10 ▪ and you are? ▪

[ C O N T I N U A ]

Eu não sabia o quê que ele queria dizer, mas certamente eu sabia que tinha medo de perguntar ou saber.

Engolindo em seco, sentindo toda a minha garganta aquecer, eu perguntei:

"Como assim?"

Ele olhou-me e sorriu-me, puxando as mangas da camisa para proteger as suas mãos do frio.

"Eu te conto outro dia."

Eu sabia que era suposto eu ficar contente, pois ele estava insinuando que nos veríamos, pelo menos, um outro dia. Mas eu não estava. Eu queria saber.

Ele estava me insultando?

"Você parece estar com frio." Foi o que eu disse.

"Devia ter trazido um casaco." Ele sacudiu os ombros, despreocupado.

Eu parei de andar e relutante puxei o meu moletom do meu tronco. Ele me olhou assustado.

"O que está fazendo?"

Ele realmente tinha o olhar levemente arregalado, mas eu apenas ri.

Levantei os braços e puxei a camisola pela sua cabeça, logo sorrindo ao vê-lo com todo aquele tecido em cima dos ombros e com os cabelos despenteados.

"Eu o vesti à pouco." Eu fiz questão de informar. "E estou quentinho." Acrescentei.

Ele enfiou as mãos pelas mangas, logo puxando o tecido para baixo, batendo nas suas coxas. Ele ajeitou as mangas da camisa dentro das do meu moletom.

Dando um passo em frente eu ajeitei os seus cabelos e ele riu, pois devia saber que estava mais despenteado do que nunca. Depois eu tirei o gorro dos meus cabelos e o passei pela sua cabeça.

"Você é louco." Ele murmurou, tocando os meus braços nus.

Eu voltei a sorrir reconfortante e peguei as suas mãos nas minhas, logo as aproximando da minha boca e bufando para as mesmas, tentando a todo o custo aquece-las.

Ele era um ser tão precioso que só o facto de estar passando frio me incomodava, bem no fundinho do meu estômago.

"Você está sendo querido." Ele observou e dessa vez parecia apenas totalmente surpreso. E eu voltei a sorrir pois estava demasiado abobado. "Obrigado, Jungkook."

Ele subiu os seus braços, rodeando o meu pescoço e me abraçando. Um quanto confuso eu rodeei a cintura dele levemente, completamente inofensivo e sem saber o que fazer.

Ele estava me deixando quente, porque com aquele tempo gelado e infernal eu era incapaz de estar sem frio e acho que ele o sabia.

"Os seus lábios te denunciam." Ele murmurou, se afastando.

Eu sorri torto, levando as mãos aos mesmos e percebendo que provavelmente ele estavam coloridos de roxo gélido.

Eu voltei a caminhar, na esperança que ele esquecesse o assunto. Ele saltitou para o meu lado, tocando levemente o seu cotovelo no meu enquanto andávamos.

"Provavelmente devíamos entrar em um lugar quente." Ele sugeriu, me olhando com expectativa.

"Claro." Concordei, pois não era burro assim.

Não me doeria ou faria mal entrar em um café qualquer, me esquentar e ficar sentado em frente dele, descobrindo pedacinhos da sua vida.

No entanto, continuando o nosso caminho, Jimin não entrava em café algum.

Quando eu dei por mim estava sendo empurrado para dentro de um centro comercial pouco conhecido, quase vazio aquela hora. Na minha cabeça nós poderíamos um café ali algures e nos sentaríamos, mas não foi isso que ele fez.

Conduzindo-me para o piso subsolo, nós encontramos as pistas de bowling e um atendente aborrecido fazendo sopas de letras em cima do balcão.

Jimin dobrou-se sobre o balcão, rindo e apontando um dedo sobre o livro do garoto.

"Gelado." Apontou e o garoto logo riscou a palavra. "E acaso." Apontou de novo.

O homem de ombros largos ergueu o rosto, o seu crachá perto do peito dizia que o seu nome era SeokJin e ele sorriu, logo nos vendo aos dois.

"Qual o número do seu amigo?" Ele perguntou, logo puxando uns sapatos debaixo do balcão e os passando ao baixinho.

Jimin olhava-me, em espera que eu respondesse.

"Quarenta." Eu murmurei, demorando para entender que eles já se conheciam.

"Queremos duas pistas." Jimin falou de novo, me puxando quando eu já tinha os sapatos na mão.

Ele se sentou nos bancos ali perto, logo começando a tirar os seus tênis.

"Pode ocupar as pistas que quiser." O atendente se aproximou de nós enquanto eu apertava os cordões. "Hoje está mais deserto do que nunca."

Eu sorri-lhe, porque eu era tão idiota que não sabia o que fazer para além disso.

Jimin estava abaixado, tratando de apertar os seus sapatos igualmente.

"Se divirtam."

Finalmente ele saiu dali, nos deixando a sós.

"Eu vou marcar os nomes." Jimin se levantou, logo correndo para o balcão e dizendo algo ao garoto.

Em passos lentos eu aproximei-me da pista do canto, logo observando as bolas e pegando em algumas, tentando perceber as mais pesadas, pois eram as que tinha mais confiança.

Os ecrãs em cima das duas pistas à minha frente iluminaram-se, logo sendo preenchidos por vários zeros e fazendo os nossos nomes brilharem.

Bolachinha era o nome da pista do canto e a do lado estava marcada como Jimin.

Eu ri sozinho, aproximando-me do monitor tátil perto das pistas e tentando perceber como é que eu iria revidar aquilo. Jimin ficou do meu lado, inocente, como se não tivesse ordenado aquilo.

Fiquei na frente dele, impedindo a visão dele sobre o ecrã com as minhas costas. Rapidamente eu digitei baixinho no ecrã e na mesma velocidade o nome foi substituído no ecrã acima da pista.

Quando eu o olhei novamente Jimin estava fazendo um bico com os lábios, logo se dirigindo para as bolas e pegando numa aleatoriamente. Claramente ele estava ali com fé na sua sorte.

Eu fiz o mesmo, fingindo que segundos atrás eu não tinha analisado as melhores bolas e ficando do lado dele, de frente para as pistas.

"Não olhe!" Ele mandou, exclamando, e eu desatei a rir, fazendo exatamente o contrário.

Quando ele mandou a bola e quase todos os pinos caíram ele sorriu, feliz consigo mesmo, e depois me olhou. Numa tentativa de disfarçar que eu encarava descaradamente a sua figura eu olhei o teto, com a bola pendurada entre os meus dedos.

Depois eu percebi que era a minha vez e coloquei um pé na frente, o meu braço se movimentando levemente para trás do meu corpo e ganhando velocidade para a frente.

Talvez eu não saísse muito de casa, mas a verdade é que eu sabia todas as teorias dos desportos, era só pô-las em prática.

A bola parecia voar pela pista, logo atingindo o centro dos pinos e os derrubando, não deixando nenhum de pé.

Jimin estava mais perto, de algum jeito, de braços cruzados, acenando.

"Você é bom." Ele declarou. "Por isso vamo tornar isso mais interessante."

"Claro."

Sem fazer a mínima ideia, eu me aproximei.

"Se você errar algum pino eu posso te fazer uma pergunta."

Aquilo para mim era hilário, pois se ele quisesse me fazer uma pergunta eu responderia de bom grado.

"E se você errar?"

"Você pode me perguntar também."

Ele tinha as mãos na frente do quadril e os pés levemente virados para fora, balançando-se assim.

"Se errarmos os dois?"

"Quem tiver menos."

Eu acenei, concordando, enquanto ele se aproximava do monitor para que os seus pinos fossem repostos sem que ele tivesse que tentar a sua segunda chance.

"Você está pronto?"

Eu reconhecia o tom desafiador.

"E você está?"

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