79 ▪ easy, nice, lucky

"Pare com isso!" Jimin mandou, assim que eu apertei a sua cintura com a ponta dos dedos e com cócegas ele remexeu-se. "Jungkook!" Voltou a resmungar, empurrando as mãos no meu peito, agarrando com força o tecido da minha blusa quando eu ameacei atirá-lo da cama abaixo.

"Se a gente cair, tem um colchão nos esperando?" Eu disse, sorrindo de lado, pervertido, referente ao colchão em que Yugyeom dormia, mesmo ali ao lado da minha cama, no chão.

"Não me lembre desse colchão..." Ele resmungou, contido sobre isso, abraçando o meu quadril com as pernas, enquanto eu deixava os meus braços para cima, as mãos se encontrando na minha nuca.

"Porquê?" Eu provoquei, ciente do porquê, e Jimin revirou o olhar, deitando a cabeça no meu peito, para o lado oposto ao do dito colchão.

"Porque me lembra o porquê de ele estar ali." Respondeu-me, e eu não esperava ouvir aquela resposta, de todo.

"Jimin." Eu chamei, tomado pela coragem repentina, e ele se mexeu, arrastando a bochecha até à minha clavícula, esperando que eu o olhasse, mas eu não o fiz, sentindo a respiração quente dele contra o meu pescoço. "Seria ruim se apaixonar por mim?"

"Isso é uma crise existencial, Kookie-boo?"

Kookie quê?

"Não." Eu murmurei, incerto, e Jimin riu-se baixinho antes de subir a sua mão até à lateral da minha face, segurando-a enquanto os seus lábios encontravam a minha pele.

"Seria legal." Respondeu então, puxando-me para olhá-lo pelo maxilar, empinando o nariz para tocar o meu e sorrir sobre aquela atitude boba. "Porquê?"

Porquê, Jimin?

Porque você faz soar tão rude se apaixonar por mim, quando eu já estou apaixonado por você desde a primeira vez. Porque você descarta essa oportunidade como quem diz ao mundo que é impossível a Terra ser plana. Porque... se seria legal, porque você não se apaixona por mim?

"Porquê?" Ele insistiu, de sobrancelhas franzidas de repente, apoiando os cotovelos em cima de mim e me encarando de frente. "Seu babaca, você se apaixonou?" Questionou, levemente irritado com a possibilidade, mas no fundo divertido, acertando o meu peito uma vez com o punho fechado. "Você se apaixonou por mim, Jungkook?" Quis saber, acertando o punho de novo, e eu neguei aflito.

Claro que eu neguei.

"Não, claro que não." Eu murmurei, engolindo em seco enquanto, de forma gentil, segurava a sua cintura e o levava para o meu lado, logo me virando para ele e sorrindo torto.

"Claro... que não?" Ele repetiu, com aquela expressão insultada, com uma sobrancelha acima da outra e em pânico eu segurei a sua perna, trazendo-a para abraçar o meu quadril.

"E então? A gente tem aquele pacto estúpido de não se apaixonar, não é?" Respondi rápido, com a vontade imensa de limpar as minhas mãos, que já pareciam suadas, e afastar os meus cabelos, nervótico.

"Pacto estúpido?" Voltou a dizer, com a mesma expressão, afastando-se levemente para trás, e eu segui o seu corpo, como se tivéssemos íman, mas na verdade eu era só um medroso.

Medo de perder Park Jimin.

"Não é nada." Eu tentei, mas ele não parecia convencido. "É uma expressão, porque já está implícito que a gente não ia se apaixonar, não precisava de pacto nenhum."

"Implícito?" E dessa vez ele cerrou os olhos na minha direção, as suas mãos escorregando para os meus ombros, desconfiado. "Eu acharia fácil me apaixonar por você, então é um pacto necessário sim."

Então se apaixone! Jimin, se apaixone!

"Sim, fácil, seria fácil se apaixonar por você." Eu concordei, e ele sorriu de lado antes de me empurrar pelo ombro.

"Pare com isso!" Mandou, risonho, e eu quis muito lhe perguntar que mudança era aquela, mas ficar calado soou muito melhor. "Você é tão idiota, Jungkook." Ainda resmungou, me encarando, e eu sabia que ele estava dividindo o olhar entre os meus lábios semi-abertos e os meus olhos, mas eu não fiz nada de volta.

E continuei sem fazer nada quando ele se aproximou de novo, e me beijou, e enlaçou o meu pescoço com os braços, e depois beijou a minha bochecha, e o meu maxilar, pescoço, até a sua cabeça pousar de novo no colchão de forma preguiçosa.

"Jungkook?"

Eu estava de olhos fechados, era verdade, mas só porque aquilo era surreal, toda aquela coisa era, porque já fazia algum tempo, por quase todo o verão, e ainda éramos os mesmos, já tínhamos passado por algumas coisas, as mais difíceis e as mais bobas, mas ainda éramos nós, e por sermos nós ainda estávamos ali, na mesma posição que o início do verão.

"Está ansioso pela faculdade, semana que vem?" Perguntou-me, a sua perna descendo de cima do meu quadril para o meio das minhas pernas, nos deixando completamente colados.

E ainda de olhos fechados eu baixei a cabeça, batendo a minha testa na dele e suspirando.

"Não quero falar sobre isso." Anunciei, respirando fundo.

"Como vão as lições de condução?" Perguntou então, passando o polegar pela minha bochecha enquanto a sua mão segurava o meu maxilar, sem me obrigar a subir o rosto.

"O meu exame é semana que vem."

"Jungkook, não se diz!" Ele exclamou, batendo a palma na minha cara, em um tapa leve, e eu ri, obrigado. "Dá azar."

Mais azar do que não ter você, Jimin?

"Não faz mal."

"Você vai passar." Assegurou, mesmo que ele fosse o primeiro a dizer que eu era o mais ruim conduzindo.

"Não quero falar sobre mim." Eu disse finalmente, usando as minhas mãos para segurar a sua cintura e o empurrar contra mim, selando os seus lábios, porque pelo menos isso eu podia. "Amanhã é o seu espetáculo, você está nervoso?"

"Eu quase achei que você tinha esquecido." Confessou, a sua perna subindo mais entre as minhas enquanto eu negava levemente em um aceno. "Não estou nervoso, mas um pouquinho de sorte daria jeito."

"Você não precisa de sorte." Eu disse, com toda a certeza, percebendo a forma discreta com que começava a empurrar a sua coxa entre as minhas, chocando a minha virilha na dele.

"Nem um pouquinho?" Ele brincou, quase unindo os seus dedos em uma medida incerta, franzindo o nariz de forma engraçada antes de voltar a selar os nossos lábios. "Porque eu acho que..." Interrompeu-se, beijando-me de verdade, segurando o meu maxilar para que eu não saísse e empurrando o seu quadril contra o meu, a sua língua se envolvendo na minha, até que se afastou por um segundo, com a respiração descompassada. "...só um pouquinho não faria mal."

"Só um pouquinho?" Eu questionei, quase rindo, a sua boca ainda na minha, as nossas mãos descendo ao mesmo tempo, ocupando as minhas nas suas coxas primeiro, o puxando mais para mim, até encontrar a sua bunda e o ouvir soltar um suspiro ofegante enquanto chupava o meu lábio, e as suas, mais atrevidas ainda, alcançando o zíper da minha calça e o puxando para baixo, tentando de forma alguma enfiar a mão ali, entre a minha boxer e a calça justa.

"Só um pouquinho mesmo." Assegurou, a sua outra mão puxando os cabelos da minha nuca e a outra finalmente alcançando o meu membro por cima da calça. "Um pouquinho da sua sorte."

Se você levar o resto de sorte que me sobra, Jimin, eu perco você.

"Talvez só-"

"Wow!"

Nós dois ouvimos a porta ser aberta de rompante, e só podia ser uma pessoa a fazer aquilo, e de costas para a porta eu suspirei, fechando os olhos.

"Só wow!" Yugyeom exclamou, enquanto Jimin voltava a fechar o zíper da minha calça de forma discreta, depois puxando a perna dentre as minhas e apoiando as mãos no colchão, se sentando nele.

"Hey, Yug." Eu disse, me sentando também, sem antes empurrar a minha quase ereção para baixo.

"Olá, Yugyeom." Jimin disse então, acenando com a mão, e ainda parado na porta Yugyeom acenou, perplexo. "Tudo bem?"

E eu olhei Jimin, que estava... agindo de forma correta?

"Hey, olá." O Kim disse, entrando no quarto de uma vez, nos dando as costas ao mexer na secretária. "Desculpem se eu interrompi algo, na verdade..." E ele se virou, e eu e Jimin ainda estávamos quietos, o olhando, sentados lado a lado na cabeceira da cama. "A sua mãe está vos chamando?"

"A nós?" Eu perguntei, duvidando.

"Legal." Jimin murmurou, ficando de pé e ajeitando as suas roupas. "A senhora Jeon provavelmente está com saudades minhas." Ele especulou e eu sorri, porque, honestamente, podia muito bem ser verdade, mas depois ele caminhou até à porta do meu quarto. "Te vejo lá em baixo?" Perguntou, me olhando, e eu acenei, concordando, e ele saiu, e quando eu ouvi a porta da entrada bater eu fui obrigado a pegar na primeira almofada que parou em minhas mãos e atirá-la na direção de Yugyeom, que se desmanchou em uma risada.

"O que, cara... o que... o que vocês estavam fazendo?" Perguntou-me, perdido entre risadas ofegantes, e eu revirei o olhar, ficando de pé, apanhando a almofada que eu atirara e acertando-a na cara dele.

"Empata." Eu praticamente rosnei, entrando no banheiro e fechando a porta, ouvindo ainda mais as suas risadas.

Era fácil e legal entre nós, tínhamos sorte, mas não no que contava ao amor.

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