Capítulo Vinte e Seis
Ângelo Lima
Acordo sentindo um peso em minha perna e cintura e automaticamente abro um sorriso, sabendo que Enzo está ao meu lado. Com um pouco de cuidado eu me viro na cama, ficando de frente para o seu rosto adormecido. Passo a mão com leveza em sua face e flashes de ontem chegam a minha memória. Me lembrar de todos os toques, todo o amor e paixão com o qual eu e Enzo fizemos amor, me tira o fôlego. Eu sempre sonhei em ter uma primeira vez de conto de fadas e isso realmente aconteceu. Enzo pode até dizer que não, mas ele é meu príncipe encantado. O homem que eu tenho certeza que foi meu primeiro e também será o último, pois eu não me vejo amando mais ninguém na minha vida. Sei que só tenho dezessete anos ainda, mas não sou nenhum idiota e já sei bem o que quero para a minha vida. E uma das minhas certezas, é que Enzo sempre estará nela. Pode aparecer qualquer obstáculo em nossa frente, mas eu vou fazer de tudo para estar ao seu lado, sempre lutando por ele e pelo nosso amor.
A vida pode ser cruel com as pessoas, assim como ela foi com Enzo e também comigo, mas a vida também te entrega coisas boas... E ele foi uma delas. Eu não teria conseguido sem ele, do seu jeito, Enzo me ajudou a seguir e mesmo não sabendo, ele se tornou a minha âncora, o meu ponto de equilíbrio e sem ele eu sei que não poderia ser mais nada.
Continuo observando ele em seu sono tranquilo e me sinto sortudo por ter alguém tão forte quanto ele ao meu lado. Me sinto sortudo, porque apesar de tudo o que ele sofreu, ele ainda escolheu me amar e isso me deixa em êxtase. Enzo já sofreu tanto, quando só deveria receber amor e felicidade em troca, mas eu creio que tudo em nossas vidas tem um propósito. Acho que foi através das nossas dores que nossos destinos foram traçados. Mas acredito também que a partir de agora tudo será diferente, não só para mim, mas para nós dois. E quem sabe no futuro não chegue mais alguém?
Nesse momento, há a possibilidade de eu poder estar com um filho nosso no ventre, mas eu não quero criar muitas expectativas. Sei que sou novo e filho é um assunto muito delicado, mas nada me faria mais feliz do que ter um fruto do nosso amor crescendo dentro de mim.
Quando eu descobri que poderia engravidar, foi um choque muito grande para mim, pois eu tinha medo... Já que apenas 3% dos homens no mundo todo podem gerar um filho e infelizmente esses mesmos homens sofrem com preconceito diário. O que eu acho uma coisa terrível, pois conceber uma vida é uma coisa linda e não motivo para chacotas e preconceitos, mas infelizmente para a sociedade o diferente não é bem aceito.
- Estou vendo seu cérebro trabalhando daqui, o que tanto pensa? - Me assusto com a voz perto de mim, mas ao ver o rosto calmo de Enzo, eu me acalmo e abro um sorriso.
- Você me assustou, mas respondendo a sua pergunta, eu estava pensando em tudo que me aconteceu ultimamente e o quanto eu amo você. - Respondo e rolo meu corpo, ficando em cima dele na cama.
- Eu também amo você, muito! Eu pensei que sabia o que era o amor, mas eu estava enganado. Só pude descobrir esse sentimento com você. - Ele diz e sinto meus olhos arderem.
- Não faça me chorar, senhor Miller. - Falo, fingindo estar bravo e deixo um tapa leve em seu ombro esquerdo.
- Desculpe senhor Lima, essa não foi minha intenção. - Ele diz e abre um sorriso, ao qual eu não me canso de ver.
- Você não tem noção do quanto eu amo o seu sorriso, poderia sorrir 24 horas por dia. - Falo ainda admirando seu sorriso.
- Isso só será possível se você estiver 24 horas por dia comigo, pois meus sorrisos verdadeiros são apenas para você. - Ele responde e eu sinto o quanto sua fala foi sincera.
- 'Tá, hoje você acordou muito romântico. O que deu em você? - Pergunto com graça e sinto ele me apertar ainda mais em seus braços.
- Só acordei com o amor da minha vida. - Ele diz simples e eu não consigo parar de sorrir.
- Seu bobo, eu te amo! Agora vamos levantar, quero ver um filme com você. - Falo e olho para o relógio em cima do criado-mudo. - Temos umas três horas até as nossas mulheres chegarem. - Falo sério e ele solta uma risada alta.
- Nossas mulheres? - Ele pergunta ainda rindo e levanta uma sobrancelha para mim.
- Sim, nossa vó, minha cunhadinha linda e minha sogrinha. - Falo com um sorriso e beijo seu peito nu.
- As duas primeiras eu aceito, já a última nem tanto. - Ele diz um pouco sério e eu fecho meu sorriso também.
- Não acha que está na hora de você ter uma conversa franca com sua mãe? Você precisa dizer a ela o quanto a omissão dela te magoou e te machucou, mas também deve ouvi-la. Ela é sua mãe, amor, eu vejo o quanto ela sofre com o seu afastamento. - Falo olhando para ele, que desvia o olhar do meu.
- Não sei se quero e nem se consigo. Ela me machucou bastante, ela podia ter acabado com nosso sofrimento antes, mas preferiu ficar casada com um homem abusivo, que batia nela e no filho. - Ele diz de forma amarga.
- Tudo bem, não vamos pensar nisso agora. Estamos tão felizes nesse momento e não quero que nem eu, nem você se lembre de coisas ruins. Vamos levantar, tomar um banho juntinhos e assistir o filme que eu quero. - Falo mudando de assunto e vejo que ele aprova isso.
Deixo um beijo rápido em sua boca e me levanto da cama, ajudando ele em seguida.
Alguns minutos depois nós dois já estamos prontos e descemos às escadas, indo primeiro à cozinha preparar algo para comer. Ontem Enzo acabou me surpreendendo mais uma vez, me mostrando seus dotes culinários. Não imaginava que ele cozinhava tão bem, mas aquele lombo recheado, arroz branco e salada tropical estavam uma delícia. "Nossa, me deu até água na boca só de lembrar."
- Amor, você podia cozinhar novamente, né? - Pergunto enquanto passo geleia de morango em algumas torradas.
- Está querendo me explorar, anjo? - Ele pergunta com um sorriso e aperto meus olhos em sua direção.
- Mas é claro, eu não sou tão bom na cozinha salgada, meu negócio são os doces. - Falo e dou mordida em uma torrada.
- Isso é verdade, aquele mousse de maracujá com chocolate estava muito bom. Aliás, sobrou? Quero mais. - Ele diz e morde um pedaço do seu sanduíche.
- Sobrou sim, podemos comer enquanto vemos filme. - Dou a sugestão e pego metade do sanduíche dele.
- Não gosto muito de ficar vendo filmes, alguns são muito fantasiosos, outros melosos demais, outros tem tanto drama que é pior que novela mexicana. - Ele diz e eu quase engasgo com o sanduíche por estar rindo.
- Amor, nossa vida é um drama, não reclama e vamos ver o filme sim! O que acha Harry Potter? Amo aquela saga. - Falo empolgado e vejo o olhar de desgosto em seu rosto. - Ah vamos, porfavorzinho! - Peço e junto minhas mãos na frente do rosto, fazendo meu melhor olhar do gato de botas.
- Por que faz isso? Sabe que não consigo dizer não a você. - Ele diz e solta um suspiro, enquanto eu comemoro na cadeira.
- Por isso que eu faço, né bobão! - Falo rindo.
- Não sei o que eu faço com você. - Ele diz fazendo drama e eu acho engraçado.
Conheci Enzo super sério e fechado e agora ele se solta bem mais, sendo brincalhão, rindo e entre outras coisas que antes ele não fazia.
- Só me ame. - Pisco um olho para ele e volto a comer.
Ele balança a cabeça com um sorriso e volta a comer.
Assim que terminamos de comer, lavamos as louças que sujamos e pegamos o mousse que Enzo queria, seguindo para à sala de TV. Rapidamente achei a saga de filmes que queria e começamos a assistir "A pedra filosofal", primeiro filme da saga Harry Potter.
O filme já estava quase acabando, quando escutamos a porta da sala se abrir e algumas vozes conhecidas falando.
- Cheguei meus amores! - Vejo vó Emília sorrir doce para nós dois e sigo até ela, lhe dando um abraço.
- Já estava com saudades da senhora. - Falo com um sorriso e recebo um beijo dela no rosto.
- Eu também estava meu anjo, senti falta dos dois lá. - Ela sorri e vai até Enzo.
Abraço minha cunhada e sogra e volto a me sentar no sofá, agora com Maju, que quis terminar de ver o filme conosco. Vó Emília e Maísa resolveram descansar um pouco da viagem.
Assim que acabou o filme, Enzo foi cozinhar para nós... O que deixou sua irmã bem surpresa, mas contente também.
Mas antes que pudéssemos chamar todos para comer, chegou um homem de terno querendo falar com Enzo. Percebi que ele ficou meio tenso, mas não quis que eu o acompanhasse até o escritório.
Só espero que não seja notícia ruim, agora que estamos "bem".
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Enzo Miller
Receber a visita de Pedro justo em um domingo me deixa em alerta, já que ele é o detetive que vigia Vicente e nos deixa informados sobre seus passos. Na verdade quem contratou ele foi meu avô, mas hoje ele responde a mim, já que esse assunto me interessa muito.
Abro à porta do meu escritório e sigo direto até minha cadeira, tomando meu assento e vejo Pedro fazer o mesmo.
- O que aconteceu? - Pergunto sem rodeios, pois sei que boa coisa não deve ser para ele vim pessoalmente me ver.
- Parece que Vicente está voltando para o país. Ele sumiu por uns dias da casa onde mora na Alemanha e quando voltou colocou uma placa de vende-se no local. Andei investigando e ele comprou uma casa aqui no interior e tem duas passagens pagas para o Brasil. Uma está no nome dele e a outra está em branco. - Ele diz e eu fecho minha mão, sentindo a raiva tomar conta de mim.
- Fique de olho nele, se ele pisar em solo brasileiro você já sabe o que tem que fazer. Pode entregar todas as provas para à polícia. Já que ele não vai cumprir o trato que fez com minha avó, não irei deixar ele sair impune. - Falo com voz fria, que nem me reconheço.
Vicente não vai voltar a minha vida, não mesmo!
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E aí jujubas, será que as tretas começam agora??
Bjs da Juh 😘😘
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