Capítulo Sessenta - Final

Ângelo Lima

Vou acordando aos poucos e sinto todo meu corpo leve. Abro meus olhos devagar e pisco algumas vezes, para me acostumar com a luz clara do quarto. Meus olhos rapidamente vão para minha barriga inchada, mas que não está em um tamanho tão grande como antes.

Olho pelo quarto e abro um sorriso ao ver Enzo sentado em uma poltrona com seus olhos fechados. Queria poder me levantar daqui agora, pegar em sua mão e ir ver meus filhos. Não pude os ver como eu realmente quero e não vejo à hora de os pegar em meus braços.

- Que bom que acordou. - Enzo fala de repente e isso me assusta. "Esse povo tem uma mania de falar do nada, Deus me livre!"

- Amor, para de me assustar assim. Um dia vai ficar viúvo e não sabe porquê. - Falo rindo e ele se levanta, vindo em minha direção.

- Desculpa, não faço mais. - Ele diz e deixa um beijo em minha testa.

- Você viu nossos filhos? Estou louco para os pegar no colo. - Falo sorrindo e ele pega em minha mão, deixando um beijo na mesma.

- Vi eles apenas pelo vidro do berçário, mas conversei com Simone e logo vão trazê-los para vê-lo. - Ele sorri. - Eles são lindos meu anjo, já estou mais do que apaixonado por eles. - Ele diz e entendo o sentimento.

- Também já estou. É estranho, né? O amor que cresce em nós quando somos pais. Parece que muda uma coisa aqui dentro. - Falo e coloco minha mão em meu peito.

- Sinto que sou capaz de qualquer coisa só para ver o bem deles... É um amor surreal. - Ele responde e se senta ao meu lado na cama.

- Será que vamos ser bons pais? - Pergunto com um pouco de medo. - Ainda sou novo, e morro de medo de errar com eles como a minha mãe. - Falo e me sinto triste de repente.

- Lembra quando você me disse que eu não era meu pai e que vou ser um ótimo pai para nossos filhos? - Ele pergunta e assinto com a cabeça. - Eu te digo a mesma coisa agora, você não tem nada a ver com sua mãe. E mesmo sendo novo você vai ser um pai maravilhoso, nossos filhos vão ter muito orgulho de você no futuro. - Ele sorri e deixa um beijo em minha boca.

- Obrigado! Eu te amo muito, obrigado por ter me dado os melhores presentes do mundo. - Agradeço e passo minha mão por seu rosto, sentindo sua barba e também sua cicatriz.

- Eu que agradeço por você ter me transformado no homem que sou hoje... Por ter me amado e por ter me feito ganhar uma família novamente. Eu resnaci quando te amei meu anjo. - Ele diz e me sinto emocionado com suas palavras.

Abraço meu marido como posso e me sinto grato por ter ganhado uma pessoa tão especial, que eu posso contar em todos os momentos e que me ama incondicionalmente.

Escutamos um barulho na porta e isso faz Enzo se afastar de mim. A porta se abre e vejo Simone entrar primeiro e logo depois duas enfermeiras também entram, cada uma empurrando um carrinho com um bebê. Sinto meu coração acelerar dentro do peito e minha vontade é correr até meus filhos.

- Olá papais! Tem dois mocinhos aqui loucos pelo papai Angie. - Simone diz com um sorriso e se aproxima de nós.

- Posso pegá-los? - Pergunto com ansiedade.

- Claro que sim, você também precisa os alimentar. - Ela sorri e a enfermeira pega o primeiro.

Uma coisa que já deu para perceber é a diferença de cor entre os dois, mas as feições são quase idênticas.

- O Otávio está morrendo de fome papai. - A enfermeira diz com um sorriso simpático e me auxilia em como pegar o bebê.

Encaixo seu corpo minúsculo em meus braços e sinto as lágrimas descerem por meu rosto, sentindo meu peito quase explodir de amor.

Otávio é o que tem a cor mais escura, igual a minha... Ou seja, ele é negro, mas não consigo ver a cor dos seus olhos por eles ainda estarem fechados.

Fico admirado com meu filho e não consigo parar de sorrir em momento algum. Otávio se mexe em meu colo, resmungando e então seus olhos se abrem para mim. Olhos castanho escuro me fitam e automaticamente eu me lembro da minha mãe, pois são iguaizinhos aos dela.

- Você tem os olhos da sua avó, meu anjo. - Sorrio e passo meu dedo indicador com delicadeza por sua pele macia.

- Quer o amamentar agora? - A enfermeira ao meu lado pergunta e confirmo com a cabeça.

Ela me auxilia, para achar a posição certa e abaixo a alça da minha camisola hospitalar, para deixar meu peito livre para ele. A pequena boca de Otávio logo encontra o bico do meu peito e ele começa a sugar com força. Dói um pouco conforme ele faz a sucção, mas isso não me incomoda muito. O momento entre meu filho e eu é tão especial, que a dor se torna pequena.

Sinto Enzo ao meu lado e sorrio para ele, vendo seu olhar apaixonado por nosso filho.

Quando Otávio já se dá por satisfeito, coloco ele para arrotar, achando fofo até o barulhinho que ele faz.

- Quer o pegar agora? - Pergunto olhando para Enzo, que ainda olha hipnotizado para Otávio.

- Tenho medo de machucar. - Ele fala sério.

- Não vai. - O tranquilizo.

Um pouco com medo, Enzo se aproxima e pega o filho do mesmo jeito que a enfermeira me auxiliou. Vejo a felicidade nos olhos do meu marido e isso me deixa mais que contente por vê-lo dessa maneira.

- Agora é a vez do Giovani. - A outra enfermeira fala e isso me faz virar em direção a eles.

Ela vem com meu outro filho em seu colo e me entrega ele com cuidado.

Sorrio com alegria quando vejo que Giovani está com os olhinhos abertos, os mesmos olhos de seu pai Enzo e meu pai.

- Ele tem seus olhos, amor. - Falo olhando fixamente para nosso filho, que parece estar inquieto.

- Seus olhos também são azuis, anjo. - Ele diz rindo e beija meu rosto.

Rio e aproximo o bebê do meu outro peito, deixando que ele sugue meu peito em busca do seu alimento.

- Vamos deixar vocês um pouco a sós e voltamos em alguns minutos. - Escuto Simone dizer e assinto com a cabeça.

Escuto a porta ser fechada, mas continuo olhando meu filho, que tem seus pequenos olhos fixos em mim.

- Algum dia você pensou em estar dessa forma? - Pergunto para Enzo e olho rapidamente para ele.

- Não depois de tudo, achava que meu destino seria ficar sozinho pelo resto da vida. - Ele fala, mas não sinto mais a mesma amargura de antes. - Só que aí você chegou e mudou tudo. - Ele fala e isso me faz sorrir.

- Você também mudou muito a minha vida. - Falo sincero e olho para ele.

Nossos olhares ficam fixos por um momento e sinto meu corpo inteiro se arrepiar.

- Eu amo vocês, mais do que qualquer coisa nesse mundo. - Ele fala sério e eu acredito em cada palavra que ele diz.

- E nós também te amamos, mais que qualquer coisa. - Falo sincero e deito minha cabeça em seu ombro.

Sinto meu peito se aquecer, tendo minha própria família bem pertinho de mim.

* * *

Nossos amigos, que vieram para o chá de bebê, puderam ver os bebês rapidinho e logo voltaram para suas casas. Queria muito que Cas pudesse ficar mais tempo, mas sei que ele é o braço direito de Adrian na fazenda. Mas pelo menos os padrinhos de Otávio puderam curtir eles bastante. Becca e Cacau também tiveram que ir embora cedo, mas fiz elas prometerem que voltariam o mais rápido possível para nos ver.

Fiquei uma semana no hospital, já que os bebês tiveram que ficar um pouquinho a mais também. Então não via à hora de chegar logo em minha casa, que ainda nem curti direito.

O carro de Enzo estaciona em frente de casa e ele sai primeiro, para me ajudar a descer. Assim que saio do carro, vejo o carro de Lucio também estacionar e logo ele desce junto com Maísa, minha avó e Maria Julia.

- Deixa que eu pego meu afilhado. - Maju diz sorrindo e abre a porta traseira do carro.

- Cuidado com meu filho, sua doida. - Enzo fala para implicar e isso me faz revirar os olhos.

- Me esquece, Enzo! - Ela diz e pega o bebê conforto em que Gio está.

- Vocês dois parem com isso, meus bisnetos não merecem isso. - Vó Emília diz brava.

- Nós somos seus netos vó. - Maju fala com graça.

- Não me faça perder a paciência, menina. - Ela avisa e isso me faz rir, mas paro quando sinto os pontos na minha barriga doer.

Balanço a cabeça em negação e vejo Enzo pegar o bebê conforto em que Otávio está.

- Vamos, amigo! - Lu chega ao meu lado e passa seu braço pelo meu.

Andamos devagar até entrar em casa e ele me ajuda a sentar no sofá. Logo o resto do pessoal também entra.

- Eles são tão lindos, Angie, estou apaixonado por meus sobrinhos. - Lu fala sorrindo e me abraça de lado.

Olho para ele e vejo um brilho em seus olhos, mas também vejo uma sombra de tristeza passar por seu olhar, o que me deixa muito intrigado.

- Eles também vão ser apaixonados pelo tio Lu. - Sorrio e beijo seu rosto.

Todos acabaram almoçando em casa, enquanto babavam por nossos filhos. Eles foram embora de tarde, mas Maísa acabou ficando conosco, já que ela vai me ajudar no primeiro mês com os bebês. Enzo também vai me ajudar quando não tiver trabalhando e ele já tirou duas semanas de folga, mas depois estarei sozinho e preciso de uma ajuda quando esse tempo acabar... Pelo menos até eu pegar o ritmo.

* * *

Uma semana depois...

Termino de tomar meu banho e saio do banheiro enrolado em uma toalha grossa.

Me visto com uma camiseta de Enzo e penteio meus cabelos antes de sair do closet. Passo direto por meu quarto, saindo e vou em direção ao quarto dos meus filhos.

Abro a porta do quarto, e abro um sorriso ao ver Enzo de pé entre os dois berços enquanto observa os dois.

Me aproximo dele devagar e abraço ele por trás, deixando um beijo em suas costas nuas. Suas mãos buscam as minhas que estão sobre seu abdômen e logo elas se entrelaçam.

- Ainda não acredito que minha vida mudou tanto. - Ele fala e se vira para ficar de frente para mim.

- Você também mudou tudo, amor, quando achei que estava sozinho na vida... Você apareceu e me deu uma nova oportunidade. - Falo olhando em seus olhos.

- E você me deu uma nova vida, curou as feridas do meu coração, me fez forte, me deu uma chance de amar de verdade. - Ele diz e se aproxima mais de mim, deixando nossas bocas a centímetros.

Sorrio e passo meus braços por seu pescoço, puxando ele para mais perto, grudando nossas bocas. Nosso beijo é lento e cheio de amor, sinto nossas línguas se entrelaçar e o gostinho de sua boca me faz querer mais.

Enzo passa seus braços por minha cintura e nosso beijo se aprofunda mais um pouco. Só que o choro sincronizado de dois bebês nos faz parar durante o ato.

Solto uma risada e abro meus olhos, fitando os seus.

- Ao trabalho, papai! - Falo sorrindo e me separo dele.

- O melhor trabalho. - Ele diz e cada um de nós pega um bebê no colo.

E com certeza, esse é o melhor trabalho... E o mais gratificante.

Fim...

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E esse foi nosso último capítulo, jujubas. 😢💔💔💔💔

Alguém vai sentir falta? Porque eu estou em lágrimas. ❤❤❤ Ah, todos são tios e tias dos bebês, não tenham ciúmes. 😉💗💗💗

Bem, quero agradecer a vocês, jujubas que me acompanharam durante 7 meses nessa história de amor entre Enzo e Angie. Confesso que estava apreensiva no começo pela história abordar Mpreg, mas mais uma vez vocês estavam comigo. Obrigada por cada leitura, cada voto, cada comentário... Obrigada por estarem aqui. Não coisa melhor do que receber os elogios de vocês a cada dia, isso me motiva a ir mais, a escrever mais... Por vocês. Podem ter certeza que cada um tem um lugar bem especial em meu coração. A jujuba aqui ama vocês. 😍

Bjus da Juh, nos vemos em Coração de Aço. 😉😘😘😘

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