Capítulo Quarenta
Enzo Miller
Continuo abraçado a minha mãe, enquanto ela faz carinho em meus cabelos e eu não podia estar me sentindo mais feliz. Eu demorei muito pra tirar a mágoa que sentia dela do meu peito e me arrependo por isso. Poderia ter tido os carinhos e amor dela muito antes, já que ela sempre esteve ao meu lado querendo se aproximar. Mas acredito que nunca é tarde para poder reconquistar aquilo que foi perdido e a partir de hoje eu nunca mais vou me afastar da minha mãe... Até porque eu não sei por quanto tempo a terei ao meu lado.
Sinto meu celular vibrando no bolso do meu paletó e me afasto de minha mãe, para poder pegar o aparelho. Vejo o nome de Cláudio na tela e solto um suspiro cansado.
- Fala. - Digo assim que atendo a ligação, cansado demais para ser mais educado que isso.
- A equipe de segurança que contratou está indo para sua casa. Passe a eles tudo o que você deseja e se estiver tudo bem, te espero aqui na empresa depois do almoço. - Cláudio diz.
- Aconteceu alguma coisa? - Pergunto levemente preocupado. Nos últimos dias fico sempre em alerta, pois nunca tenho certeza do que vai acontecer.
- Apolo me ligou e quer falar com você. Não sei do que se trata, mas deve ser algo importante, não? - Ele diz e isso me deixa confuso.
- É, deve ser. Estarei o esperando na empresa mais tarde então. - Falo e encerro nossa ligação.
- Algum problema? - Minha mãe pergunta e eu olho para ela.
- Ainda não sei, Apolo quer conversar comigo. - Falo e me levanto do chão, me sentando ao seu lado no sofá.
- Ele é só mais um fantoche nas mãos de Vicente. Ele já sofreu tanto ou mais que você, filho. - Ela diz e olho para ela, balançando minha cabeça em negação.
- Não acho que isso seja verdade, se fosse ele não teria ajudado Vicente em todos esses anos. - Falo relutante.
- Vicente pode ter um poder muito grande sobre as pessoas, não duvide disso. - Ela diz e deixa um beijo em meu rosto antes de se levantar. - Vamos almoçar? - Ela pergunta, mas eu nego com um aceno.
- Pode ir, eu tenho que esperar a equipe de segurança que contratei, não posso mais vacilar com Vicente livre por aí. - Falo e me levanto também.
- Tudo bem, mas não fique sem comer... Está muito magrinho. - Ela fala e eu solto uma risada, é tão bom ter minha mãe de volta.
- Pode deixar mãe, mas se preocupe agora com Ângelo. Faça ele comer alguma coisa por favor, ele ainda está recuperando a sua perca de peso. - Falo e ela assente com a cabeça.
- Pode deixar, vou cuidar do meu outro filhinho. - Ela diz sorrindo e se afasta.
Respiro fundo e sigo em direção à porta, saio de casa e no mesmo momento vejo uma pequena caravana de SUVs se aproximando. Espero os veículos pararem e vejo o chefe deles sair do carro, assim como todos em seguida.
- Senhor Miller, estamos prontos para começar nossos serviços. - Eduardo, o chefe de seguranca, me cumprimenta quando chega perto de mim.
- Espero que possa contar com a eficiência de vocês. - Falo para ele e dou uma olhada rápida para os vinte homens que se encontra a poucos metros de mim.
- Estamos aqui para isso, eu só preciso que me informe corretamente todos que vamos proteger e faremos o resto. - Ele fala e eu gosto de seu modo profissional.
- Claro, me siga até meu escritório. O restante pode ir até o lugar que montei para vocês ficarem, depois Eduardo passará tudo a vocês. - Falo e todos fazem o que eu digo.
Entro novamente em casa, tendo Eduardo atrás de mim e seguimos até meu escritório. Deixo ele entrar e fecho a porta atrás de mim. Sigo até minha cadeira e indico a outra para ele se sentar.
- Como eu disse a você, a pessoa mais interessada em prejudicar minha família é Vicente Miller, meu pai. É nele que vocês devem manter o foco, mas também em outras pessoas que eu sei que estão junto dele. Infelizmente uma pessoa que vivia aqui dentro tentou fazer mal ao meu companheiro e trouxe consequências graves com isso. Por isso quero que reforcem o sistema de vigilância e mantenham olhos e ouvidos atentos a todos, todos mesmo. Quero que você e mais quem desejar fique responsável pela segurança de Ângelo, ele é com certeza o meu ponto fraco e Vicente já deve saber disso. Também quero pessoas protegendo minha avó, mãe e irmã... A mim basta apenas um segurança. - Explico com calma, mas mantenho o meu tom o mais sério possível.
- Pode me dizer quem são essas pessoas que estão juntas com Vicente? - Ele pergunta e pega um bloco de anotações do bolso de seu paletó.
- Apolo Miller, Camilo Valença, Rogério Brito e ainda não tenho certeza, mas Luci Maldonado também, ela foi responsável por quase matar meu namorado. - Falo e ele anota tudo.
- Irei vigiar todos eles e seguir seus passos. Mais alguma coisa? - Pergunta e então me lembro de algo.
- Parece que há mais alguém junto a Vicente e eu quero saber quem, tem como descobrir? - Pergunto e ele abre um sorriso pequeno.
- Com certeza, assim que tiver algo eu falarei pra você. - Ele diz e eu assinto com a cabeça.
- Ok, estarei aguardando. Qualquer coisa é só falar comigo. - Falo e me levanto, seguindo com ele até à porta.
Eduardo deixa a casa e vai até à sala de segurança montada a poucos metros de casa. Sigo até à sala de jantar e vejo apenas as mulheres sentadas à mesa, comendo.
- Oi maninho, pode me dizer o porquê daquele desfile de deuses gregos em nosso quintal? - Maju pergunta e eu reviro meus olhos para ela, me sentando à mesa em seguida.
- São nossos seguranças a partir de agora e você tire os olhos deles, são muito velhos pra você. - Falo e ela me olha incrédula.
- Disse o homem que namora um garoto de dezessete anos. - Ela diz emburrada.
- É diferente, eu amo Ângelo e não quero apenas curtir com ele. Então para de ver demais e vai estudar mais. - Falo e ela me mostra língua.
- Que lindos, voltaram a infância. - Vó Emília diz irônica.
Rio com seu comentário e começo a me servir. Não falo muito durante o almoço e como rápido, já que tenho que ir para a empresa novamente. Termino de comer e me despeço de todas elas, mas prefiro não ir até Ângelo, acho que ele precisa de um tempo para pensar e eu não quero invadir seu espaço.
Saio de casa e encontro Lucio me esperando junto com um dos novos seguranças, que ainda não sei o nome.
- Qual seu nome? - Pergunto para o segurança quando já estamos a caminho da empresa.
- André, senhor. - Ele me responde de maneira séria.
- Sabe dirigir, André? - Pergunto e vejo Lucio fazer um olhar estranho.
- Sim senhor.
- Ótimo, a partir de hoje você será meu motorista e ganhará por isso também. - Falo e vejo a expressão assustada de Lucio, o que me faz querer rir, mas me seguro.
O carro entra em um silêncio profundo e seguimos assim até chegar à empresa.
Desço do carro, sendo acompanhado por André e sigo até o elevador, mas paro no meio do caminho.
- Preciso falar com você, Lucio, venha comigo. - Falo olhando para ele, ainda dentro do carro, e após alguns segundos ele faz o que peço.
Entramos no elevador em silêncio e logo chegamos ao andar da presidência. André fica parado ao lado da minha porta e Lucio me acompanha para dentro do escritório. Deixo minha maleta em cima da mesa e me sento em minha cadeira, indicando a outra para ele.
- Eu estou demitido? - Ele pergunta de repente e posso ouvir que sua voz falha. - É por causa da Luci, né? Sabia que não iria querer o irmão dela trabalhando pra você. - Ele diz quase chorando e eu me assusto.
- Não Lucio, você está entendendo errado, jamais te mandaria embora pelas maldades de sua irmã. - Falo sincero e ele me olha com os olhos ainda brilhantes pelas lágrimas não derramadas.
- Mas, então por que deu meu serviço para André? - Pergunta confuso e eu sorrio com sua reação.
- Só acho que você merece algo melhor. Sei que faz faculdade à noite e quero que tenha uma oportunidade melhor de emprego. - Falo e ele me olha por algum tempo, mas permanece em silêncio. - Quero que seja meu assistente pessoal. Terá uma carga horária menor, pois quero que estude e possa no futuro ser um bom fisioterapeuta. - Falo e nesse momento vejo suas lágrimas caírem.
- Nossa, muito obrigado Enzo! Não achei que se importasse tanto. - Ele diz e eu sorrio.
- Nós crescemos juntos, Lucio, apesar de não demonstrar muito, sempre me importei com você e sua família. Mas e então, aceita? - Pergunto.
- Claro que sim! - Ele diz rápido.
- Bom, então amanhã te espero bem cedo aqui. - Falo e nessa hora meu telefone toca.
- Sim?
- Senhor, Apolo Miller está aqui esperando. - Minha secretária diz e eu solto um suspiro.
- Peça para ele entrar. - Falo e coloco o telefone novamente no gancho.
- Eu vou ter que atender uma pessoa agora, mas te espero amanhã. - Falo e me levanto, assim como ele.
- Ok, muito obrigado mais uma vez Enzo. - Ele diz sorrindo e aperta minha mão estendida para ele.
- Imagina, só fiz o que acho melhor. - Falo e nesse momento Apolo entra na sala.
- Maninho... Lucio! - Ele diz com certo deboche e se demora com seu olhar em Lucio, que desvia o rosto.
- Eu já vou indo, até amanhã Enzo. - Lucio diz de forma séria e passa por Apolo sem dizer nada.
- Ele mudou, não? - Ele pergunta e fecha a porta.
- Acho que não foi ele quem mudou aqui. - Falo de forma séria e me sento novamente. - Mas não foi para conversar sobre Lucio que veio aqui, ou foi? - Pergunto e olho fixamente para ele.
- Não, vim aqui pra te ajudar. - Ele diz também sério e se senta na cadeira em que Lucio estava antes.
- E desde quando você ajuda alguém? - Pergunto desconfiado.
- Desde que tenho o mesmo interesse da pessoa. - Responde simples.
- Que seria? - Pergunto interessado.
- Acabar com Vicente Miller. - Ele diz e eu olho para ele incrédulo.
- Está brincando comigo? Você ajudou ele em tudo e agora me diz que também o quer na lama? - Pergunto, soltando uma risada sem humor.
- Acha que ele só fez mal a você, Enzo? Acorda, o mundo não gira ao seu redor. Ele também me prejudicou e eu quero que ele pague por isso. Mas se não quer, pode deixar que faço isso sozinho. - Ele fala e eu penso em suas palavras por um tempo.
- E como eu sei que posso confiar em você? - Pergunto após um tempo em silêncio.
- Não pode! - Ele responde e isso me faz considerar suas palavras.
- Tudo bem, eu aceito sua ajuda, mas se eu descobrir que está armando contra mim novamente, vai se arrepender. - Falo de forma dura.
- Gosto desse novo Enzo. - Ele diz e se levanta. - Foi um prazer fazer acordo com você, irmão. - Ele fala e deixa minha sala sem olhar para trás.
➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖
Será que Enzo pode confiar?
Bjus da Juh 😘😘
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top