Capítulo 6, a morte tem asas parte I.

Dedico esse capítulo ao meu brother, que deu inspiração ao Magno da história.

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Magno me sacudia violentamente, por um momento em meio ao torpor do sono achei que fosse minha mãe, quase pude ouvir suas palavras ecoando em minha mente "não se preocupe, estaremos com você assim como antes estivemos".Contudo alguém deu um berro e eu dei um salto dando uma testada no moreno.

Não tive tempo de pedir desculpas, meu olhar foi imediatamente guiado para a janela, a lua avia sumido, entretanto também não se via o sol. O chão tremia, não como em um terremoto mas como se alguém bate-se um tambor, tentei identificar o outro som que ficava cada vez mais alto. Era como o soprar violento dos ventos, como o bater de asas.

Quando me dei conta desse fato ouvi um rugido ensurdecedor, e todos na sala gritaram.

— Se escondam!— Berra Dante, e sem nenhum questionamento alguns se enfiam embaixo da mesa e outros, a maioria corre em disparada em    direção a porta. Sofia, Dante, Siena, Zoe, Magno e eu continuamos na sala.

Antônio não se encontrava em canto algum do comodo, me viro para meus amigos e pergunto:

— Viram ele sair?

— Acordamos a pouco, por conta dessa tremedeira.— Responde Dante.

— Estamos perdidos... perdidos.— Repete Sofia freneticamente, ela é a única que permanece sentada seus abraços ao redor de si mesma.

— Temos que ir ao abrigo, e torcer para que Antônio esteja lá.— Pronúncio ajudando a loira a se levantar.— E rápido.— Completo olhando pela janela, o céu novamente coberto de nuvens escuras e pesadas.

— Rápido?— Ironiza Zoe olhando para suas pernas.

Por que esqueci aquela maldita cadeira lá fora?! Olho para Dante de forma suplicante:

— Acha que pode...?

— Não se preocupe.— Diz já se abaixando para que Zoe subisse em suas costas.

Dois alunos que estavam escondidos embaixo da mesa pediram para ir conosco, o professor não negaria nenhuma criança, então não negamos.

— Os corredores estarão uma bagunça, não desviem do caminho.— Informou Magno.— E se...

Não pôde continuar, neste momento ouvimos um estrondo e o edifício inteiro tremeu, tive de me segurar a uma cadeira para não cair. Um professor passou correndo pela porta aberta, pulando degraus para subir as escadas, pelo caminho que tomava imaginei que tentava chegar aos sinos.

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Ouvi pela primeira vez o eco dos sinos, o som era agudo e áspero como o de um instrumento enferrujado. Corríamos em uma espécie de fila indiana pelos corredores, como se o balançar constante do edifício não fosse o suficiente para se notar a presença do dragão, uma breve olhadela pela janela bastaria para vermos seu vulto.

Identifico minha professora de biologia que corre de janela a janela com uma câmera na mão, recordo-me então do discurso que avia proferido no ano passado, afirmando que conseguiria uma foto da fera. A escuto gritar: peguei a asa! antes de cair no chão com sangue jorrando de seu peito, antes de dobrar o corredor noto que sua mão procura freneticamente pela câmera.

Uma unha desproporcional passou rente a uma janela, ele escalava a escola indo em direção ao sino que ainda tocava com vigor. E então derepente, não tocou mais. Vejo através das janelas de madeira sem vidro, ainda sem parar de correr o professor que avia tocado o sino para alertar os demais alunos cair, ele pede por piedade antes de ser silenciado pelo chão, tropeço ao reconhecer aquela voz que gritou desesperadamente como sendo a do professor Dick.

Não caio, mas perco o ritmo fazendo com que Magno me ultrapasse.

— Merda...— Ouso Magno dizer parando.

Me aproximo devagar, e seguro seu pulso temendo ver o que está a sua frente. Vejo dois... não seis corpos carbonizados no chão em frente à uma janela. Me virando para trás digo quase sussurrando, o cheiro que nem mesmo começava a ficar ruim me fazendo levar as mãos ao nariz:

— Quando virem uma janela se agachem e passem por baixo!

Sofia nem mesmo me olhou, seu rosto pálido mirava espantado os corpos irreconhecíveis, Dante fingia não estar cansado com Zoe em suas costas. Ben e Noan os dois jovens que nos acompanhavam balançaram a cabeça corajosamente, os dois irmãos com seus cabelos negros grudados na testa pelo suor tinham apenas doze anos.

Voltamos a correr, Magno nos guiando. Meus tornozelos latejando a cada passo, não consigo imaginar o esforço que Dante está fazendo.

Faltava muito para que chegase-mos ao abrigo e quando finalmente acabaram as escadas paramos com medo de continuar, agora era campo aberto. Corpos dilacerados e esmagados cobriam o chão como um tapete persa vermelho.

— Se corrermos podemos passar sem sermos vistos.— Sugere Magno cansado, porém se pondo a correr.

O seguimos, mas quando estamos na metade do caminho uma sombra enorme nos cobre, olhamos instintivamente para cima e vemos uma pata monstruosa vindo em nossa direção.

— Se separem!— Grita nosso guia e cada um pula em uma direção.

Minha perna dói, ergo a rosto do chão a procura dos outros com a certeza de ter ouvido Zoe gritar meu nome e quando a avisto tento gritar-lhe de volta mas minha voz não sai e eu me engasgo com sangue, acredito ter mordido minha língua. Ela estava jogada no chão com Dante ao seu lado ele parecia desacordado, não vi os outros.

A fera grita, e me levantando consigo ve-la claramente, suas asas enormes tampam os pequenos raios de sol que tentam passar por entre as nuvens, ela é negra e seus olhos vermelhos faíscam quando ela desse em nossa direção com a boca aberta.

— Zoe foge!— Tento alerta-la e ela se arrasta para trás puxando o loiro consigo.

Ela não conseguiria sair dali a tempo, contudo meu grito fez com que o dragão mirasse sua atenção em mim. Posso ganhar tempo, penso começando a correr para a direção contrária à Zoe. A besta ruge me seguindo, posso sentir suas chamas nas minhas costas, as inúmeras pilastras deste piso são as únicas coisas que impedem o fogo de me atingir em cheio.

Vejo a entrada do banheiro dos professores e rapidamente mudo minha rota, quando passo pela porta a escuto ser destruída mas não paro para checar, continua correndo para o interior. A escuridão me envolve, tudo o que eu consigo ver é uma luz alaranjada que vem da entrada.

Cuspo o sangue acumulado em minha boca no chão e com esforço respiro com mais calma tentando pensar com clareza, eles estavam bem perto do refúgio, mas será que consegui distrair o dragão por tempo suficiente? Dante estava bem? Onde estão os outros? Magno, Siena, Sofia e os dois garotos teriam eles sido esmagados? Uma lágrima escorre pelo meu rosto parando em meus lábios, respiro profundamente para conter as outras intrusas que se acumulam em minhas pálpebras.

Penso que estou chorando contudo fico surpresa ao notar que aqueles sons não vinham de mim, olho ao redor apreensiva tentando fazer com que meus olhos se acostumassem com o breu. Adentro mais no aposento e o chão começa a ficar molhado, o som dos meus passos ecoam na água e o choro que percebo ser infantil vai ficando mais forte.

Ele está dentro de um dos boxes encolhido no canto, me aproximo receosa, ele treme seus olhos ainda fechados e vermelhos.

— Ei, pequeno.— Exclamo baixinho tentando não assusta-lo.

Ele abre os olhos e funga tentando parar de chorar.

— Você viu a minha irmã?— Choraminga. Não consigo responder então apenas balanço a cabeça em negativa.— Ela pediu para mim me esconder aqui, disse que viria logo.

— Aposto que ela está escondida.— Minto.— Qual seu nome?

— Benjamin.

— É um nome muito bonito, eu sou a Luna.

Ele parece pensar por um segundo, o senho franzido dando um terno sorriso pergunta:

— Vai me levar até minha irmã?

Fico surpresa, a minha intenção era assim que o dragão se distanciasse da porta correr a procura dos meus amigos. Mas então olho para aqueles olhos castanhos, ele só tem seis anos, precisa mais de mim, logo aquela besta vai descobrir que não tem só uma presa aqui e irá pisotear o teto até que ele seda. Preciso leva-lo ao abrigo, mesmo que sua irmã não esteja lá. Talvez meus amigos tenham conseguido chegar.

— Claro.— Garanto sorrindo.— Vamos? Afinal ela deve estar preocupada com você.

Estendo minha mão e ela a pega sorrindo, noto que limpa seus olhos na manga do casaco antes de olhar para mim e dizer:

— Obrigado por aparecer, pensei que ficaria sozinho.

Dou um beijo em sua testa e sinto medo, medo de me apegar, medo de perder. Por que os Deuses são tão cruéis?

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O capítulo ficou mega grande então o dividi em três partes.

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