5 ▪what? ▪
Você consegue lembrar de quando eu disse que eu não seria bom para esse garoto?
Eu não estava mentindo e certamente eu não voltaria com a minha palavra atrás.
Por mais que todo eu gritasse para eu sentar com ele e conhecê-lo, dar-lhe um pouco de mim, eu não o fiz.
"Eu preciso trabalhar, me desculpe." Eu murmurei, me afastando da mesa dele.
De algum modo, eu saí de lá sorrindo. Eu podia não saber o que ele queria comigo, se estava se sentindo sozinho ou se simplesmente queria conversar, mas certamente ele queria algo então eu podia ficar feliz sobre isso.
"Jungkook! O que você 'tá fazendo?" A minha mãe perguntou-me mal eu puxei o papel pendurado de um recibo da caixa registadora. "Volta lá, moleque!"
"O quê?!" Eu sussurrei, aproximando o meu rosto do dela.
Ela se aproximou igualmente, tornando o tom confidencial.
"Você anda observando esse garoto desde que ele pôs o pé aqui! Volta lá, imediatamente!"
Normalmente eu obedecia todas as ordens da minha mãe sem exceção, mas certamente, pela primeira vez na minha vida, eu não iria obedecer essa.
Com um breve olhar à mesa do garoto qual eu ainda desconhecia o nome, eu percebi que ele estava maltratando os ingredientes em seu prato, não lhes ligando nenhum.
A minha mãe murmurou no meu ouvido como eu o tinha deixado triste e a única coisa que eu podia pensar era que eu mal tinha falado com ele e já estava o deixando desse jeito. Eu não tinha a certeza que a culpa era minha, mas certamente era plausível que eu desconfiasse pois acabara de lhe negar algo que ele parecia querer.
Eu não era desavergonhado o suficiente para ir lá ficar com ele ou voltar com a minha palavra atrás, mas não o ver sorrindo pela primeira vez me fez quase desistir de toda aquela bobeira e ir me sentar com ele.
No entanto, fora o mesmo motivo que me fizera ficar atrás do balcão, em frente da caixa registadora, o encarando e o vendo lentamente comer. Ele já estava triste assim, mas passaria.
Eu nunca suportaria magoá-lo mais alguma vez. É inevitável. Magoar alguém, digo. Então vindo de mim, um ser com uma personalidade delicada e um quanto peculiar, eu prefiro manter a distância de um ser como ele, que parece que é como uma pena. Todas as penas são diferentes, com certas peculiaridades, mas todas são belas. O que eu sei do garoto é que ele é o ser mais belo que eu já vi e tive o prazer de dirigir a palavra, mesmo que fosse para recusar o seu pedido silencioso de companhia.
Meu bebê, eu adoraria me sentar na sua frente e jogar conversa fora com você. Adoraria saber o seu nome, a sua idade, o que você tanto estuda toda a sexta feira na mesa do restaurante dos meus pais. Eu adoraria saber sobre o seu gosto musical e se você admira super heróis tanto quanto eu. Eu adoraria te conhecer.
Mas, meu amor, infelizmente, o destino não nos adora tanto quanto eu.
A minha mãe estava zumbindo no meu ouvido o quão idiota eu estava sendo, mas entretanto a senhora do doce de limão se aproximou. Eu aceitei o dinheiro dela para pagar a sobremesa, mas o meu olhar estava sobre os seus ombros, no menino loiro se levantando com pressa.
Quando a senhora saiu da minha beira o corpo já baixinho sobre o meu olhar deu um passo em frente.
"Eu queria pagar, por favor."
A sua voz ainda era melódica como sempre, mas o seu tom era um pouco resmungáo.
Em um ato de coragem, porque era tudo o que eu podia fazer, eu declarei:
"Deixe estar, fica pela casa."
Ele olhou para mim, com a mão dentro do bolso da calça. Eu podia dizer que ele estava furioso e eu me questionava se era tudo porque eu não aceitei me sentar com ele.
"Eu quero pagar, por favor." Ele voltou a dizer, quase nervoso.
"Fica por minha conta, a sério." Eu assegurei, sorrindo, mas ele me olhou feio. "Não vou aceitar o seu dinheiro."
Ele olhou para mim, uma ponta de raiva no bico formado em seus lábios. Ele me agradeceu de qualquer jeito, girando em seus pés e saindo dali.
Eu sorri, de alguma maneira sabendo que eu tinha causado um efeito nele. Ele caminhava em passos firmes, não deixando a porta bater pelo estabelecimento e a segurando ao invés. Ele devia saber que eu estava o observando, pois ele nunca olhou para trás. Quando eu girei em meus calcanhares, vendo o restaurante vazio, pronto para conversar com a minha mãe, a mesma estava empoleirada sobre a divisória entre a cozinha e o salão. Ela sorriu, apoiada em seus cotovelos.
"Isso vai sair da sua carteira, hein?"
Eu ri, porque eu sempre soube que seria esse o próximo passo.
"Está tudo bem." Eu disse, puxando a minha carteira do bolso e colocando uma nota na caixa registradora. "Veja se concerta a máquina da limonada." Eu resmunguei, brincando.
"É." Ela concordou, se afastando. "Veja se para a próxima senta com o garoto."
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