13 ▪read all about it ▪
Eu amassava o tecido da minha calça entre os meus dedos à demasiado tempo. As minhas unhas arranhavam o papel entre os meus dedos levemente, sem o querer estragar e muito menos o perder.
Eu não sabia que tipo de aflorecimento era esse na minha pele, me deixando nervoso por entrar em um teatro que eu certamente já havia tido o prazer de visitar antes.
Sem meios termos eu entreguei o papel à rapariga bonitinha que esperava o mesmo na entrada do edifício. Antes que eu pudesse notar, pois os meus olhos atentos e adiantados olhavam o interior, ela enrolou uma pulseira roxa em volta do meu pulso com um nó leve. Eu a olhei e sorri, sabendo que aquela era a garantia que se eu saísse dali poderia voltar a entrar.
No interior da sala que parecia grande demais aos meus olhos as pessoas ainda procuravam os seus lugares. Sabia ao certo onde era o meu, pois de tantas vezes que havia olhado para o pequeno convite havia decorado o número e a letra correspondente.
À primeira vista parecia um espetáculo simples, mas eu ainda não tinha olhado com muita atenção para que o pudesse perceber.
No exato momento que encontrei o meu lugar as luzes baixaram a luminosidade.
Talvez eu fosse só mais um bobo caindo nos milhões de encantos de Park Jimin, mas quando eu percebi que o espetáculo estava começando eu senti que todo o meu corpo iria rolar por aquela plateia de tão mole que ele estava.
De qualquer maneira eu sentei-me, vendo todo o mundo cochichando sobre a escuridão que se formava.
Quando eu olhei para o lado um sobressalto tomou conta de mim, pois apesar de não se ver nada, eu via as orbes sintilantes do garoto sentado do meu lado. Rapidamente eu percebi que ele usava lentes, mas o susto ainda ficou. Eram lentes que brilhavam, daquelas que você usa em um disfarce de Halloween.
Eu desviei o olhar para o palco, onde as cortinas abriam o palco e uma luz branca no centro era acesa, demonstrando os resquícios de pó que haviam no ar. Só então eu percebi que se devia ao falso nevoeiro que corria no chão.
Um corpo irrompeu pelo ar, em roupas pretas e justas, com um fio de seda branca no pulso que voou do seu lado.
O corpo caiu no chão, assustando a plateia, encolhido e magro.
Eu estreitei o olhar, já que eu estava para cima demais e então eu percebi a cabeleira loira.
Jimin.
Com as mãos na nuca ele levantou-se, sem qualquer apoio e apenas com a força dos seus pés nus. Os collants que traziam definiam demasiado bem as suas curvas, as quais eu sabia que estava hipnotizado. A camisola cavada em "v" mostrava grande parte do seu peitoral.
Ele estava girando na ponta do pé, com a fita branca rodando em volta do seu corpo sem parar, enquanto ele mantinha os braços no alto. E então ele caiu de novo, com as pernas uma para cada lado, fazendo as espergata e com o peito subindo e descendo de tanto ter girado.
Ele quase parecia uma marionete, fazendo todas aquelas coisas impossíveis.
Eu ajeitei-me no banco, me perguntando se aquilo não estaria doendo nele.
Uma de suas pernas se encolheu para a frente do corpo à medida que a luz se apagou e tudo voltou à escuridão.
Jimin era incrível.
Uma música iniciou-se, sinistra, quase digna de uma casa de terror.
No canto do palco um foco foi aceso e lá estava ele. Em pé, sem fita alguma e apenas nas vestes pretas, com as próprias mãos forçando a sua boca a abrir-se, uma expressão aterrorizada. O foco apagou-se.
Três segundos depois, na outra ponta do palco, ele estava lá de novo, com uma fita no pescoço que ele mesmo puxava para que o asfixiasse, logo caindo de joelhos no chão. O foco apagou-se.
Quatro segundos mais tarde, com o som desligado, ele estava no centro, afastando os cabelos para trás e fazendo uma meia vênia para agradecer, quando caiu, fingindo um desmaio ou morte.
As luzes de todo o palco se acenderam e todas as pessoas, inclusive eu, se perguntavam o que estava acontecendo.
O garoto do meu lado riu baixinho e eu o olhei.
Eu tinha ido em teatros o suficiente para saber que aquilo era encenação, mas uma parte de mim se perguntava se devia ser assim tão natural.
Cinco raparigas que envergavam um tutu e máscaras brancas e prateadas apareceram, em pontas de ballet, passando as mãos pelo rosto. Uma delas se abaixou, avaliando o rosto de Jimin, enquanto as outras quatro tomavam conta de cada um dos seus membros.
Eu ouvia todo o murmurinho à minha volta quando o mesmo se silenciou com o início de uma nova música. Uma explosão foi ouvida e as cinco cisnes brancas caíram, formando um círculo em volta do corpo do loiro, que agora se sentava, com os joelhos encolhidos contra o peito.
Com um som estridente as luzes foram-se todas de novo e com outro som da mesma categoria voltaram. A fita branca que antes agarrava o pulso de Jimin cobria-lhe agora o rosto. Ele estava de joelhos, as raparigas não se tinham mexido e o foco principal era claramente ele.
Com um puxão no tecido, Jimin foi para trás, deslizante.
O silêncio reinou por quase dez segundos, antes de a música tomar conta do espetáculo.
You've got the words to change a nation
But you're biting your tongue
Jimin ergueu-se nos seus pés mais uma vez, com a coluna dobrada pois ainda havia alguém a puxa-lo para trás através daquela fita.
Eu não tinha ligado ao significado de tudo aquilo até ali, pois estava preocupado demais com o bem estar dele.
A música seguia e os seus passos ainda eram calmos.
So come on, come on
Come on, come on
A cada "como on" produzido, Jimin chamava uma garota através de um fio invisível, deixando apenas uma no chão.
Agora, ao lado de quatro garotas Jimin preenchia aquele palco com o seu brilho e talento naturais.
Eu sabia que aquele era um espetáculo e que o Park estava representando alguém que se mantinha preso, que era mantido preso por alguém.
Percebi com o decorrer que as garotas o tentavam ajudar, mas a situação estava má demais e Jimin era alguém impossível de ajudar.
Eu perdia-me nos movimentos suaves, nas curvas delineadas.
Maybe we're a little different
There's no need to be ashamed
Jimin estava demasiado bem encaixado naquele cenário, tão empenhado e tão belo que me assustava.
So come on, come on
Come on, come on
No final ele caiu de joelhos no centro do palco, ainda com a venda sobre os olhos.
O quão difícil seria ter noção do espaço com os olhos vendados?
As quatro garotas de branco criavam um semicírculo aberto em volta de si, enquanto ele respirava ofegante. Mantinham a cabeça baixa, todas elas, mas Jimin dirigia-se ao teto.
A garota que durante todo o tempo tinha sido esquecida, movia-se agora, ficando perto de Jimin e tentando baixar-lhe a venda. Ele não permitiu tal, movendo o braço como se a afastasse, mas sem realmente a tocar. Ela caiu para o lado, quase como desmaiada, de novo.
Jimin baixou o rosto, levando a própria mão à venda e baixando a mesma igualmente, a atirando para longe.
E então, quando ele ergueu o rosto, mesmo que de longe, todo o mundo podia ver que ele chorava, mas fora forte o suficiente para passar por tudo aquilo.
Eu só não sabia mais se era apenas uma encenação.
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