Capítulo Vinte e Três

Enzo Miller

Estaciono em frente ao pequeno prédio onde Castiel mora e rapidamente a mão de Ângelo pega a minha. Olho em sua direção e abro um sorriso sincero ao ver um pouco de preocupação em seu olhar. Admito que não estava muito a fim de vim nesse jantar, mas percebi que é importante para meu anjo, então fiz um esforço para poder estar aqui.

Acho que aos poucos vou ganhando mais confiança para estar nos lugares que antes eu frequentaria facilmente. Hoje também acabei fazendo uma coisa que há muitos anos não fazia, que é dirigir. Depois do acidente, eu pensei que nunca mais faria isso. Um pouco era por causa da minha perna, que atrapalha em algumas coisas, mas existem formas de dirigir hoje em dia que me favorecem. Mas o que me impedia mesmo, foi o trauma que adquiri depois do meu acidente. Foi um acidente horrível e eu me lembro dele como se fosse hoje. Eu estava indo para a empresa do meu avô e no meio do caminho um carro me fechou, eu tentei freiar o carro, mas o freios não correspondiam ao comando. E a última coisa que me lembro foi do carro batendo na traseira do outro e ele capotando. Depois disso, acordei seis meses depois em uma cama de hospital.

- Enzo? Está tudo bem? - Vejo os dedos de Ângelo estralar na minha frente, me tirando dos meus pensamentos.

- Oi, está sim. - Respondo e sorrio para ele.

- Você quer mesmo entrar? Se não quiser eu invento uma desculpa, não te quero desconfortável por... - Coloco minha mão na sua boca, impedindo dele continuar a falar.

- Está tudo bem anjo, eu concordei em vim, não foi? Então está tudo bem mesmo. - Falo e tiro minha mão da sua boca, vendo ele estreitar os olhos para mim.

- Faça isso novamente e mordo sua mão. - Ele avisa e em seguida deixa um selinho em minha boca. "Mas ele não estava bravo?"

- Hum... Tá, acho que não quero ter minha mão mordida de novo por você. - Falo e ele solta uma risada.

Pego minha bengala e saio do carro, vendo Ângelo fazer o mesmo. Ligo o alarme do carro e logo Ângelo entrelaça nossas mãos, seguindo para dentro do prédio em seguida.

O prédio é pequeno e possui apenas três andares, sendo que o apartamento de Castiel fica no último, então logo já estamos na frente do mesmo.

Ângelo aperta a campanhia e em poucos segundos a porta é aberta por uma senhora, que suponho ser a avó de Castiel.

- Oh meu Deus, como você está lindo querido. - Ela fala assim que vê Ângelo e puxa ele para um abraço apertado.

- Estava com tantas saudades de você Ângelo. Parece que você e Castiel se esqueceram da velha aqui. - Ela diz brincalhona e até eu acabo rindo.

- Para Clarisse, de velha você não tem nada e nós não nos esquecemos de você. É só a distância que atrapalha. - Ângelo diz assim que se afasta dela, lhe mostrando um grande sorriso.

Ela olha para ele por mais alguns segundos, até sua atenção parar em mim e fico um pouco apreensivo.

- Esse aqui é o Enzo, meu namorado. Amor, essa é a Clarisse, ela é como uma avó para mim. - Ele diz sorrindo e me abraça de lado.

- É um prazer conhecer a senhora. - Falo de maneira formal e estendo minha mão em sua direção.

- Espero que esteja cuidando bem do meu menino. - Ela diz, me olhando com olhos afiados.

- Sempre irei cuidar senhora, Ângelo é muito importante para mim. - Falo de forma séria, mas muito sincera.

- Fico feliz em saber. É bom te conhecer também, Enzo. - Ela abre um sorriso e me puxa para um abraço, o que me deixa meio perdido, mas retribuo da maneira que posso.

- Obrigado! - Agradeço de forma sincera, me sentindo mais aliviado de não ver nenhum julgamento em suas palavras ou olhar. Acho que esse jantar não será uma tortura como estava imaginando, estou até gostando de estar aqui agora.

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Ângelo Lima

Olho para Enzo, que está sentado ao meu lado e me sinto aliviado ao vê-lo mais relaxado. Eu sei que para ele as coisas estão sendo novas de alguma forma, mas aos poucos ele está se adaptando. E esse é mais um motivo para eu estar feliz agora. Poder ver Clarisse depois de tanto tempo me deixa muito feliz. Pois ela sempre foi como uma mãe e avó para mim, me tratando como ela trata Castiel... Com muito amor e carinho.

- Me desculpa não ter vindo no velório do seu pai querido, infelizmente só fiquei sabendo algumas semanas depois. - Ela diz quando estamos eu e ela em um canto na sala.

- Tudo bem Clarisse, eu sei que estaria aqui se pudesse. - Falo e pego em sua mão.

- E como você está com tudo isso? - Ela pergunta e abro um sorriso pequeno para ela.

- Estou me acostumando aos poucos a não ter ele junto de mim. E a dor vai diminuindo com o tempo, mas eu sei que ela nunca irá sumir. Enzo e sua família estão sendo muito importantes para mim, principalmente ele, que se tornou meu porto seguro. - Falo e sinto ela apertar minha mão em um gesto de carinho.

- Eu vi como ele te olha, você é uma luz para ele e entendi o porquê.

- Enzo está começando a viver novamente, ele passou muito tempo refém do próprio medo e inseguranças. E eu fico muito feliz por estar ajudando ele, pois não é só ele quem está ganhando, eu também estou. Eu amo aquele homem, Clarisse. - Falo e olho rapidamente para onde Enzo está, que é sentado em um dos dois sofás da sala com Evan em seu colo.

Acabo abrindo um sorriso com a cena e por um momento, eu imagino essa cena no futuro... Com Enzo segurando uma criança nossa, um filho nosso, um pedaço meu e dele.

- E eu vejo esse amor nos dois. Só cuide para que nada de mal possa destruí-lo. O amor é um sentimento delicado e temos que saber cuidar dele para que ele cresça forte e saudável.

- Obrigado pelo conselho, vou fazer isso. - Falo por fim e abro um sorriso.

* * *

Logo nós fomos jantar a comida maravilhosa feita por Clarisse, que confesso, senti muitas saudades.

Conversamos bastante durante a refeição. Bem, Enzo só disse algumas poucas coisas, mas isso também valeu.

Assim que terminamos de comer, deixei Enzo conversando com Clarisse e segui Castiel até seu quarto, já que ele quer falar comigo. Espero ele colocar Evan em seu berço e me sento na cama.

- Preciso te falar uma coisa. - Ele diz e se senta ao meu lado na cama.

- Por que eu acho que não vou gostar dessa "coisa"? - Falo meio apreensivo.

- Você não vai mesmo, mas infelizmente vai ser necessário. - Ele diz de modo sério e isso me deixa ainda mais ansioso e preocupado.

- Fala de uma vez.

- Já faz um tempo que minha avó quer me levar para morar com ela na fazenda em que trabalha, mas eu nunca que iria deixar você sozinho aqui. Só que agora você tem pessoas que vão cuidar de você, principalmente Enzo, que eu sei, fará de tudo por você. - Ele fala e eu já sinto o choro querer vir.

- Mas...

- Calma Angie, ainda não terminei. Como eu disse, antes eu não iria, mas eu perdi meu emprego tem duas semanas e eu tenho que pensar no meu filho.

- Você não me contou sobre isso. - Falo e olho para ele.

- Não, você estava com problemas com o Enzo e achei melhor não dizer nada. - Ele responde e me sinto péssimo.

- Mas você deveria ter falado mesmo assim, Cas, eu me sinto um péssimo amigo por não ter estado ao seu lado. Você estava me consolando quando você também precisava de conforto. - Falo com a voz embargada.

- Ei, esquece isso... Eu não quero que se sinta culpado por uma coisa que não é. - Ele diz e me abraça de lado. - Mas voltando ao assunto, o patrão da minha avó está precisando de uma pessoa para ajudar na administração da fazenda. Eu ainda não fiz graduação, mas entendo bastante do assunto, então minha avó me indicou para ele e eu farei um mês de teste e se der certo ficarei por lá. Você sabe que eu não te deixaria se não precisasse, mas... - Ele fala e eu entendo perfeitamente o seu lado.

- Eu entendo Cas, sei que está fazendo isso por causa de Evan e você está certo. Ele é sua prioridade e você tem que cuidar e pensar nele. Eu vou sentir sua falta? Claro que sim, mas sempre posso ir te visitar e você também. Eu só quero que seja feliz também, Cas. - Falo e abraço ele apertado.

- Obrigado Angie, pode apostar que sempre vou estar aqui. - Ele diz e eu concordo em silêncio.

Castiel é uma das minhas bases e saber que ele ficará longe me traz sim uma tristeza, mas sei que tudo isso é para o seu bem e do meu afilhado.

* * *

Me despeço de Clarisse e Castiel e prometo voltar antes que meu amigo vá embora. Agora que ficarei mais colado nele do que nunca. Enzo também se despediu de todos e fomos embora.

- Está triste, não é? - Enzo pergunta quando estamos indo para casa.

- Sim, mas vou ficar bem. Castiel também tem que seguir seu caminho e acho que essa nova fase da vida dele o fará bem. - Respondo e sorrio para ele.

Entramos em um silêncio confortável, enquanto uma música suave toca no fundo. Em poucos minutos chegamos em casa e solto um suspiro de alívio, pois eu quero a minha cama nesse momento.

Assim que entramos em casa, não vemos ninguém na sala e então subimos direto. Logo chegamos de frente para os nossos quartos e começo a já sentir falta de Enzo.

- Ângelo... Você... É... - Ele começa a falar, mas se embola no processo o que faz rir um pouco.

- Eu o que, meu amor? - Pergunto com um sorriso e me aproximo mais dele.

- É... Você quer dormir comigo? Olha se não quiser tudo bem, eu só quero ficar mais tempo perto de você. - Ele diz devagar e posso notar a insegurança em sua voz.

- Claro que eu quero, bobão, não precisava ter ficado com tanto medo de me perguntar isso. - Falo com um sorriso e deixo um beijo rápido em sua boca.

Ele abre um sorriso pequeno e pega em minha mão, me guiando para seu quarto. Em poucos minutos já estamos prontos para dormir e assim que me deito ao lado de Enzo na cama, me aproximo mais dele, deitando minha cabeça em seu peito, podendo ouvir as batidas aceleradas do seu coração.

- Dorme bem meu amor. - Falo e solto um bocejo.

- Com você sempre estarei bem, meu anjo. - Ele sussurra e sinto um beijo ser deixado em meus cabelos.

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O que acharam, jujubas??? Próximo Cap tem uma coisa que muitos estão esperando, sabem o que é?

Bjs da Juh 😘😘

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