28 ▪ just dont fall in love with me, silly ▪
Não seria erro meu deduzir que Jimin era louco o suficiente para que aparecesse na porta de minha casa àquelas horas, então parte de mim queria sim desafiá-lo a tal, mas outra perguntava-se o que eu faria se ele agisse como eu esperava. Contragosto fora essa parte de mim que ganhara naquela noite, levando-me a sorrir para aquela mensagem, mas nada mais do que isso.
No entanto, o meu plano era dormir e ignorar qualquer outra mensagem que viesse, sendo que apenas essa foi a parte fácil de concluir. O difícil foi ignorar aquela pergunta consistente na parte mais aberta do meu cérebro. Aquela que me impediu de falar com Jimin na primeira investida dele, aquela que me afastou dos sarilhos dali em diante. E eu nunca imaginaria que haveria uma luta tão grande dentro de mim que acabasse na junção dos meus lábios nos deles.
Confiante de que eu conseguiria dormir se pusesse na minha cabeça que no dia seguinte eu iria resolver toda aquela tragédia, eu soltei todo o peso dentro de mim e deixei-me levar pelo sono que eu sabia que tinha.
Na manhã seguinte, demasiado cedo, e apenas com pouco mais do que três horas de sono eu fui obrigado a levantar-me para o dia da semana mais aterafado no restaurante.
Olá, Sabádo.
Antes de entrar realmente ao serviço, demorar mais na minha ducha prepositalmente (com esperança que fechar os olhos por uns minutos ajudasse), eu decidi responder às mensagens de Park Jimin da noite anterior.
Jimin 😜
Ah, então agora vai me ignorar?
[04h24]
Jimin 😜
Primeiro me provoca e agora isso? Isso é do mal, Jungkookie
[04h29]
Jimin 😜
Só me diz se a gente se vai encontrar amanhã
[04h32]
Eu
Estava mesmo aborrecido n'era? E hoje eu estou no turno do restaurante, então... talvez amanhã?
[08h32]
Eu sabia com toda a certeza que ele não veria aquela mensagem de jeito nenhum às horas que se faziam, então apressei-me a vestir nas minhas roupas neutras, jeans claras e t-shirt branca de mangas curtas.
Apressado para ir trabalhar, eu desci as escadas apressado, saindo de casa sem ao menos com a chave da mesma, logo adentrando o restaurante e percebendo que a clientela habitual matinal já preenchia algumas mesas.
''Mesa cinco, Jungkook.'' A minha mãe rapidamente apareceu, entregando-me dois pratos com o que pareciam ser torradas.
Eu acenei, desajeitado e sabendo que eu já devia estar ali desde a abertura e graças a isso ela estava atrapalhada. Eu sorri sem graça ao virar-me e perceber que a mesa cinco estava mesmo atrás de mim e com certeza tinha assistido a tal. Depois de entragar o pedido eu volto para o balcão, tentando entender se havia pedidos atrasados e se sim o quanto atrasados.
Agora que o meu pai passava todo o tempo noutro restaurante da nossa cadeia, as coisas pelo restaurante tornavam-se bastante apressadas, sendo que a minha mãe não deixava, nem queria, que novos empregados fossem contratados. Ela acaba por prezar a primeira conquista dela, sendo que o restaurante, o primeiro de todos eles, fora fruto de todo o seu suor e de mais ninguém, e sendo assim ela não permite novas entradas nele, acreditando que pode tratar de tudo sozinha.
E isso leva-me ao meu maior receio, pois ela está convicta que no ano que se segue eu irei cursar algo que me leve a ser um bom empresário para herdar a cadeia, mas ela ainda não sabe que esses não são bem os meus planos, daí o meu não-interesse em juntar-me a uma faculdade.
De algum modo ela também sabe que quando eu o fizer ela não vai aguentar as estribeiras sozinha no restaurante e eventualmente terá que contratar alguém, mas tenho a certeza que evita esse pensamento com unhas e dentes.
O movimento apenas acalmou muito depois do meio da manhã, o que apenas me dava alguns minutos para respirar, antes de a hora de almoço se iniciar.
''Não é melhor você almoçar já, Jungkook?'' A minha mãe perguntou-me, ajeitando a touca que usava na cozinha para prevenir qualquer tipo de cabelo na comida.
Eu neguei, pois não tinha fome ainda.
''Acho que deixo para depois.''
''Sabe como é difícil acalmar no almoço.''
Eu sacudi os ombros, olhando em volta e percebendo todas as mesas atendidas, para então me sentar ao balcão e puxar o celular do meu bolso.
No entanto, para minha surpresa, a minha mãe, pequena e do outro lado do balcão, puxou a minha nuca e esticou-se para beijar a minha testa.
''Você é um bom garoto, Jungkook.''
Eu sorri de lado, porque a minha mãe tinha essa mania de mostrar carinho com coisas bobas e em momentos ou datas mais marcantes, no entanto eu agradecia por todos os outros, como este.
No meu celular não havia nenhuma resposta de Jimin, mesmo que já passasse do meio dia. Foi ao notar as horas que eu percebi que eu não teria asssim tantos minutos de descanso como esperava.
Eu estava realmente cansado e tinha sido irresponsável e ficado acordado até horas demasiado tarde para alguém que passaria o dia em pé, servindo mesas.
Com esse descontentamento e uma grande tarde pela frente, eu levantei-me daquele banco ao balcão e fui entregar os menus às duas senhoras, que pareciam irmãs, que tinham acabado de se sentar. Elas não me prenderam por muito tempo, dizendo que já sabiam o que queriam. E enquanto elas retiravam alguns ingredientes de que não gostavam do prato, eu observei a entrada assim que ouvi o maldito sininho anunciar a entrada de alguém.
A cabeleira loira, acompanhada do corpo do baixinho, caminharam diretamente até junto do balcão, onde se sentou e pousou o seu casaco no banco livre do lado. E eu estava quase virado para seguir a bela visão que era e seria a minha distração pelo tempo que ele se encontrasse dentro do estabelecimento.
''E eu quero uma limonada.''
O meu olhar focou-se de novo nas clientes na minha frente e eu simplesmente acenei, esperando que alguma parte do meu cérebro se lembrasse do que elas me haviam pedido.
Eu voltei para o balcão, com o bloco pequeno no meu bolso traseiro batendo contra a minha coxa à medida que eu me mexia e passava os dedos pelo balcão enquanto adentrava o mesmo e encarava Jimin, sorrindo.
''Eu estou ocupado, sabe?'' Eu sorri de canto, logo me virando para dar as indicações à minha mãe, através da janela entre ali e a cozinha.
''E eu vim almoçar.'' Ele respondeu, pegando o cardápio e o colocando na frente do rosto. Eu pousei as duas mãos, de braços abertos, o esperando. E aí ele baixou e depois subiu o rosto. ''Com você.'' Acrescentou, depois de pousar o papel.
''Não vai dar.'' Eu neguei com a cabeça, depois olhando em volta para constatar o óbvio. ''Isso está cheio.''
''E você não vai almoçar em algum momento?'' Ele desafiou.
''Vou, mas será uma coisa rápida.''
''Então eu espero.'' Disse-me, convicto.
''Jungkook.'' A minha mãe alertou-me, e eu nem precisei olhar para ela para saber que eu tinha que terminar aquilo rápido.
''Eu tenho mesmo que ir trabalhar.'' Eu murmurei, um quanto desiludido por ter que dizer aquilo, e então virei-me, pegando os pratos já prontos e caminhando para os entregar nas respetivas mesas.
Quando eu voltei ao balcão, Jimin já não estava mais sentado em frente do mesmo, mas sim do outro lado, pendurando o casaco nos cabides do pessoal (que se resumiam a mim e à minha mãe).
''O que está fazendo?'' Eu questionei, com os olhos arregalados, com medo que a minha mãe visse esse menino do lado do empregados, fazendo sabe-se lá o quê.
''Ajudando.'' Ele deu de ombros, antes de a minha mãe o chamar pelo nome e ele rapidamente ir até ela, segurando dois dos pratos em tabuleiros e ouvindo as indicações dela sobre para que mesa aquilo era. Então ele saiu disparado dali e eu corri para a minha mãe, pegando as coisas seguintes.
''O que...'' Eu tentei.
''Ele quer mesmo almoçar com você.'' Ela deu de ombros. ''Ensine ele o contamento das mesas, está bem? E se ele fizer asneira é consigo.''
Eu ainda não sabia como é que ele tinha conquistado a minha mãe para que ela estivesse permitindo tal, mas eu larguei isso e esperei que ele voltasse, explicando então.
''Nós contamos na vertical visto daqui.'' Eu disse, ficando perto dele e apontando discretamente. ''Entendeu?''
Ele sorriu, meio bobo, antes de encostar o ombro no meu discretamente e cachoalhar os cabelos.
''Entendi.'' Ele acenou, mordendo o seu lábio.
''Não precisa se apressar tanto assim, só... faça em seu ritmo.''
''Se eu fizer rápido, mais depressa eu posso estar com você, não é?'' Ele mordia o lábio insistentemente, me encarando com os olhinhos pedintes e eu não fazia a mínima ideia do que fazer ali no meio.
''Acho que sim.'' Eu murmurei, inerte pela próximidade.
''Então se despache também.'' Ele bateu na minha bunda devagar, logo se afastando.
Pelas horas seguintes eu não tive que ser tão apressado graças à ajuda, mas acabei tendo que dar o meu bloquinho para Jimin, pois ele esquecia os nomes com muita mais facilidade do que eu por não estar familiarizado. E era bom demais vê-lo com a ponta da caneta colada na sua pele, junto dos seus lábios, enquanto ele esperava que a clientela se decidisse, ou vê-lo se inclinar para ver o que as pessoas apontavam no cardápio. Era bom tê-lo perto, mesmo quando eu não podia ou era suposto. E as nossas mãos disfarçavam toques muito bem enquanto trocávamos pratos, pois em algum momento acabamos dividindo o restaurante em dois.
Eramos uma equipa boa, foi o que a minha mãe me disse em segredo, quando afirmou que estava a começar a preparar o almoço dos dois, pois o movimento acalmava agora, perto das três da tarde.
''Pode sentar.'' Eu disse a Jimin, enquanto caminhava para o que seria a última mesa a ser servida.
Eu pousei o prato na frente da garotinha que se sentava do lado do que eu suspeitava ser a sua mãe. Mas então a mulher mais velha sorriu forçosamente para mim e eu parei, a encarando.
''Precisa de mais alguma coisa?''Eu questionei, com o cansaço pendente em minha voz.
''Vocês tem um empregado novo?'' Ela questionou, contragosto. Eu encarei a filha dela, que olhava atentamente Jimin, sentado ao balcão, de costas para nós. ''Se não for discrição, é que já venho cá à tantos anos e nunca o vi.''
Eu neguei com a cabeça, entendendo de primeira o que acontecia ali.
''Não.'' Acabei respondendo, mas sabia que não devia ficar por ali. ''Ele está aqui só por hoje, ajudando.''
''Pois, sábado é sempre um dia em tanto.'' A mulher já não parecia tão constragida e eu voltei a sorrir em resposta.
''Está vendo?'' A menina acabou acotovelando a mãe. ''Eu te disse que ele não era empregado.''
Aquilo só vinha comprovar as minhas suspeitas, então, alfinetado e perante o olhar incrédulo da mulher por a filha ter dito aquilo, eu pigareei.
''Ele está fazendo serviço comunitário.'' Eu menti, abertamente e para quem quisesse ouvir. ''Maus caminhos, sabe como é.''
E então eu me virei, sem querer uma resposta ou mesmo esperar por ela. E eu ultrapassei o balcão mais uma vez, pegando tanto a minha refeição como a do Park, logo a colocando no balcão em que ele se apresentava e sorrindo torto, virando-me depois para tirar limonada da máquina.
Agora eu sentia-me culpado demais por denegrir assim a imagem dele. E era uma imagem tão bonita que eu me perguntava se alguma vez alguém poderia acreditar nas minhas palavras maldosas. E agora que eu me questionava sobre... Porquê que eu tinha feito aquilo?
Depois de servir tanto a mim como a ele, eu sentei-me do seu lado e sorri para a minha mãe, que tratava agora da louça suja, do outro lado do restaurante.
''Ah, finalmente.'' Jimin soltou um longo suspiro, segurando-se nas bordas do balcão com as duas mãos e deixado o corpo cair para trás até à medida que seus braços permitiam.
''Você não precisava fazer isso.'' Eu resmunguei, zangado com a minha consciência agora pesada. ''Mas obrigado.'' Acabei acrescentando, chegando-me para mais perto e sorrindo, realmente agradecido.
''É, eu sei. Quem era você sem mim?'' Ele perguntou, retórico, gargalhando baixo antes de morder um pedaço de carne. ''Oooh, a comida da sua mãe é tão boa!'' Ele exclamou, quase me fazendo cair do banco pelo gemido inusitado.
E então eu finalmente comecei a comer também e os dois estávamos em silêncio, pois em contrapartida esfomeados e cansados.
''Eu volto já.'' Eu murmurei, passando um guardanapo pelos lábios e depois levantando-me, mesmo que não tivesse acabado a minha refeição, para ir até à caixa, atender os últimos clientes.
''Queríamos pagar, querido.'' A mesma mulher de à bocado, acompanhada pela filha que olhava de lado para o loirinho sentado a uns metros dali, sorriu-me e eu aceitei o dinheiro dela.
''Sobre...'' Eu acabei murmurando, sem me conter e sabendo que eu nunca seria capaz de levar aquela mentira até ao fim.
''Sim?''
Eu espreitei por cima do ombro, entendendo que a filha dela não prestava atenção, mas mesmo assim eu encarei a mulher com ressentimento.
''Ele... Ele não está aqui realmente em serviço comunitário.'' Eu acabei olhando para Jimin, para que ela entendesse do que eu falava. ''Ele é meu amigo e eu peço desculpa pela mentira.''
Eu nem tinha uma desculpa!
''Oh, eu entendo!'' Ela partilhou o olhar entre nós dois, aceitando o troco que eu lhe entregava. ''Felicidades para vocês.'' Ela sussurrou, parecendo que não queria que a primogênita a ouvisse.
''Nós não...''
Ela sorriu, me fazendo congelar enquanto se virava e segurava os ombros da filha para que caminhassem para fora.
Depois de um suspiro de alívio para comigo mesmo, eu caminhei de volta para o lugar onde me encontrava antes e onde Jimin me puxou para muito mais perto dele.
''Ts, serviço comunitário.'' Ele riu baixinho, com os lábios contra a minha bochecha e com o braço subindo agora para os meus ombros. ''Pelo menos me fazia alguém importante, tipo o seu patrão casado.''
Dessa vez fui eu quem ri, já não tão preocupado por ele ter ouvido a conversa e mais com o facto de a minha mãe nos ver daquele jeito próximo. O meu olhar estava nela quando ele beijou a minha bochecha, certamente corada, e antes de se afastar disse:
''Só não se apaixone por mim, bobão.''
♤♡♤
N/a
Isso ficou maçudo?
Provavelmente eu podia ter dividido em dois capítulos, mas eu não vi o porquê então peço desculpa se ficou grande assim.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top