𖦹 032

Eu sorri de canto, olhando para a taça de vinho em minhas mãos. A ideia do casamento com Eliot ainda parecia surreal às vezes, mas era algo que, de certa forma, me trazia uma sensação de estabilidade em meio ao caos que havia sido nossa vida nos últimos anos.

— Vou, sim — respondi, tentando soar mais confiante do que realmente me sentia. — Depois de tudo, acho que merecemos um pouco de paz, sabe?

Celine arqueou uma sobrancelha, claramente cética. Ela se acomodou melhor no sofá, cruzando as pernas e me olhando com aquele ar analítico que tanto me irritava e me divertia ao mesmo tempo.

— Paz? Com Eliot? — ela provocou, soltando uma risada curta. — Vamos ser honestas, Sarah, você nunca foi do tipo que busca paz. Não é à toa que acabou se apaixonando por um cara que corre na direção do perigo.

Eu ri, sacudindo a cabeça. Era verdade, claro, mas eu não ia admitir tão facilmente.

— Talvez eu esteja tentando mudar — retruquei, dando um gole no vinho. — Não quero passar o resto da vida correndo atrás de malucos e resolvendo tragédias.

— E Eliot concorda com isso? — Celine perguntou, inclinando-se para frente. — Ele também não é exatamente o tipo que sonha com uma vida tranquila e pacata.

Suspirei, sabendo que ela tinha razão, mas sem querer dar o braço a torcer. Antes que eu pudesse responder, Celine sorriu de forma maliciosa.

— E falando em malucos... — ela começou, brincando com a própria taça de vinho. — Nada do Adrian, então? Ele está mesmo... quieto?

A menção a Adrian trouxe uma sombra para a conversa, mas tentei manter o tom casual.

— Nada. Dois meses inteiros sem uma palavra, sem um movimento. Ele está... só existindo na cela dele. E, sinceramente, espero que continue assim.

Celine me olhou em silêncio por um momento, como se tentasse decidir se acreditava em mim ou não.

— Você realmente acha que ele está só... existindo? — ela perguntou, a voz mais baixa, como se não quisesse quebrar algum tipo de feitiço. — Porque, honestamente, Sarah, não parece o estilo dele. Adrian nunca faz nada sem motivo.

Eu sabia que ela tinha razão, mas não queria admitir. Não naquele momento. Então dei de ombros, tentando parecer despreocupada.

— Talvez ele tenha finalmente entendido que perdeu — respondi, tentando convencer a mim mesma tanto quanto a ela. — Às vezes, até os maiores manipuladores precisam de uma pausa.

Celine riu, mas havia algo na risada dela que me deixou inquieta.

— É, talvez você esteja certa — ela disse, embora sua expressão sugerisse que ela não estava convencida. — Mas... só para constar, eu não ficaria surpresa se ele resolvesse aparecer no seu casamento.

Eu quase cuspi o vinho com essa ideia absurda.

— Não seja ridícula, Celine — respondi, revirando os olhos. — Adrian aparecer no meu casamento? Ele é maluco, mas não a esse ponto.

— Você tem certeza disso? — ela perguntou, o tom leve, mas os olhos fixos em mim. — Porque, honestamente, Sarah, quando se trata de Adrian, eu acho que nada é impossível.

Tentei rir, mas a ideia ficou pairando no ar, como uma sombra que se recusava a desaparecer.

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