𖦹 021
A falta de Vancouver, de vestir o uniforme da polícia e de ter um crachá com meu nome começou a palpitar nessa época. Junto também, sentia falta da Sophie e de Eliot. Lembrei do cheiro dele, lembrei do toque e do beijo que por mais que rápido era memorável.
Eu e Adrian estávamos em Paris há dois meses, tínhamos agora o hábito de nos chamarmos pelos nomes falsos criados para seguir essa farsa. O hospital que Adrian trabalhava se chamava Jardim Pediátrico Hospitalar. Era um lugar grande e espaçoso, bem moderno até, mas tudo com a arquitetura francesa.
Atendiamos pelos nomes de Charlotte e Antoine Dubois, um casal de recém casados que vivia no interior dos Estados Unidos. Uma farsa, nossa farsa.
Estávamos sentados na nossa casa chique em um bairro nobre de Paris, era um condomínio com construções magníficas. Nossa casa era a número 47 perto da padaria Lévitité.
A lareira estava acesa, e eu estava deitada no sofá branco e grande da sala de estar enquanto Adrian folheava algum livro de Nietzsche. Ele estava usando os óculos que raramente usava, somente em momentos de leitura.
— Você vai a um chá da tarde amanhã — Ele afirmou.
— Eu vou? — Perguntei enquanto via ele folhear mais uma página do livro.
— Vai sim, com as mulheres que são esposas dos médicos do hospital. Elas vão fazer um chá da tarde no Parc des Tulipes as três, confirmei sua presença com uma mulher de cabelos compridos e escuros estava lá.
Ótimo, um encontro de esposas das futuras vítimas de Adrian. Que ótimo.
O Parc des Tulipes era uma antiga floricultura que foi doada para a associação de moradores do nosso bairro para festas, palestras e encontros.
A atmosfera na sala parecia pesar ainda mais após a menção do chá da tarde. Minha mente começou a trabalhar freneticamente, tentando encontrar uma maneira de evitar o evento sem levantar suspeitas.
— Adrian, eu não sei se quero ir. Talvez eu deva fingir estar doente ou algo assim... — murmurei, mais para mim mesma do que para ele.
Adrian abaixou o livro e me olhou com uma expressão séria.
— Não podemos levantar suspeitas, Sarah. Você precisa ir e manter as aparências. É importante para nossa segurança.
Sua resposta foi direta, como sempre. Ele tinha um dom para lidar com essas situações delicadas sem se abalar emocionalmente.
— Mas e se elas começarem a perguntar demais? Eu não sei se consigo manter essa farsa por muito tempo.
Minhas preocupações eram legítimas. Estar cercada por mulheres que desconheciam nossos verdadeiros motivos poderia ser arriscado. Mas Adrian tinha uma resposta para tudo.
— Confie em mim. Não vamos discutir isso agora. Apenas vá, participe do chá da tarde e seja a Charlotte encantadora que todos acreditam que você é.
Havia uma firmeza em sua voz que me fazia querer acreditar nele, mesmo quando minha intuição dizia o contrário.
— Se elas perguntarem na lua de mel...?
— Diga que foi em uma praia na América Central — Ele continuou folheando o livro como se não tivesse a menor importância — Mas elas vão perguntar sobre filhos, tenha certeza disso.
Suspirei, sentindo o peso das expectativas e dos segredos que os envolviam. Me levantei do sofá, caminhando até a janela para olhar a paisagem noturna de Paris, as luzes cintilantes dando um ar mágico à cidade.
— Eu sei que elas vão perguntar sobre filhos. E aí? Qual é a nossa história fictícia dessa vez? — Sarah questionou, mantendo o olhar fixo na cidade que se estendia além da janela.
Adrian fechou o livro e se aproximou dela, colocando uma mão em seu ombro.
— Podemos dizer que estamos considerando a ideia, mas que ainda é cedo demais para tomarmos uma decisão definitiva. Isso deve acalmar qualquer curiosidade excessiva.
Eu assenti, absorvendo a sugestão de Adrian.
— Parece plausível. Mas e se elas insistirem? — Levantei os olhos para encontrar os de Adrian, buscando uma segurança que só ele parecia ser capaz de proporcionar.
Adrian ponderou por um momento, pensando na melhor abordagem para lidar com possíveis perguntas incômodas.
— Se elas insistirem, apenas diga que é um assunto delicado para nós dois e que preferimos manter isso em particular por enquanto. Não precisamos dar muitos detalhes.
Concordei, sentindo-se um pouco mais preparada para enfrentar o evento do dia seguinte.
— Tudo bem, acho que consigo lidar com isso. Vou me esforçar para ser a Charlotte encantadora que você quer que eu seja.
Adrian sorriu, acariciando o rosto dela com ternura.
— Você sempre foi encantadora, Sarah. Apenas seja você mesma, e tudo ficará bem.
[...]
Acordei sozinha naquela manhã, Adrian sempre saía para trabalhar às seis e dez. Dormíamos juntos todas as noites. A falta de Adrian começava a pesar sobre mim, mesmo sabendo que era parte da nossa estratégia. Ele era meu porto seguro nessa vida de mentiras e disfarces, alguém em quem eu confiava plenamente, mesmo quando tudo ao nosso redor era uma encenação cuidadosamente montada. Mas havia algo mais que também começava a me incomodar profundamente: a falta de Eliot.
Com Eliot, não havia necessidade de mentiras ou histórias fictícias. Era real, genuíno. Lembrei-me das conversas tranquilas, dos momentos compartilhados sem máscaras, do toque que ia além de qualquer encenação. Com ele, eu era eu mesma, sem precisar esconder quem eu era ou fingir ser alguém diferente.
A saudade de Eliot era diferente da saudade de Adrian. Com Adrian, era a falta do meu parceiro na farsa, daquele que compartilhava o peso dos segredos e das aparências. Com Eliot, era a falta de algo verdadeiro, de algo que eu sabia que era real e profundo.
Enquanto me levantava naquela manhã solitária em Paris, o vazio ao lado da cama era um lembrete silencioso de duas ausências que me afetavam de maneiras diferentes. Uma era uma parte necessária do disfarce, a outra era a ausência de algo genuíno e verdadeiro que eu não podia ter naquele momento.
E assim, enquanto me preparava para o dia e para o chá da tarde que se aproximava, uma parte de mim ansiava não só pela presença reconfortante de Adrian, mas também pela autenticidade e simplicidade que Eliot trazia à minha vida. Duas partes de mim, duas faltas que deixavam um vazio difícil de ignorar.
Decidi vestir um dos meus vestidos novos favoritos: um lindo vestido branco e dourado, leve e fluido, perfeito para causar boas impressões. O vestido tinha detalhes encantadores, como rendas delicadas no decote e nas mangas, adicionando um toque romântico ao meu visual.
Meu cabelo estava levemente ondulado, preso em um coque baixo despojado, deixando alguns fios soltos suavemente emoldurarem meu rosto. Optei por uma maquiagem suave, destacando meus olhos com tons de rosa e marrom, e realçando minhas bochechas com um blush rosado e meus lábios com um batom nude.
Adicionei alguns acessórios delicados: um colar de pérolas, brincos pequenos e uma pulseira discreta, que complementam o visual com um toque de sofisticação.
Adrian sempre dizia que quanto mais chique uma mulher aparenta, mais delicada ela aparenta.
Ele sempre enfatizava a importância da imagem e das aparências, especialmente em ambientes onde o disfarce e a dissimulação eram essenciais. Enquanto me olhava no espelho, tentando absorver o conselho implícito de Adrian, uma mistura de sentimentos me invadia.
Por um lado, havia uma sensação de confiança ao me preparar para o chá da tarde, sabendo que minha aparência era cuidadosamente planejada para transmitir uma imagem de elegância e refinamento. Por outro lado, havia uma pontada de desconforto ao lembrar que toda essa fachada era parte de uma vida que não era totalmente minha, uma vida cheia de mentiras e segredos.
Vesti um sobretudo elegante para combinar com o vestido, peguei minha bolsa e saí da nossa casa no condomínio luxuoso em direção ao Parc des Tulipes, onde o chá da tarde aconteceria.
O Parc des Tulipes estava encantador como sempre, com suas flores coloridas e a atmosfera tranquila que contrastava com a agitação da cidade lá fora. Cheguei ao local e fui recebida por outras mulheres que pareciam tão impecáveis e elegantes quanto eu, cada uma desempenhando seu papel na encenação da vida perfeita.
— Você deve ser a Charlotte, esposa de Antoine Dubois!Tu es belle! — Uma mulher de longos cabelos longos me cumprimentou, provavelmente a mesma que falará com Adrian mais cedo — Eu sou a Rosalie Taylor.
— Sim, sou eu. É um prazer conhecê-la, Rosalie. — Respondi com um sorriso gentil, mantendo a postura de Charlotte Dubois, a mulher encantadora que eu deveria ser naquele momento.
Rosalie me conduziu até um grupo de mulheres que estavam conversando animadamente. O chá da tarde seguia seu curso, com pequenos petiscos sendo servidos e conversas sobre diversos assuntos preenchendo o ar. Eu me esforçava para participar das conversas, respondendo com graça e charme às perguntas que surgiam, enquanto tentava manter a fachada que Adrian esperava de mim.
No entanto, como Adrian havia previsto, as perguntas sobre a lua de mel e possíveis filhos começaram a surgir. Eu seguia o roteiro preparado, mencionando nossa viagem fictícia à América Central e nossa suposta indecisão sobre filhos, enquanto tentava desviar das perguntas mais incisivas.
Rosalie, em particular, parecia muito interessada em nossa vida conjugal, fazendo perguntas sobre nossos planos para o futuro e nossa vida no interior dos Estados Unidos. Eu respondia com evasivas habilidosas, tentando não despertar suspeitas enquanto me mantinha dentro do personagem.
No entanto, as perguntas se tornavam mais persistentes, e eu podia sentir a pressão aumentando. Quando o assunto dos filhos surgiu novamente, eu hesitei por um momento, tentando lembrar a resposta que Adrian havia sugerido.
— Charlotte, vocês têm pensado em aumentar a família em breve? — Rosalie perguntou, com um brilho curioso nos olhos.
Eu sorri suavemente, tentando transmitir uma aura de mistério.
— Ah, Antoine e eu estamos considerando essa possibilidade, mas ainda é cedo demais para tomarmos uma decisão definitiva. Estamos aproveitando cada momento juntos como recém-casados — Respondi, esperando que minha resposta fosse suficiente para acalmar sua curiosidade.
Rosalie assentiu, parecendo satisfeita com a resposta, mas as outras mulheres ao redor continuavam a fazer perguntas sobre o assunto. Eu me esforçava para manter a compostura, repetindo as evasivas que havíamos planejado, mas sentia a tensão aumentando a cada momento.
Foi então que uma das mulheres, Marguerite, uma senhora mais velha e experiente, fez uma pergunta que me pegou desprevenida.
— Charlotte, querida, como foi o momento em que vocês decidiram se casar? Deve ter sido algo muito romântico!
Meu coração acelerou levemente, pois essa era uma área em que nossas histórias fictícias eram vagas e pouco detalhadas. Eu olhei rapidamente para baixo um pouco nervosa.
— Ah, Marguerite, o momento em que Antoine e eu decidimos nos casar foi realmente especial. Foi durante uma viagem que fizemos juntos para o litoral, em um cenário de tirar o fôlego. Eu me lembro claramente do momento em que ele me pediu em casamento, foi mágico — Improvisei com uma habilidade que eu desenvolvi com Adrian.
As outras mulheres ao redor suspiraram com o relato romântico, e a conversa seguiu para outros assuntos, aliviando a pressão momentaneamente.
O chá da tarde continuou em um ritmo elegante e sofisticado, com uma variedade encantadora de petiscos e bebidas sendo servidos em mesas decoradas com toalhas de linho branco e delicadas porcelanas. As conversas fluíam de maneira leve, abrangendo desde assuntos culturais até eventos sociais e, é claro, as últimas novidades do bairro.
Rosalie explicou que o chá da tarde no Parc des Tulipes era uma tradição antiga no bairro de elite, onde as mulheres se reuniam para socializar, trocar fofocas discretas e manter as aparências. Ela enfatizou a importância das boas maneiras e da etiqueta refinada, especialmente quando se tratava de interações públicas.
— Aqui, no nosso pequeno mundo, as regras não escritas são tão importantes quanto as escritas. Devemos sempre manter uma imagem impecável, ser gentis e elegantes em todas as circunstâncias. Isso é o que nos diferencia — disse Rosalie, enquanto tomávamos delicadamente nossas xícaras de chá.
As mulheres ao redor concordavam com acenos de cabeça, demonstrando a seriedade com que levavam esses códigos sociais não ditos. Elas comentaram sobre eventos próximos, como bailes de gala e eventos beneficentes, discutindo em detalhes os trajes adequados e as expectativas de comportamento.
Enquanto isso, os garçons circulavam entre as mesas, oferecendo uma variedade de quitutes finamente preparados. Mini sanduíches de pepino e salmão defumado, scones frescos com creme e geleia, pequenos éclairs e macarons coloridos eram apenas algumas das opções disponíveis, cada uma apresentada com uma elegância requintada.
Os talheres eram manuseados com graciosidade, seguindo a etiqueta rigorosa que ditava a ordem de uso e a posição correta dos utensílios. Rosalie até mencionou brevemente a importância de saber a diferença entre a etiqueta britânica e francesa ao tomar chá, um detalhe que muitos consideravam crucial em círculos como aquele.
Durante o momento em que eu apreciava as iguarias oferecidas, não pude deixar de notar o contraste entre a elegância superficial e as expectativas sociais rígidas com a sensação de desconforto que crescia dentro de mim. A pressão de manter a fachada perfeita, enquanto a verdadeira essência de quem eu era lutava para se expressar, tornava cada sorriso e cada resposta cuidadosamente planejada uma tarefa árdua.
Enquanto eu participava das conversas entre as mulheres, o assunto mudou para eventos sociais recentes no bairro. Uma das mulheres, Isabelle, mencionou um jantar de gala que havia acontecido na semana anterior, onde diversas personalidades importantes estiveram presentes.
— Oh, Charlotte, vocês não estavam no jantar de gala? Eu teria adorado conhecê-los lá! — Isabelle comentou, com um brilho curioso nos olhos.
Eu sorri suavemente, mantendo a compostura.
— Antoine e eu tivemos um compromisso de última hora naquela noite, infelizmente não pudemos comparecer. Mas ouvi dizer que foi um evento maravilhoso, cheio de elegância e glamour.
Adrian tinha matado um cara.
As outras mulheres concordaram com Isabelle, compartilhando detalhes sobre os trajes deslumbrantes que foram usados e as conversas interessantes que ocorreram durante o jantar.
— Você deve ter um guarda-roupa incrível, Charlotte! Eu adoraria ver suas peças elegantes algum dia. — Comentou uma das mulheres mais jovens, Marie.
Eu sorri, agradecendo o elogio.
— Antoine sempre diz que uma mulher deve se vestir de maneira impecável, especialmente em eventos sociais importantes. Eu tento seguir suas orientações da melhor maneira possível.
Rosalie então interveio, acrescentando:
— É verdade, a imagem é tudo em nosso círculo. Devemos sempre manter um padrão elevado de elegância e classe.
Enquanto as conversas fluíam, eu me esforçava para permanecer dentro do papel de Charlotte Dubois, a mulher sofisticada e elegante. As histórias fictícias e as evasivas habilidosas se tornaram parte integrante de cada interação, enquanto eu navegava pelas águas perigosas dos segredos e das aparências.
No entanto, por mais habilmente que eu pudesse fingir, uma parte de mim ansiava por autenticidade, por genuinidade. A vida de mentiras e disfarces, embora necessária para nossa segurança, pesava cada vez mais sobre meus ombros, deixando um gosto amargo de falsidade em minha boca.
O chá da tarde chegava ao fim e as despedidas eram trocadas com sorrisos e abraços falsos, eu me perguntava até quando poderia manter essa farsa, essa vida de aparências e encenações.
Enquanto nos despedíamos, Rosalie compartilhou uma novidade emocionante com o grupo.
— Meninas, antes de nos separarmos, gostaria de compartilhar algo especial com vocês. Este sábado, estaremos comemorando nossas bodas de madeira, e planejamos uma grande festa para celebrar essa ocasião! Será uma oportunidade maravilhosa para nos reunirmos novamente e compartilharmos momentos memoráveis.
As outras mulheres expressaram entusiasmo e parabenizaram Rosalie pela ocasião significativa.
— Oh, parabéns, Rosalie! Uma bodas de prata é um marco incrível, e mal posso esperar para celebrar com você e os demais. Tenho certeza de que será uma festa maravilhosa — disse Marie, demonstrando seu entusiasmo.
Rosalie sorriu, visivelmente emocionada com os cumprimentos e o apoio.
— Muito obrigada, queridas. Será uma festa especial, e espero que todas vocês possam comparecer e fazer parte desse momento conosco. Será uma oportunidade para fortalecer nossos laços e criar memórias duradouras.
Enquanto Rosalie detalhava os planos para a festa de bodas de prata, eu me juntei ao coro de felicitações e expressões de empolgação, mantendo a aparência de animação e interesse, mesmo que por dentro estivesse lutando com meus próprios conflitos internos sobre a vida que levávamos.
A festa de bodas de prata de Rosalie prometia ser um evento elegante e memorável, mas para mim, estava apenas mais uma camada da complexa teia de aparências e encenações que compunha nossa existência fictícia em Paris.
Enquanto a tarde avançava e o chá da tarde chegava ao fim, eu percebi que estava ficando tarde demais para voltar para casa sozinha. Com uma desculpa educada, me despedi das outras mulheres e saí do Parc des Tulipes, encontrando um lugar tranquilo para ligar para Adrian.
— Antoine, está ficando tarde e eu gostaria que você viesse me buscar no Parc des Tulipes. Pode ser possível? — Perguntei, mantendo a voz calma e controlada, apesar da ansiedade que começava a surgir.
Adrian concordou prontamente, garantindo que estaria lá em breve para me buscar. Enquanto aguardava, Rosalie se aproximou de mim, demonstrando preocupação.
— Charlotte, querida, está tudo bem? Você parece um pouco tensa — comentou Rosalie, observando-me atentamente.
Eu sorri suavemente, tentando dissimular minha inquietação.
— Está tudo bem, Rosalie. Só estou um pouco cansada após o chá da tarde. Antoine virá me buscar em breve.
Rosalie assentiu compreensivamente, oferecendo-se para esperar comigo até a chegada de Adrian.
— Claro, querida. Não se preocupe, ficarei aqui com você até ele chegar. Não é seguro ficar sozinha à noite, especialmente nesses tempos.
A gentileza de Rosalie era reconfortante, e eu agradeci por sua preocupação enquanto aguardávamos juntas. A noite caía lentamente sobre Paris, transformando o Parc des Tulipes em um cenário sereno e tranquilo, iluminado pelas luzes suaves das luminárias.
Enquanto conversávamos sobre assuntos diversos, como eventos futuros no bairro e as últimas novidades da cidade, eu apreciava a companhia de Rosalie, que demonstrava ser mais do que apenas uma colega de chá da tarde, mas sim alguém que se importava com meu bem-estar.
— Você deveria ir lá em casa. Tu pareces ser bem menos fofoqueira do que as mulheres do bairro — Ele deu uma risadinha, a elegância de Rosalie me encantava — Você disse que era de que parte dos Estados Unidos?
— Oregon. Onde ficam as altas montanhas... — Se ela fosse Eliot eu teria quebrado quase tidas as regras.
— Meu marido fala muito bem do seu! Disse que é um médico excelente.
— Qual nome do seu marido? — Perguntei desinteressada, mas com um pouco de elegância.
— Ramon.
Finalmente, o carro de Adrian apareceu ao longe, e Rosalie se despediu com um abraço caloroso e votos de segurança.
— Cuide-se, querida Charlotte. Foi um prazer tê-la conosco hoje, e estou feliz que Antoine tenha chegado para buscá-la. Se precisar de qualquer coisa, não hesite em nos contatar.
Agradeci a Rosalie pela gentileza e nos despedimos, enquanto eu seguia em direção ao carro de Adrian, sentindo um misto de alívio por estar segura novamente e gratidão pela preocupação genuína de Rosalie.
— Quem era aquela? — Adrian perguntou.
— A esposa de um médico chamado Ramon, ela era simpática.
Adrian riu e me olhou com ironia.
— Você fez amizade com a única mulher que não podia. O marido dela é o mesmo Ramon que perseguiu a gente. É Ramon Schattenjäger! — Ele suspirou tentando manter a calma — Tenho que te explicar minha vida quando chegar em casa, só assim você vai entender quem eu sou.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top