𖦹 003
Acordei com o telefone tocando e outras três chamadas perdidas de Eliot. O toque era alto e me dava agonia atendi e escutei a respiração dele.
— O marido da Peterson achou o corpo — ele disse meio nervoso — Você não vai acreditar no estado dele.
O impacto das palavras de Eliot foi como um choque elétrico, me fazendo acordar instantaneamente e ficar alerta.
— Onde vocês estão? — Perguntei, tentando manter a calma apesar da ansiedade que começava a tomar conta de mim.
— Na margem do rio, perto da Webster Falls em Hamilton. O corpo está irreconhecível, Sarah. Parece que foi atacado por algum animal ou algo assim. É horrível.
As imagens que Eliot descrevia já começavam a se formar em minha mente, e meu coração se apertava com a tristeza e a brutalidade da situação.
— Chame os peritos imediatamente e mantenha o local preservado até a chegada deles. Vou para aí agora mesmo.
Desliguei o telefone e me apressei em me arrumar, vestindo meu casaco e pegando minhas chaves e distintivo. Vitor olhava para mim com preocupação, como se entendesse a gravidade da situação.
— Fique aqui, Vitor. Volto logo — murmurei, acariciando sua cabeça antes de sair.
Dirigi o mais rápido que pude até o local indicado por Eliot.
Havia movimento, o trânsito não era tão movimentado para Hamilton naquela época do ano.
Chegando lá, vi a equipe de peritos trabalhando e Eliot conversando com um dos policiais.
— O que aconteceu, Eliot? — Perguntei ao me aproximar.
Ele me olhou com uma expressão séria e cansada.
— O corpo encontrado é o da Senhora Peterson. Está em um estado terrível, como se tivesse sido atacado por algum animal selvagem. Os peritos estão recolhendo evidências.
Engoli em seco, sentindo um nó se formar em minha garganta. Era um desfecho terrível para o caso, mas também era um ponto crucial na investigação.
— Precisamos analisar todas as evidências com cuidado e encontrar o responsável por isso. Não podemos deixar esse crime impune.
O marido dela veio até nós antes que eu pudesse olhar o corpo.
— Ele conhecia a gente, policial. Foi aqui que jogamos as cinzas do nosso filho — ele chorava.
Eliot deu algumas palavras de conforto, mas nada muito relevante.
Ele me guiou até o corpo. Quando bati os olhos, percebi que isso não era coisa que um animam faria.
— Você pensou o mesmo que eu, certo? — Eliot me olhou enquanto estávamos diante daquela coisa.
— Animais não fazem coisas do tipo.
O corpo da Senhora Peterson estava totalmente perdido em uma forma enigmática. Seus braços estavam enfiados dentro da boca dela, era como se tivesse uma queimadura do rosto e ela também não tinha os olhos.
— Acho que pode ser o mesmo assassino de Rita Connor — disse com a voz cheia de repulsa — A mesma forma que os olhos foram retirados.
— Sarah, eu sei que eu sou novo nisso, mas meu pai foi policial e há uns sete anos teve um caso assim também. Um homem matou dezesseis pessoas e arrancou os olhos de cada uma delas... Ele nunca foi pego — ele olhou para mim para garantir que eu prestava atenção — Ele voltou.
— Você fala do Carniceiro... Eu tenho um certo problema com ele.
— Era dele que o Apolo disse? Sobre a sua imprudência?
— Não, mas a última vez que eu vi um corpo do Carniceiro foi quando a Rita morreu. Eu, que encontrei o corpo, íamos nos encontrar para tomar um café na Shake's só que ela não apareceu. — Suspirei, mas achei que não conseguia mais falar — A última vez que ela tinha me falado onde estava era no barco do pai dela, então eu fui lá e ela...
— Estava deformada e sem os olhos? — Eliot me interrompeu.
Assenti com um balanco de cabeça e um gosto azedo subiu pela minha garganta.
A lembrança da última vez que viu um corpo ligado ao Carniceiro trouxe à tona uma mistura de sentimentos: dor pela perda da Rita, raiva pela impunidade do assassino e preocupação pelo retorno desses terríveis acontecimentos. Eliot estava certo ao fazer a conexão entre os dois casos, e agora a investigação ganhava uma nova complexidade.
— Ele é uma ameaça real e cruel. Precisamos agir com cautela, mas também com determinação para pegá-lo antes que mais pessoas sejam vítimas — afirmei, olhando para o corpo da Diana e sentindo a urgência da situação.
— Eu estou aqui para auxiliar no que for preciso, Sarah. Vamos encontrar esse monstro e trazê-lo à justiça — Eliot respondeu, sua expressão determinada refletindo a mesma determinação que eu sentia.
Enquanto os peritos continuavam seu trabalho e as investigações se desenrolavam, eu sabia que estávamos diante de um desafio enorme. O Carniceiro era astuto e perigoso, mas não podíamos permitir que o medo nos paralisasse. Era hora de agir com inteligência e coragem, unindo nossos esforços para proteger nossa comunidade e garantir que a justiça prevalecesse.
— Vamos começar revisando todos os detalhes dos dois casos, buscando qualquer conexão ou padrão que possa nos guiar na direção certa. Precisamos ser meticulosos e estar um passo à frente dele — sugeri, pensando em cada passo estratégico que poderíamos dar.
Elena chegou atrás de nós e deu uma risadinha.
— Vai ser outra longa investigação sem fim…
— Provavelmente — Eliot concordou — Achamos que pode ter sido o mesmo homem que matou Rita Connor.
— Elena, você pode começar analisando os relatórios dos dois casos e buscando por qualquer detalhe que possa nos ajudar a traçar um perfil do assassino. Precisamos entender seus padrões de comportamento e suas possíveis motivações — sugeri, reconhecendo sua habilidade em conectar pontos e identificar padrões ocultos.
Ela assentiu com seriedade, pegando o tablet e abrindo arquivos dos casos de Rita Connor e da Senhora Peterson para começar sua análise minuciosa. Enquanto isso, Eliot e eu nos concentramos em coordenar as atividades dos peritos e dos outros policiais no local.
— Vou falar com o policial aposentado que investigou o caso de Rita Connor. Ele pode nos fornecer detalhes valiosos sobre o método do Carniceiro e sobre quaisquer pistas que possam ter sido perdidas na época — comentei com Eliot, planejando nossa próxima abordagem.
Enquanto Eliot fazia essa conexão crucial, eu me aproximei dos peritos para obter atualizações sobre as descobertas no local do crime. Cada detalhe, por menor que fosse, poderia ser a peça que faltava para montarmos o quebra-cabeça e chegarmos mais perto da identidade do assassino.
— Alguma novidade, pessoal? — Perguntei aos peritos, esperando por qualquer informação que pudesse nos impulsionar adiante na investigação.
Jim, um dos peritos se aproximou, segurando uma pasta com evidências.
— Encontramos algumas fibras e traços de substâncias desconhecidas na cena do crime. Vamos analisá-las no laboratório para ver se conseguimos identificar sua origem e seu possível vínculo com o assassino — informou ele, entregando-me a pasta com cuidado.
Agradeci e fiz uma nota mental para garantir que essas evidências fossem analisadas o mais rápido possível. Cada descoberta, por menor que parecesse, era uma peça valiosa no quebra-cabeça.
Enquanto isso, Elena já estava mergulhada nos relatórios, sua expressão concentrada revelando sua dedicação ao trabalho. Sua habilidade em encontrar padrões significativos seria fundamental para avançarmos na investigação e nos aproximarmos do Carniceiro.
— Sarah, quer ir almoçar na Cabana da Cachoeira? — Eliot chegou perto de mim, colocando a mão no meu ombro.
— Claro, preciso sair daqui.
— Sim, seria bom dar uma pausa e clarear um pouco a mente — concordei com Eliot, sentindo o peso da investigação e a necessidade de respirar um pouco de ar fresco.
Nos dirigimos à Cabana da Cachoeira, um local tranquilo próximo à Webster Falls, onde pudemos desfrutar de um almoço em meio à natureza. O som suave da água correndo e a brisa fresca ajudaram a aliviar um pouco a tensão do trabalho.
Enquanto saboreávamos nossa refeição, discutimos as últimas descobertas e estratégias para avançar na investigação.
— Temos que considerar todas as possibilidades. O Carniceiro é um assassino meticuloso, mas também pode cometer erros. Precisamos estar atentos a qualquer brecha que possa nos levar até ele — comentei, pensando nas diferentes abordagens que poderíamos adotar.
Eliot assentiu, demonstrando sua concordância com minha avaliação.
— Precisamos intensificar a vigilância em locais estratégicos e ampliar a colaboração com outras delegacias. O Carniceiro pode estar se movendo entre diferentes regiões, então precisamos expandir nossas redes de informação — sugeriu ele, mostrando seu entendimento das nuances da investigação — Além disso, devemos considerar a possibilidade de o assassino ter algum tipo de ligação com as vítimas, seja direta ou indiretamente. Isso poderia nos dar pistas importantes sobre seus motivos e padrões de escolha.
Talvez eu tenha-o julgado mal. Ele era inteligente, mas acho que ele não sabia que era inteligente. Eliot Ross era um cara interessante.
— Ele deveria saber que Rita ia ao barco do pai com frequência e por isso alguém a acharia lá, e agora fez o mesmo com a Senhora Peterson. — Eliot disse.
— Acho que ela não falaria sobre o filho dela com pessoas aleatórias. Precisamos de uma ligação entre a Rita e ela.
— Já temos uma: O Doutor Ambrose.
Soltei uma risadinha anasalada.
— Acho que ela não falaria sobre o filho dela para seu cirurgião plástico.
— Você teve acesso aos registros médicos dela com o Dr. Ambrose? — Ele me perguntou serio e neguei com a cabeça — Ele que foi o responsável pelo parto do filho dela.
Ao ouvir Eliot mencionar o Dr. Ambrose como possível conexão entre a Senhora Peterson e Rita Connor, senti uma pontada de surpresa e, ao mesmo tempo, uma sensação de familiaridade. Rapidamente, balancei a cabeça suavemente para expressar meus pensamentos.
— Eliot, eu realmente conheço o Dr. Ambrose. Ele foi o cirurgião plástico responsável por uma cirurgia que fiz quando eu tinha 16 anos. Ele me ajudou muito naquela época, e não consigo acreditar que ele teria qualquer envolvimento nos crimes do Carniceiro — expliquei, relembrando o apoio que recebi do Dr. Ambrose durante um momento difícil da minha vida.
As sobrancelhas de Eliot se arquearam ligeiramente, refletindo sua surpresa diante dessa revelação.
— O que realmente aconteceu no caso em que o Apolo te chamou de imprudente? — Ele disse calmamente.
— Eu matei uma pessoa.
Próxima Atualização: 24/03;
Enquanto esperam vocês podem criar teorias sobre o futuro do enredo! Quem vocês acham que Sarah matou?
Beijos!
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