𖦹 024
Eliot e eu caminhávamos por um bosque sombrio, as árvores pareciam se contorcer ao nosso redor, como se estivessem vivas e observando cada passo que dávamos. Eu sentia um frio na espinha, uma sensação de que algo terrível estava prestes a acontecer.
A atmosfera estava carregada de uma energia pesada, como se o próprio ambiente estivesse se voltando contra nós. Eu olhava para Eliot, tentando encontrar conforto em sua presença, mas havia algo de errado em seus olhos, algo sinistro e perturbador.
De repente, o bosque se transformou em um labirinto sem fim, com corredores escuros e estreitos se estendendo diante de nós. Eu tentava gritar por ajuda, mas minha voz parecia não sair, como se estivesse sendo sufocada pelo medo que tomava conta de mim.
Eliot começou a se distanciar, desaparecendo lentamente na escuridão do labirinto. Eu corria atrás dele, desesperada para não perdê-lo de vista, mas quanto mais eu corria, mais ele se afastava.
Finalmente, cheguei a uma clareira no centro do labirinto, iluminada pela luz fraca da lua. No centro, vi Adrian, mas não era o Adrian que eu conhecia. Seus olhos estavam vidrados, um brilho selvagem neles enquanto ele devorava algo com voracidade.
Eu me aproximei lentamente, horrorizada com o que via. E então, percebi que Adrian estava comendo Eliot. Seus dentes arrancavam pedaços da carne, e o olhar de prazer em seu rosto era aterrorizante.
A cena era tão realista, tão vívida, que eu sentia o cheiro metálico do sangue, o som dos ossos sendo quebrados. Um grito preso na minha garganta enquanto eu observava, impotente, aquele horror se desenrolar diante de mim.
Então, eu acordei, suada e ofegante, o coração batendo descontroladamente no peito. O pesadelo ainda ecoava em minha mente, deixando-me com uma sensação de terror e repulsa que eu não conseguia sacudir.
Adrian novamente não estava ao meu lado.
Eu me sentei na cama, ainda atordoada pelo pesadelo vívido que acabara de ter. Respirei fundo, tentando afastar as imagens perturbadoras que persistiam em minha mente. A ausência de Adrian ao meu lado trouxe uma sensação de solidão, mas também uma pausa necessária para refletir sobre tudo o que estava acontecendo.
Eu sabia que nossas vidas estavam entrelaçadas em segredos e perigos, e o pesadelo apenas amplificou essas preocupações latentes. Adrian, ou Antoine, como ele era conhecido agora, tinha ido trabalhar, mergulhando em sua vida falsa enquanto eu enfrentava o turbilhão de pensamentos e emoções que me assaltavam.
Levantei-me da cama lentamente, decidida a não deixar o pesadelo abalar minha determinação. Tomei um banho rápido para clarear a mente e me vesti com roupas confortáveis, pronta para o dia que se estendia diante de mim.
Enquanto eu tomava café da manhã na pequena cozinha do apartamento parisiense que agora chamava de lar, repassei mentalmente o plano de nos aproximarmos de Rosalie. A ideia de transformar uma possível ameaça em uma aliada estratégica era arriscada, mas parecia ser a única opção viável diante das circunstâncias.
Depois do café, peguei meu casaco e saí do apartamento, determinada a cumprir a missão que Adrian me confiara. A Lévitité era uma confeitaria charmosa e conhecida por suas deliciosas tortas, o lugar perfeito para começar a estabelecer uma relação com Rosalie.
Comprei a torta que Adrian mencionara e segui as instruções para ir até a casa de Rosalie. O endereço estava na mesa, uma folha dobrada com letra discreta. A manhã estava fresca e o sol começava a iluminar as ruas de Paris enquanto eu caminhava em direção ao destino, pensando em como abordaria Rosalie e o que poderia surgir dessa aproximação.
A sacola de plástico era fina e as pessoas viam a mercadoria. Logo me lembrei de uma coisa que não havia contado para Adrian: O aniversário de casamento de Rosalie era em dois dias.
Logo passou um táxi e eu adentrei, indiquei o endereço para o motorista usando o pouco do francês que eu sabia e fui levada a uma residência nobre que ficava duas casas atrás da minha.
Logo, bati na porta.
— Charlotte Dubois, que prazer em vê-la! A casa está meio bagunçada porque as empregadas estão arrumando o jardim para as bodas.
— O prazer é meu, Rosalie. Desculpe a visita tão repentina, mas queria entregar pessoalmente essa torta deliciosa que achei que você gostaria de experimentar — falei, oferecendo a sacola com um sorriso amigável.
Ela aceitou o presente com gratidão, agradecendo-me e convidando-me a entrar. A casa estava realmente agitada com os preparativos para as bodas, mas o ambiente era acolhedor e cheio de vida.
— Por favor, não se preocupe com a bagunça. Está tudo muito bonito por aqui. As bodas devem ser um momento muito especial para você e Ramon — comentei, tentando manter a conversa leve e amistosa.
Rosalie sorriu, concordando e compartilhando alguns detalhes sobre os planos para a celebração.
— O que te trouxe aqui? Algumas novidades? — Ela perguntou cheia de elegância e me guiou até a cozinha — Hoje é o dia de folga do Ramon, ele está na sala. Espero que você não se importe.
Meu coração gelou ao saber que aquele homem repulsivo estava na casa, e no fundo eu tinha quase certeza que Adrian sabia. Eu queria falar com Ramon, queria ver seu rosto mais uma vez.
Enquanto Rosalie mexia no café, eu decidi abordar o assunto de forma sutil, buscando obter informações sem levantar suspeitas.
— Rosalie, você e Ramon parecem ter uma relação muito forte. Como foi que vocês se conheceram? — Perguntei, tentando parecer casual.
Ela sorriu, os olhos brilhando com um amor evidente.
— Conhecemos-nos durante uma viagem a Nice, há alguns anos. Foi amor à primeira vista, sabe? Ele é meu porto seguro, meu melhor amigo e companheiro de vida — Ela respondeu, o tom devoção em sua voz.
Eu assenti, disfarçando minha verdadeira curiosidade sobre Ramon. Decidi mudar o foco da conversa para algo mais geral.
— Deve ser maravilhoso encontrar alguém com quem você compartilhe uma conexão tão profunda. E o que vocês têm planejado para as bodas? — Perguntei, tentando parecer entusiasmada com o assunto.
Rosalie então começou a detalhar os planos para a celebração, falando sobre os convidados, a decoração e outros detalhes. Enquanto ela falava, eu observava atentamente sua reação, buscando qualquer sinal de que ela pudesse ter conhecimento das atividades sombrias de Ramon.
No entanto, suas palavras e expressões não revelavam nada além de felicidade e empolgação com o evento iminente.
— Vocês têm filhos? — Perguntei enquanto cortava uma fatia de bolo.
— Ah Ah Ah, quem dera querida! Eu sou infértil — Sua risada tinha um tom de tristeza.
Sorrindo gentilmente para Rosalie, continuei a conversa enquanto nos sentávamos para tomar café junto com a torta que eu trouxera.
— Você e Ramon parecem ter uma conexão especial. E vocês têm alguma tradição especial para comemorar o aniversário de casamento? — Perguntei, buscando informações que pudessem ser úteis para o plano de aproximação.
Rosalie assentiu, um brilho nostálgico em seus olhos.
— Sim, nós costumamos fazer sempre uma grande festa, essa será muito especial pois fazemos cinco anos juntos. Eu vou esperar ansiosa pela sua presença — Ela explicou, um sorriso feliz iluminando seu rosto.
Enquanto Rosalie compartilhava suas memórias, eu a observava atentamente, tentando captar qualquer sinal de que ela estivesse escondendo algo ou tinha conhecimento das atividades obscuras de Ramon.
No entanto, suas expressões e palavras pareciam genuínas, e eu não conseguia encontrar indícios de que ela estivesse envolvida nos segredos de Ramon.
Nesse momento, ouvimos passos se aproximando, e Ramon entrou na cozinha. Seus olhos percorreram o ambiente e, ao me ver, fixaram-se em mim de uma maneira que me fez sentir desconfortável, como se estivesse me avaliando.
— Quem é essa, Rosalie? Uma nova amiga? — Ele perguntou, a voz suave, mas havia uma frieza em seu olhar que me fez estremecer por dentro.
Rosalie sorriu, apresentando-me.
— Esta é Charlotte Dubois, uma vizinha encantadora que trouxe essa deliciosa torta como gesto de amizade — Ela explicou, tentando manter o clima leve e amistoso.
Ramon se aproximou, olhando-me de cima a baixo de uma maneira que eu não conseguia interpretar completamente. Havia um brilho de desconfiança em seus olhos, mas ele manteve um sorriso educado no rosto.
— Acho que já nos conhecemos — Ele sorriu malicioso — Você esteve em Vancouver nas últimas semanas?
— Não. Nunca estive em Vancouver — Respondi com firmeza.
Ele levantou as sobrancelhas e deu um sorrisinho.
— Deve ter sido engano. Eu sou Ramon Schattenjäger Taylor — Ele estendeu a mão e eu retribui.
— É um prazer, sou Charlotte Dubois.
Ele não usava um nome falso e eu me perguntei o porquê. Será que Ramon era um nome falso?
Ramon continuava a sorrir, mas havia algo em seus olhos que me deixava inquieta. Ele insistiu em mencionar Vancouver mais algumas vezes durante a conversa, sempre de forma sutil, como se estivesse testando minha reação ou tentando me desestabilizar.
— Vancouver é um lugar fascinante, não é? — Ele comentou casualmente enquanto servia uma xícara de café.
Eu concordei, tentando manter a calma e disfarçar minha ansiedade diante das insinuações de Ramon.
Era evidente que ele conhecia mais do que aparentava, e isso me deixava em alerta máximo.
Rosalie parecia não perceber a tensão subjacente na interação, continuando a compartilhar histórias e planos para as bodas. Eu mantive minha compostura, participando da conversa e buscando pistas sutis sobre o verdadeiro Ramon por trás da fachada amigável.
Enquanto conversávamos, percebi que Ramon tinha um interesse peculiar em meu trabalho. Ele fazia perguntas pontuais sobre minha área de atuação e minhas experiências profissionais, como se estivesse tentando decifrar alguma informação oculta.
— Charlotte, você tem algum projeto em andamento que possa me contar? Sou bastante curioso em relação ao mundo dos negócios — Ele perguntou, o sorriso ainda presente em seu rosto, mas seus olhos transmitindo uma intensa curiosidade.
Decidi manter as respostas vagas e gerais, sem entrar em detalhes que pudessem revelar demais sobre mim ou sobre as verdadeiras intenções por trás da minha presença em Paris.
— Ainda não tenho um emprego em Paris, mas acretido que a surpresa faz parte da magia dos negócios, não acha? — Respondi com um sorriso enigmático.
Ramon assentiu, mas pude perceber um lampejo de frustração passageira em seu olhar. Ele estava acostumado a ter controle e informações privilegiadas, e minha reserva o perturbava.
A conversa continuou por mais algum tempo, até que Rosalie sugeriu dar uma volta pelo jardim para aproveitar a manhã ensolarada. Eu aceitei prontamente, agradecendo a hospitalidade e a oportunidade de explorar o ambiente externo.
Enquanto caminhávamos pelo jardim bem cuidado, eu percebi que Ramon se mantinha próximo, observando-nos atentamente. Sua presença constante era desconfortável, mas eu não podia demonstrar qualquer sinal de nervosismo ou desconfiança.
— Charlotte, você deve estar gostando de Paris. É uma cidade incrível, não é mesmo? — Rosalie comentou, interrompendo meus pensamentos.
— Sim, Paris é maravilhosa. Tem uma energia única que cativa qualquer um que a visita — respondi, apreciando a beleza do jardim enquanto escolhíamos um banco para nos sentarmos.
Ramon se juntou a nós, mantendo um semblante descontraído, mas eu podia sentir sua atenção voltada para mim, como se estivesse esperando por alguma reação ou informação específica.
— Acho que o interior do sul da França pode ser ainda mais bonito.
Enquanto Ramon mencionava o sul da França e eu sentia um arrepio percorrer minha espinha, Rosalie sorria, parecendo alheia à tensão entre nós. Decidi manter a compostura e responder de forma neutra, sem dar pistas sobre o meu conhecimento de Le Lavandou ou sobre qualquer conexão com aquela região.
— Sim, tenho ouvido coisas maravilhosas sobre o interior do sul da França. Deve ser um lugar encantador para se visitar — Respondi, tentando desviar o foco da conversa para algo mais genérico.
Ramon assentiu, mas seus olhos permaneceram fixos em mim por um momento mais longo do que o confortável. Ele sabia algo, eu podia sentir isso no ar, mas não queria dar a ele o prazer de ver qualquer sinal de fraqueza ou medo em minha expressão.
Rosalie, alheia à tensão, continuou a falar sobre planos futuros e suas esperanças para os próximos anos. Eu a ouvia atentamente, mas minha mente estava ocupada tentando decifrar os próximos passos diante da evidente vigilância de Ramon.
Decidi mudar sutilmente o rumo da conversa, buscando obter mais informações sobre Ramon sem levantar suspeitas.
— Rosalie, como foi que você e Ramon decidiram se estabelecer em Paris? — Perguntei, tentando parecer interessada na história deles.
— Decidimos vir para um novo ambiente para novas possibilidades já que tínhamos recebido a notícia de que eu não podia ter filhos.
Enquanto ela falava, eu observava a reação de Ramon, buscando qualquer sinal de desconforto ou tensão em suas expressões.
No entanto, ele parecia bastante relaxado, como se estivesse apenas aproveitando o momento ao lado de Rosalie e não suspeitasse das minhas intenções ocultas.
— E você, Charlotte? O que trouxe você e Antoine para Paris? — Rosalie perguntou de repente, seus olhos se estreitando ligeiramente enquanto esperava pela minha resposta.
Eu sorri, mantendo a calma mesmo diante da intensidade de seu olhar.
— Paris sempre foi um sonho para mim, e a oportunidade de explorar novos horizontes profissionais aqui foi irresistível — Respondi, dando uma resposta genérica que não revelasse muito sobre os verdadeiros motivos por trás da minha presença na cidade.
Ramon parecia insatisfeito com a resposta.
— Tenho certeza que não foi uma decisão de última hora — Ele disse.
Assim que esvaziei meu prato, Rosalie pegou ele e levou para pia onde poderia lavá-lo. Logo Schattenjäger sentou ao meu lado na mesa.
Ramon sorriu de forma sutil, como se estivesse se divertindo com algo que só ele entendia.
— Ah, então você tem um marido... Antoine Dubois, certo? Médico pediatra? — Ele disse, sua voz suave contrastando com a informação sinistra que ele trouxe à tona.
Meu coração deu um salto em meu peito ao ouvir aquele nome sair dos lábios de Ramon. Minhas suspeitas estavam se confirmando, ele estava ciente da conexão entre nós, e isso era perigoso.
— Sim, Antoine é meu marido — Respondi, mantendo a compostura apesar da torrente de emoções que se agitavam dentro de mim.
Ramon deu uma risadinha, como se estivesse se divertindo com algo que só ele sabia.
— Que coincidência, conheço bem Antoine Dubois. Na verdade, você poderia dizer que tínhamos uma relação... profissional. Pena que seu irmão estragou nosso último encontro. Foi uma pena mesmo — Ele disse, com um tom de sarcasmo e malícia evidente em suas palavras.
Meu sangue gelou enquanto eu processava a implicação por trás das palavras de Ramon. Ele estava confessando, de forma velada e ameaçadora, que tinha envolvimento na morte do irmão de Adrian.
Engoli em seco, lutando para manter a calma diante daquele homem perigoso que agora revelava seu verdadeiro eu. Minhas mãos tremiam levemente, mas eu não podia demonstrar fraqueza.
— Você parece gostar de brincar com jogos perigosos, Ramon. Mas tenha cuidado, pois nem todos os jogadores são tão fáceis de manipular como você pensa — Respondi, com uma firmeza que escondia a tensão em meu interior.
Ramon sorriu novamente, como se apreciasse a minha resposta desafiadora.
— Ah, eu adoro um desafio, Charlotte. E parece que você também. Mas lembre-se, no final do jogo, apenas os mais astutos sobrevivem. E eu sou muito astuto — Ele disse, seus olhos brilhando com uma intensidade que enviava calafrios pela minha espinha.
Eu mantive meu olhar firme, sem vacilar diante da ameaça velada de Ramon. Eu sabia que estava lidando com um homem perigoso, mas também estava decidida a não recuar diante dele.
— Deixei vocês escaparem da última vez, mas desta vez não será tão fácil, Sarah Bloom — Ramon disse, seu tom suave agora carregado de ameaça e determinação.
Meu coração acelerou ao ouvir meu verdadeiro nome ser pronunciado por ele. Ramon estava jogando suas cartas abertamente, mostrando que conhecia muito mais do que eu poderia imaginar.
— Você pode ter seus jogos e suas ameaças, Ramon. Mas saiba que estou mais preparada do que nunca para enfrentar qualquer obstáculo que você coloque no meu caminho — Respondi, mantendo a postura firme e decidida.
Ramon inclinou-se ligeiramente em minha direção, um sorriso sutil brincando em seus lábios.
— Vejo que você não perdeu sua coragem, Sarah. Isso é admirável. Mas não se engane, desta vez não haverá escapatória. Você e seu querido canibal estão na minha mira, e eu não pretendo falhar desta vez — Ele afirmou, a voz carregada de autoridade e confiança.
Eu não poderia subestimar a ameaça que Ramon representava. Ele era um adversário astuto e perigoso, com recursos e conexões que poderiam ser letais se não fossem tratados com cuidado e estratégia.
— Se você quer jogar esse jogo, Ramon, é melhor que tome cuidado onde mexerá as peças — Declarei, o olhar determinado refletindo minha determinação em enfrentá-lo.
Ramon apenas riu, como se estivesse se divertindo com a nossa interação.
— Veremos quem sairá vitorioso no final, Sarah. Pretendo destruir seu rei — Ele sugeriu, um brilho calculista em seus olhos. Ele fazia referências as peças de xadrez.
Eu sabia que não poderia baixar a guarda diante de Ramon. Cada movimento, cada palavra precisava ser cuidadosamente planejada para não revelar mais do que necessário sobre nossos objetivos e estratégias.
— Muito bem, Ramon. Vamos aproveitar o dia, mas não se esqueça de que este é apenas o começo de nossa história. O verdadeiro jogo ainda está por vir, e eu estarei pronta — Afirmei, determinada a enfrentar os desafios que estavam por vir.
Ramon assentiu, satisfeito com a resposta desafiadora.
— Estou ansioso para ver até onde você pode chegar, Sarah. Afinal, uma boa disputa sempre torna as coisas mais interessantes, não acha? — Ele comentou, o sorriso malicioso nunca deixando seu rosto.
Eu sabia que estava entrando em um território perigoso, mas também estava decidida a não recuar diante das ameaças de Ramon. Este era apenas o início de um confronto que definiria o destino de muitos, e eu estava determinada a lutar até o fim.
Rosalie veio até nós novamente e eu me levantei, com o intuito de ir embora, mas percebeu a tensão na atmosfera e sugeriu um passeio pelo jardim, onde as empregadas estavam ocupadas decorando para as bodas. Ela queria mostrar a beleza dos preparativos e criar um momento de descontração entre nós.
Enquanto caminhávamos pelas alamedas floridas, Rosalie comentou sobre as metáforas da vida que ela via na natureza ao nosso redor. Ela falou sobre como cada flor tinha seu tempo de desabrochar, assim como cada desafio na vida nos trazia oportunidades de crescimento e renovação.
— É como se o jardim fosse um reflexo das nossas próprias jornadas, não acha, Charlotte? Cada flor tem sua história, suas cicatrizes e suas vitórias. É isso que torna a vida tão fascinante — Rosalie disse, os olhos brilhando com uma sabedoria tranquila.
Eu concordei, apreciando a maneira como ela via a vida de uma perspectiva tão poética e profunda.
— Você parece ter uma visão muito bonita da vida, Rosalie. É inspirador ver como você encontra significado até nos detalhes mais simples da natureza — Comentei, admirando sua filosofia positiva.
Rosalie sorriu, parecendo genuinamente feliz com o elogio.
— Acredito que precisamos encontrar beleza e significado em todos os momentos, mesmo nos mais difíceis. Isso nos ajuda a seguir em frente e a manter a esperança viva, não é mesmo? — Ela respondeu, tocando em algo profundo dentro de mim.
Enquanto conversávamos sobre as lições que a natureza nos oferece, Rosalie deixou claro que não estava ciente do passado sombrio de Ramon. Ela falou sobre como ele era uma pessoa carinhosa e dedicada, um marido amoroso e um parceiro leal.
— Ramon pode ser um pouco reservado sobre seu passado, mas eu confio plenamente nele. Ele é meu apoio, meu confidente, e nunca hesitou em me mostrar o melhor da vida — Rosalie disse, o orgulho e o amor evidentes em sua voz.
Eu assenti, mantendo meu próprio conhecimento sobre Ramon em segredo. Era importante não revelar informações que pudessem comprometer nossos planos ou colocar Rosalie em perigo.
— É maravilhoso ver o quanto vocês se apoiam e se amam. O respeito e a confiança mútuos são a base de qualquer relacionamento sólido — Comentei, escolhendo minhas palavras com cuidado.
Rosalie concordou, e continuamos a explorar o jardim enquanto trocávamos histórias e reflexões sobre a vida. Ela parecia genuinamente interessada em conhecer mais sobre mim, e eu compartilhei alguns detalhes da minha vida pessoal de forma geral, mantendo o foco na conexão que estávamos estabelecendo.
Enquanto caminhávamos, pude sentir a serenidade do jardim se mesclar com a tensão subjacente da situação. Era um lembrete de que, por trás da beleza e da tranquilidade, existiam segredos e perigos que precisávamos enfrentar.
Ao final do passeio, Rosalie expressou sua gratidão pela nossa conversa e pelo tempo que passamos juntas.
— Foi um prazer conhecê-la melhor, Charlotte. Espero que possamos ter mais momentos como este no futuro — Ela disse, com um sorriso caloroso.
— Vamos ter, estarei aqui no sábado. Tenha um bom dia, Rosalie.
— Quase ia me esquecendo! Será um baile de gala com máscaras. Venha caracterizada — Ela sorriu.
Eu concordei, agradecendo a hospitalidade e o acolhimento de Rosalie. Sabia que precisávamos continuar cultivando essa relação, mesmo que fosse desafiador, pois poderia ser uma peça importante no jogo que estava por vir.
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