''Só levanta, seu idiota!'' Yugyeom exclamou, apontando o maldito travesseiro de novo à minha cara, fazendo-me erguer os braços para me defender e revelar finalmente que eu estava sim acordado. ''Você está babando!'' 

''Como você consegue?'' Eu resmunguei, virando-me na cama, agarrando o meu próprio travesseiro e ficando de barriga para baixo. ''Só fica quieto.'' 

''Faltam duas semanas!'' Ele exclamou, ainda no tom alto propositado. ''Duas semanas para a faculdade e você nem essa cidade foi capaz de me mostrar ainda.''

Faltavam duas semanas para o ínicio da faculdade e duas semanas tinham passado desde a chegada de Yugyeom. 

Cursar multimédia não seria ruim, porque afinal eu já passava metade do meu tempo em frente de uma tela de ecrã. E para Yugyeom não seria ruim cursar fotografia, porque ele já era totalmente viciado nisso, então aprender um pouco mais nunca seria ruim. 

No entanto, nós estávamos ignorando todo esse futuro nem tão distante, porque Yugyeom estava demasiado concentrado em visitar todos os pontos turísticos, me roubando da cama cedo da manhã e me devolvendo tarde demais. 

A primeira coisa que visitámos foi o museu da fotografia, seguido do cinema antigo onde vimos um filme a preto e branco, sem legendas ou qualquer. outra. coisa. E daí em diante tínhamos corrido todo o tipo de coisas, desde os restaurantes que eram anunciados na mídia como os melhores dos melhores a padarias apenas de cupcakes, por exemplo. 

E, dessa vez, estava sendo muito melhor estar com Yugyeom, porque ele parecia menos receoso, mais animado, e, definitivamente, muito bom de conviver, porque por todo o lado eram risadas e por todo o lado era diversão. 

''Levanta, Jungkook!'' Ele mandou de uma vez, segurando os meus tornozelos e me puxando. ''Tem uma demonstração na faculdade de ciência nove horas!'' 

''Yug!'' Eu basicamente rosnei, batendo as palmas das mãos no colchão e erguendo o corpo, cedendo finalmente, não pelo plano, porque eu não era muito interessado em ciência, mas porque eu sabia que ele não desistiria. 

Eu rolei os olhos para ele, vendo-o convencido enquanto eu passava pela cama ao lado da minha, mas no chão, sacudindo os meus cabelos e puxando a minha boxer para baixo, indo rápido para o banheiro.

''Se despacha!'' Ele mandou, ainda com o tom exagerado, rindo em seguida. ''O coração de vaca nos espera!''

E eu acabei gargalhando, mas batendo a mão na testa, porque Yugyeom tinha lido algures que nas demonstrações científicas eles exemplificavam algumas coisas em coração de animal e muitas vezes o de vaca. 

Ter mais confiança em Yugyeom era legal, porque a cada segundo que passava eu tinha mais a certeza de que nós seríamos, e talvez já fossemos, mesmo melhores amigos, que eu poderia confiar nele sobre o que eu quisesse, porque afinal não haviam ressentimentos. 

Ao contrário do que Yugyeom realmente esperava, nós acabamos saindo cedo de casa, com tempo até para parar na lanchonete perto da faculdade de ciência. 

''Se você se esforçasse, você já poderia ter sua carteira de motorista.'' Ele resmungou, enchendo a boca em seguida com pão de cereais, encarando-me com os olhos alargados, esperando a minha resposta, mas eu nada disse, rindo. ''E eu não precisaria andar de ónibus!'' 

''Faz parte.'' Eu murmurei, puxando o suco natural através do canudo, olhando-o desse modo. ''É uma dádiva.'' 

''Você é bom ao menos?'' Ele semicerrou o olhar, completamente julgando a minha situação. ''Ou vo-''

Yugyeom acabou se calando e eu franzi o cenho, o incentivando a continuar o que quer que fosse, até que eu percebi que ele não estava me olhando e sim por cima do meu ombro. 

Então, sem saber o que eu encontraria atrás de mim, eu girei a cabeça de forma lenta, seguindo o seu olhar, vendo-o de queixo caído, mas completamente hipnotizado. 

E então eu arregalei o olhar, virando-me para Yugyeom no mesmo segundo. 

''Não, Yug!'' Eu praticamente alertei e ele finalmente me olhou. ''Só descola, nem pensar.''  

''O que foi?'' Ele acabou rindo, se recostando na cadeira e cruzando os braços de forma confortável, o olhar ainda no garoto atrás de mim. 

Mas de repente Yugyeom se ajeitou e eu percebi que ele estava vindo na nossa direção. Depois ele apertou o meu ombro e bagunçou o meu cabelo, antes de pousar uma mão na mesa e se inclinar. 

''Hey, babe.'' 

E eu arregalei o olhar, percebendo Yugyeom rindo no disfarce inútil da sua mão. 

''Hey, Tae.'' Eu murmurei, indiferente, porque eu estava realmente envergonhado por não ter falado mais com ele desde o dia em que tirara Jimin daquela festa, ou seja depois de sair para fazer o que ele me disse expressamente para eu não fazer. 

''Quem é seu amigo?'' Ele perguntou, casual, e eu o olhei, vendo Yugyeom sorrir e ajeitar os cabelos. 

''Kim Yugyeom.'' Ele acabou dizendo por si e eu apenas descansei na cadeira. 

''Legal.''  O ruivo respondeu, sorrindo-lhe também. ''Se a gente casar não precisa discutir.'' Ele acabou rindo, estendendo a mão ao de cabelos escuros. ''Kim Taehyung.'' 

Ao perceber, Yugyeom apenas gargalhou de forma contida, olhando-me no mesmo segundo e depois ao ruivo, apertando a sua mão. 

''O que vocês estão fazendo por aqui?'' Ele perguntou e foi aí que eu me toquei do horário, ficando de pé de forma rápida. 

''Conhecendo a faculdade.'' Eu o respondi, batendo no seu ombro de leve, de forma mais descontraída do que quando o vira ali. 

''Tem uma mostra hoje.'' Ele informou de forma sorridente. 

''A gente sabe.'' Yugyeom acabou revelando, ficando na nossa frente. ''Estamos indo.''

''Vocês vão se divertir.'' Taehyung assegurou, de forma demasiado... certa? ''Tenho a certeza.'' Ainda acrescentou. 

Eu o olhei estranho, concordando na mesma com um aceno, para depois lhe dizer que precisávamos realmente ir ou perderíamos o grupo. 

No entanto, desde a entrada na faculdade, eu não consegui achar nenhuma diversão no meio dos estudantes realmente interessados naquilo, até que no mesmo tempo que o meu olhar alcançou o que eu não esperava Yugyeom já estava sussurrando no meu ouvido também.

E diante os estudantes responsáveis pela mostra científica, diante as pessoas certamente mais velhas que nós, eu percebi quem eu queria perceber. 

Yugyeom estava murmurando no meu ouvido que o meu loirinho estava ali, que não estava enganado, que era ele, mas eu estava mais concentrado em vê-lo sorrir às pessoas à minha frente de forma elegante e suave, enquanto segurava uma paleta de madeira e dizia alguma coisa que não estava certamente chegando aos meus ouvidos, pois tudo o que estava correndo a minha mente era que Jimin era a melhor pessoa para usar um jaleco.