86 ▪ u dont feel that ▪
por favor, por favor, por favor não desistam da fanfic, falta apenas um capítulo depois desse
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Fazia algum tempo desde que o som endurecedor de música alta não enchia os meus ouvidos, deixando-me fora de mim logo no momento em que a porta me foi aberta.
Porque havia sim uma coisa diferente naquela festa, afinal Taehyung não estava mentindo. Para além de ser à porta fechada, não era na casa típica de Min Yoongi, com dois pisos, moradia, barulho à vontade. Não. Pelo contrário, era num dos pisos de um dos maiores arranha-céus da cidade e tinha ali tanto dinheiro investido que eu tinha vontade de fugir pela porta fora.
Era algo diferente, mas não era diferente o suficiente para tirar aquela ideia da minha cabeça, aquela necessidade insana que eu tinha de ver Park Jimin e consertar as coisas.
Eu só não esperava que eu o fosse encontrar tão fácil.
Logo ali, logo na minha frente, como um sinal fluorescente piscando no fim da minha mente, Park Jimin.
Era o meu Jimin. Era o meu Jimin, igualzinho, com a parte superior da coluna apoiada na parede, o quadril afastado, olhando o fundo de um copo como se ele guardasse os maiores segredos do mundo, tão distraído das coisas à sua volta, sobre o que os seus amigos conversavam, ou faziam.
E, aproveitando que a sua companhia incluía Kim Taehyung e Kim Yugyeom, eu não tive dificuldade em aproximar-me.
''Ei.'' Eu disse, limitando os meus murmúrios por agora, e antes de qualquer um, Jimin ergueu o rosto, olhando em frente, olhando-me a mim, segurando a sua bebida com mais firmeza.
''Jungkook!'' O Kim ruivo festejou, deixando o braço escorregar dos ombros de Yugyeom para os meus, sorrindo quadrado. ''Você falou qu-''
''Está me controlando?'' Jimin questionou, e mesmo que ouvir a sua voz ainda fizesse o meu coração acelerar eu apenas uni as sobrancelhas em confusão.
''O quê?'' Eu perguntei, esquecendo completamente a atenção dos outros à nossa volta.
''Está ou não?''
''Não.'' Eu o respondi, de maxilar travado, sem me importar quando Taehyung me largou. ''Eu só queria...'' Te ver, precisava tanto te ver. ''Conversar com você.''
''Isso é doentio.'' Ele murmurou, revirando o olhar, empurrando a bebida dele contra as mãos de Yugyeom e saindo dali, deixando o lugar vago e um vazio no meu coração.
''Aqui.'' Yugyeom disse, estendendo o copo meio cheio de Jimin e entregando-me, deixando escapar uma risada entre os lábios.
''Cara, vocês dois tem uma pontaria que me magoa.''
''O quê?'' Eu voltei a perguntar, sem perceber o que eles aparentemente entendiam tão bem.
''Não víamos Jimin há um tempo também.'' Taehyung decidiu finalmente iluminar-me e eu acabei mordendo o lábio, achando que entendia.
''Também?'' Eu acabei repetindo.
''Nestes lugares.''
Foi então que eu percebi, mais uma vez, piscando na minha mente como um sinal de trânsito e na mesma velocidade que o meu corpo se moveu para seguir os meus instintos, que Jimin não era um robô.
Jimin... Não... Era... Um... Robô!
E não era como se ele estivesse longe, não era como se eu o tivesse perdido de vista, ou fora do alcance. Era como se ele estivesse mesmo ali, e ele estava, quando os meus pés travaram como a minha mão no seu pulso, tocando a palma da sua mão e ele se virou, estreitando as sobrancelhas na minha direção, depois se largando de mim, sem querer o meu toque.
''Me perdoe.'' Eu disse, como em automático, e Jimin não se mexeu, avaliando o meu pedido e eu dependia tanto dele.
''O quê?'' Ele perguntou, como se aquilo não fosse o que ele esperava e eu cocei a nuca, sem entender.
''Quer dizer...'' Eu divaguei, piscando devagar, com medo de o encarar e não ver nada. ''Nós podemos conversar?''
''Não.'' Respondeu rápido, soltando uma risada sarcástica e eu acabei engolindo em seco, despreparado.
''Não?''
''Não.'' Insistiu, no entanto dando um passo em frente, ficando próximo de mim, pousando, de forma ameaçadora, uma mão no meu ombro. ''Deixa eu te dizer o que você precisa de ouvir.'' Disse-me, encostando a boca contra o meu maxilar, próximo ao meu ouvido. ''O restaurante dos seus pais era legal. As suas intenções eram boas. Você é um cara simpático. Você beija bem, você toca bem, você fode bem.'' Enumerou, como se fossem grandes qualidades. ''Mas é só isso, nós acabamos por aqui.'' E então ele afastou o rosto do meu, com um sorrido de dentes sacana no rosto, encarando os meus olhos. ''Ok? Entendido?'' Perguntou, apertando o meu ombro uma vez antes de o soltar, ainda com a postura sedutora, mantendo-a até se virar, quando as suas costas relaxaram, e, à pressa, eu virei costas também, afastando a primeira pessoa que apareceu na minha frente antes de eu chocar com outra e ouvir os resmungos das duas.
O meu olhar subiu, sem saber porquê que aquele pesadelo nunca mais acabava. Mas um pesadelo nunca foi tão real, nunca cheirou tanto a maconha e a bebida de forma tão realística, nunca trouxe um choque contra os meus pulmões, mas também nunca foi tão díficil de aceitar. Nunca me deixou sem ar, nunca impediu nada no meu sistema respiratório ou cardiovascular.
''Cara.'' O garoto na minha frente chamou, sorrindo grande mas de forma tão perversa, e atordoado eu olhei-o, reconhecendo aquele rosto de primeira, reconhecendo as rastas púrpura. ''Você precisa tanto de uma bebida.'' Ele disse então, me estendendo um copo que trazia a mais nas mãos, sorrindo ainda, e suspendendo uma sobrancelha. ''Tome.''
Eu acabei segurando o copo, depois passando do lado dele com pressa, com a vontade de sair dali e perceber que Park Jimin estava oficialmente fora da minha vida.
''Jungkook!''
A minha mente pregava partidas, como se fosse possível aquela ser a voz dele, a voz que eu queria ouvir, quando eu me virei, com o braço puxado com força, para perceber que Yugyeom tinha a feição tão preocupada quanto extasiada.
''O que ele te disse? Vocês se resolveram?''
Era de se esperar. Era de se esperar que alguém pensasse isso tão facilmente, afinal Jimin me deixou com um sorriso tão provocador e radiante que era de se esperar que pensassem que ele estava me dizendo para o encontrar no piso de cima e não que eu era uma brinquedo que ele usou tão bem, como se eu não soubesse.
Eu neguei com a cabeça, percebendo a relutância dele em me soltar, mas fazendo-o para que eu pudesse sair dali, a vontade estampada em cada pestana minha.
''Jungkook!''
E, mais uma vez, eu ri, ri de mim mesmo, sem saber se ainda seria Yugyeom, ou se seria Taehyung, ou qualquer outra pessoa. Mas nenhum aperto veio, só um toque gentil no cotovelo, demonstrando uma presença, e eu me virei, sabendo que eu estava algures no céu e que aquilo era mentira.
''Me dá essa merda.'' Ele disse, malcriado, tentando tirar o copo da minha mão e eu franzi as sobrancelhas, estranhando, depois partindo os lábios, afastando o plástico quando ele o tentou tirar de mim.
''Você não sente aquilo.'' Eu declarei, como se eu soubesse, como se eu pudesse saber.
''Não faço questão de ter que te ver mais.'' Ele ignorou, puxando finalmente o copo de mim e eu deixei, porque não me fazia diferença. Logo depois ele levou aquilo até à ponta do seu nariz, cheirando e negando com a cabeça. ''Não aceite bebidas de estranhos, amor.'' Ele troçou, virando aquilo no chão, bem ao lado dele, depois atirando o copo para o chão do corredor e virando as costas de novo.
''Você não sente aquilo.'' Eu repeti, como um mantra, querendo me convencer e ele se virou, quase ofendido, me olhando de lado.
''Eu sinto tanto aquilo.'' Ele desmentiu, se aproximando mais uma vez. ''Jungkook.'' Ele chamou, a ponta das suas botas batendo nos meus ténis, a sua mão subindo para o meu pescoço, o pressionando contra a palma das mãos e o seu nariz encontrando o meu de forma que me corta a respiração. ''Você não pode achar que eu te amo.'' Murmurou, depois selando os seus lábios nos meus e quando eu fui em frente ele riu, se afastando enquanto os dois ouvíamos o chamado de Yugyeom pelo meu nome, saindo pela porta. ''Porque eu te odeio.''
Aquela foi a última coisa que Jimin me disse. Aquela foi a última coisa que Jimin disse antes de, como comprovativo de suas palavras, ele se virar e tocar os seus lábios nos de outra pessoa.
Kim Yugyeom.
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