𝐂𝐎𝐍𝐓𝐎 𝐃𝐎𝐙𝐄 - 𝐎 𝐓𝐎𝐐𝐔𝐄 𝐃𝐎 𝐏𝐑𝐈𝐌𝐄𝐈𝐑𝐎 𝐀𝐌𝐎𝐑

Era uma tarde de verão, com o sol a descer lentamente no horizonte, tingindo o céu de tons laranja e dourado. Mia estava sentada na mureta de pedra que cercava o jardim da escola, os pés balançando ao ritmo de uma canção que tocava na sua cabeça. A brisa suave acariciava seu rosto, trazendo um perfume de flores e lembranças de uma época que parecia cada vez mais distante.

Mia estava prestes a completar 16 anos e, por mais que se sentisse madura, havia algo dentro dela que ainda não compreendia completamente: o primeiro amor. Era uma ideia que parecia abstrata, uma história contada por outras pessoas, mas que ela jamais tinha vivido.

Naquele dia, tudo mudou. Ele apareceu no jardim da escola, como uma figura saída de um sonho. Seus cabelos castanhos, desarrumados pela brisa, e seus olhos de um verde intenso refletiam a luz do entardecer. Pedro, o garoto novo da escola, que tinha se mudado para a cidade há poucos meses, mas que desde então, tinha capturado os olhares e corações das garotas.

Mia o observava sem que ele percebesse, fascinada pela maneira despreocupada com que ele andava, como se o mundo fosse seu, e a escola fosse apenas mais um cenário para ele explorar. Ele se aproximou do grupo de amigos de Mia, sorrindo de forma sincera e cumprimentando a todos. Quando seu olhar finalmente cruzou com o de Mia, algo estranho aconteceu. Era como se o tempo tivesse parado por um momento, e ela sentiu uma espécie de calor crescente no peito.

- Oi, sou o Pedro - disse ele, seu sorriso encantador fazendo os outros rirem. Mia sentiu seu coração bater mais rápido, mas não sabia como responder. A timidez a envolvia como um manto pesado, e ela apenas sorriu, sem saber o que dizer.

Nos dias seguintes, Pedro e Mia passaram a se cruzar com mais frequência. Ele sempre estava por perto, como se tivesse uma curiosidade silenciosa sobre ela. Mia, por sua vez, não conseguia evitar os pensamentos que o envolviam. Cada vez que ele a olhava, sentia algo novo, algo que não sabia como explicar. Não era apenas a admiração por sua aparência ou pela maneira como ele falava com todos; era uma sensação de conexão, algo que ela nunca tinha experimentado antes.

O primeiro encontro aconteceu de forma tão natural quanto o vento que soprava nas tardes quentes. Pedro convidou Mia para caminhar pelo parque no final de uma tarde de sábado. Era algo simples, mas Mia sentia uma excitação crescente, como se estivesse prestes a entrar em um novo mundo.

Andaram juntos, conversando sobre tudo e sobre nada. Sobre os livros que ela adorava, sobre as bandas que ele escutava, sobre as viagens que ele havia feito e os sonhos que ele tinha. A cada palavra, Mia sentia uma mistura de nervosismo e alegria. Nunca imaginaria que estar com alguém poderia ser tão simples, mas ao mesmo tempo tão complexo.

Aquele encontro ficou marcado na sua memória, como o primeiro vislumbre do que seria o seu primeiro amor. Não foi um beijo arrebatador nem uma declaração dramática. Foi apenas um momento de cumplicidade, de olhares que se encontravam e corações que se entendiam sem palavras. Era uma conexão silenciosa, algo que parecia estar em seus gestos e sorrisos, sem a necessidade de explicações.

Com o tempo, o relacionamento deles floresceu. Pedro e Mia passaram a ser inseparáveis. Eles riam juntos, compartilhavam segredos e até se apoiavam nas dificuldades. Mia sentia que estava começando a entender o que era aquele sentimento confuso e arrebatador. O primeiro amor era algo que ela não poderia explicar de maneira racional; ele apenas existia, vibrava nas pequenas coisas - no toque de uma mão, no silêncio confortável entre os dois, na forma como o mundo parecia desaparecer quando estavam juntos.

Mas, como todo primeiro amor, também houve desafios. O medo da rejeição, a insegurança de não ser o suficiente, e a dúvida que surgia nos momentos de silêncio. Mia, muitas vezes, se perguntava se ele sentia o mesmo, se era apenas uma fase passageira, como ela ouvia falar nas conversas sobre relacionamentos. Mas Pedro nunca fez com que ela duvidasse. Ele estava lá, firme e constante, e com ele, ela aprendeu que o primeiro amor não era algo que se pudesse controlar. Ele chegava, inesperado, e se estabelecia, sem avisos, sem promessas.

O fim do verão chegou como uma despedida silenciosa. Pedro teve que se mudar novamente, desta vez para outra cidade, e Mia sentiu como se o mundo tivesse desacelerado. Eles se despediram com um abraço apertado e prometeram que nunca esqueceriam aquele verão. Embora soubessem que o amor deles não resistiria à distância, eles entenderam que, naquele momento, o que importava era o que haviam vivido.

Mia nunca mais viu Pedro. Mas ele ficou com ela, em sua memória, como uma parte essencial de quem ela se tornará. O primeiro amor não era eterno, mas era a base de tudo o que viria depois. E com ele, Mia aprendeu que, às vezes, o amor não precisa ser para sempre para ser significativo. O primeiro amor era algo que, mesmo depois de tanto tempo, continuaria a pulsar em seu coração, como uma marca indelével.

E assim, o verão foi embora, mas o primeiro amor de Mia nunca se apagou, permanecendo como a promessa de algo mais, de algo belo e sincero, que começara sem explicação e que, de alguma forma, sempre estaria com ela.

Fim.

Escrito pela Autora Júlia (AutoraLorenzin)

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