Capítulo Vinte e Oito

Ângelo Lima

Abro meus olhos, ainda me sentindo um pouco sonolento e desligo o despertador que solta um som muito irritante. Rolo na cama e ao passar a minha mão no lado de Enzo, não o encontro. Escuto um barulho no banheiro e sei que ele está lá. Ainda com muita preguiça, eu me levanto e me enrolo no lençol por estar nu e sigo até o banheiro, onde eu encontro meu homem assim que chego na porta.

- Bom dia! - Falo e solto um bocejo.

- Bom dia anjo, dormiu bem? - Ele pergunta e sai do box com uma toalha na cintura.

- Dormiria melhor se não tivesse que acordar agora. - Falo com uma careta e ele solta uma risada.

- Bem vindo a vida de adulto. - Ele diz e se aproxima de mim, deixando um selinho em minha boca.

- Às vezes eu queria parar o tempo, permanecer na idade que estou com você ao meu lado.

- Infelizmente isso não pode acontecer, mas pense pelo lado bom... Eu vou estar com você sempre. - Ele fala e isso me faz sorrir como um bobo.

- Eu te amo! - Sussurro e deixo mais um beijinho em sua boca.

- Eu te amo! - Ele responde e se afasta de mim. - Agora vai tomar banho, ou vai chegar atrasado na faculdade. - Ele diz sorrindo e me deixa no banheiro.

Solto um suspiro e deixo o lençol que envolvia meu corpo cair no chão. Sigo até o box e começo a tomar meu banho tranquilo. Assim que termino, faço minha higiene bucal e volto para o quarto, para buscar alguma roupa para mim.

Já faz mais de três semanas desde que Enzo e eu transamos pela primeira vez e desde então eu durmo em seu quarto, que na verdade agora é nosso. Ele me pediu para trazer todas as minhas coisas para cá e eu não poderia estar mais feliz com tudo isso.

Entro no closet e vejo Enzo já vestido em um terno todo preto, o que o deixa ainda mais lindo. Passo por ele e deixo um beijo em sua bochecha. Paro em frente as minhas roupas e pego uma calça branca rasgada nos joelhos, uma camiseta preta e um tênis baixo na cor jeans. Visto minhas roupas e depois de arrumar meus cabelos e passar um pouco de perfume, me sinto pronto.

- Vamos? - Enzo pergunta e eu assinto com a cabeça.

Pego minha bolsa e saio do quarto de mãos dadas com ele. Logo chegamos à sala de jantar e vemos todas as mulheres já à mesa. Olho pela mesa e sinto uma vontade louca de comer pão de queijo com presunto, mas hoje Ana não fez pão, então resolvo ir pedir a ela na cozinha.

- Vou pedir para Ana assar alguns pães de queijo, alguém mais vai querer? - Pergunto quando me levanto da mesa, para ir até à cozinha.

- Não meu amor, pode pedir só para você. - Vó Emília diz e eu abro um sorriso para ela, saindo da sala de jantar e indo para à cozinha.

Assim que estou entrando na cozinha, escuto uma coisa que me desagrada bastante.

- Eu tenho certeza que esse neguinho está com Enzo só pelo dinheiro. Ele foi bem esperto de fisgar o patrão com esse papinho de bom moço. Era para ser eu a estar com Enzo e usufruir dessa fortuna toda, mas não... Essa aberração tinha que chegar nessa casa. - Escuto a voz de Luci e isso faz uma raiva grande crescer dentro de mim, mas não me movo nenhum centímetro.

- Você é doente, Luci, isso é jeito de falar de Ângelo? Ele é um cara muito legal e se está com o senhor Miller é porque o ama. Você só pensa em dinheiro e é uma pessoa sem coração, nem sei como posso ser seu irmão. - Lucio fala com raiva.

- Me poupe desse seu papo. Só te digo uma coisa... Eu ainda vou ser a senhora dessa casa, esse oportunista não vai ganhar de mim. - Ela diz com uma voz tão fria, que me causa arrepios.

- Se você fizer alguma coisa, eu vou ser o primeiro a ir contra você e pode esquecer que sou seu irmão.

- Você não serve para nada mesmo, ter   você como irmão ou não, não muda nada na minha vida. - Ela responde e me sinto mal por Lucio.

Fecho meus olhos com força quando sinto uma tontura tomar conta de mim e seguro na parede. Respiro fundo e resolvo voltar para onde estão os outros.

- Você não queria os pães de queijo, amor? - Enzo pergunta quando me vê passar pela porta sem nada nas mãos.

- Ana não estava na cozinha. - Falo e me sento ao seu lado.

- Está tudo bem, Ângelo? Você está pálido. - Ele fala enquanto me olha com atenção.

- Eu não sei, minha cabeça está doendo muito. - Respondo e encosto minha cabeça no ombro dele.

- Quer ficar em casa? Maju justifica sua falta. - Ele diz e eu balanço a cabeça de leve em afirmação.

- Acho que vou subir, não estou com fome. - Falo depois de alguns segundos e todos me olham, como se procurassem alguma coisa em mim.

- Ok, antes de sair eu vou lá ver como você está. - Enzo fala e eu concordo.

Me levanto e começo a subir às escadas com lentidão. Chego em meu quarto e me deito na cama. A conversa que ouvi há poucos minutos não sai da minha cabeça e isso me deixa inquieto, além de sentir a minha dor de cabeça aumentar.

Enzo aparece no quarto e me dá um beijo antes de sair, me pedindo para o ligar caso eu não me sinta melhor.

Olho para o teto sem ter nada para fazer e resolvo ligar para Castiel, pois estou com saudades do meu amigo.

- Oi Angie! - Ele diz assim que atende a ligação e eu abro um sorriso ao ouvir sua voz.

- Estou com saudades. - É a primeira coisa que falo e escuto ele soltar uma risada.

- Eu também estou, Angie, morrendo de saudades para dizer a verdade. - Ele diz e sinto vontade de chorar.

- Sabe quando vai poder vir para a capital? - Pergunto ansioso.

- Ainda não, estou me adaptando a tudo e meu patrão parece um ogro às vezes. Não sei como minha avó aguenta esse homem há tantos anos. - Ele diz indignado e isso me faz rir.

- E conhecendo você como eu conheço, não está abaixando a cabeça para ele. - Falo.

- É claro que não, estar trabalhando para ele não quer dizer que tenho que acatar tudo e ser submisso a ele. Coitado dele se pensa assim. - Ele diz bravo e minha risada sai mais alta.

- Você é demais, Cas! - Falo sincero.

Passo mais um tempo conversando com meu amigo, matando a saudade que estou sentindo dele. Assim que encerro nossa ligação, resolvo descer e procurar por algum remédio para minha dor de cabeça que ainda não passou. Saio descalço do quarto e sigo pelo corredor, mas assim que chego no topo da escada, vejo uma cobra a poucos centímetros de mim. Solto um grito e acabo me desequilibrado e rolo escada a baixo, até bater minha cabeça em algum lugar e perder a consciência.

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Enzo Miller

Estou em mais uma reunião da empresa, quando sinto meu celular vibrando em meu bolso pela quinta vez.

- Me desculpem, mas eu tenho que atender uma ligação. - Falo e saio da sala de reuniões, tirando meu celular do bolso em seguida.

Assim que pego o aparelho, vejo o número da minha mãe e solto um suspiro antes de atender.

- O que foi, mãe? - Pergunto sem paciência.

- Filho, eu preciso que venha para o hospital o mais rápido possível. - Ela diz apavorada e isso me deixa em alerta.

- O que aconteceu? - Pergunto com um aperto no peito.

- Ângelo caiu da escada e trouxemos ele para o hospital, venha rápido. - Ela responde e sinto meu corpo todo gelar.

- Estou indo! - Falo e me sinto desnorteado por alguns segundos, até conseguir me mover e sair apressado em direção ao elevador.

Nesse momento eu não me lembro de nada a não ser meu anjo, que precisa de mim.

- Vai para o hospital central, rápido! - Falo assim que entro no carro e Lucio faz o que eu mando.

Não consigo pensar em muita coisa enquanto seguimos até o hospital e só me dou conta que chegamos quando Lucio me chama.

Entro apressado pela porta e sigo ate à recepção, mas a única coisa que a recepcionista me diz é para aguardar informações na sala de espera. Isso me faz ter vontade de xinga-la, mas me controlo e sigo até o local que ela me indica. Assim que passo pela porta, vejo minha avó e minha mãe sentadas em cadeiras.

- Como ele caiu? - Pergunto, assim que chego perto das duas.

- Não sabemos, ele deve ter se desequilibrado. Só ouvimos um grito e quando chegamos ele estava caído nos pés da escada sangrando. - Minha mãe responde e eu fico mudo.

Me sento na cadeira ao lado da minha avó e sinto ela me abraçar. Não consigo nem pensar na possibilidade de acontecer algo grave com Ângelo, eu não iria conseguir sobreviver com isso.

Os minutos parecem se arrastar enquanto nós esperamos por alguma notícia. Eu já estava para levantar e ir atrás de alguma coisa, quando vejo um médico passar pela porta, segurando uma prancheta.

- Familiares de Ângelo Lima? - Ele diz e todos nós nos levantamos.

- Somos nós. - Falo e ele se aproxima.

Ele olha para nós por alguns segundos e logo começa a falar.

- Me foi informado que o paciente caiu da escada e com a queda bateu a cabeça com força, mas por sorte ele não sofreu nenhum trauma, apenas levou alguns pontos no corte que teve na testa. Mas infelizmente o feto que ele esperava não sobreviveu a queda por ser muito novo e ele acabou por sofrer um aborto espontâneo. - Ele fala me olhando e sinto o chão sumir abaixo dos meus pés.

- Ângelo estava grávido? - Pergunto com a voz falhando.

- Sim, o senhor não sabia? - Ele pergunta e eu balanço a cabeça em negação.

- Nem ele sabia! - Falo com um nó em minha garganta.

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Capítulo tenso!!! Tadinho do Ângelo quando souber que perdeu seu baby 😢

Alguém sabe quem fez isso com ele e colocou aquela cobra na casa??

Bjs da Juh 😘😘

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