82 ▪ ok ▪
Às vezes você acha, ou você sabe, que as coisas à sua volta vão desmoronar.
É como uma data de expiração.
Mas o mundo dá tantas voltas, e você também sabe disso, então a sua data de expiração pode vir mais tarde do que você pensou, mas também pode vir mais cedo.
E você até prevê o que vai dar errado, porque afinal tem tantos caminhos para dar errado, mas o mundo realmente gira tantas vezes que de todas as previsões nenhuma acontece.
Mas isso não quer dizer que o caos não chega.
"Quem te falou sobre?" Eu perguntei, caminhando do lado de Yugyeom pela calçada, com as mãos frias enfiadas nos bolsos dos jeans rasgados e o queixo dentro do colarinho da minha blusa.
"Taehyung." Ele sacudiu os ombros, e eu revirei o olhar, porque essa amizade começava a ficar mais chegada do que alguma vez eu previ que fosse ser. "Falou com o loirinho sobre?"
"Não." Eu sacudi os ombros, descontraído, porque afinal eu não tinha que contar sobre tudo a Jimin de qualquer das maneiras.
"As coisas ficaram estranhas desde que você... falou?"
"Não." Voltei a dizer.
Eu não sabia que aquela palavra seria tudo o que eu pensaria no final daquela noite, se repetindo na minha cabeça.
Não. Não. Não.
"Seu exame está perto." Ele desconversou, bom entendedor, e eu acenei-lhe, começando a escutar uma música que eu não conhecia e que ainda vinha baixa, do final da rua.
"É depois de amanhã." Eu concordei, e aquilo me deixava nervoso, mas eu tinha tantas outras coisas na minha cabeça que tudo aquilo era diminizado.
E não devia ser.
"Então você vai se divertir hoje." Ele estalou, positivo, pousando as mãos em meus ombros, por trás de mim, e os apertando. "Vai beber o que puder, dar o foda-se se esse cara está ou não apaixonado por você e se arrepender pela manhã."
"Ok." Eu concordei fácil, porque mesmo que aquilo não fosse eu, era tudo o que eu pensava.
"Isso mesmo, Gukie." Ele sorriu grande, feliz por aquilo, passando o braço pelos meus ombros enquanto apressavamos o passo.
E o que esperar?
Era o básico de uma festa, tinha cerveja, tinha bebida, música alta, um monte de pessoas, pessoas dançando, pessoas se pegando, pessoas bebendo.
E tinha Taehyung, com os cabelos mais vermelhos do que nunca, tomando cerveja preta, sorrindo ao nos ver e puxando-nos para a sua rodinha de amigos, onde Yoongi era o único que eu conhecia ali, mas que tinha mais três rapazes e duas garotas.
E eu não estava procurando por Jimin daquela vez, porque nós tínhamos nossa data.
Eu estava apaixonado por Jimin, e ele sabia agora, então ele iria embora em breve, nossos encontros estão contados.
Mas não é ruim, afinal foi minha decisão contar.
Depois, muitas bebidas depois, que Taehyung entregava em minhas mãos, depois de saber que eu estava ali a beber para esquecer, eu acabei me encostando na parede, os braços cruzados na frente do peito, segurando o copo com uma bebida transparente, os olhos zonzos, a cabeça pesando.
Aquela roda de amiguinhos continuava intacta, e eu também, até que o meu cotovelo foi tocado de leve e eu me virei, sem tempo de fazer nada antes de sentir os braços enlaçando o meu pescoço e a boca se chocar com a minha, uma boca, alguém mais alto do que... Jimin.
"Então, cara?" Eu resmunguei, me afastando e olhando em frente, os meus olhos querendo fechar, mas se abrindo de imediato ao perceber que para além de não ser Jimin, nem ninguém que eu conhecia em particular, era uma garota.
Era engraçado, porque ela tinha cabelos loiros e curtos, uma franja pequena e curta. Tinha calções de ganga, rasgados de alguma forma, e apenas uma blusa de alças preta e uma camisa aberta aos quadrados vermelhos e pretos.
E ela sorriu, mostrando o sorriso elegante.
"Você parece um coração partido, mesmo o que eu estava procurando." Ela disse, simpática e meiga, envolvendo as mãos nos cabelos da minha nuca.
"Gosto de garotos." Eu disse, sem me mexer, mas ela parou, como eu queria que fizesse.
"E eu de garotas, isso é legal." Ela sacudiu os ombros, e eu não reagi, percebendo-me atento. "Só quero alguém para beijar." Ela contou, voltando a sorrir. "Sei que não vai se apaixonar."
"Ok." Eu murmurei, acenando uma vez, e depois de mais um sorriso eu voltei a sentir os seus lábios contra os meus, antes de eu ser bruscamente puxado para trás por um par de mãos.
E o medo, e consciência, correram o meu olhar, temendo ser Jimin, temendo que Jimin visse aquilo.
E na teoria, não era para Jimin se importar, mas na prática eu sabia que ele o faria e isso era o suficiente.
Mas não era Jimin.
"Ei, Jungkook!" Taehyung gritou na frente da minha cara, me abanando pelos ombros, e Yugyeom ria.
Eu passei a mão pela testa, sentindo-me cansado e olhando em volta, procurando por qualquer vestígio de Park Jimin.
"O que foi?"
"Cara, Jimin não está aqui, mas que merda está fazendo?"
"Não sei?" Murmurei, passando as mãos pela minha face, massacrando-a.
"Fala para ele que gosta dele para depois fazer esta merda?"
"O quê?" Eu repeti, estreitando o olhar. "Como você sabe?"
Então Taehyung suspirou, culpado, e eu olhei Yugyeom, mas ele estava negando que fora ele e erguendo as mãos em rendição.
"Ele te falou?" Eu questionei, surpreendido, de olhar estreito. "Jimin te falou?"
Às vezes você acha, ou você sabe, que as coisas à sua volta vão desmoronar.
É como uma data de expiração.
Mas o mundo dá tantas voltas, e você também sabe disso, então a sua data de expiração pode vir mais tarde do que você pensou, mas também pode vir mais cedo.
E você até prevê o que vai dar errado, porque afinal tem tantos caminhos para dar errado, mas o mundo realmente gira tantas vezes que de todas as previsões nenhuma acontece.
Mas isso não quer dizer que o caos não chega.
Afinal, eu nunca fui bom escondendo o que quer que fosse.
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