17 ▪ you cant fight me ▪

Ver Jimin ali, com um capuz sobre os seus cabelos e as mãos nos bolsos, encarando a minha janela como se fosse o buraco para um novo mundo.

Eu susti as mãos no parapeito, inclinando o corpo.

"O que pensa que está fazendo?" Eu sussurrei. Ele riu, deixando a cabeça pender para o lado.

"O que você acha? Vem cá em baixo!"

Eu gargalhei, negando com a cabeça e deslizando a janela para que se fechasse.

Com um andar rápido e silencioso, eu roubei a chave do restaurante do quarto dos meus pais.

Desci as escadas, calçando os tênis no final, para então abrir a porta e ver a figura pequena dele me esperando.

"Você é tolo?" Eu questionei, fechando a porta e observando as ruas vazias.

"Eu não consegui vir de tarde." Ele sacudiu os ombros, encolhendo-se.

Eu neguei, incrédulo, virando-lhe as costas para abrir o restaurante.

Provavelmente se os meus pais descobrissem eu estaria metido em encrenca, mas naquele momento eu não tinha muitas hipóteses.

Ele entrou na minha frente, enquanto eu ligava apenas as luzes de uma das secções de mesas, deixando o local muito pouco iluminado, mas o suficiente para vermos.

Ele dirigiu-se para lá, passando as mãos levemente no estor e encarando-me com um sorriso torto.

Não ver o seu rosto bonito por uma semana não me tinha afetado muito, mas naquele momento, sobre a luz amarelada e fraca, eu percebi que eu sentia falta da sua presença, perto de mim.

Sentado na sua frente, eu tratei de pousar o queixo na palma da mão, batucando os dedos na minha face levemente.

"Você é doido." Eu fui o primeiro a acusar.

Ele sorriu, como se aquele elogio o deixasse mais convencido.

"Eu tive uma prova essa tarde." Ele coçou os cabelos, parecendo preocupado com a lembrança.

Eu era perspicaz e informado, sabendo então que das duas uma. Ou aquilo era uma mentira, porque nunca antes ele tivera aula sexta feira à tarde, ou era uma prova de recuperação, listada fora da aula.

"Correu bem?"

Ele sacudiu os ombros, deixando as costas contra o estufado do banco.

"Posso lembrar me de coisas melhores." Respondeu então, em um suspiro. "Estive para passar à hora de jantar, mas supus que fosse um horário atarefado."

Era querido que ele achasse que deveria ter passado, no sentido que ele teria mesmo que o fazer.

"E depois um amigo apareceu." Ele continuou. "E, ah, eu não vim durante a semana porque eu nem sabia se você estaria por perto ou... noutro lugar qualquer."

Não, Jimin. Eu nem fiquei vindo toda a tarde só para o caso de...

"Você tem mesmo de me dar o seu número." Ele voltou, aquela frase repetida.

Eu sorri de canto.

"Claro."

Foi a partir daí que ele me obrigou a puxar o celular, guardar o contacto dele. Ainda fez questão de se fotografar e salvar a fotografia, como se alguma vez eu me fosse esquecer que o nome dele, do lado do emoji que piscava o olho e mantinha a língua de fora, era dele. Depois disso ele entregou me o telemóvel dele igualmente, para que eu fizesse o mesmo.

Eu neguei, mandando-lhe apenas uma mensagem, que nada dizia, para que ele pudesse salvar o meu número. Um "chato" saiu murmurado da sua boca, quando ele pegou o próprio celular e apontou a câmera perto do meu nariz, fotografando-me sem autorização e sorrindo com o resultado. Guardou o aparelho mesmo antes que eu pudesse sequer cogitar espreitar.

"Para a próxima isto não acontecerá." Ele garantiu.

"Que pena."

Eu sentia que ele tinha interpretado como algo irônico, mas todo eu gritava honestidade.

Mais uma vez aquele sorriso vitorioso.

Ele mexeu-se, ficando mais próximo e com os braços todos em cima da mesa, as nossas caras de frente.

"Então..." Batucou os dedos na madeira. "Como foi o seu dia?" 

Daí em diante, mesmo que fosse um assunto sem muita manga para panos, ambos perdemos a noção das horas. Porque perdíamos sempre.

Mas então, algures naquela noite que começava a ficar gelada, nós entramos numa discussão agradável.

"É impossível você comer isso! É nojento!" Eu rebatia, pois realmente era.

"Você nunca provou!"

Eu ri, porque era realmente ridículo e se eu ao menos soubesse onde isso ia dar...

"Porque eu quereria provar? Essas coisas não se misturam!"

Nós estávamos rindo, e apesar de acreditar que ele realmente misturava aqueles alimentos que nunca deviam ser misturados, eu acreditava também que ele tinha noção que isso não se fazia.

"A próxima vez que a gente tiver junto eu vou enfiar isso pela sua goela." Ele ameaçou, baixando o tom de voz.

Era sempre bom ouvi-lo marcar mais um encontro inusitado entre nós.

"Queria ver você tentar." Eu desafiei, soltando um "puff" entre os meus lábios.

Ele semicerrou o olhar, se aproximando mais uma vez, tal como antes, pois no meio da barbaridade toda ele já tinha caído para trás mais uma vez.

"Você não pode brigar comigo."

O seu tom era tão... Que eu podia acreditar facilmente.

"Porquê?"

Ele sorriu de lado, convencido, sem desviar o olhar.

"Porque eu sou o amor da sua vida."

Ao invés de ficar chocado, eu acho que eu acabei sorrindo.

Era verdade? Eu iria me apaixonar por Jimin?

Antes que a minha cabeça boba começasse a criar ilusões eu observei o seu rosto, em procura de traços que ele estivesse arrependido do que dissera. Mas não. O sorriso de canto permanecia. Os olhinhos brilhantes também.

Então ele afastou-se, sem a minha resposta, mas ao invés de cair contra o banco e rir da minha cara, eu vi, através da névoa escura, ele se levantando.

De algum modo eu sabia o que ele iria fazer e quando ele chegou ao pé de mim, em um reflexo eu afastei a mesa para que ele tivesse espaço.

Uma das suas pernas passou por cima do meu corpo e o meu impulso foi segurar a sua cintura enquanto ele ficava em cima de mim, como se fosse sentar no meu colo, mas sem realmente o fazer.

Todo o meu corpo estava estático naquele momento em que o meu olhar não desprendia do seu e nós estávamos mais perto do que alguma vez antes. Os seus joelhos fixos no banco à minha volta tocavam-me as coxas e apenas isso me fazia sentir as pernas naquele momento.

A sua testa caiu contra a minha e os olhos dele estavam fechados enquanto os seus antebraços pousavam sobre os meus ombros.

Então ele me beijou, com aqueles lábios que eu sabia agora serem macios como eu imaginava. E ele era bom, beijava bem. Tinha os lábios cheios e perfeitos para os meus, finos.

Em algum momento eu puxei-o, o fazendo sentar sobre as minhas coxas e nesse mesmo segundo ele estava usando a sua língua contra a minha.

As minhas mãos passeavam pela sua cintura tão bem definida, quase associada à de uma garota, para então ele segurar os cabelos da minha nuca e subir o rosto, com os nossos narizes se tocando e as respirações ofegantes.

Eu não tinha nada para dizer e eu sabia que se o fizesse algo iria correr mal.

Os seus lábios afastaram-se e arrastaram-se pela minha bochecha, encontrando a linha que eu sabia que era definida do meu maxilar. Lábios húmidos, que pareciam sorrir contra a minha pele.

Eu tinha a certeza que ele se considerava um doido naquele momento, com um sorriso sádico de quem sabia no que se estava a meter.

E eu, sabia?

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