Capítulo Quarenta e Um
Ângelo Lima
Termino de tomar meu banho e me visto somente com uma cueca branca e uma camisa de Enzo. Volto a me deitar na cama e me agarro ao travesseiro dele, podendo sentir seu cheiro. Se tem uma coisa que eu odeio é brigar com Enzo, mas me senti muito mal quando soube que ele escondeu uma coisa tão importante de mim e isso já não é a primeira vez. Eu acredito que para um relacionamento dar certo é preciso haver confiança e diálogo de ambas as partes. Eu não tenho dúvidas de que Enzo confia em mim e eu nele, mas ainda falta o diálogo entre nós, pelo menos falta aprimorar isso.
Doeu muito descobrir daquela maneira sobre a morte do meu pai. Ainda está doendo na verdade, mas eu não posso deixar isso me destruir mais uma vez. Eu já chorei pela morte dele e não é preciso que eu continue fazendo. Eu só espero que agora haja justiça para sua morte. Espero que Vicente pague por isso, assim como também por todos os crimes que ele cometeu.
Vejo o céu escuro pela janela e solto um suspiro cansado, fecho meus olhos, mas nesse momento a porta se abre e por ela vejo Enzo passar com um semblante cansado. É impossível não sentir meu coração se alegrar quando o vejo, mas nesse momento eu também sinto um pouco de mágoa, mas sei que logo ela irá passar.
Ele me olha por um tempo, mas logo segue em direção ao banheiro. Me sento na cama e espero pacientemente, até que ele esteja novamente no quarto.
- Podemos conversar? - Pergunto assim que ele já está de banho tomado e veste uma calça moletom e camiseta simples.
- Claro. - Ele responde solícito como sempre e se senta aos pés da cama.
- Eu entendo porque não me contou sobre a morte do meu pai antes, mas mesmo assim eu me sinto magoado com isso. Enzo, eu só quero que você me conte tudo e não tente me poupar. Eu sei que ainda sou novo, mas não sou mais nenhuma criança e mereço saber das coisas que me afetam. Sei que estava pensando no melhor para mim, mas o melhor é que você me conte. Eu quero saber das coisas pela sua boca e não pela boca de outras pessoas, ou descobrir sozinho. Foi assim sobre Camilo e foi assim sobre meu pai... Me prometa que a partir de hoje vai me contar tudo, mesmo que isso me afete muito. - Peço olhando para ele, que me olha fixamente.
- Eu sei que errei e prometo não o fazer mais. Juro que achei estar fazendo o melhor pra você, mas vi que não é assim. - Ele fala e solta um suspiro.
Me aproximo dele na cama e pego suas mãos nas minhas.
- Eu te amo muito por querer me proteger de tudo, mas amor, você não pode. Eu tenho que enfrentar certas coisas na vida para que eu possa amadurecer. - Falo sincero e aperto suas mãos nas minhas, sentindo a maciez da sua pele.
- Prometo que irei te deixar enfrentar suas próprias lutas, mas parar de te proteger eu jamais posso fazer isso. - Ele diz e eu acabo sorrindo com isso.
- Nem eu quero que você faça isso. - Falo e me sento em seu colo, abraçando ele apertado.
- Estamos bem? - Ele pergunta baixinho em meu ouvido.
- Estamos sim, amor. - Respondo e deixo um beijo em seu pescoço. Me afasto um pouco dele e deixo que sua boca capture a minha em um beijo. Nosso beijo é calmo, mas também há uma certa voracidade que nos consome. Não sei muito bem por quanto tempo nos beijamos, mas só me afasto dele quando meus pulmões reclamam por ar.
Enzo se deita na cama e me puxa junto a ele, me fazendo deitar sobre seu peito.
- Eu e minha mãe fizemos as pazes. - Ele fala, quebrando nosso silêncio, e eu olho para ele com um grande sorriso em meu rosto.
- Ah, por isso que ela estava tão feliz quando veio me trazer o almoço. Eu fico feliz de saber sobre isso, vocês merecem ter esse laço de mãe e filho... Sei como dói não ter. - Falo e ele deixa um beijo em minha testa.
- Sabe que dona Maísa te considera um filho também, não é? Eu compartilho ela com você. - Ele diz e acho fofa sua atitude.
- Obrigado amor, acho que vou aceitar a oferta. - Falo rindo e deixo um beijo em sua bochecha, sentindo sua barba tocar meus lábios.
- Já que prometi te dizer tudo, tenho que falar uma coisa. - Ele diz, ficando mais sério e eu olho para ele com atenção.
- Que coisa? - Pergunto curioso.
- Apolo foi até o escritório hoje dizer que vai me ajudar a acabar com Vicente. - Ele diz e olho para ele surpreso.
- Mas ele não trabalha junto com ele? - Pergunto confuso e ele assente com a cabeça. - Então não se pode confiar nele. - Falo sério.
- Não, mas ele é minha única chance. Ele sabe de tudo sobre Vicente e com certeza ainda deve estar aliado a ele. Com uma pessoa que o conhece bem, vai ser bem mais fácil tirar Vicente do "reinado" dele. - Ele fala e suas palavras tem sentido.
- É... Só espero que ele não traía você como fez anos atrás. - Falo de forma séria e Enzo me abraça.
- Não vai, deixei de ser aquele Enzo no dia em que você apareceu e mudou minha vida. - Ele diz e posso sentir a verdade em suas palavras, o que me deixa bem feliz.
* * *
Acordo no dia seguinte me sentindo bem melhor e mais em paz. Enzo e eu nos arrumamos juntos e descemos para tomar nosso café. Noite passada ele me contou sobre o novo emprego que deu a Lucio, o que me deixou feliz pelo meu amigo, e também sobre os novos seguranças. Nunca gostei de me sentir vigiado, mas se isso vai deixar Enzo mais calmo, eu aceito sem reclamar.
- Bom dia família! - Falo assim que chegamos na sala de jantar e eu deixo um beijo em cada uma das minhas mulheres.
- Bom dia cunhadinho, já viu o tanto de seguranças gatos que temos agora? - Maju pergunta animada e vejo Enzo revirar os olhos ao meu lado.
- Ainda não vi nenhum e eu já tenho o meu gatão aqui. - Falo rindo e deixo um beijo na bochecha de Enzo.
- Tem uns mais bonitos que ele, se quiser. - Maju diz brincando e eu prendo o riso ao ver a cara que Enzo faz.
- Nossa, muito obrigado irmãzinha! - Ele diz com deboche.
- Disponha! - Ela retruca e pisca um olho para ele.
- Esses dois ultimamente parece que voltaram a ser crianças. - Maísa fala sorrindo, enquanto olha para os dois com amor transbordando de seus olhos.
- E então, Angie, vai ter ou não sua festa de dezoito anos? - Vó Emília pergunta e eu paro de comer para a responder.
- Depois de pensar um pouco, eu vou querer fazer. Acho que vai ser bom para distrair, pelo menos uma coisa boa no meio de tantos problemas. - Falo e ela sorri pra mim.
- Também acho, querido e vai ser bom comemorar uma data tão importante quanto essa. - Ela diz e todos na mesa concordam.
- Oba! Adoro festas, posso chamar alguns amigos? - Maju pergunta, como sempre, ligada no duzentos e vinte.
- A festa é do Ângelo, não sua. - Enzo diz sério e até eu fico com dó do jeito que ele fala com ela.
- Enzo! - Chamo sua atenção, mas ele nem liga.
- Só disse a verdade. - Diz simples e volta a tomar seu café.
- Estou falando... Nem quando eram pequenos eles brigavam desse tanto. - Maísa diz rindo e eu a acompanho.
Terminamos nosso café em meio a conversas e Enzo e Maju trocando farpas de vez em quando. Assim que acabei de comer, pedi licença a todos e fui atrás do meu amigo, querendo falar um pouco com ele.
Enquanto caminho até à casa de Lucio, vejo os tais seguranças e tenho que admitir que a maioria são bem bonitos, mas nenhum me interessa mesmo... Já tenho meu deus grego em casa.
Chego na casa de Lucio e bato na porta duas vezes, vendo ela se abrir poucos segundos depois.
- Oi Angie, entra aí! - Ele fala e me cumprimenta com um beijo no rosto antes de me deixar passar.
- Nossa, como está bonito para o primeiro dia de trabalho. - Falo rindo e faço ele dar uma voltinha.
- Deixa Enzo te ver falando isso pra mim, ele infarta. - Ele diz rindo e eu o acompanho.
- Enzo é ciumento demais, mas o que eu posso falar? Também sou! - Falo e me sento no sofá da sala. - Me faça um favor e afaste todos os urubus de perto dele, hein! - Falo e ele me olha revirando os olhos.
- Até parece que precisa, Enzo morre de amores por você. - Ele fala e se senta ao meu lado.
- Eu sei, mas então... Está feliz? - Pergunto a ele e já posso ver a resposta em seu olhar.
- Sim, muito! É uma oportunidade e tanto, mesmo não sendo na área em que estou estudando, mas estou bem feliz. - Ele diz entusiasmado e eu gosto disso.
- Bom! Agora só falta arrumar um boy, a casa está cheia, hein! - Falo balançando as sobrancelhas e ele solta uma gargalhada.
- Não, obrigado! Prefiro focar nos estudos, no meu caso... O amor nunca dá certo. - Ele diz e fica estranho de repente, mas prefiro não invadir seu espaço.
- Vamos, então? Eu tenho aula e você seu primeiro dia como assistente pessoal. - Falo e me levanto do sofá, estendendo minha mão para ele.
- Vamos! - Ele responde e pega em minha mão.
Saímos de sua casa e vamos até à mansão, onde Enzo e Maju já estão esperando por nós dois com mais cinco seguranças. "Pra que tudo isso?"
Enzo me apresenta a todos que estão ali e indica os quatro seguranças que vão acompanhar Maju e eu, entre eles está o chefe de segurança Eduardo, que faltou morrer seco de tanto que a Maju olhava pro coitado.
Me despeço de Enzo com um beijo e de Lucio com um aceno, logo seguindo com minha cunhada para a faculdade.
* * *
O sino toca, indicando a troca de professores e eu quase me engasgo com o ar quando vejo a pessoa que menos gosto entrando em minha sala com o maior sorriso do mundo.
- Bom dia, serei o novo professor de anatomia de vocês. Fernanda está doente e não poderá continuar dando aulas. - Ele diz e rapidamente seus olhos se voltam para mim, dando um sorriso cínico.
- Espero fazer um bom trabalho com vocês. - Camilo diz me olhando, antes de me dar as costas.
Ótimo! Mais um problema para a minha vida.
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E a praga retorna kkkk... Camilo professor de Angie? Alguém esperava?
Bjus da Juh 😘😘
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