𖦹 001
Eu era uma policial no departamento de polícia de Vancouver. Mal conhecia as pessoas e seus respectivos cargos. Só tinha noção específica de três detetives: Celine Wood, Elena Leblanc e Apolo Aleric.
Era meu terceiro ano trabalhando com Apolo Aleric, um renomado e respeitoso detetive. As pessoas diziam que ele era realmente um deus por conta de sua sabedoria. O Apolo tinha cabelos castanhos-claro e olhos meio amarelados, era bem mais alto que eu.
As escadas centrais eram o caminho que meus pés faziam até chegar ao local que era para eu encontrá-lo. Eu estava quinze minutos atrasada por conta da droga do trânsito.
Eu morava em um apartamento no centro de Vancouver. Meus pais quando vivos, eram mais reservados e moravam em um chalé longe da cidade.
Uma mulher de cabelos ruivos estava no corredor, seu nome era Celine. Ela bebia um café em uma caneca rosa que a deixava menos assustadora do que ela costumava ser nos dias comuns.
Abro a porta que possui uma placa escrita Apolo Aleric nela. O escritório era amplo e bem tecnológico. Havia vários computadores, planners, rastreadores e uma máquina de café expresso azul-anil.
Havia um homem sentado na mesa da esquerda perto do aquário, que tinha somente dois peixes, ele não era familiar. Não para mim.
Deveria ter minha idade ou pelo menos uma idade semelhante que se encaixasse na mesma faixa etária que a minha. Sua pele era escura e ele tinha olhos que se pareciam com jabuticabas.
Aleric me encarava sentado na sua grande cadeira acolchoada em frente à mesa que tinha uma porta retrato dele e da filha, Sophie Aleric.
Talvez eu fosse muito fofoqueiras por saber disso, mas essa filha dele não é do primeiro casamento. Sophie é filha de Apolo com Celine, a ruiva que trabalhava na parte da coletânea de digitais e amostras de provas nos crimes… Eu não sabia direito com o que ela trabalhava.
Quem tinha me contado sobre tinha sido Elena Leblanc quando eu discretamente mostrei meu interesse pelo Apolo no primeiro dia. Não que eu estivesse realmente interessada, acho que foi só o choque de ver um homem tão bonito.
— Bom dia, Senhorita Bloom — A voz suava de Apolo ecoou pelos meus ouvidos com o ranger da cadeira que havia sido puxada para mim pelo outro garoto na sala. — Esse é Eliot, ele também é um detetive. Vocês têm muito em comum, ambos são extremamente competentes, mas ainda, sim, chegam atrasados. — Pelo menos ele chegou atrasado também.
— Eliot Ross — Ele estendeu a mão em forma de cumprimento.
— Sarah Bloom — Estendi a mão, cumprimentando-o com um sorriso educado. — Veio me ajudar no caso?
— Apolo disse que eu iria te auxiliar porque você é boa demais para precisar de ajuda.
Ele me devolveu o gesto com um sorriso simpático antes de se sentar novamente em sua mesa, voltando sua atenção para o homem à sua frente.
Apolo se levantou da cadeira e caminhou em minha direção, seu olhar sério transmitia uma mistura de autoridade e curiosidade.
— Como vai o progresso com o caso do desaparecimento da Sra. Peterson? — perguntou, referindo-se a um caso que eu estava auxiliando.
— Estamos reunindo mais informações e esperamos ter novidades em breve. — Respondi, mantendo um tom profissional.
O caso da Sra. Peterson era complexo até para os antigos detetives. Ela havia agendado a cirurgia plástica no hospital particular Saint Pierre há algumas semanas. Seu marido relatou que ela estava animada com o procedimento, considerando-o algo rotineiro e sem grandes preocupações.
No dia do desaparecimento, a Sra. Peterson se preparou para sair de casa conforme o planejado. Ela pegou suas chaves, sua bolsa e se despediu do marido como de costume. No entanto, ela nunca chegou ao hospital para a consulta marcada.
Revisamos as câmeras de segurança próximas à residência da Sra. Peterson, mas não encontramos imagens que indicassem seu caminho até o hospital. Não havia registros de seu carro ou de qualquer outro veículo que a levasse ao destino planejado.
A falta de pistas só aumentava o mistério em torno do desaparecimento. E eu não tinha certeza de que o novato daria conta.
Eliot Ross era um típico garoto que devia ser fã de séries como Brooklyn 99, que acha que a vida de um policial é igual. Mas não estamos em Nova York.
— Esse é o caso da moça dos peitões? — Eliot indagou, olhando para mim.
— O caso da moça dos peitões? — Indaguei, olhando para Eliot com cara feia.
— Sinto que você está me ironizando, Senhorita Bloom.
— Talvez eu esteja.
Apolo deu um tapinha na mesa e retomou nossa atenção. Ele deu um gole no café e olhou para nós.
— Esse desaparecimento não é brincadeira e nós não aceitamos brincadeiras com as vítimas, Eliot. A Sarah é uma profissional prodígio e quero que você saiba que ela agirá assim que for preciso, mesmo que isso custe a dignidade dela. — Ele falou com um tom sério.
Eliot apenas assentiu como um cachorrinho.
— Eliot, cuida da Senhorita Bloom. Não podemos ter mais imprudências — Eu sabia do que ele falava — Estão dispensados. Sarah, leve-o para o escritório da Elena.
— Sim, Senhor.
Ao sair do escritório de Apolo com Eliot, eu não pude deixar de soltar um suspiro aliviado. Parecia que ele tinha um ímã para atrair confusão, e eu estava prestes a ser a responsável por mantê-lo na linha.
Enquanto caminhávamos em direção ao escritório de Elena, Eliot quebrou o silêncio com uma pergunta inusitada:
— Então, Sarah, qual é a sua habilidade secreta de detetive? Desvendar crimes com a força do pensamento?
Olhei para ele com desdém.
— Bem, na verdade, minha habilidade secreta é fazer o Apolo deixar eu ficar com a parte fácil.
Eliot soltou uma risada surpresa, parecendo genuinamente divertido com a resposta.
— Impressionante! Acho que preciso aprender essa habilidade para trabalhar no departamento dele.
— Mesmo assim, ainda tenho que lidar com pistas desaparecidas, testemunhas misteriosas e a arte de não dormir por dias.
Eliot fez uma careta exagerada.
— Bem, isso não parece muito divertido. Talvez eu deveria ter me inscrito para o programa de culinária em vez disso.
— Quem sabe você não faz uma ceia depois da resolução do caso?
Eliot olhou para mim, seus olhos com entusiasmo.
— Vamos transformar essa investigação em um programa de culinária-detetive.
— Agora, fique quieto, preciso pensar. — Eu já estava perdendo um pouco da paciência.
Eliot assentiu, mas não pôde deixar de adicionar um toque de humor.
— Mas se eu descobrir uma receita secreta de bolo de pistas, você será a primeira a experimentar.
— Com certeza.
Seguíamos o corredor até a última porta que tinha uma placa parecida com a de Apolo: Elena Leblanc.
Elena estava com uma pasta com artigos da investigação e um vídeo no computador, não dava para ver daqui.
— Pode entrar, Sarah. Você é sempre bem-vinda — ela disse enquanto eu abria a porta, logo ela viu Eliot e me encarou com duvida — E esse rapaz, quem é? Apolo adotou mais um estagiário?
Dei uma risadinha anasalada e fui até a mesa de Elena enquanto Eliot estava me seguindo como um cachorrinho.
— Sou Eliot Ross, Senhorita Leblanc. Transferido de Toronto para ajudá-los no caso.
Elena olhou para Eliot por alguns segundos antes de responder, mantendo sua expressão séria.
— Entendo. Bem-vindo, Eliot. Espero que você esteja preparado para trabalhar duro e aprender muito por aqui.
Eliot assentiu com entusiasmo, parecendo determinado a deixar uma boa impressão.
— Claro, Senhorita Leblanc. Estou ansioso para aprender com os melhores.
Enquanto Elena passava os olhos pela pasta em sua mesa, ela começou a discutir os detalhes do caso que estava investigando.
— Temos algumas pistas promissoras, mas ainda estamos conectando os pontos. Sarah, você pode revisar esses relatórios e ver se algo salta aos olhos? Eliot, você pode começar analisando as gravações de segurança do dia do desaparecimento. Veja se consegue identificar algum padrão ou suspeito.
Elena distribuiu as tarefas com eficiência, mostrando sua experiência e liderança na equipe. Enquanto Eliot se sentava em uma estação de trabalho próxima para começar sua análise, eu me concentrei nos relatórios em busca de pistas cruciais que poderiam ajudar a resolver o caso.
— Acho que isso é uma pista — Eliot me puxou para perto do computador e deu um zoom na gravação.
As investigações iniciais não revelaram muitas pistas, mas algo intrigante foi descoberto nas câmeras de segurança próximas à residência dos Peterson. Uma filmagem mostrava um carro estranho estacionando em frente à casa na manhã do desaparecimento e permanecendo lá por alguns minutos antes de partir.
— E agora, olha! — Ele apontou de novo. — Ela entra dentro do carro.
Olhei para ele um pouco surpresa, estava um pouco orgulhosa…
Com essa nova pista em mãos, a equipe liderada por Apolo Aleric começou a analisar as imagens em detalhes. Nós identificamos o veículo como um XEI preto, mas a placa estava borrada nas imagens, dificultando a identificação do proprietário.
— Olha, Eliot, você me surpreendeu! E isso não é fácil — disse, dando um gole de café e uma batidinha no ombro dele.
— Realmente, Eliot, acho que você e a Sarah vão se dar bem. Já está na hora do almoço de vocês? — Elena indagou com sua serenidade.
— Acho que sim, deve faltar uns seis minutos… — Disse, me direcionando para a porta enquanto Eliot vinha atrás de mim.
— Dispensados.
Saímos da sala e vi o brilho no olhar de Ross, era como uma criança extrovertida no primeiro dia de aula.
— A gente tem intervalo? — Ele sorria meio bolo.
— É claro que temos, mas como você achou o vídeo?
— Das câmeras da Peterson? — Ele perguntou e eu assenti — Peguei o ID da câmera e joguei o endereço no Google, aí eu peguei a localização e entrei nas câmeras…
Eu estava chocada com a informação, na maioria das vezes quem faz o trabalho assim é o Apolo.
— Antes de vir trabalhar aqui, você era hacker?
Ele riu meio sarcástico e depois me olhou com duvida.
— Você está perguntando isso mesmo? Sarah, eu só sou um desocupado curioso.
Óbvio que seria uma resposta assim.
Ao escutar a resposta de Eliot, não pude conter uma risada.
— Bem, desocupado, curioso ou não, você fez um ótimo trabalho. Acho que temos um bom time aqui.
Ele sorriu satisfeito com o elogio e, enquanto caminhávamos em direção à área de alimentação do departamento, pude perceber que Eliot estava animado e cheio de energia. Era contagiante estar perto dele, apesar de suas brincadeiras e comentários descontraídos.
Enquanto almoçávamos, discutimos mais sobre o caso da Sra. Peterson e como poderíamos avançar com as novas informações que Eliot havia encontrado.
— Deveríamos entrevistar os vizinhos — ele disse, comendo rosquinhas que estavam no pote da sala de descanso.
— Fizemos isso semana passada, eu e Elena.
Ele estava cheio de ideias e sugestões, algumas mais sérias do que outras, mas todas mostrando sua disposição em contribuir para a resolução do caso.
Após o intervalo, retornamos ao trabalho com novas energias. Eu me concentrei em analisar os relatórios e evidências novamente, enquanto Eliot mergulhou mais fundo na análise das gravações de segurança. Juntos, começamos a montar um quebra-cabeça de pistas e possíveis suspeitos.
Ao longo dos dias seguintes, trabalhamos incansavelmente, discutindo teorias, revisando evidências e seguindo cada pista que surgia. Apolo e Elena supervisionavam nossos progressos, fornecendo orientação e apoio quando necessário.
Finalmente, após semanas de investigação intensa, conseguimos reunir informações suficientes para montar um perfil do possível sequestrador da Sra. Peterson. Com base nas evidências encontradas, elaboramos um plano para localizar o suspeito.
Estávamos no escritório de Apolo, onde Eliot não calava a boca.
— Ele é do hospital Saint Pierre — Conclui.
— Como pode ter certeza? — Apolo perguntou.
— Ele tem algum envolvimento com o Saint Pierre! — Afirmei.
Saint Pierre era um hospital particular que fazia desde cirurgias das mais simples até as mais complexas. Era conhecido por sua estrutura nobre e moderna ao mesmo tempo. Era o hospital que a Peterson faria a cirurgia. Eu havia feito uma cirurgia lá quando tinha dezesseis anos, para remover um tumor.
— Dá um zoom no vídeo, Sarah. — Ross disse.
Coloquei a mão no mouse e cumpri a ordem de Ross.
— Está vendo esse adesivo de uma árvore com uma maçã dourada, e essas siglas SP? Eu era uma criança muito espoleta e vivia no Saint Pierre, eu reconheço esses carros, Sr. Aleric.
Era realmente um carro de alguém do Saint Pierre, mas aquelas pistas não pareciam muito verídicas.
— É um carro barato para um cirurgião do Saint Pierre, não? — Eliot indagou — Mas, também não podemos concluir que ele é o médico encarregado pela cirurgia.
— Talvez esse não seja o carro dele… — Apolo concluiu. Vi ele abrindo várias abas no computador e entrando no site da Saint Pierre. — Ele mandou esse carro ir buscá-la, lá vocês dois no hospital. Agora!
— Tem certeza?
— Tenho, sim, Senhorita Boom. Podem usar o carro do estacionamento B.
Eu saí da sala sem me despedir, mas Eliot deu o cumprimento, ele veio atrás de mim enquanto esperávamos o elevador.
— Acha que ele confia em mim, Sarah?
— O Apolo? O Apolo não confia nem nele mesmo.
Eliot deu uma risada.
— Aquela foto da menininha ruiva na mesa é filha dele?
— É, o nome dela é Sophie. A mãe dela trabalha aqui também, mas o Apolo não é mais casado com ela.
— Tenso. Imagina ter que trabalhar com a ex!
No Saint Pierre Hospital, a atmosfera era intensa e movimentada, com médicos, enfermeiros e pacientes transitando pelos corredores. Eliot e eu nos dirigimos à recepção e pedimos para falar com o gerente do hospital.
Enquanto aguardávamos, trocamos algumas palavras sobre as possibilidades do caso.
— Você realmente acha que encontraremos algo aqui? — Perguntei a Eliot, enquanto observávamos o vai e vem das pessoas.
— Não custa tentar. Se conseguirmos falar com alguém próximo da cirurgia da Sra. Peterson, talvez possamos obter informações úteis.
Nesse momento, se aproximou de nós, um homem asiático de meia-idade com um ar calmo e profissional.
— Boa tarde, posso ajudá-los em algo? Sou Ryo Takashi, o gerente deste hospital — ele se apresentou com um sorriso cordial.
— Boa tarde, senhor Takashi. Me chamo Sarah Boom e este é Eliot Ross — apresentei-me. — Estamos investigando o desaparecimento da Sra. Peterson, que estava agendada para uma cirurgia aqui. Será que poderíamos ter acesso aos registros do dia do desaparecimento?
Ryo franziu a testa levemente, demonstrando preocupação.
— Lamento ouvir sobre o desaparecimento da Sra. Peterson. Deixe-me verificar o que posso fazer. Por favor, aguardem um momento.
Ele se afastou por alguns minutos para consultar os registros, enquanto Eliot e eu trocávamos olhares, ansiosos pela possível informação que poderíamos obter.
Quando Takashi retornou, sua expressão era séria.
— Lamento, mas não temos acesso direto aos registros de pacientes para questões de segurança e privacidade. Posso ajudá-los de outra forma?
Olhei para Eliot, um pouco desapontada com a resposta.
— Poderíamos falar com o doutor que atenderia ela no dia do acontecimento?
Ele olhou para a mulher da recepção, que tinha somente um olho.
— O Senhor Ambrose está nos últimos sete minutos de uma cirurgia de um tumor no fígado — A mulher disse, seu sotaque era estranho. Gostariam de esperar?
Eliot me olhou como se estivesse esperando minha permissão.
— Sim, por favor — Ele assentiu.
Ryo olhou para nós com compreensão.
— Boa sorte no caso, policiais.
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