7 ▪are u ok? ▪
Havia dias monótonos na minha vida.
Hoje não era um deles, mas devo dizer que aprecio a tristeza alheia.
Deve estar claro que não sou um ser comum.
Não aprecio as tristezas dos outros. Aprecio a minha. Aprecio a maneira como me deixa observar o mundo de uma outra maneira.
O que me levara a esse pensamento fora o facto de eu, mais uma vez, passar o meu dia fazendo besteira.
Eu levei a limonada ao garoto bonito, entregando a mesma e virando costas. Ele segurou o meu pulso, como se me conhecesse e eu sou capaz de o ter olhado de lado por um segundo.
"Eu esqueci algo?" Eu perguntei, me virando para ele e engolindo em seco.
"Eu preciso de saber o que você não gosta em mim."
Apercebi-me ali que ele precisava daquele tipo de aprovação. Ele não soava convencido, soava magoado e isso me quebrava.
Ele queria saber o porquê de eu não me ter sentado com ele, mas isso queria dizer que eu não gostava dele?
"Do que está falando?" Eu perguntei, sorrindo torto e nervoso.
Ele olhou para o lado, rindo amargo e me encarando.
"Vai continuar a troçar de mim?" Ele perguntou, com um pouco de raiva. "Eu estou te perguntando o que faz de mim um ser tão horrível que você não quer sentar comigo nem um minuto?"
"Eu não estou fazendo isso." Neguei freneticamente com a cabeça. O meu jeito ruim com palavras iria me levar dali à cova. "Você não é horrível." Eu ri, tentando aliviar o ambiente.
Ele interpretou aquilo da forma errada e eu pude ver no seu olhar.
"Você não precisa de ser babaca." Ele resmungou, começando a arrumar as suas coisas.
"O quê?" Eu perguntei, insultado. "Você está bem?"
Ele me olhou ainda com mais raiva e então, às pressas, abriu a carteira e deixou uma nota em cima da mesa, se levantando e colocando a mochila nos ombros.
"Hey, você está bem?" Eu voltei a perguntar, pois a sua atitude não correspondia a nenhuma das outras formas que ele agira antes.
"Idiota!" Ele exclamou, a voz fininha.
"Você não precisa de ir e-"
Na minha frente, sem olhar a mesa, ele pegou o copo de limonada que havia feito especial para ele e o jogou na minha cara, batendo o pé em seguida e saindo dali.
O limão ardeu em meus olhos e rapidamente eu guinchei em susto e dor, surpresa.
Quando eu limpei a cara no avental que eu trajava percebi que todos os clientes estavam me olhando.
Sentia as pequenas cidras do limão pelo meu rosto húmido. Eu olhei para trás, tentando vê-lo, mas fora sem sucesso.
Eu caminhei para trás do balcão, logo indo à cozinha lavar a minha cara.
Eu devia estar achando que ele era apenas um garoto mimado que não aceita uma nega e é convencido o suficiente para todo o mundo o querer. Mas eu não estava. Não achava nada disso.
Entendia, a meu ver, que ele era um garoto doce e determinado, no entanto, tal como eu, estava tendo um mau dia.
Talvez eu tenha dito algo errado que não soou bem aos seus ouvidos, mas eu não fazia a mínima ideia do que podia ter sido.
"Jungkook! O que você fez para o menino?" A minha mãe perguntou-me, avaliando o meu rosto que eu sentia queimar e provavelmente estava vermelho.
"Eu não fiz nada." Eu resmunguei, agora chateado. "Eu vou para casa." Disse, no mesmo tom, me desviando dela com o cenho sério.
"Mas Taehyung veio para te ver!" Ela exclamou baixinho, quase de certeza para o avermelhado do outro lado não o ouvir.
"Não estou com paciência." Eu dei de ombros. "Peça desculpa por mim."
Eu acabei saindo pelas traseiras para que o o outro não me visse. Eu não era cobarde, eu só estava tão chateado com o sucedido que queria jogar alguma coisa em alguma parede e descontar toda essa raiva.
Como ele fora capaz de fazer aquilo? Jogar limonada na minha cara?!
Claramente ele não tem noção das consequências e isso me chateou.
Eu queria entender os seus motivos, mas nada encaixava.
Só depois, quando já tinha tomado banho e me trocado para roupas casuais e largas, eu percebi.
Ele voltaria a aparecer no restaurante?
Ele voltaria para comer o seu bolo de arroz e beber a sua limonada?
Voltaria para se desculpar?
Alguma vez ele... Voltaria para falar comigo?
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