Capítulo Trinta e Quatro
Ângelo Lima
Enzo e eu ficamos abraçados por um bom tempo, enquanto nos fortalecemos um nos braços do outro.
Deixo um beijo lento em sua boca e logo depois me afasto dele, para poder olhar em seu rosto.
- Eu amo você, obrigado por estar sempre comigo e não me deixar em momento algum. - Falo agradecido e sinto sua mão esquerda acariciar meu rosto com amor e delicadeza.
- Eu sempre estarei com você anjo, do mesmo jeito que sempre esteve comigo, mesmo quando eu nem sabia que precisava tanto da sua companhia. Eu te amo além da vida, anjo, pois a minha vida é você. - Ele fala com tanta sinceridade e amor em suas palavras, que é difícil não me emocionar.
- Você também é a minha. - Confesso com a voz baixa.
Ele sorri para mim e deixa um beijo em minha testa antes de me puxar novamente para seus braços.
- O que acha de tomar um banho e descer um pouco? Todos querem te ver, inclusive o Lucio... Ele estava bem preocupado com você e se sentindo culpado pelo que houve. - Ele fala e balanço minha cabeça em seu peito.
- Ele nunca será culpado de nada, na verdade, ele é uma grande vítima de tudo. Eu estava tão focado na minha dor, que até esqueci que meu amigo também está sofrendo. - Falo e me sinto péssimo por esse fato.
- Você nem podia amor, cada um tem o seu fardo para carregar, mas agora um pode encontrar forças no outro. Admito que no começo eu tinha ciúmes dele, mas vi que ele te vê como um irmão e nada mais. - Ele fala e eu sorrio pequeno.
- Que coisa feia, senhor Miller, sentindo ciúmes do meu amigo. - Falo e cerro meus olhos em sua direção.
- Não tive como controlar, não me julgue. - Ele fala e levanta as mãos, como em um sinal de rendição.
- Não vou julgar você, até porque achei fofo. - Falo e deixo um beijo em sua boca. - Agora, quer vim tomar banho comigo? - Pergunto sem conter nenhum pingo de malícia nessa proposta e Enzo sabe disso.
- Claro que sim. - Ele sorri e eu deixo um beijo em cima da sua cicatriz. Virou algo automático eu fazer isso, além de lembrar a Enzo que eu amo tudo nele, até mesmo suas cicatrizes.
Ele se levanta da cama e me estende sua mão, a qual eu pego sem pensar muito. Seguimos a passos lentos até o banheiro e quando já estamos lá, ele me despe com paciência e carinho e eu faço o mesmo com ele. Nosso banho é regado a carícias e alguns beijos curtos, mas sem nada a mais, pois ele sabe que ainda não estou pronto para isso e nem é o momento. Mas mesmo não tendo nenhum toque a mais, eu pude sentir todo o amor de Enzo por mim, pude me sentir adorado por ele e isso me fez juntar mais um pouco dos meus caquinhos.
Assim que terminamos, seguimos até o closet e ele escolheu uma roupa para mim, enquanto eu escolhia a dele. Depois de prontos e de soltar uma longa respiração, saímos do quarto de mãos dadas.
Assim que passamos pelas escadas, apertei mais forte a mão de Enzo na minha ao sentir uma sensação ruim, mas tentei deixar de lado pois sei que após um tempo não irei mais sentir. A escada não é nem de longe a culpada por tudo o que houve. E espero que a culpada verdadeira possa ser condenada pelo que fez e que pague por todo o mal que cometeu.
- Ângelo, meu amor! - A voz animada de minha avó me tira dos meus pensamentos e ando até ela, para me aconchegar em seus braços.
- Está melhor, meu anjo? - Ela pergunta baixo e eu sorrio com seu carinho.
- Estou sim, vó, não posso parar minha vida agora... Seria tudo o que ela quer. - Falo em um tom baixo e ela se afasta um pouco para me olhar.
- Não é fácil meu amor, mas você vai superar... Já está superando na verdade. - Ela diz e eu assinto com a cabeça.
Deixo um beijo em sua pele macia e em seguida recebo um abraço carinhoso de minha cunhada Maju.
- Fico muito feliz em te ver aqui, Angie, não quero mais te ver daquele jeito. - Ela diz com um sorriso pequeno e eu sorrio em resposta.
- E você não verá, Maju, serei um pouco mais forte agora. - Respondo e ela assente com a cabeça.
Me afasto dela e olho pela sala, vendo Maísa me olhar com expectativa, sentada no canto do sofá.
- Não recebo abraço da minha sogra favorita? - Pergunto sorrindo e ela se levanta, vindo até mim.
- Acho que isso não vale, Angie, você só tem a mim de sogra. - Ela fala em tom de brincadeira e me abraça em seguida.
- Espero que só tenha uma mesmo! - Escuto Enzo falar meio bravo e eu acabo rindo.
- Esse seu filho é meio ciumento, hein sogra. - Falo e ela deixa um beijo em meu rosto.
- Sempre foi, mas está pior agora. - Ela fala e sorri em direção ao filho, mas ele não demonstra muita emoção com o que ela diz e ela percebe. - Bem, fico muito feliz que esteja melhor, lembre-se do que eu disse... Uma hora ela ameniza, sumir nunca vai, mas vai se tornar suportável. - Ela fala, agora um pouco mais séria e eu concordo com um aceno de cabeça.
- Obrigado, você conversar comigo me ajudou bastante. - Falo sincero e aperto suas mãos nas minhas.
- Só fiz o que achei melhor, você faz parte da família, Ângelo e todos aqui amam você. - Ela fala sorrindo e ouvir isso aquece meu coração.
- Obrigado mesmo, a todos vocês! - Falo e olho para cada um deles, inclusive Castiel que está sentado no sofá, sorrindo para mim.
- Você é importante, anjo, lembre-se disso. - Enzo me abraça por trás e deixa um beijo em meu pescoço.
Me sinto bem ouvindo isso e me junto a eles na sala, e começamos a conversar amenidades. Castiel contou um pouco sobre sua nova casa e emprego e nós rimos muito pelo jeito que ele chamava seu patrão.
Não sei não, algo me diz que esses dois ainda vão brigar muito, mas também vai rolar algo a mais. E para ser sincero? Eu estou torcendo por isso, pois meu amigo merece muito ser feliz, assim como meu afilhado Evan. Aquele pequeno merece saber como é ter uma família que o ama mais que tudo.
* * *
Jantamos em um clima alegre e eu pude de fato ser aquele Ângelo de sempre, sem a dor que estava sentindo. Depois do jantar, falei com todos brevemente e disse a Enzo que iria procurar por Lucio... Preciso falar com meu amigo. Enzo logo concordou e disse que estaria me esperando em nosso quarto quando terminasse a minha conversa com Lu.
Saio da mansão e sigo até uma das cinco casas que ficam espalhadas pela propriedade. E a primeira é a que Lucio morava junto com a irmã, mas que agora está sozinho. Assim que nos tornamos amigos, descobri que ele só tinha a irmã como parente mais próximo, já que seus pais haviam morrido há dois anos. Eles também eram funcionários aqui na mansão e viviam com os filhos. Quando eles morreram, eles não tinham mais ninguém que não fossem as pessoas que conheceram aqui mesmo e Lucio tinha a irmã como um espelho para ele.
Chego em frente a casa de cor azul céu e subo os pequenos degraus da varanda. Deixo três batidas na porta e espero para que ele venha me atender. Demora um pouco, mas logo a porta é aberta e a imagem do meu amigo entra em meu campo de visão.
Olhar para Lucio me traz um aperto no peito, pois nem de longe ele se parece com o cara animado e de sorriso fácil que eu conheço.
- Posso entrar? - Pergunto após alguns segundos e ele abre espaço para que eu entre.
Olho para a casa pequena, mas impecavelmente limpa e arrumada e posso sentir um pouco da personalidade dele nisso.
- Você está bem? Desculpa não ter ido te visitar, achei que precisasse de um tempo. - Ele fala com a voz um pouco rouca, indício de que estava chorando.
Bem, seus olhos já me indicam isso. Estão vermelhos e inchados e há bolsas escuras abaixo deles, assim como o tom pálido em sua pele está bem evidente e posso notar que ele também emagreceu nesses dias.
- Não Lu, a pergunta aqui é... Você está bem, meu amigo? - Pergunto e as lágrimas começam a descer por seu rosto, como uma resposta silenciosa para minha pergunta.
Abro meus braços em um convite silencioso e ele logo vem até mim, me abraçando com força.
- Eu estou perdido, Angie, nem sei mais quem eu sou. - Ele fala em meio aos soluços e eu passo minhas mãos em suas costas.
- Claro que sabe, Lu, mas precisa de tempo para ver isso novamente. - Falo com calma.
Deixo ele chorar tudo por um tempo e após alguns minutos seu choro some e fica apenas alguns tremores. Me solto dele e pego em sua mão, nos guiando até o sofá.
Ele se senta e abaixa a cabeça, encarando suas mãos em seu colo.
- Me sinto envergonhado por tudo e de certa forma culpado. Ela me disse que iria te fazer mal, mas eu achei que fosse algum tipo de brincadeira sem graça. - Ele fala e eu solto um suspiro.
- Esqueça isso Lucio, você não teve e nem nunca terá culpa pelas maldades da sua irmã. Ela é uma pessoa má e você é bem diferente disso. - Falo e pego em seu queixo, levantando seus olhos para os meus.
- Ela não é minha irmã. - Ele fala e olho para ele confuso.
- O quê? Você não pode acreditar naquilo, Lucio, com certeza ela disse apenas para te magoar e machucar. - Falo e ele balança a cabeça em negação, começando a chorar novamente.
- Eu não consegui dormir naquele dia e no dia seguinte fui até lá. Ela me insultou novamente e disse coisas horríveis. Estava com aquela dúvida me corroendo e pedi permissão para fazer o exame de DNA. O resultado saiu há dois dias e eu não sou irmão dela, Angie, não sou filho dos meus pais. - Ele fala com a voz embargada e posso ver a dor em seus olhos.
Pego seu rosto em minhas mãos e olho fundo em seus olhos.
- Eles são sim seus pais, Lucio, eles te amavam e sempre vão te amar mesmo não estando aqui. Um exame de DNA não prova o contrário. Pai e mãe é aquele que te dá amor e que te cria com carinho. Eu não tive mãe, Lucio, mas meu pai foi alguém maravilhoso para mim, como sei que seus pais foram para você. Guarde isso com você e se esqueça do resto. Não deixe sua vida ser mudada por um pedaço de papel e pela maldade de uma pessoa sem amor. - Falo firme.
- Eu sei, eles sempre serão meus pais, mas ainda é difícil. - Ele fala e eu sei que é.
- Só não deixe ela estragar sua vida, promete isso para mim? Eu não vou deixar... Você vai? - Pergunto sério e espero sua resposta, olhando em seus olhos.
Ele demora um pouco para responder, mas logo vejo um brilho diferente em seus olhos e isso me deixa contente.
- Não, eu não vou deixar ela estragar todas as lembranças boas. Ela até pode não ser minha irmã, mas meus pais serão sempre meus pais! - Ele diz convicto e me sinto satisfeito com isso.
- Muito bem, é assim que devemos ser... Fortes! - Falo com um sorriso e ele assente.
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Tadinho do Lucio gente... Ele é muito meu bebê, assim como Angie ❤.
Último cap de coração indomável desse ano de 2018. O que acharam???
Feliz Ano Novo jujubas, que venha um 2019 cheio de paz, amor, dinheiro, sonhos realizados e histórias! 😁😍😙
Bjus da Juh 😘😘
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