53 ▪ ketchup ▪
[C O N T I N U A]
Eu não precisei que Taehyung continuasse me segurando, porque eu não queria ir mais, eu não queria mais ir e lutar por Park Jimin, porque se Park Jimin não me queria... É, eu ia continuar querendo ele.
Pelo menos, quando eu olhei Jimin depois, quando a coragem subiu à minha cabeça, e Taehyung tinha saído para pegar outra bebida, confiando que eu não sairia dali sem ele, eu o vi rindo com o garoto que ele tinha beijado, o amigo dele.
E quando Taehyung voltou com mais bebida, porque o problema não era eu estar bebendo muito, era eu estar bebendo muito e bebida diferente, eu estava me perguntando. Estava me perguntando porque merda Jimin era desse jeito, se eu o tinha magoado tanto que justificava aquilo, mas nas palavras de Kim Taehyung eu não tinha magoado Park Jimin, e eu devia acreditar, não devia?
No entanto, se não era a dor que o movia eu não podia acreditar em mais nada que não fosse apagar aquela imagem bonita que eu tinha dele, linda.
E foi no meio de devaneios que eu o vi se afastar do garoto, largar qualquer copo de bebida, batendo no ombro do garoto alto, e se afastar para subir as escadas, e provavelmente ele estava indo ao banheiro, mas eu não ligava.
Porque eu era esse. Era Jeon Jungkook, que mesmo desistindo precisava de um desfecho, porque às vezes é só dele que você precisa, é só ele que vai conseguir te fazer seguir em frente. E mesmo que eu não quisesse seguir em frente de Park Jimin... Eu tinha que o fazer.
Eu não disse nada a Taehyung, nem disse nada quando ele chamou por mim, ou me tocou no braço, fazendo o meu caminho para o outro lado da sala, sem olhar para os lados, porque não precisava, alcançando então as escadas e subindo-as devagar, pensando em suas palavras.
Seguindo a lógica de Park Jimin, eu entrei na primeira porta, e tudo bem que não era o banheiro, mas era Park Jimin.
Era Park Jimin se segurando numa estante comprida, com os dedos segurando com força a prateleira, e o outro braço estava indo contra a sua cara, limpando-a do que quer que fosse, e ele espreitou por cima do ombro, rindo cínico, mas sem fazer mais nada a não ser se manter respirando.
O copo gelado e quase vazio quase escorregou da ponta dos meus dedos, enquanto eu passei a manga do meu moletom por baixo do meu nariz, a hábito.
''É isso que você vem fazendo?'' Eu questionei, o tom baixo, com a voz quase cortada, não o vendo mexer nem um músculo ou pensar em me responder. ''Você vai em festa, bebe, beija um cara qualquer?''
Ele ficou de lado, escorando as costas contra as prateleiras da estante, expondo o pescoço à única luz ali, escassa, vinda de lá de fora e passando através das cortinas do quarto, os olhos fechados, mas direccionados ao teto.
''Olhe a sua mão, amor.'' Ele disse, e eu quase tremi, cerrando o olhar, ciente do que havia entre meus dedos.
Eu pousei o copo no móvel mais perto, sem precisar mover os meus pés, apenas meu braço, sem desviar o olhar dele, com os braços caídos.
''Eu não estou beijando um cara qualquer.'' Eu resmunguei e Jimin riu amargo, recolhendo as pernas para que ficassem juntas e fazendo o seu corpo girar, ainda encostado no móvel de madeira, virado para mim, ainda que longe, sorrindo em escárnio, completamente sobre o efeito de álcool.
''Eu sou o seu um cara qualquer.''
''Não é.'' Eu declarei, negando com a cabeça, percebendo com o movimento rápido o meu estado. ''Você não era.''
''Ruim.''
''Essa não é sua vida.'' Eu insisti, porque eu queria que ele saísse dessa, queria que ele pudesse ficar sóbrio naquele momento, do que quer que fosse que ele tivesse tomado, queria que ele mudasse de ideias e conversasse comigo.
''Mas você não sabe o que eu estava fazendo antes.'' E ele se referia a tudo, porque eu não sabia realmente. ''Ou sabe?'' Ele rapidamente se insinuou para a frente, com o olhar cerrado, e eu fui obrigado a chegar-me à frente, quando o seu ombro escorregou e ele quase caiu, no entanto ele foi rápido a mandar-me parar com um gesto, se recompondo logo depois.
''Porque você está fazendo isso?'' Eu perguntei e ele subiu o olhar, como se aquela fosse a pergunta de um milhão e ele visse nela alguma diversão, ou algum prémio.
''Eu não gosto de tomate, Junggukie.'' Ele murmurou e as suas costas foram de novo ao encontro do móvel e depois ele escorregou até se sentar no chão e pousar os cotovelos em cima dos joelhos dobrados e as pernas abertas. ''E você é um tomate.''
E o seu corpo escorregou mais, até que ele estivesse deitado no chão, com a cabeça contra alguns livros em pé na estante, mas ele não estava ligando aparentemente.
''Vem para casa.'' Eu pedi, agora que sabia que ele não dizia coisa com coisa.
''Eu penso bastante em ketchup desde que eu te conheci, baby.''
Eu fiquei de cócoras ao seu lado, segurando a sua mão para que o pudesse puxar para cima, mas ele a largou, segurando o tecido das bainhas da própria camisola.
''Eu odeio tomate.'' Ele resmungou mais uma vez e eu tive de sorrir ao perceber. ''Mas eu amo Ketchup.'' Ele fechou os olhos, bufando para o ar. ''E Ketchup leva tomate.''
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