Capítulo Trinta

Ângelo Lima

Vejo o olhar confuso de Enzo sobre mim e ele volta a se sentar na cadeira onde estava antes.

- Me explica isso direito, por que ela faria uma coisa dessas? - Ele pergunta sem entender.

- Lembra de hoje mais cedo, quando eu fui pedir a Ana o pão de queijo? - Pergunto e ele assente com a cabeça em silêncio. - Eu nem cheguei a entrar na cozinha, pois assim que cheguei perto, pude ouvir uma conversa de Luci com seu irmão. Ela dizia que eu sou um impostor, que entrou na sua vida só para atrapalhar os planos dela. Pelo que entendi, ela sempre pensou que teria uma chance com você e seria sua mulher, dona de tudo o que é seu, mas eu surgi para atrapalhar tudo. Eu ouvi, Enzo, ela dizendo que não iria me deixar ganhar, ela iria fazer alguma coisa contra mim e fez, só que ela não prejudicou só a mim. - Falo com raiva e sinto novas lágrimas descerem por meu rosto.

- Eu... Eu nem sei o que dizer. - Ele diz, claramente atordoado.

- Eu só peço que acredite em mim, eu nunca iria acusar alguém sem ter um forte motivo. Ela nunca gostou de mim, sempre me olhou com nojo e olhar superior, mas eu nunca achei que ela fosse tentar me matar. E o pior de tudo é saber que ela tirou a vida de um ser inocente, que não tinha culpa de nada. - Falo com a voz falha.

- Ei, eu acredito em você meu anjo. É só... Difícil saber que uma pessoa que você confiava para estar dentro da sua casa fez isso. - Ele diz e se levanta, vindo me abraçar em seguida.

Fecho meus olhos e aproveito o abraço carinhoso que recebo de Enzo nesse momento. Tudo o que eu queria agora, é que eu acordasse e tudo não passasse de um pesadelo.

Escuto batidas na porta e me afasto um pouco de Enzo, logo vendo vó Emília e Maísa entrarem pela porta.

- Oi, meu amor. - Minha avó diz com um sorriso triste e fecha a porta atrás dela.

- Podem ficar com ele por um momento? Preciso sair rapidinho. - Enzo fala e eu olho para ele na mesma hora.

- Onde você vai? Não quero ficar longe de você. - Falo agitado e ele beija  minha bochecha com carinho.

- Prometo que logo estarei de volta, meu anjo. Eu só preciso resolver algumas coisas, tudo bem? - Ele diz com a voz calma e mesmo sem querer que ele vá, eu concordo com um aceno de cabeça.

- Tudo bem, mas volte logo. - Falo e abraço ele mais uma vez.

- Eu te amo, se lembre apenas disso. - Ele sussurra perto do meu ouvido e sinto meu peito se aquecer com essa declaração.

- Eu também amo você! - Respondo de volta ele deixa um selinho em minha boca antes de se afastar de mim.

Enzo deixa o quarto e fico somente com minha sogra e vó Emília.

- Eu sinto muito pelo que aconteceu, Angie, vocês não mereciam isso. - Minha sogra diz e eu forço um sorriso pequeno.

- Infelizmente não era para ser, acho que minha felicidade máxima está longe de ser alcançada. - Falo triste e me deito mais confortável na cama.

- Não diga isso, filho, você e Enzo ainda vão ser muito felizes juntos, na verdade já são. Infelizmente existem pessoas por aí que não aguentam ver os outros felizes, mas vocês vão vencer todos esses obstáculos no final. Não desista de ser feliz por pessoas desse tipo. Você trouxe a vida de volta a Enzo, assim como eu acredito que ele também foi muito importante para você... Nunca desista do que você conquistou. - Minha avó diz e eu fico tocado por suas palavras.

- Obrigado pelas suas palavras, vó, prometo que não vou deixar essas pessoas acabarem com o que eu e Enzo conquistamos juntos. - Falo com seriedade.

- Muito bem meu amor, é desse jeito que um Miller deve ser. Não abaixe a cabeça para ninguém. - Ela diz sorrindo e vem até mim me abraçar.

Tento me focar em outras coisas e não na perda que sofri hoje, mas sei que mais cedo ou mais tarde eu não vou ser tão forte como prometi ser.

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Enzo Miller

Ando ainda meio atordoado pelos corredores do hospital. É difícil assimilar que uma pessoa que está há anos com você, pôde fazer algo tão cruel como o que Luci fez com Ângelo. Ela queria o matar, mas ela conseguiu algo tão pior quanto isso.

Encontro Lucio na frente do hospital e  sinto raiva ao vê-lo, mas me lembro que o culpado não é ele e sim sua irmã. Só que também não posso confiar demais nele, pois hoje em dia confiar nas pessoas erradas se tornou algo muito fácil.

- Me leve de volta para a empresa. - Falo com ele e entro no carro sem dizer mais nada.

O caminho é feito rapidamente e em silêncio. Assim que chego na empresa, peço para minha secretária contatar Cláudio e sigo diretamente para minha sala.

Me sento na cadeira e espero por ele impacientemente. Após alguns minutos, escuto batidas na porta e peço para a pessoa entrar. Logo Cláudio passa pela porta e aponto a cadeira à frente da minha mesa para ele se sentar.

- Me chamou? - Pergunta me olhando com atenção.

- Sim, eu preciso das imagens das câmeras de segurança lá de casa. Não sei mexer nessas coisas e só instalei elas lá por insistência sua. - Falo sério e vejo que ele percebe a minha agitação.

- Aconteceu alguma coisa? - Pergunta com a expressão séria.

- Aconteceu e eu preciso saber quem foi o responsável. Agora por favor, arrume as imagens de hoje de manhã para mim, o mais rápido possível. - Falo um pouco ríspido com ele.

- Tudo bem, logo estarei te enviando as imagens. - Ele diz e se levanta.

- Obrigado! - Agradeço a ele, que acena rapidamente e sai pela porta.

Não era minha intenção o tratar com tamanha rispidez, mas no momento eu me encontro uma bagunça de sentimentos. Eu perdi meu filho, Ângelo quase foi assassinado e por uma pessoa que está debaixo do mesmo teto que nós dois.

O tempo passa se arrastando e eu fico cada vez mais irritado por estar longe de Ângelo, pois ele precisa de mim nesse momento.

Estou pronto para me levantar, para ir atrás de Cláudio quando recebo um link em meu celular. Abro o link e as imagens de algumas câmeras de segurança que há na casa aparece em meu campo de visão. Clico na que dá acesso ao corredor e me deixa ter uma boa visão da escada.

Demora um pouco para que eu possa ver o momento que me interessa. Uma pessoa sobe pelas escadas com uma caixa na mão e para minha completa raiva, é a Luci. Ela olha ao redor para ver se vê alguém e se encosta perto da parede. Fica alguns minutos na mesma posição, até que ela se abaixa e abre a caixa que tem nas mãos, deixando uma cascavel sair. Ela se afasta devagar e se esconde em um vão que há no corredor. Não demora nem um minuto e vejo Ângelo sair do nosso quarto com uma expressão despreocupada. Ele não percebe de imediato a cobra e só a vê quando está perto da escada. Sua expressão se torna assustada e ele perde o equilíbrio, caindo da escada em seguida. Ver o momento de sua queda causa um aperto em meu peito e isso me deixa com mais raiva dessa mulher.

Luci dá um sorriso ao que pensa ter conseguido seu objetivo e volta a se aproximar da cobra. Não sei como, mas a cobra volta para a caixa sem ao menos avançar sobre a desgraçada, que deveria estar no lugar de Ângelo.

- Vagabunda! - Acabo falando alto e soco a mesa com força.

Pego minha bengala encostada na mesa e saio da minha sala o mais rápido que posso.

Entro no elevador e em pouco tempo estou na garagem subterrânea do prédio. Lucio assim que me vê, abre a porta do carro para mim e segue para o banco do motorista em seguida.

- Pra delegacia. - Falo com o rosto sério e ele me olha por alguns segundos pelo espelho retrovisor, antes de sair com o carro.

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Ângelo Lima

Já faz algumas horas que Enzo saiu e até agora ele não voltou, o que já está me deixando impaciente. Nesse meio tempo Maju chegou ao hospital, muito preocupada pelo que houve. Ela ficou muito triste também quando soube da perda do bebê, mas eu não quis prolongar muito esse assunto.

O médico que me atendeu apareceu há alguns minutos atrás e disse que se tudo estivesse bem, até o final do dia eu terei alta. O que me deixou muito aliviado, pois todo esse cheiro de hospital está me deixando pior.

Sinto meus olhos pesados e acabo pegando no sono por alguns minutos.

Acordo pouco tempo depois, sentindo uma mão acariciando meu rosto e assim que abro meus olhos, vejo Enzo sentado na cama ao meu lado. Sua expressão está séria e vejo que há culpa em seu olhar. E isso me faz ter certeza de que eu tinha razão nas minhas suspeitas.

- Foi ela, não foi? - Pergunto com a voz um pouco rouca por causa do sono e também por ter chorado muito.

- Me desculpa por não ter protegido você como merecia. A culpa é minha por ter deixado aquela maluca dentro da nossa casa. - Ele diz com a voz séria e vejo sua mandíbula se apertar pela raiva.

- Nunca diga que a culpa é sua, você não sabia que ela era assim, ninguém sabia. - Falo com firmeza e aperto sua mão na minha.

- Já fui na delegacia e a denunciei. Eles  só precisam do seu depoimento para que possam prende-la em definitivo. - Ele fala e isso me causa uma pequena satisfação, mas ainda não é tudo.

- Eu quero ver ela sendo presa. Quero olhar na cara dela. Eu sei que isso não vai trazer nosso filho de volta e ela pode passar anos na cadeia, mas isso nunca vai ser o suficiente. Minha vontade nesse momento é empurrar essa desgraçada da escada ou algo pior. Só que eu não quero ser igual a ela... Eu não quero fazer mal a uma pessoa apenas para tentar me sentir melhor, pois eu sei que isso só irá me matar ainda mais por dentro. - Falo a ele, que me abraça.

- Você jamais será igual àquela mulher. Você é bom meu anjo, sei que jamais seria capaz de fazer mal a alguém.

- Lucio já sabe de alguma coisa? - Pergunto após alguns minutos em silêncio.

- Não, mas acho que ele desconfia. Eu sinceramente estou com raiva dele, pois ele sabia que sua irmã estava querendo fazer mal contra você, ele podia pelo menos ter nos dito algo. - Enzo diz com raiva e eu entendo seu ponto de vista.

- Eu sei amor, mas entendo ele também. Luci é a única família dele, mesmo conhecendo a irmã, acho que ele tinha esperança de que ela estivesse apenas falando palavras ao vento. - Falo, defendendo meu amigo.

Eu conheço Lucio, ele é uma das melhores pessoas que conheci naquela casa. E sei que apesar de tudo, ele ama a irmã que é sua única família.

- A única coisa que eu quero agora é ver essa mulher longe de nós e acabar com mais esse obstáculo em nossas vidas. - Ele responde e eu penso o mesmo que ele.

- Isso é o que eu mais quero. - Falo e me preparo mentalmente para poder ficar de frente à pessoa que quis se livrar de mim.

Sei que quando ver Luci na minha frente, todos os sentimentos ruins do mundo vão aflorar em mim, mas eu preciso disso.

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Olá jujubas, como vão??? Mais um Cap saiu e espero que tenha ficado bom 🤗. O que acharam??

Bjs da Juh 😘😘

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