𖦹 005
Celine e eu estávamos no laboratório de pesquisa forense, examinando minuciosamente as evidências relacionadas ao caso do Carniceiro. Enquanto Celine analisava as amostras de DNA e os vestígios encontrados na cabeça decapitada, eu estava mergulhada em pensamentos sobre as conexões e possíveis suspeitos.
- O homem que o Carniceiro matou era Paul Clark, o homem que agrediu o Dr. Ambrose há alguns anos - Celine informou, interrompendo meus pensamentos.
O nome de Paul Clark reverberou em minha mente, trazendo à tona lembranças dos relatórios do caso de agressão envolvendo Adrian Ambrose. A coincidência era intrigante, e uma parte de mim começou a fazer conexões, considerando a possibilidade de que Dr. Ambrose pudesse estar de alguma forma ligado aos eventos recentes.
No entanto, antes que eu pudesse formar uma opinião completa, Eliot entrou no laboratório com uma expressão séria.
- O que vocês descobriram? Alguma pista sólida sobre o Carniceiro? - Ele perguntou, seu olhar fixo em mim e em Celine.
Celine foi a primeira a responder, compartilhando as informações sobre a identidade da vítima.
- O homem decapitado é Paul Clark, e ele tem uma história de confronto com o Dr. Ambrose. Há uma possível conexão a ser explorada aqui - Ela explicou, mantendo sua postura profissional.
Eliot processou a informação por um momento, seus pensamentos claramente trabalhando para entender o que isso significava para a investigação.
- Então, isso sugere que Dr. Ambrose pode estar envolvido de alguma forma nesses crimes. As evidências apontam para ele como um suspeito viável - Eliot ponderou, olhando para mim em busca de confirmação ou discordância.
A ideia de Adrian Ambrose como suspeito principal mexeu com minhas emoções. Parte de mim queria acreditar na conexão óbvia, mas uma voz interior me alertou para não tirar conclusões precipitadas baseadas apenas em circunstâncias aparentes.
- Acho que precisamos considerar todas as possibilidades antes de apontarmos o dedo para alguém, especialmente alguém com a reputação e os recursos do Dr. Ambrose - Eu disse, tentando manter a mente aberta e racional.
Eliot parecia surpreso com minha resposta.
- Você está defendendo ele? Sarah, olha para os fatos! O cara tem uma história com a vítima, é rico, influente e tem uma reputação. Isso soa como o perfil perfeito de alguém capaz de ser nosso assassino - Ele suspirou - Ele foi seu cirurgião quando você tinha dezesseis anos e ele fica passando cantadas em você agora, sabe o pior, você acretida! Às vezes... Eu acho que você o defende por ele ser branco.
Ao ouvir as palavras acusatórias de Eliot, senti uma mistura de surpresa e irritação se espalhar dentro de mim. Ele estava claramente tenso e suas insinuações me deixaram incomodada.
- Não se trata de defender ou acusar alguém sem evidências sólidas. Estou simplesmente pedindo cautela. Adrian pode ter elogiado meu trabalho, mas isso não o transforma em um assassino em série - Respondi, tentando manter a calma, embora a tensão fosse palpável.
Eliot bufou, como se não estivesse satisfeito com minha resposta.
- Não seja ingênua, Sarah. Ele te elogiou várias vezes, desde o consultório até jantares. Você não acha isso estranho? - Ele apontou, sua expressão misturando preocupação e ciúme.
Uma onda de frustração me atingiu. Eu não queria que nossa conversa se transformasse em um embate, mas as acusações de Eliot estavam ultrapassando os limites.
- Adrian é um profissional respeitado, e eu valorizo suas opiniões como colega. Não há motivo para você se sentir assim - Tentei acalmar as coisas, mantendo minha voz firme.
Eliot, porém, não estava disposto a recuar.
- Respeitado por quem, exatamente? Pelos seus pacientes ou por você? Ele te elogiou várias vezes, inclusive quando você ainda era paciente dele. Isso não te faz questionar as intenções dele? - Ele estava agora visivelmente agitado, suas palavras carregadas de emoção.
Respirei fundo, tentando manter a compostura.
- Eu sei separar elogios profissionais de qualquer outra coisa, Eliot. E essa discussão está indo longe demais - Minha voz saiu firme, deixando claro que não iria tolerar acusações infundadas.
A tensão entre nós era evidente, e ficou claro que precisávamos de um momento para esfriar a cabeça antes de retomar a investigação de forma produtiva. Era crucial deixar as questões pessoais de lado e focar nas evidências reais do caso.
Enquanto a tensão entre Eliot e eu aumentava, Celine, com sua personalidade fria e focada, decidiu intervir para direcionar a conversa de volta ao propósito principal.
- Chega de discussões pessoais. Nosso foco deve estar nas evidências e no caso do Carniceiro. Sarah, lembre-se de que você precisa cuidar da Sophie esta noite - Ela lembrou, sua voz firme e objetiva, mas sem demonstrar emoção.
Eu pisquei algumas vezes, completamente esquecida do compromisso que tinha com Sophie. Uma garotinha ruiva de seis anos. Ela era a filha de Celine e do Apolo, nosso supervisor, e eu cuidava dela em algumas noites, mas essa responsabilidade havia escapado da minha mente durante a intensa discussão.
- Oh, é verdade. Eu tinha esquecido completamente - Admiti, sentindo um pouco de culpa por deixar isso passar despercebido.
Eliot suspirou, aliviado por ver a tensão diminuindo.
- Tudo bem, vamos focar no caso por agora. Temos muito a analisar e discutir - Ele concordou, mudando o foco para o trabalho em equipe.
Celine assentiu, satisfeita por ter retomado o controle da situação.
- Ótimo. Vamos revisar as evidências e ver se conseguimos avançar na investigação esta noite - Ela sugeriu, sua mente já voltada para os próximos passos a serem dados no laboratório de pesquisa forense.
Eliot chegou perto de mim.
- Não sabia que além de detetive você era babá - Eliot brincou, se aproximando de mim com um sorriso divertido.
Ri suavemente, apreciando a leveza na conversa após o momento tenso anterior.
- Você está morrendo de ciúme de mim e me conhece há apenas três semanas - Respondi com um tom de brincadeira.
Eliot fingiu indignação de forma exagerada.
- Ciúme? Eu, ciumento? Jamais! - Ele respondeu de forma teatral.
- Cuidar da Sophie é parte da minha vida e eu sei separar as coisas quando estamos trabalhando. Além disso, ela é tão adorável que não posso resistir - Expliquei compartilhando um sorriso sincero.
Eliot sorriu de volta, a tensão anterior desaparecendo completamente.
- Sabe, o que o Adria... -
Celine interrompeu a descontração com um olhar sério.
- Paqueras no ambiente de trabalho não acabam bem, Eliot. Eu fui casada com o supervisor de vocês por cinco anos. Agora tenho que ver meu ex no trabalho todos os dias. - Ela disse, sua voz carregada de ironia com um toque de desgosto - Não é agradável.
Me senti um pouco envergonhada com o comentário direto de Celine. Rapidamente, neguei que estivéssemos flertando.
- Não, não é nada disso, Celine. Nós só estávamos brincando, não passou disso - Falei, corando levemente diante da observação dela.
Eliot também tentou esclarecer a situação, mostrando um leve constrangimento.
- Sim, não foi nada sério. Tem um cara morto sem os olhos do nosso lado, foi apenas uma quebra de gelo! - Ele adicionou, buscando suavizar o mal-entendido.
Celine cruzou os braços, mantendo seu olhar perspicaz sobre nós.
- Conheço 'engraçadinhos' como você, Eliot. Fui casada com um por cinco anos e ainda tenho uma mini-ele em casa - Ela brincou, mostrando uma mistura de humor em suas palavras.
Eu ri suavemente, reconhecendo a leveza da observação de Celine. A tensão dissipou, e voltamos ao trabalho, agora com um pouco mais de cuidado para manter as interações dentro dos limites profissionais apropriados.
Enquanto revisávamos as evidências, uma pista crucial surgiu, apontando para um caminho totalmente diferente de Adrian Ambrose.
- Isso é novo aqui - Celine coletou uma digital do corpo - Acho melhor vocês irem para casa. Vou demorar aqui. Sarah, direto para Sophie!
Parecia que estávamos mais perto de desvendar o mistério do Carniceiro, mas ainda precisávamos de mais análises e investigações para confirmar nossas suspeitas.
Enquanto discutíamos o próximo passo, Eliot se aproximou de mim com um olhar gentil.
- Sarah, já que você precisa cuidar da Sophie esta noite, por que não deixo você na casa da Celine? Assim você não precisa se preocupar com transporte e podemos continuar discutindo o caso durante o trajeto. - Ele sugeriu, oferecendo uma solução prática e conveniente. Um toque de cavalheirismo.
A proposta de Eliot foi recebida com gratidão por minha parte. Aceitei o convite, agradecendo pela consideração.
- Isso seria ótimo, Eliot - Respondi, sentindo um peso sendo retirado dos meus ombros.
Após finalizarmos algumas análises finais, nos dirigimos para o estacionamento. Eliot e eu seguimos juntos no carro dele em direção à casa de Celine.
Durante o trajeto, nossa conversa voltou ao caso.
- Você gosta de cuidar da Sophie? - Eliot indagou.
- Gosto. Eu conheci o Apolo na faculdade. Por indicação de um professor que era um porre. Eu tinha que fazer uma pesquisa com detetives locais- Expliquei enquanto mudava a temperatura do ar condicionado.
- Era?
- O velho morreu - Falei levemente diante da situação - Agora, voltando na Sophie... Ela é uma garota adorável.
Eliot trocou a música, então começou a tocar: Let Her Go.
- Você tem vontade de ter filhos, Sarah?
- Tenho, as vezes. Acho que eu seria muito protetora... Eu gosto da Sophie, ela gosta muito de mim também.
Ross olhou para mim e riu.
- Eu tenho vontade de ter filhos por conta da minha irmã.
- Não sabia que você tinha uma irmã - Comentei.
- É porque eu tinha.
Aí que merda.
- Desculpa... - Eu estava com vergonha agora.
- Tudo bem, faz uns anos já. Foi afogamento, sabe, as vezes eu acho que foi minha culpa - Eu odiava ver pessoas desabafando - A gente tinha ido pro Caribe e a Lola tinha ido na praia sozinha porque eu quis dormir até mais tarde.
- Não é sua culpa, Eliot. Você não tinha como saber - Coloquei a mão na mão dele enquanto ele trocava de marcha.
Chegamos à casa de Celine e Eliot estacionou o carro, desligando o motor. Havia um breve momento de silêncio enquanto nos olhávamos, como se ambos estivéssemos processando a conversa e as emoções que surgiram durante o trajeto.
- Eu gosto de você, Sarah. Não estou falando que eu quero ser seu namorado, mas eu gosto mesmo.
Merda.
- Eu aprecio isso, Eliot. Eu gosto de você também - Não dá mesma forma.
Então, antes de eu sair do carro, Eliot se inclinou em minha direção e me beijou suavemente. Foi um gesto inesperado, mas não desagradável. O beijo foi suave, cheio de uma mistura de carinho e desejo contido.
Quando nos separamos, nossos olhares se encontraram, e houve uma pausa significativa antes de eu quebrar o silêncio.
- Isso foi... Uau, Eliot. - Comentei, minha voz um pouco rouca pela surpresa do momento.
Eliot sorriu, um brilho travesso em seus olhos.
- Às vezes, as melhores despedidas são as inesperadas... - Ele respondeu, seu tom confiante, mas respeitando meu espaço. Ele era um bobo.
Eu sorri de volta, sentindo uma mistura de emoções, desde a surpresa inicial até uma sensação de calor e proximidade que o gesto trouxe.
- Tenho que ir agora, antes que Sophie comece a perguntar onde eu estou - Sugeri, desviando a conversa para assuntos mais práticos. - Boa noite.
- Boa noite, Senhorita Bloom.
Eu odiava ele.
Saí do carro com um sorriso nos lábios, ainda processando o beijo suave e agradável que Eliot me deu como despedida.
Sophie estava na janela. Ela usava um pijama da hello kitty e sua cabeleira ruiva estava solta. Ela tinha visto.
Entrei na casa grande, mas não tanto quanto a de Adrian. Era uma casa de uma mãe solteira e sua filha. Estava trancada. Sophie abriu para mim.
- Sasa, que coisa feia! A boca dele encostou na sua! - Ela disse com sua voz infantil e bonitinha.
Sophie parecia intrigada e um pouco confusa com a situação. Eu sorri para ela, tentando encontrar as palavras certas para explicar de forma simples.
- Foi só um beijo de despedida, Sophie. Às vezes, as pessoas fazem isso para mostrar carinho ou amizade. Não foi nada de errado, está bem? - Tentei acalmar suas preocupações enquanto a guiava de volta para dentro da casa.
Ela negou minha explicação com a inteligência típica de uma criança.
- Você acha que eu sou burra? Você tem que me contar tudo! - Ela insistiu, olhando-me com curiosidade infantil.
Prometi a ela que contaria tudo mais tarde, depois que ela tivesse tomado banho e estivesse pronta para dormir. Sophie estava animada com a perspectiva de ouvir uma "história de adulto".
Enquanto ela se preparava para dormir, ajudei-a com seu pijama e escovei seus cabelos ruivos, ouvindo suas histórias sobre a escola e suas brincadeiras com os amigos.
- Tem uma menina chata que puxou meu cabelo. Eu chamei ela de invejosa.
- Mas tem que chamar mesmo - Assenti.
- Queria que minha mãe te adotasse.
Sophie era uma criança adorável, cheia de energia e imaginação.
Depois que ela finalmente se aconchegou na cama com seus brinquedos favoritos ao lado, sentei-me ao seu lado e contei a história do dia, mas de uma forma adequada para uma criança, omitindo detalhes desnecessários e focando nas partes divertidas e emocionantes da investigação.
- Então, o que aconteceu depois do beijo? - perguntou Sophie, com sua típica curiosidade infantil.
Eu pausou por um momento, surpresa pela franqueza da pergunta de Sophie. Hesitei antes de responder.
- Bem, Sophie, foi um momento surpreendente. Eu não esperava que Eliot fosse me beijar assim, então estou um pouco confusa sobre - expliquei, tentando encontrar as palavras certas para expressar meus pensamentos.
Sophie inclinou a cabeça para o lado, absorvendo minhas palavras.
- Você gosta dele, Sasa? - perguntou Sophie, com sua inocência característica.
Sorri suavemente, acariciando o cabelo de Sophie.
- Não tenho certeza, So. O Eliot é muito legal... - respondi, refletindo sobre minhas próprias emoções.
Sophie assentiu com sabedoria além de seus anos.
- Então, você vai deixar ele te beijar de novo? - perguntou Sophie, com um brilho travesso nos olhos.
Ri, apreciando a sinceridade de Sophie.
- Vamos ver o que acontece, Sophie. Por enquanto, acho que é melhor focarmos no seu sono de princesa - disse, mudando delicadamente o assunto para algo mais leve.
Sophie concordou e voltou sua atenção para a sua coberta rosa, mas eu ainda estava perdida em meus pensamentos sobre o beijo de Eliot e o que isso poderia significar para o futuro.
Depois que ela finalmente caiu no sono, deixei-a na paz do quarto e saí para a sala de estar. A casa estava tranquila agora, apenas o som suave da noite lá fora.
Peguei meu celular e vi algumas mensagens de Celine, perguntando como estava indo a noite com Sophie e se precisávamos de algo. Respondi brevemente, assegurando-a de que tudo estava bem e que a noite estava calma.
Então, meu pensamento voltou para Eliot e o beijo surpresa no carro. Foi um gesto inesperado, e eu não sabia ao certo como me sentir em relação a isso. Havia uma mistura de confusão, curiosidade e uma faísca de algo mais que eu não conseguia identificar.
Decidi não pensar muito nisso naquele momento. Havia um mistério para resolver, e amanhã seria outro dia cheio de desafios e descobertas. Recostei-me no sofá, deixando minha mente vagar enquanto aguardava o retorno de Celine. A noite estava tranquila, mas o caso do Carniceiro continuava a ecoar em meus pensamentos, como uma peça de quebra-cabeça que ainda não se encaixava perfeitamente.
Então recebi uma mensagem de Adrian Ambrose.
Dr. Ambrose: Quer almoçar comigo no restaurante perto do hospital? Para discutirmos a ficha médica da Peterson. Acho que pode ajudar.
Eu: Olá, Dr. Ambrose. Claro, seria um prazer almoçar com você e discutir a ficha médica da Peterson. Acredito que podemos encontrar informações valiosas que podem contribuir para a investigação. Quando seria o melhor horário para você? Estou disponível durante o horário de almoço ou posso ajustar minha agenda conforme necessário.
Dr. Ambrose: Que bom que você está disponível. O horário de almoço está ótimo para mim. Que tal nos encontrarmos lá por volta das 12h30? Vou reservar uma mesa para nós. E, por favor, me chame de Adrian fora do ambiente profissional. Será mais informal e descontraído.
Sorri ao ler a mensagem de Adrian, apreciando sua abordagem amigável e informal.
Eu: Perfeito, Dr. Estarei lá às 12h30. Obrigada pela reserva e pela oportunidade de discutirmos esse assunto. Mal posso esperar para ver o que descobrimos juntos. Até breve!
Dr. Ambrose: Você não é mais minha paciente. Pode me chamar de Adrian, Sarah.
Eu: Espero que tenha uma boa noite, Adrian.
Mudando Contato: Adrian
Adrian: Boa noite, Sarah Bloom.
A conversa prometia ser interessante, e eu estava ansiosa para compartilhar minhas descobertas e ouvir as perspectivas de Adrian sobre a ficha médica da Peterson.
Deitada no sofá pensei no beijo, no dia, no cara sem olhos, no Adrian e no Eliot. Minha vida era um caos.
"Beijo não resume em transa", Mc Livinho.
Adarah shippers, não me odeiem! Os dias de glória de vocês chegarão...
Beijos!
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