Capítulo Três
Ângelo Lima
Solto um último suspiro, olhando para a casa onde cresci. Vou sentir tanta falta dessa casa, que meu coração se aperta só de lembrar que não irei mais morar aqui. Mas também não faria nenhum sentido morar aqui sem meu pai. Na verdade, nada mais faz sentido sem ele. Só espero que essa dor diminua em algum momento.
- Vou sentir falta desse lugar. - Falo e olho para Castiel ao meu lado.
- Sei que vai, mas poderá voltar sempre aqui. - Ele diz, tendo um Evan impaciente em seu colo.
- Na verdade eu nem sei. A casa está na hipoteca e eu não tenho dinheiro para pagar. E me dói saber que posso perder essa casa para sempre. - Respondo e pego meu afilhado de seu colo.
- Você não disse que seu pai te deixou um dinheiro? Talvez você possa usá-lo para pagar a hipoteca. - Ele diz simples.
- Só posso usar o dinheiro quando atingir a maioridade e ainda falta meses para isso, Cas. Acho que irei perder a casa mesmo. - Falo, soltando um suspiro frustrado.
- Não vai não, vamos dar um jeito. Mas agora, quero saber se está tudo bem mesmo ir para a casa dessa família Miller? - Ele pergunta, pela centésima vez, preocupado.
- Cas, não se preocupe tanto. Já disse que eles são pessoas boas, nada de ruim irá me acontecer. E você irá me visitar sempre, não é mesmo, pequeno? - Falo para ele e deixo um beijo na bochecha gorducha de Evan.
- Ba, bu! - Evan exclama animado, arrancando risadas de nós dois.
- Viu?! Meu afilhado concorda comigo. - Falo, sorrindo para ele.
- Sei! Que horas o motorista vem te buscar? - Ele pergunta, se deitando em minha cama.
- Já deve estar chegando, dona Emília me ligou hoje mais cedo, nem sei como ela sabia meu número. - Falo confuso.
- Ela deve ser alguma bruxa. - Cas diz, fazendo graça.
- Para de graça, seu idiota! - Pego um travesseiro e jogo nele, escutando a risada gostosa de Evan.
- Filho, até você está rindo do papai? - Ele diz, fingindo indignação, o que serve para o bebê em meu colo rir ainda mais.
- El... - Estou prestes a falar com ele, mas escuto a campanhia tocar e sei que deve ser o motorista, que veio me buscar. - Acho que ele chegou. - Falo, olhando um pouco apreensivo para Castiel.
- Eu vou lá atender a porta. Não demora! - Ele fala e pega Evan do meu colo, logo saindo do quarto.
Olho para minhas malas prontas em cima da cama e uma vontade enorme de chorar me toma. Eu sei que devo ir, mas diga isso ao meu coração. Ele simplesmente não quer deixar esse lugar para trás.
- Ok, vamos lá... Você consegue! - Falo comigo mesmo e desço às escadas.
Assim que chego na sala, vejo um homem de uns vinte e poucos anos, um pouco mais alto que eu e também mais forte, usando um terno azul. Seus olhos azuis me olham atentos, mas gentis.
- Bom dia, sou Lucio. - Ele estende sua mão para mim, com um pequeno sorriso.
- Olá Lucio, eu sou o Ângelo. - Aperto sua mão e lhe devolovo o sorriso.
Logo Lucio pegou todas as minhas coisas e as levou para o carro. Entre as coisas também há algumas caixas, onde guardei alguns pertences que não conseguiria não ter comigo. Assim que tudo já está no carro, chega à hora de me despedir realmente. Dou uma última volta pela casa, me despedindo de tudo e assim que tranco a casa, guardando a chave em meu bolso, sinto um vazio grande no peito. Mas também sinto uma sensação de recomeço tomar conta de mim. Afinal, minha vida mudaria completamente a partir de agora ou melhor, ela já mudou.
Me despedi de Castiel e Evan, enchendo os dois de abraços e beijos e logo depois, já estava seguindo para a minha nova casa.
* * *
O caminho para à casa onde a família Miller mora foi bem longo, pois a casa fica um pouco afastada da cidade. E assim que chegamos, fico maravilhado com a grandeza do lugar. Apesar de ser uma espécie de fazenda, o lugar é muito luxuoso e lindo.
O carro para em frente a enorme casa e sinto um frio na barriga. Fico meio perdido por alguns minutos e só volto a prestar atenção em tudo, quando Lucio abre a porta do carro para mim. E assim que saio do veículo, vejo dona Emília aparecer na grande porta de entrada, junto com mais uma mulher e outra adolescente.
- Seja bem vindo querido, espero que se acostume com sua nova casa. - Dona Emília diz, assim que me aproximo delas.
- Obrigado, dona Emília. - Agradeço, com um pequeno sorriso.
- Não precisa agradecer meu anjo. Bem, essas são Maísa e Maria Júlia. Maísa é minha nora, mãe de Enzo e Maria Júlia é sua irmã. - Ela apresenta as duas, que vem me cumprimentar com um abraço e beijo.
- Prazer em conhecer vocês. - Sorrio para elas.
- Estou feliz por ter alguém da minha idade por aqui. - Maria Júlia diz, de modo um pouco dramático.
- Está descartando eu e sua avó, Maju? - Maísa pergunta, olhando para a filha, que lhe lança um sorriso amarelo.
- Imagina mamãe, nunca faria isso. - Ela diz, fazendo um gesto de desdém com a mão.
- Venha querido, vou te mostrar a casa e seu quarto. - Dona Emília fala e pega em minha mão, me puxando para dentro.
Se fiquei impressionado com a casa por fora, por dentro ela é ainda mais deslumbrante. Começamos um verdadeiro tour pela casa, mas dois cômodos ficaram de fora... Que foi o quarto e escritório do neto de dona Emília, o Enzo. Achei meio estranho isso. Falando nisso, até agora não vi sinal dele em lugar nenhum. O que é estranho, já que deveria ser ele a vir me receber. Afinal, ele é meu tutor a partir de agora.
Logo chegamos no meu novo quarto, que é lindo e muito grande. Aliás, nessa casa muitas coisas são exageradas. Dei uma rápida olhada pelo lugar, mas logo voltei minha atenção a dona Emília, que pediu para conversar comigo.
- Senta aqui. - Ela diz e bate a mão no lugar ao seu lado na cama.
Estamos apenas nós dois no quarto, já que ela pediu para falar comigo a sós.
- Sei que deve estar se perguntando, o porquê do meu neto não ter vindo em nenhum momento o ver. - Ela diz, me olhando.
- Imagina, nem pensei nisso! - Falo apressado e ela sorri com meu jeito.
- Não me engane, querido, sei que está. Mas quero que saiba algumas coisas... Enzo já sofreu muito na vida e por isso se tornou um homem muito fechado. Ele, na maioria das vezes, fica recluso, mas esse, infelizmente é o seu jeito de ser agora, então não estranhe. Só que não precisa ficar apreensivo quanto a ele, pois apesar de tudo, ele continua sendo o Enzo honesto e bom de sempre. - Ela diz e posso ver que essa situação com seu neto a deixa triste.
- Sinto muito por isso, algumas coisas podem mudar muito uma pessoa. - Falo para ela.
- Podem sim querido, mas eu tenho um pressentimento bom quanto ao meu neto. Acho que ele ainda vai encontrar alguém, que o tire desse abismo e o faça acreditar novamente. - Ela sorri para mim, me olhando de uma forma diferente.
- Tomara que sim. - Falo por fim, sorrindo para ela.
- Espero que se acostume com sua nova vida e não deixe de me falar se precisar de algo. Enzo também irá lhe dar tudo o que precisar, ele pode ser difícil às vezes, mas também irá zelar por você. Agora, vou te deixar se instalar, qualquer coisa me chame. Lucio já trouxe suas coisas para cá. - Ela diz e deixa um beijo em minha bochecha, antes de sair do quarto.
Depois que ela sai, começo a organizar minhas coisas, dando uma cara mais minha para o lugar.
Algumas horas mais tarde, Maju me chama para almoçar e vou com ela até à sala de jantar. E mais uma vez, Enzo não está presente.
Estou começando a criar algumas teorias quanto a esse homem, e minha curiosidade de conhecê-lo aumenta ainda mais.
Depois do almoço, Maria Júlia me arrasta para ficar com ela e passamos o dia vendo alguns filmes e ela me contando sobre sua vida. Gostei bastante dela e já posso ver uma provável amiga.
O dia se arrastou e quando percebi, já estava na hora de dormir. E agora, deitado em minha cama, me sinto inquieto. Rolo de um lado paro o outro na cama, até que decido ir beber um copo d'água.
Saio descalço mesmo do quarto e começo a descer às escadas, encontrando a casa toda em silêncio.
Entro na cozinha e acendo as luzes, logo pegando um copo, colocando água para mim. Termino de beber toda a água e assim que me viro, tomo um susto ao ver um homem parado na porta, me observando com um olhar intenso.
Meus olhos se prendem no homem e perco o fôlego por alguns momentos. Ele é alto, loiro, têm o corpo forte e segura uma bengala em sua mão esquerda. Mas o que me chama a atenção, é seu rosto... Que ostenta uma grande cicatriz na parte direita, pegando desde sua testa até uma parte de sua boca.
- Quem é você? - Pergunto, depois de algum tempo, mesmo já sabendo minha resposta.
- Enzo... Enzo Miller. - Ele responde, ainda me olhando com intensidade.
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Olá jujubas! O que acharam desse encontro? Estava louca por ele. 🤭
Bjs da Juh 😘😘
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