Capítulo Dois

Ângelo Lima

- Como assim você vai se mudar? - Castiel pergunta, assim que abro a porta para ele entrar em casa. Não o respondo ainda e deixo espaço para ele passar junto com Evan, que está em seu colo dormindo.

- Coloque meu afilhado na cama primeiro, depois te explico. - Falo e aponto às escadas para ele, que solta um suspiro, mas faz o que eu disse.

Vou em direção à cozinha e começo a separar alguns ingredientes, para fazer o jantar. Coloco as batatas para cozinhar, já que quero fazer um purê e faço os outros acompanhamentos, enquanto espero por Castiel voltar.

Dois minutos depois escuto passos e logo Castiel aparece na cozinha, me olhando com curiosidade. Ele se aproxima de mim e começa a me ajudar no preparo da comida.

- E então, vai me explicar agora que história é essa de se mudar? - Ele pergunta, formando um bico nos lábios.

Sorrio para o jeito de Castiel e me sinto feliz por ter meu amigo ao meu lado. Cas e eu nos conhecemos desde crianças, o considero um irmão e sei que posso contar com ele em qualquer momento. E ele também sabe que pode contar comigo para qualquer coisa que precisar.

- Bem, a história é longa, mas vamos lá... - Falo e começo a narrar todos os fatos de hoje. Conto a ele tudo, também falo da minha surpresa por saber o que meu pai fez.

- É impressionante como tio Giovani ainda cuida de você, mesmo agora depois de... - Ele diz assim que termino de contar tudo, mas não conclui sua frase e percebo que está com medo de dizer.

- Morto? Pode falar a palavra, Cas. Ainda é difícil e vai ser por muito tempo, mas uma hora ou outra vou ter que me acostumar com isso. Não é fácil, mas eu sei que apesar de não estar mais aqui, meu pai estará sempre comigo no meu coração e pensamentos. - Falo para ele.

- Mas, como você está se sentindo com toda essa situação, de estar sob a responsabilidade de um homem que nem conhece? - Ele pergunta mais sério e me olha por um instante.

- Sinceramente? Estou assustado! Mas, eu conheço dona Emília desde pequeno, apesar de não ter convivido muito com ela e seu marido. E se meu pai confiava naquela família, eu também confio. - Falo, o mais sincero possível.

- Será que vou poder te ver lá? - Ele pergunta meio apreensivo e sorrio para ele, logo o abraçando de lado.

- Mas é claro que vai, né Cas! Você é minha família e jamais quero ficar longe de você e meu afilhado. - Falo para ele.

- Bom mesmo! - Ele diz com ar superior, me levando a gargalhar pela primeira vez nesses dias.

Terminamos de fazer o jantar, no mesmo instante em que Evan anunciou estar acordado pelo seu choro. E logo Castiel está descendo com ele nos braços, ainda chorando.

- Algum coisa errada? - Pergunto, vendo o quanto Evan está um pouco enjoadinho.

- Ele está assim desde que meu leite secou, então agora estou o amamentando pela mamadeira. - Ele diz, enquanto balança o bebê em seus braços.

- Oh, que pena! - Falo.

- Mas acho que ele vai se acostumar rápido, a pediatra já tinha me alertado sobre isso. - Ele responde e finalmente Evan se acalma.

- Acho tão lindo a amamentação. - Falo com um sorriso.

- É bonito mesmo, você se sente mais próximo do seu filho, e é uma conexão única. - Ele responde com um grande sorriso.

- Você ama ele, não?! - Falo sorrindo para os dois à minha frente.

- Sim, Angie, esse menininho aqui é tudo na minha vida. Nunca pensei que pudesse amar tanto uma pessoa, mas quando o senti se mexer pela primeira, eu senti amor transbordar de dentro de mim. E nunca vou me arrepender de ter tido meu filho, mesmo com a maioria da minha família me virando as costas. - Ele diz e vejo uma nuvem negra em seus olhos, ao citar sua família.

- Imagino maninho. Eu também espero um dia sentir esse amor que você sente. - Falo e vejo Evan voltar a dormir aos poucos no colo do pai.

- Você vai, amigo e ainda será muito feliz quando encontrar a pessoa certa para você. - Ele diz com um sorriso doce em minha direção.

- Você também irá encontrar essa pessoa, Cas. - Falo para ele, que balança a cabeça negativamente.

- Acho que não! Eu já fechei meu coração para isso, sofri demais acreditando na pessoa errada. - Ele diz com uma expressão triste e desanimada.

- Não diga isso, aquele cara nunca mereceu você e também não merece o Evan. Ainda tem um homem lá fora que vai te amar como você merece. - Digo e me aproximo dele, deixando um beijo em sua bochecha.

Ele sorri para mim e deixa um beijo em meu rosto também. Castiel volta a por Evan na cama e em seguida se junta a mim para o jantar.

- Você acha que esse Enzo Miller é gato? Será que eu posso viver, sei lá, um romance daqueles de filme. Tipo, não estou fantasiando, nem nada... Mas vai que acontece, não é? Sabe, eu sempre quis viver um grande amor, aqueles de filme mesmo, talvez agora... - Começo a divagar, mas logo Castiel tapa minha boca, me impedindo de continuar e olho feio para ele.

- Você fala demais às vezes, Angie, calma! Você nem conhece esse Enzo, então não vá criando expectativas. Ele pode ser casado, ok? - Ele diz, me olhando um pouquinho mais sério.

- Hum... Tudo bem! Só me empolguei um pouco, pensar nessas coisas me faz esquecer. - Falo e desvio o meu olhar.

- Eu sei Angie, só não quero te ver machucado no final. Viva com calma maninho, há coisas maravilhosas na sua vida ainda. - Ele diz e eu corro para abraça-lo.

- Obrigado por estar comigo, não conseguiria suportar tudo sem você e meu afilhado. - Falo e sinto uma lágrima escorrer por meu rosto.

- Eu te amo, Angie... Sempre vou estar com você. - Ele sussurra em meu ouvido.

- Eu também te amo, muito! - Respondo e abraço ele mais forte.

* * *

Castiel acabou passando a noite em casa, me fazendo companhia e me ajudando a empacotar minhas coisas. Quase nem dormi à noite, pois passei ela quase toda vagando pela casa... Me despedindo.

E quando entro em seu quarto, a saudade bate bem mais forte em meu peito. Abro o guarda roupas do meu pai e pego uma de suas camisas. Vou em passos lentos em direção a sua cama e me deito nela, abraçando sua camisa junto a mim. Fecho meus olhos e deixo o sono me levar, me sentindo mais perto dele.

- Estou com saudades papai. - Sussurro, antes de pegar no sono de vez.

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Enzo Miller

Me levanto da cama, já que não consigo dormir. Estou me sentindo inquieto, desde que descobri ser responsável por outra pessoa. Me aproximo da janela enorme do quarto e observo a penumbra lá fora.

Eu não conheço esse menino e nem fiz muita questão de o conhecer imediatamente, pois não quis o assustar. Meu avô devia estar louco quando passou para mim essa responsabilidade.

Me sinto assustado com tudo isso e não gosto nenhum pouco de me sentir assim. Pois isso me lembra o Enzo de anos atrás, que vivia muita assustado com as maldades que sofria.

Solto um suspiro frustrado e só anseio que tudo dê certo. Amanhã é o dia em que conhecerei Ângelo Lima e me sinto angustiado por esse encontro.

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O que acharam, jujubas?? Vamos ter encontro em breve.

Bjs da Juh 😘😘

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