras das Lâmpadas —, ela olhou pela janela, observando a mistura caótica de construções modernas aglomeradas ao lado de ruínas antigas e prédios históricos. Era um distrito onde o novo e o velho colidiam de forma quase harmoniosa, mas sempre deixando uma aura de tensão no ar.
— Mercado Central de Terras das Lâmpadas! — gritou um funcionário do bonde, a voz áspera ecoando através dos autofalantes que chiavam mais do que transmitiam claramente a mensagem. Provavelmente por isso ele gritava tanto — para se fazer entender em meio à estática.
O bonde começou a desacelerar, as rodas de metal rangendo nos trilhos com um som estridente, empurrando os passageiros levemente para frente com o solavanco repentino. Aria firmou os pés no chão, os livros quase escorregando de seu colo, enquanto segurava firmemente a bolsa de Raptor. Quando o veículo finalmente parou, várias pessoas começaram a descer pelas laterais abertas do bonde, escoando para a rua como uma maré de corpos ansiosos. Outras tantas subiram logo em seguida, carregando caixas e sacolas cheias de compras — vegetais, frutas, laticínios, carnes frescas. O cheiro pungente de especiarias misturado com o aroma da comida pronta nas bancas das ruas flutuava no ar, envolvendo Aria em um manto de sensações.
Ela lançou um olhar pela janela, observando o burburinho do Mercado Central. O galpão imponente, com suas portas largas e formato semicircular, estava repleto de vida. Os pilares que sustentavam o teto semitransparente, decorados com ervas secas penduradas, permitiam que a luz do sol fluísse para dentro, criando sombras suaves que dançavam entre as bancas. Os vendedores gritavam suas promoções, tentando chamar a atenção dos clientes, enquanto as pessoas se aglomeravam ao redor das barracas, barganhando e discutindo.
O bonde começou a se mover novamente, subindo um pequeno declive em direção ao próximo destino. Aria soltou um longo suspiro enquanto observava a multidão comprimida ao seu redor. Ela não gostava de vir ao centro, mas não tinha escolha. Já bastava frequentar o Lunaris, que, felizmente, ficava nas margens desse distrito — menos caótico, talvez por ser o playground da elite humana que se divertia sem se misturar com o restante da população. Mas naquele dia, Aria tinha um propósito claro para estar ali.
Enquanto o bonde se deslocava, os outdoors ao redor piscavam com anúncios do Baile Escarlate. Embora os humanos não participassem diretamente, o fato de que vampiros de outras cidades viriam para Sombra Alta estava incendiando a mídia. Havia uma dualidade na forma como os vampiros eram vistos — temidos, sim, mas também fascinantes, quase idolatrados. Alguns humanos até se declaravam fãs de vampiros específicos, tratando-os como celebridades inalcançáveis. E ninguém era mais venerado do que o próprio rei vampiro de Sombra Alta: Lucius Dracul.
Aria não pôde evitar ver o grande outdoor que exibia sua imagem — uma fotografia cuidadosamente filtrada, provavelmente capturada por uma poderosa Noctilux. Lucius Dracul era um homem de pele escura, cuja presença era tão imponente quanto elegante. Seus cabelos platinados caíam em tranças bem-feitas, que se uniam em um rabo de cavalo sofisticado. Seus olhos de íris vermelha brilhavam com uma intensidade hipnótica, mas não pareciam tão predatórios quanto deveria — em vez disso, havia algo quase sedutor neles. O meio sorriso que adornava seus lábios era calculadamente cativante. Não era surpresa que ele tivesse uma legião de fãs. Aria, porém, fez uma careta ao ver a imagem. Ela nunca entendera essa obsessão. Bonito ou não, ele continuava sendo um sanguessuga, uma criatura das trevas.
— Biblioteca! A Grande Biblioteca! — anunciou o funcionário do bonde, a voz retumbando pelos alto-falantes enquanto o veículo começava a desacelerar.
No topo da colina, erguia-se a imponente estrutura que era a Grande Biblioteca. Ela mais parecia um castelo, com suas torres de pedra cinzenta que se elevavam em direção ao céu e a grande porta levadiça de madeira reforçada que protegia seu interior. A arquitetura gótica e robusta não deixava dúvidas de que aquilo fora, em tempos passados, um castelo — o lar do antigo rei humano, de uma época em que a humanidade ainda possuía seus próprios líderes e reinos. Agora, no entanto, o castelo havia sido transformado em um repositório do conhecimento — um depósito das histórias e memórias de uma era esquecida.
O bonde finalmente parou, com um último solavanco que sacudiu os passageiros. Poucos desceram desta vez, e entre eles estava Aria. Ela teve que se esforçar para abrir espaço na multidão, empurrando-se para fora com os livros ainda empilhados em seus braços e a bolsa de Raptor firmemente presa ao ombro.
Ao pisar na calçada de paralelepípedos, Aria ergueu os olhos para a imponente estrutura à sua frente. Respirou fundo, sentindo o ar fresco preencher seus pulmões, e depois soltou o ar lentamente, tentando acalmar os nervos antes de seguir em direção à entrada. Seus passos ecoavam suavemente enquanto subia os degraus de pedra, cada um trazendo consigo uma sensação crescente de inquietação.
Ao passar pela grande porta levadiça de madeira, Aria foi recebida pelo vasto e silencioso salão principal da Grande Biblioteca. O espaço era dominado por estantes incrivelmente altas, abarrotadas de livros antigos e novos, empilhados até onde a vista alcançava. As estantes, apesar de imponentes, tinham um ar de fragilidade — tortas, inclinando-se levemente como se a qualquer momento pudessem desabar sobre os visitantes abaixo. Sempre que entrava ali, Aria sentia uma leve onda de nervosismo, temendo que um dia esse receio se tornasse realidade.
No centro do salão, uma longa e larga escrivaninha de madeira antiga servia como o coração administrativo da biblioteca. Atrás dela, uma mulher de óculos grossos estava completamente absorvida em sua tarefa, escrevendo com uma intensidade feroz em um caderno grosso, enquanto, ao mesmo tempo, teimava em digitar no teclado de um computador com uma lentidão incomum. A cada tecla pressionada, a frustração parecia aumentar.
Aria hesitou por um momento, mas então se aproximou, os passos incertos ecoando no chão de mármore polido.
— Com licença... — chamou, a voz suave, mas suficiente para tentar chamar a atenção.
A mulher continuou absorta em seu trabalho, resmungando algo inaudível para o computador como se estivesse travando uma batalha silenciosa com a máquina. O som das teclas pressionadas ressoava ritmadamente, até que Aria decidiu elevar um pouco a voz.
— Com licença! — disse mais alto, forçando um tom de firmeza.
A bibliotecária sobressaltou-se, seu óculos pulando ligeiramente do longo nariz afilado. Seus olhos arregalaram-se por trás das grossas lentes, encarando Aria com um olhar curioso e quase alarmado.
— Se veio alugar algum livro, o sistema não está funcionando direito — declarou a mulher em uma voz esganiçada, apontando com um gesto impaciente para o monitor do computador. — Essa máquina infernal não coopera.
— Na verdade, eu vim devolver alguns livros — respondeu Aria, puxando os grandes volumes debaixo do braço para mostrá-los. — Mas eu gostaria de falar com Julian Vespera antes. Ele foi o bibliotecário que me ajudou a escolher esses livros e...
— Você conhece o nosso jovem Vespera? — interrompeu a mulher, sua voz tingida com um tom de incredulidade e... suspeita. Seus olhos, ampliados pelas lentes, analisaram Aria com renovada intensidade. A palavra "nosso" escapou de seus lábios com um estranho toque de posse, como se Julian fosse uma relíquia preciosa da biblioteca que não deveria ter vida além daquelas paredes.
Aria ergueu as sobrancelhas, um pouco desconcertada pela reação.
— Sim, ele é meu primo — respondeu rapidamente, querendo encerrar qualquer mal-entendido antes que se intensificasse.
A bibliotecária estreitou os olhos atrás das lentes grossas, como se estivesse calculando a veracidade daquela declaração.
— Primo, hum? — ela repetiu, sua voz cheia de desconfiança, ainda encarando Aria como se tentasse encontrar algum traço familiar. Seus olhos passavam de Aria para os livros em suas mãos, e depois de volta para o rosto da garota, como se estivesse esperando que algo não se encaixasse.
— Sim, primo — disse uma voz familiar, vindo de um dos corredores obscuros. Aria soltou um suspiro de alívio ao ver a figura alta e tatuada de Julian emergir das sombras. Seu andar era lento e desleixado, mas, como sempre, ele chegara no momento certo para resgatá-la daquela situação desconfortável.
— Eu já tinha mencionado que estava esperando uma visita hoje, senhora Galvão — acrescentou Julian, lançando um olhar quase divertido para a bibliotecária.
— Oh! Julian... — A senhora Galvão desviou o olhar para ele, agora com uma expressão claramente afetuosa, quase maternal. — Desculpe, é que eu realmente não imaginei que fosse uma garota...
Aria não sabia se deveria se sentir ofendida ou simplesmente ignorar o tom levemente irritado e cheio de inveja que permeava a voz da senhora Galvão ao se referir a ela como "garota". Ela lançou um olhar confuso para Julian, que respondeu apenas com um dar de ombros, um meio sorriso travesso brincando nos lábios.
— Sim, uma garota — Julian respondeu casualmente, avançando e pegando os livros das mãos de Aria com facilidade, como se eles não pesassem nada. — Mas não se preocupe, senhora Galvão. Ela é mais como uma irmã chata e mandona do que qualquer outra coisa. — Ele lançou uma piscadela para a bibliotecária, que parecia se derreter com o gesto. — Vocês, bibliotecárias, ainda são minhas verdadeiras paixões.
A senhora Galvão corou visivelmente, soltando uma risadinha nervosa enquanto ajeitava os óculos no nariz.
— Ora, claro, claro — disse ela, tentando parecer despreocupada, mas o sorriso tímido em seu rosto a traía.
Aria, incapaz de esconder seu desconforto, arqueou as sobrancelhas em direção a Julian, que respondeu rolando os olhos em exasperação, mas com um brilho divertido nos olhos. Ele inclinou a cabeça, indicando para que Aria o seguisse, e começou a caminhar pelos corredores estreitos da biblioteca.
— Então, era por isso que você não queria que eu visse a biblioteca antes? Sempre me entregando os livros via delivery? Ou nas raras vezes em que você vinha me visitar? — comentou Aria, com um toque de ironia na voz, enquanto tentava acompanhar o passo largo de Julian. Ele estava tão à frente que ela praticamente corria para não ficar para trás.
Julian fez um gesto silencioso, pressionando os longos dedos contra os lábios, e apontou discretamente para os lados. Eles haviam acabado de entrar em um salão repleto de estantes e, além deles, outras pessoas ocupavam o espaço. Eram bibliotecárias, todas acima da meia-idade, que lançavam olhares críticos para Aria enquanto ofereciam acenos amigáveis para Julian. Ele respondeu com um breve balançar de cabeça, sem perder o passo.
Atravessando aquele labirinto de corredores abarrotados de livros, Aria não pôde deixar de notar como as luminárias nas paredes emitiam uma luz bruxuleante, que mais contribuía para o tom sombrio do ambiente do que o iluminava de fato.
— E eu que pensei que você não gostava de interagir com humanos... — murmurou Aria novamente, enquanto eles passavam por arcos altos e começavam a descer uma longa escada em espiral rumo ao subterrâneo. No passado, aquele lugar provavelmente abrigara masmorras ou algo igualmente sinistro.
— E eu não gosto — respondeu Julian, com uma indiferença típica.
— Então, o que foi aquilo que eu vi lá em cima? — insistiu Aria, segurando-se na parede de pedra fria para não escorregar nos degraus íngremes.
— Eu não gosto da maioria dos humanos — disse ele com um leve desdém. — Muito cansativo interagir com eles... Mas as bibliotecárias — ele fez uma pausa, refletindo brevemente — e os poucos bibliotecários que temos aqui, são diferentes.
— Diferentes em que sentido? — Aria perguntou, quase perdendo o equilíbrio em um dos degraus, mas se corrigindo a tempo. Sua curiosidade se aguçava a cada palavra de Julian.
— Eles gostam de livros — respondeu ele, sucinto, enquanto chegava ao fim da escada, que levava a um salão menor, mas igualmente lotado de estantes abarrotadas de livros até o teto.
Aria riu baixinho, não conseguindo conter o sorriso. O amor obsessivo de Julian pelos livros sempre a divertira. Não era à toa que ele tatuava trechos de seus livros favoritos pelo corpo, como se as histórias estivessem literalmente gravadas em sua pele.
— Além disso — continuou Julian, enquanto se moviam por um estreito corredor que levava a uma sala, que no passado distante provavelmente fora uma cela de prisioneiro, mas agora havia sido transformada em um quarto —, ao tratar as bibliotecárias e bibliotecários bem, eu ganho certas... regalias.
Aria parou à porta, observando o ambiente. O espaço era apertado e pouco iluminado, as paredes de pedra bruta ainda lembravam sua função original, mas o quarto havia sido transformado em um refúgio de Julian. Uma cama desarrumada dominava o centro da sala, coberta de livros abertos que deixavam pouco espaço para alguém se deitar confortavelmente. Ao lado, uma escrivaninha de madeira antiga estava coberta por papéis amarelados e livros, enquanto um notebook descansava precariamente no topo de um monte de cadernos.
— Então, é por causa dessa boa interação com os bibliotecários que você conseguiu morar aqui? — perguntou Aria, retirando a mochila com Raptor das costas e colocando-a sobre a cama cheia de livros.
Julian apenas deu de ombros em resposta, com um ar casual, como se aquilo não fosse grande coisa. Ele afundou em uma velha poltrona de couro gasta no canto da sala, os livros de Aria empilhados em seu colo.
— Fico feliz que tenha vindo pessoalmente entregar os livros que estavam meses atrasados — disse Julian, enquanto folheava os volumes, as sobrancelhas levemente arqueadas. — Mas você poderia ter enviado via delivery, mesmo que eu já tivesse pedido isso antes...
— Vim para saber se você já avançou na investigação sobre Maria — interrompeu Aria rapidamente, a impaciência evidente em sua voz.
Julian suspirou e voltou seu olhar penetrante para a prima.
— E a investigação sobre sua mãe? — perguntou ele, indicando com um aceno os livros que repousavam em seu colo.
— Vou continuar com isso — respondeu Aria, cruzando os braços com determinação. — Só preciso dar uma pausa momentânea para focar em algo mais perigoso e iminente. Se outras pessoas estão sendo atacadas como Maria... ou melhor, caçadas... Isso é algo extremamente sério e afeta todos nós — ela enfatizou, mas por trás de suas palavras havia algo mais: um sentimento de vingança queimava em seu interior. Ela queria pegar o responsável por ter roubado a vida de sua amiga. Como alguém ousava caçar humanos, quando o sangue era fornecido livremente aos vampiros? Nada daquilo fazia sentido.
Julian inclinou a cabeça levemente, estudando-a por um momento antes de se levantar, colocando os livros de lado com um gesto meticuloso. Seus movimentos eram calmos, mas calculados.
— Você veio aqui para me forçar a ajudá-la... de novo — disse ele, suas palavras carregadas com um toque de resignação enquanto ele passava os dedos pelos livros em uma estante próxima, ignorando o olhar mortal que Aria lhe lançava.
— Você prometeu ajudar no memorial! — ela frisou, cruzando os braços com ainda mais firmeza, os olhos estreitados em uma expressão crítica. Faziam dois dias desde o memorial, e até agora, nenhuma palavra de Julian. Ela estava ali para garantir a ajuda dele, sem desculpas.
— Certo, certo... Eu me lembro — murmurou ele, retirando uma pasta grossa de um dos cantos da estante. Ele caminhou de volta até Aria, empurrando o objeto em suas mãos sem cerimônia.
— O que é isso? — Aria perguntou, franzindo o cenho enquanto pegava a pasta.
— Jornais sobre outros ataques.
— Outros? — Aria perguntou, alarmada, enquanto abria a pasta e começava a folhear os papéis. — Eu pensei que fosse só o garçom do restaurante do Maurice...
— Parece que não — disse Julian com tranquilidade, afundando-se na beirada da cama com um ar de cansaço. — Embora eu possa estar errado. Ninguém parece estar fazendo a conexão entre esses casos. — Ele abriu a mochila de Aria e, com um sorriso satisfeito, retirou Raptor, que apenas ronronou contente nos braços do jovem bibliotecário, aparentemente aceitando o carinho.
Aria deu uma olhada rápida nas matérias de jornal. Havia cinco casos no total, todos envolvendo funcionários de restaurantes, bares e lanchonetes em Terra das Lâmpadas. Todos mortos no fim do expediente. As fotos das cenas dos crimes não eram conclusivas quanto à causa da morte, e as reportagens, ao que parecia, evitavam mencionar detalhes específicos, como a falta de sangue ou qualquer sugestão de ataque vampiresco. De fato, exceto pelo incidente envolvendo Maria, a mídia parecia desviar o foco rapidamente para o Baile Escarlate, que aconteceria em uma semana.
— Essas reportagens não provam que foram caçadas — Julian apontou, seu tom sério, mesmo que Aria relutasse em admitir a verdade em voz alta. — Não há descrições detalhadas dos corpos. Nenhuma menção à falta de sangue... nada concreto.
— Talvez não estejam dizendo o óbvio por medo dos vampiros! — Aria rebateu, sua voz ganhando um tom afiado. — Devem estar abafando os fatos!
— Mesmo que isso seja verdade, com essas reportagens, não temos nada. — Julian gesticulou para os papéis que Aria segurava, sua expressão de ceticismo clara.
— Mas... se conseguirmos os relatórios médicos das vítimas, aí não teriam como ocultar a verdade — disse Aria, triunfante, um brilho determinado em seus olhos. Julian, ainda acariciando Raptor, olhou para ela com uma careta.
— A biblioteca não tem esse tipo de arquivo... Só a biblioteca dos...
— Lúminis — completou Aria, sua empolgação crescendo. O ceticismo de Julian parecia não afetá-la. — Amanhã tenho que ir à sede dos Lúminis para prestar meu depoimento — informou ela, animada, o que fez a careta de Julian se aprofundar. — Então, pensei que você poderia usar seu charme com o bibliotecário da sede dos Lúminis enquanto eu faço meu depoimento e consigo outras informações!
Julian revirou os olhos, sua frustração evidente.
— Você está supervalorizando minhas habilidades... — resmungou ele, ainda acariciando o gato. — E isso não vai dar certo de jeito nenhum.
— Bem... — Aria sentou-se ao lado dele na cama, um sorriso confiante iluminando seu rosto. — Não custa tentar!
— Custa sim — Julian respondeu, o tom impregnado de resignação. — Podemos acabar jogados no Fosso!
— Ou podemos provar que os vampiros quebraram o Tratado e salvar vidas! — Aria rebateu, os olhos brilhando com fervor e determinação.
— Acho que acabar no Fosso é mais provável... — murmurou Julian, sem entusiasmo, enquanto Raptor soltava um miado que parecia concordar com ele.
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