Capítulo Trinta e Um
Ângelo Lima
Vejo o médico sair pela porta e Enzo me ajuda a levantar da cama. Acabei de receber alta e em pouco tempo estarei em casa, o que me deixa nervoso.
Assim que me firmo no chão, sinto uma pontada de dor no pé da minha barriga e fecho meus olhos com força para não chorar.
- Está sentindo dor? - Ele pergunta preocupado e minha vontade é de responder que sim, mas maior que a dor física é a que estou sentindo em minha alma.
- Não. - Falo baixo e começo a caminhar com ele em direção ao banheiro.
Enzo me ajuda a tomar banho e também a me trocar com uma muda de roupa que sua mãe trouxe para mim. Assim que já estou pronto, pegamos a pequena bolsa que estão minhas roupas e saímos do quarto. Passamos pela recepção e Enzo assina minha alta, já que é o responsável por mim.
Quando chegamos na frente do hospital, Lucio já está a nossa espera e me sinto mal por ele nesse momento.
- Fico feliz em te ver bem, Angie, posso te abraçar? - Ele pergunta e sinto o aperto de Enzo ficar mais forte em minha cintura.
- Claro que sim Lu, você é meu amigo... Não se esqueça disso. - Falo sorrindo pequeno e me solto de Enzo, para o abraçar.
- Acho melhor irmos, já está tarde e Ângelo precisa descansar. - Escuto Enzo falar após alguns segundos e me afasto de Lucio em seguida.
Lu abre a porta do carro para nós dois e logo estamos seguindo para casa. Encosto minha cabeça no ombro de Enzo e tento o máximo possível não pensar no que vou enfrentar em poucos minutos, mas é algo quase impossível.
Chegamos em casa quase uma hora depois de sair do hospital e assim que desço do carro junto com Enzo, outro carro estaciona em seguida.
Olho para o carro e vejo dois homens com distintivo policial descer do carro. Automaticamente olho para Enzo, que não esboça muita emoção em seu rosto.
Ele vai até os dois homens e conversa com eles por alguns segundos, até voltar para perto de mim e entrelaçar sua mão a minha.
- Quero todos os empregados da casa na sala em 10 minutos. Pode chamá-los para mim, Lucio? - Enzo pergunta sério e olha para o rapaz, que assente com a cabeça.
- Sim senhor! - Ele responde e logo sai para os fundos da casa.
Enzo me dá um aperto forte na mão e me olha antes de nós dois entrarmos em casa. Assim que passo pela porta e olho para à escada, sinto um aperto forte no peito e uma vontade enorme de chorar toma conta de mim, mas eu me seguro para não vacilar nesse momento.
Encontro as mulheres da família já sentadas na sala e quando me vêem, cada uma delas deixa um abraço apertado em mim.
Prefiro ficar em pé, no centro da sala, e Enzo fica ao meu lado o tempo todo segurando minha mão.
Não demora nem cinco minutos e todos os empregados da mansão começam a chegar. No total são quinze pessoas, mas é somente em uma que presto atenção.
Luci entra na sala com sua expressão superior de sempre, mas percebo que ela não fica feliz ao me ver "bem" e vivo. Sinto um sentimento tão ruim dentro do peito ao ver essa mulher, que tenho que me segurar mais forte em Enzo, para que eu não caia sem forças no chão.
- Vejo que todos já estão aqui, então podemos começar. - Enzo fala com sua expressão fechada de sempre e nesse momento os dois policiais entram na sala.
Percebo que algumas pessoas se assustam com a entrada deles, mas não dizem nada e o silêncio permanece.
- Ontem de manhã Ângelo sofreu um acidente, caindo da escada. Alguns podem pensar, o que eu tenho haver com isso? Bom, muitos não tem, mas uma pessoa sim. No começo eu achei que tivesse sido uma fatalidade o que aconteceu com ele, mas não foi. Ângelo foi vítima de uma tentativa de assassinato. Só que o pior de tudo não foi somente ele ter sido vítima de um assassinato que não deu certo, o pior foi que por causa desse acidente, nós perdemos o filho que nem sabíamos que estava a caminho. - Ele fala e sinto meus olhos marejados no fim, assim como escuto sua voz dar uma falhada.
Olho para as pessoas na sala e muitos estão com olhares tristes, mas há uma única pessoa que demonstra completa indiferença com o que houve.
- Vocês podem imaginar o quanto ficamos abalados com essa notícia, assim como também a possibilidade de acontecer algo bem mais grave com Ângelo. Como eu disse, achei que fosse uma fatalidade, mas não... Foi uma pessoa de dentro dessa casa que fez isso. E já aviso que não adianta dizer que não foi, temos provas contra você... Luci. - Enzo conclui sua fala e escutamos um coro de exclamações surpresas. Nem nossa família sabia sobre.
- Luci! Como você teve coragem de fazer uma coisa dessas? - Lucio pergunta com uma expressão horrorizada em seu rosto e eu sinto pena do meu amigo por ter como única família uma pessoa louca como ela.
- Me poupe desse seu papinho de boa pessoa, nunca fui e nem nunca vou ser uma. - Ela diz com deboche e se aproxima de mim, que não me movo do lugar. - E para você, sua bixa preta e nojenta, eu fiz e faria novamente. Sabe o que é uma pena? É não só o bastardo ter morrido, você também deveria ter ido junto, isso seria como um presente de natal para mim. - Ela diz sorrindo e eu nem vejo o momento em que minha mão acerta sua cara com força.
- Você é uma pessoa sem salvação, Luci e sabe o que eu sinto por você? Pena, somente. Você é tão vazia por dentro que só quer ver os outros infelizes, para suprir a sua solidão. Mas para sua infelicidade eu ainda estou aqui e com o homem que eu amo e que também me ama... Enquanto você vai para uma cadeia, passar um bom tempo lá, pagando pelo que fez comigo. Você pode ter tirado meu filho de mim, mas pode saber que você sempre carregará essa culpa com você. Você pode não sentir nada agora, mas um dia você ainda vai sentir todo o mal que fez e não só a mim. - Falo bem perto dela e ela me olha com pura maldade no olhar.
Ela se prepara para avançar em cima de mim, mas nesse momento Enzo me puxa para perto dele e Lucio segura sua irmã em seus braços.
- Pare de piorar as coisas, você já não acha que fez coisas ruins demais? - Ele fala com a irmã, que se debate contra ele até se soltar.
- Pode acreditar que eu ainda não fiz nada e pare de me dar lições de moral, bastardinho. Sabia que você foi achado no lixo? Pois é maninho, meus pais te tiraram do seu lugar de origem, pois você sabe né, lugar de lixo é no lixo. - Ela diz com deboche e vejo Lucio ficar paralisado em seu lugar, olhando incrédulo para a irmã.
- Você está mentindo. - Ele diz desnorteado.
- Faço questão de fazer um exame de DNA com você. Passa lá na prisão. - Ela diz com cinismo e nesse momento os policiais se aproximam, colocando a algema nela.
- Eu queria poder te dar uma surra nesse momento, mas só não faço isso porque tenho princípios e não é pelo fato de voce ser mulher. Não faço isso, pois eu sei que não trará meu filho de volta e nem vai apagar o mal que fez a mim. Também não desejo mal a você, apenas quero que pague por tudo o que fez. - Falo e solto um suspiro extremamente cansado.
- Belo discurso, pena que não me abala em nada. Não se sinta muito feliz, projeto de aberração, eu ainda vou ver você morto. - Ela fala com maldade na voz e sinto meu corpo inteiro se arrepiar, mas tento não demonstrar estar abalado com isso.
- Podem levar ela, acho que já há provas suficientes contra ela. - Enzo diz e me abraça mais forte, enquanto vemos Luci sair com um olhar assassino em seu rosto.
Solto um suspiro cansado e sinto minha cabeça latejar pela dor que me atinge. Olho para o lado e vejo que Lucio está estático, do mesmo modo que estava antes. Me solto de Enzo e sigo até meu amigo, o abraçando.
- Não fique dessa forma, ela pode ter dito isso apenas para atingir você e te ver dessa forma. - Falo e sinto meu ombro ser molhado por suas lágrimas.
- Mesmo que seja, Angie, eu não estou sabendo lidar com o fato de minha irmã ser tão cruel. Ela não tem sentimentos, só a pura maldade no coração. - Ele diz com a voz embargada.
- O que importa é que você não é igual a ela. Você é uma das pessoas mais boas que conheço, não se prenda a isso. - Falo e me afasto dele, limpando suas lágrimas em seguida.
- Eu sinto muito pelo filho de vocês, muito mesmo. - Ele fala e eu sinto a sinceridade em suas palavras.
- Eu sei que sim. - Falo sincero e me afasto dele.
Logo todos os funcionários da casa vem até mim, dizerem que sentem muito pelo ocorrido e me dar apoio. Recebi também o carinho da minha família e logo após quis subir para meu quarto, já que me sinto muito cansado.
Assim que deito na cama, começo a chorar como uma pequena criança assustada. Sinto a mesma dor de quando perdi meu pai há alguns meses e isso me faz ficar sufocado pelo sentimento.
Acho que somente agora a ficha caiu de que perdi mais uma pessoa importante em minha vida.
- Me desculpa filho, papai devia ter te protegido mais... Me perdoa! - Sussurro e coloco a mão em minha barriga plana.
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Tadinho do meu anjinho, agora que ele entendeu tudo o que aconteceu. 💔
Alguém acha que Luci vai aprontar mais??? 🤔
Espero que tenham gostado 🤗❤
Lucio 👆👆👆
Bjs da Juh 😘😘
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