22 ▪u said we had to talk ▪

Depois de ouvir a respiração de Jimin do outro lado da linha por um longo tempo ele desligou a chamada na minha cara.

Eu suspirei, porque não entendia qual era o receio dele em responder.

Se ele me perguntasse a mim eu diria que sim. Gritaria que sim.

No que me tinha metido?

Sentia-me apedrejado por mim mesmo, pedras que me destruíam e me deixavam sem liberdade de pensamento, acção.

O que queria eu fazer?

Mais três dias, eu sentia a sua falta, tal como eu sabia que sentiria desde que ele me beijara pela primeira vez naquela noite.

Felizmente, ou infelizmente, eu tinha uma boa distração.

Uma parte de mim sabia que deveria resolver-me com Jimin antes de Yugyeom ir embora, caso contrário o primeiro pensaria que eu estava apenas "voltando" porque o segundo tinha ido embora. Mas Jimin nem sabia a nossa história.

Era uma quarta feira chata até então, mas mal eu sabia que se tornaria uma reviravolta.

No final do dia, enquanto Yugyeom procurava por uma música que gostasse so meu laptop, eu deitava-me na cama, por cima dos cobertores, com o capuz cobrindo toda a minha cabeça e olhos, enquanto o telemóvel girava nos meus dedos, contra a minha barriga, enquanto eu tratava de tentar pensar no que mais dizer a Jimin.

Sem muitas hipóteses eu apenas enviei uma mensagem dizendo que precisávamos de conversar.

Eu não sabia nem fazia ideia do que lhe dizer, mas acreditava que quando o visse algo surgiria, mesmo que eu não fosse bom com palavras.

Eu não obtive resposta, nem no momento nem pelo resto da noite.

Yugyeom acabou por se deitar ao meu lado, tagarelando sobre o serão que tínhamos passado essa tarde no cinema.

"Hey, Guk." Ele disse em algum momento, tocando o meu queixo com o polegar e me fazendo olhá-lo. "Você parece distante hoje."

"Desculpe."

Ele agarrou o meu braço, virado de lado, ficando mais perto.

"Me conte o que vai em sua cabeça..." Ele murmurou, pedindo, enquanto pousava a sua cabeça no meu ombro.

Você. Você e Jimin. Um turbilhão. Um nó.

"Não sei." Eu dei de ombros. "Não importa." Decidi alterar a minha resposta.

"Jungguk..." Ele murmurou. "Eu correspondi as suas expectativas?"

"Não."

Ele me encarou e eu sorri.

"Você superou."

Ele gargalhou, surpreso pelas minha resposta.

Eu passei as mãos pelos cabelos dele, sedosos.

"Eu adoro as suas madeixas." Eu murmurei, encarando o teto.

"Mesmo?"

"Sim."

"Eu teria te mostrado, mas você não tem aparecido."

"Desculpe."

"Fiquei até com receio de vir e não me querer cá." Lamentou.

"Desculpe."

O que podia eu mais dizer? Eu quase que sentia que o estava a trair!

"Não peça desculpa." Ele disse, murmurando.

"Certo."

"Guk..." Ele se virou, sonolento, aproximando o seu rosto do meu.

Ele encarou-me por um tempo, a sua mão na minha face e os seus olhos não deixando os meus, me prendendo nele. Ele se moveu para cima, deixando apenas milímetros de distância entre nós.

Eu não sabia se eu queria ou não, mas a única coisa que eu pude fazer foi corresponder ao beijo dele, mesmo que estranho.

Eu sentia que lhe devia aquilo.

Mas se antes achava que o traía psicologicamente, agora achava que traía Jimin fisicamente.

Era horrível.

Ele sorriu contra a minha boca.

"Eu me perguntava se eu devia ter feito isto logo." Ele sussurrou, beijando-me mais uma vez. "Mas não parecia certo."

E agora parecia?

Duas batidas na minha porta soaram como uma saída fácil daquele momento. Eu girei na cama, enquanto autorizava a entrada da minha mãe no espaço.

"Jungkook." Ele olhou-me séria.

"Já chegou?" Eu perguntei, pigareando com a garganta.

"Sim." Ela sorriu-nos. "Acho que devia ir à porta um minuto."

Eu estreitei o olhar, sem entender, mas levantando-me.

"Já volto." Eu sorri torto ao garoto, largando a mão que não sabia que agarrava.

Eu saí do quarto, deixando a porta encostada e respirando fundo, ainda me recuperando do momento anterior.

A minha mãe tinha ido para o seu quarto, e eu descia as escadas com pressa, parando apenas quando vi a porta aberta e Jimin encostado na ombreira da mesma, de lado.

Ele tinha ouvido os meus passos, eu sabia, até porque eu ia quase saltando, então ele virou o rosto e não se moveu nem mais um milímetro.

Jimin! Jimin... Jimin! JIMIN!

Eu tratei de chegar perto dele, sorrindo e baixando o rosto.

Aquela não era a resposta que eu esperava, nem a que eu sabia lidar.

Mas, afinal, eu sabia lidar com alguma coisa?

"Desembuche logo." Ele mandou, mexendo as mãos na frente do corpo.

Eu devia ser sincero?

"Eu não sei o que dizer." Cocei os cabelos, nervoso, muito nervoso.

"Você disse que tínhamos que conversar." Ele olhou-me, semicerrado.

"Eu disse que precisava, Jimin. Eu precisava de ver você."

"Para quê?" Ele balbuciou. "Já não está mais ocupado?"  

Eu gargalhei, bobo, mas ele olhou-me chateado demais, prestes a virar-me costas e a sair dali.

"Não, espere." Eu pedi, segurando-o e deixando-o virado para mim dessa vez.

"Fale de uma vez, porra."

Não era preciso ser um expert para entender quando ele estava chateado.

"Porque está agindo assim?!" Eu disparei, irritado por ele estar irritado comigo.

"Porque você acha?!"

"Me diz!"

"Você tem um garoto e não me disse!" Ele me encarou, furioso. "Porque eu vim aqui..." Perguntava-se a si mesmo, balbuciando ao fim de um tempo.

Eu apertava a cana do meu nariz, tão perdido quando humanamente possível.

"Não é assim..." Eu murmurei, tentando ficar perto dele.

Ele me parou com a mão no meu peito, encarando a mesma e depois subindo o olhar, sem mexer a cabeça, provavelmente pela proximidade que não tinha conseguido evitar.

"Então é como?"

Como era? Jungkook! Como é?! Jungkook!

Sabendo que eu tinha autorização, eu subi a minha mão para a sua bochecha, que se moldou ao meu toque. Eu sorri, porque pelo menos ainda era assim.

E aquilo sim, parecia certo.

Eu aproximei o meu rosto, tocando os nossos narizes.

"Não há nada para me atirar dessa vez." Eu murmurei, com a memória da limonada na minha cara.

Ele socou o meu estômago, contendo um sorriso, e foi aí que eu soube que podia beija-lo.

Os meus lábios tocaram os dele num gesto tão subtil, com a mão que antes atingira o meu abdômen envolvendo agora o tecido da minha camisola no mesmo lugar.

Ele afastou-se de mim antes do tempo, erguendo o seu corpo para abraçar os meus ombros e tocar o seu pescoço no meu. Sem hesitar, segurei-lhe a cintura moldada, sentindo-me finalmente, com liberdade de novo.

"Jungkook..." Ele murmurou, e não era mais irritado ou chateado.

Eu afastei-me para o olhar, seguindo então o seu até ao cimo das escadas, onde Yugyeom estava, com a mochila que viera no primeiro dia no ombro.

"Yugyeom!" Eu exclamei, assustado. "O que está fazendo?"

"O que você está fazendo?"

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