Capítulo Cinquenta
Ângelo Lima
A felicidade que estou sentindo no momento é algo totalmente inexplicável. Claro que no fundo sinto um pequeno medo dentro de mim, mas o resto é bem maior do que isso.
Olho para meu marido ao meu lado e ao ver sua expressão de pura alegria, me sinto extremamente feliz de poder estar proporcionando isso a ele. Sei de tudo pelo que Enzo passou, então é muito gratificante para mim ver ele sendo feliz e realizado.
Deixo um beijo na mão de Enzo, que está junto a minha e enxugo minhas lágrimas que não param de cair.
- Você está grávido de oito semanas, Ângelo e seus bebês estão se desenvolvendo perfeitamente bem. - Simone diz e isso me faz prestar atenção nela novamente.
- Eles vão ser idênticos, doutora? - Pergunto com curiosidade, sentindo a emoção ainda em mim.
- Não, eles são gêmeos fraternos, ou seja, não serão idênticos. - Ela responde e eu assinto com a cabeça.
- Está tudo bem com eles? - Enzo pergunta com certa preocupação.
- Está sim, eles estão se desenvolvendo muito bem para o tempo de gestação. - Ela diz e olha mais alguns segundos para à tela. - Vocês vão querer fotos do ultrassom? - Ela pergunta nos olhando.
- Sim, três por favor! - Peço e ela assente com a cabeça, tirando em seguida o aparelho da minha barriga.
Ela me entrega lenços de papel, para que eu limpe minha barriga e eu o faço. Em seguida, Enzo me ajuda a descer da maca e eu me troco novamente. Com o exame de ultrassom encerrado, nós voltamos para o consultório integrado a pequena sala e nos sentamos novamente.
- Aqui as cópias de vocês. - Simone diz entrando na sala e nos entrega um envelope em seguida.
- Obrigado! - Agradecemos ao mesmo tempo.
- Agora vamos conversar sobre mais algumas coisas importantes. - A médica diz, e se senta em sua cadeira em seguida. - Sua gravidez está perfeitamente bem até o momento, Ângelo, mas temos que ter cuidado redobrado com gravidez gemelar. - Ela diz e isso me preocupa um pouco.
- Meus bebês correm risco? - Pergunto com medo e aperto ainda mais a mão de Enzo que está na minha.
- Não querido, mas temos que cuidar para que tudo continue assim. Toda gravidez tem seus riscos, mas com o acompanhamento certo tudo fica bem. - Ela explica com calma. - Vou te passar alguns exames e algumas vitaminas. Você sente dores abdominais com frequência? - Ela pergunta me olhando e anota alguma coisa.
- Não muita, mas sinto algumas cólicas. - Respondo e ela anota minha resposta.
- Vou te encaminhar para uma nutricionista, pois sua alimentação é algo bem importante. Suas consultas serão mensais, mas caso aconteça alguma coisa você pode me ligar a qualquer momento. - Ela fala e eu concordo com a cabeça.
Ela escreve as receitas e pedidos de exames e em seguida me entrega, assim como seu cartão.
- Me traga todos esses exames feitos em nossa próxima consulta, em quatro semanas. - Ela diz.
- Tenho uma dúvida. - Falo e ela olha para mim, me incentivando a continuar. - Há alguns meses atrás eu sofri um aborto, isso influencia em alguma coisa? - Pergunto e sinto meu coração acelerar.
- Entendo sua preocupação, mas não. Isso não irá influenciar nessa gestação, pode ficar tranquilo. - Ela responde e eu me sinto mais aliviado com sua resposta.
Depois de tudo explicado e minhas dúvidas respondidas, nós saímos do consultório, depois de nos despedirmos de Simone. Passo na recepção e já deixo minha próxima consulta marcada.
Saio da clínica de mãos dadas com Enzo e logo entramos no carro estacionado na frente do lugar.
- Ainda não estou acreditando que são gêmeos. - Enzo diz de repente e solta uma risada baixa.
- Nem eu, amor, foi uma surpresa tão grande saber disso, mas estou tão feliz. - Falo sorrindo e me aconchego ainda mais ao seu peito.
- Tenho medo de acordar de tudo isso e ver que estou vivendo em um sonho. - Ele fala e eu levanto minha cabeça, para o olhar.
- Mas não é um sonho, amor, é a vida real e você não irá acordar. - Falo e deixo um beijo em sua boca.
- Amo vocês! - Ele sussurra, enquanto olha em meus olhos e sinto meu coração se encher de amor.
- E nós amamos você! - Falo baixo e deito minha cabeça novamente em seu peito.
Enzo acabou indo para à empresa e eu fui para casa, mas antes passei em uma farmácia para comprar as vitaminas indicadas pela médica.
Assim que chego em casa, só vejo minha vó e sogra sentadas na sala, já que Maju foi para à faculdade.
- Oi, minhas mulheres! - Falo chamando a atenção das duas e me sento no sofá, ficando de frente para elas.
- Como foi a consulta? - Minha sogra pergunta e eu sorrio em suspense.
- Foi ótima! Tenho uma coisinha para vocês. - Falo e pego as cópias dentro do envelope, dando uma para cada.
- Eu me sinto emocionada ganhando uma fotinha do meu bisneto, mas não consigo ver nada além desses dois borrões aqui. - Vó Emília diz e eu acabo rindo.
- São gêmeos? - Maísa pergunta com lágrimas nos olhos e eu concordo.
- São sim sogrinha, dois netinhos para você. - Falo sorrindo, também me emocionando.
- Oh, meu Deus! Isso é mesmo verdade? - Vó Emília pergunta me olhando.
- É sim, vó! Vamos ter mais dois membros nessa família. - Respondo rindo e abraço as duas, que choram.
Fico feliz pela reação das duas, pois me sinto realmente acolhido por essas duas mulheres, que não escondem a felicidade por mim.
* * *
Subo para meu quarto depois de almoçar com minha vó e Maísa. Entro no cômodo e me deito na cama, pegando meu celular em seguida.
Procuro em meus favoritos e em seguida estou ligando para Castiel.
- E então? Como está meu sobrinho? - Castiel pergunta assim que atende e solto uma risada.
- Oi para você também, Cas! Eu estou bem e você? - Pergunto com deboche e mesmo sem ver, aposto que ele revira os olhos para mim.
- Sei que está bem, maninho, agora me diz sobre meu sobrinho.
- Seus sobrinhos estão bem. - Falo para ele e espero sua reação.
- Mentira, Angie! São gêmeos? - Ele pergunta feliz e eu sorrio.
- Sim, Cas! São gêmeos, estou tão feliz. - Falo e me abraço ao travesseiro.
- Eu imagino, também estou Angie. Você e Enzo merecem isso, merecem tudo de bom que está acontecendo na vida de vocês. - Ele diz e sei que é sincera suas palavras.
- Obrigado, maninho! - Agradeço feliz.
- Evan vai amar ganhar dois priminhos. - Ele diz e eu solto um risada baixa.
- Vai sim, meu foguinho vai amar. - Respondo feliz.
E nossa conversa segue esse rumo, pergunto a ele como está tudo por lá e ele me conta sua relação de amor e ódio com Adrian, o que me faz rir muito dos dois.
* * *
Durmo um pouco pela tarde, depois de falar com Castiel, e assim que acordo quase às cinco, resolvo ir a um lugar que já faz um tempinho que não vou.
Tomo um banho e me visto em uma roupa confortável, saindo de casa em seguida.
Vejo o carro parar em frente ao cemitério da cidade e saio do mesmo com um buquê de rosas brancas em minhas mãos. Ando em meio aos túmulos e sei que os seguranças estão atrás de mim, mas mantém uma distância, para me dar privacidade.
Após alguns minutos, chego à lápide do meu pai e coloco as flores em cima do seu túmulo, me sentando em seguida na grama que cerca o lugar.
- Oi papai! Peço desculpas por ter sumido e não ter vindo te visitar. Me sinto bastante culpado por isso, mas sei que o senhor não vai me julgar por isso. - Falo e aperto minhas mãos uma na outra. - Sinto tanto a sua falta papai, tanto, tanto, que ainda dói muito não te ter aqui. É difícil ainda não ter mais o senhor aqui. Eu te quis aqui no meu aniversário, te quis aqui quando fiquei noivo, te quis aqui quando me casei... Queria tanto que fosse o senhor a me levar ao altar, mas isso não pôde ser possível e isso me destrói ainda. Sei que o senhor também queria estar aqui, mas fico feliz que Davi esteja aí em cima te fazendo companhia, e que o senhor esteja cuidando dele para mim. - Falo e sinto as lágrimas descerem como uma cachoeira por meu rosto.
- O senhor vai ganhar dois netinhos, papai e sei que o senhor está feliz por isso. Quando eles crescerem, vou dizer aos dois o quanto o avô deles era alguém muito especial, um dos melhores homens que já conheci. Sei que não está mais aqui de corpo, pai, mas sinto o senhor sempre comigo, e é isso que ainda me mantém com uma mente sã. Ultimamente tem acontecidos coisas ruins em minha vida e de Enzo, mas creio que o senhor está nos protegendo aí de cima. - Passo a mão por seu túmulo e foco meus olhos na foto dele que está ali. - Obrigado por sempre cuidar de mim, papai, mesmo quando não está mais aqui entre nós. - Sorrio para sua foto e me levanto do chão.
- Eu te amo, papai! Prometo que não demoro muito a voltar. - Me despeço dele e me viro de costas para sua lápide, saindo em seguida do lugar.
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Enzo Miller
Respiro fundo e entro no bar à minha frente. Olho por todo lugar e por estar um pouco mais escuro do que lá fora, demoro a encontrar a pessoa a qual eu quero.
Sigo em sua direção, tendo dois seguranças comigo e me sento em seguida na cadeira vazia da mesa.
- Fiquei surpreso quando seu capacho me ligou. - Ele diz e leva o copo de whisky aos lábios.
- Cláudio não é meu capacho, diferente de você, eu não manipulo as pessoas. - Falo sério e ele sorri com deboche para mim.
- Eu não manipulo ninguém, a diferença é que eu sei como liderar... Diferente de você, querido filho. - Ele diz e me sinto enojado por sua presença.
- Não me chame assim, você não tem esse direito e não foi para isso que te chamei aqui. - Falo de forma dura.
- Tudo bem, confesso que quero saber o motivo para ter me chamado. - Ele diz e me olha em uma análise.
- Quanto quer pela casa que era do Giovani? - Pergunto sem rodeios.
- Sabia que iria vir atrás de mim por isso, mais cedo ou mais tarde. Percebi que aquele Ângelo é bem importante para você.
- Diferente de você eu ainda amo as pessoas, mas não é Ângelo quem interessa aqui. Quero saber o valor, nada mais que isso. - Corto ele.
- Acha mesmo que vou te vender? - Ele pergunta rindo.
- Sei que gosta de dinheiro, Vicente e é isso que estou te oferecendo. - Falo sério.
- O dinheiro que eu quero vale muito mais que uma casa velha. - Ele diz em um tom sombrio.
- Você nunca irá ter o dinheiro do meu avô, isso você jamais vai ter. E mesmo que não me venda a casa, vou recuperar ela mais cedo ou mais tarde. - Falo olhando para ele.
- Será mesmo? Eu sou mais esperto que você, garoto. Você jamais vai se igualar a mim.
- E eu jamais quero isso, me sinto feliz de não ter nada de você. - Respondo com raiva.
- Então você não irá conseguir me vencer nunca. - Ele diz e se levanta em seguida, saindo sem olhar para trás.
- Pode apostar que eu vou. - Falo em tom baixo e cerro meus punhos em raiva.
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