11 ▪ cold ▪

Eu sentia-me impotente perante aquela situação.

Eu estava ganhando o jogo e claramente sem ideias para perguntas que eu poderia fazer a Jimin. Nas vezes que já ganhara, perguntara-lhe a sua cor preferida, que eu descobrira ser branco, a sua artista preferida, conhecia como Tory Kelly, e o seu lugar preferido, o que me chocara pois era exatamente o lugar que ele passava uma vez por semana: o restaurante da minha família.

Me vendo sem saída eu decidi simplesmente deixar a bola rolar por um dos cantos e fingir-me chateado, para que ele ganhasse e acreditasse.

Ele desatou a gargalhar quando viu a bola não acertar nenhum pino.

Sorriu-me quando o olhei, esperando a sua pergunta.

"Quando foi o seu último relacionamento?"

Ele estava escolhendo outra bola, mas subiu o olhar para me encarar.

"É isso que quer saber?"

Talvez surpresa fosse o tom da minha voz.

Ele sorriu, enfiando os dedos curtos numa bola alaranjada e me encarando.

"Um relacionamento marca um coração." Ele sorriu, pegando a bola e a segurando contra a barriga. "Qual a melhor maneira de conhecer alguém se não através coração?"

Ele sorriu-me de lado, enquanto se inclinava para voltar à pista e me esperava. Eu agarrei numa bola à sorte e me juntei a ele, sorrindo de lado enquanto nos encaravamos.

"Quatro meses." Respondi, antes de mirar o centro dos pinos e lançar.

Eu olhei os resultados, percebendo que havia ficado na frente mais uma vez e que haviam caído mais pinos na minha pista.

Nós os dois voltamos para junto das bolas, enquanto eu fingia pensar em uma pergunta que apenas queria deixar a minha língua comprida.

"Como é o seu coração?"

Jimin sorriu de lado, subindo as mangas do meu moletom até aos seus cotovelos e me olhando. O seu olhar subiu para os ecrãs da pontuação, onde ele parecia verificar algo e depois me olhou novamente.

"Se você ganhar a última eu te pago sorvete."

Ele parecia saber que eu não o obrigaria ou brigaria sobre o facto de ele não responder a minha questão.

Quando nós deixamos o bowling, comigo sendo o vencedor, e subimos para a restauração, Jimin apressou-se a entrar na loja de doces, puxando a minha mão.

Certamente ele não tinha sentido a temperatura do meu corpo gelar quando ele me tocara e segurara os dedos da minha mão com a sua da metade do tamanho.

Acabei agarrando os seus dedos enquanto ele olhava com atenção os sabores dos gelados e mantinha a ponta do dedo indicador brincando em seus lábios, mostrando a sua indecisão.

"Você já provou esse?" Eu perguntei, apontando o dedo na vitrine. Ele negou com a cabeça. "Porque não pedimos todos os que ainda não provamos?"

"Essa é uma boa ideia." Ele sorriu, mas se aproximou, colocando a sua mão em volta da minha orelha. "Mas o meu cérebro é capaz de gelar e eu posso fazer alguma loucura."

Aquela proximidade, que eu considerara provocação, não era de todo necessária. Sentia o hálito quente da sua boca contra a minha orelha, mas logo ele se afastou, sorrindo.

"Quais você ainda não provou?"

Depois de pedirmos todos os sabores que Jimin não tinha provado, pois eu já havia provado praticamente todos, nós acabamos com dois copos de gelado grandes e com várias bolas de sabores.

Acabamos por decidir sentar ali, perto da gelataria e onde ainda era quente, ao contrário do ar frio lá fora.

"Se você continua me pagando coisas eu vou-me habituar."

Eu sorri-lhe em resposta, pois eu sabia do que ele falava.

Eu não me importava de gastar dinheiro com ele, mesmo que fosse quase toda a minha mesada, mais a junção das gorjetas que eu recebia no restaurante.

"Você está pronto?"

Eu enchi a colher com um gelado que eu sabia que ele não iria gostar, em tons de castanho.

"Qual é esse?" Ele abriu a boca, me deixando encostar a colher de plástico em sua língua.

Ele fez uma cara feia, como eu sabia que ele faria, mas para lhe provar que não era mau de todo, eu enchi a colher com o mesmo sabor e fingi saboreá-la.

"Rum." Eu acabei confessando o nome do predileto.

"Nojento." Ele murmurou, logo encarando as diferentes bolas. "Qual o próximo?"

Eu voltei a segurar a colher, raspando sobre a bola meia roxa e alaranjada. Ele fez cara feia mesmo antes de provar.

"Está me dando os piores?" Ele riu, abrindo a boca de novo e me deixando alimentá-lo.

Dessa vez ele acabou gemendo e acenando em aprovação, segurando o meu pulso para que levasse a colher à sua boca mais uma vez.

"Maracujá." Eu disse-lhe, sentindo o meu pulso ser virado em minha própria direção para que pudesse saborear o sorvete. Acabei passando a língua discretamente pelo meu lábio superior, com medo de que algum resquício tivesse ficado para me importunar. "Você deveria provar todos e me dizer os melhores." Eu disse, lhe entregando a colher.

Eu só não queria continuar a dar-lhe gelado à boca, pois eu não sabia se ele estava confortável com isso ou se simplesmente achava estranho.

Ele acabou baixando a cabeça, sorrindo e voltando de imediato para encarar o sorvete.

Meu santo, eu poderia morrer com aquele sorrisinho escapando.

"Gelado." Ele disse, de repente.

"Huh?" Acabei murmurando, o encarando.

"Você perguntou como o meu coração é." Ele sorriu, quase com pena de si mesmo. "Gelado."

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top